A partir de dezembro, independentemente do local do mundo onde resida, poderá adquirir uma das muitas relíquias do Museu de São Roque, ainda que em formato digital. Foi com a sala cheia para assistir ao fórum “Filantropia e arte: O uso de NFT para o bem”, inserido na programação da Web Summit 2021, que o provedor da Misericórdia de Lisboa anunciou o ingresso da Santa Casa no mercado dos criptoativos. Edmundo Martinho explicou o porquê de a Santa Casa aderir a este novo fenómeno dos Non-Fungible Tokens (NFTs) –tokens não fungíveis, em português- e mostrar como instituições de cariz social podem usá-los para a angariação de fundos.
“Ao longo dos seus mais de 500 anos, a Santa Casa conseguiu reunir um conjunto importante de peças de arte. Os NFTs são uma oportunidade para mostrar os nossos trabalhos e a nossa herança com estas peças, mas também alargar a nossa relação a nível global e abrir o nosso Museu de São Roque para o mundo. Ao mesmo tempo esta é uma forma de conseguirmos contributos para aquelas que são as causas da Santa Casa, há mais de 500 anos. Os NFTs criaram uma maneira de museus e galerias de arte compartilharem as suas inestimáveis obras de arte e artefactos com um público global”, refere Edmundo Martinho.
A Artentik é a marca da Misericórdia de Lisboa no mercado dos NFTs, que disponibilizará gémeos digitais dos seus tesouros. Isso permitirá que peças de arte barroca, relíquias, esculturas e formas de arte moderna possam ser “tokenizados”. Além de promover a sua herança cultural única para o mundo, ao mesmo tempo em que continua o seu extenso apoio de 500 anos aos mais desfavorecidos, a Santa Casa pretende angariar receitas que possam ser aplicadas no trabalho diário em prol das boas causas.
O primeiro lançamento acontecerá a 1 de dezembro e será retirado da coleção de arte sagrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, uma das melhores do mundo. A Artentik apresentará um conjunto de 13 ativos em três categorias de arte -pintura, relíquias e artefactos- sobre São Francisco Xavier, o Natal e a Natividade.
“Temos 500 anos de tesouros inestimáveis, da arte barroca à arte do graffiti, que estamos ansiosos para compartilhar com os amantes da arte, antiguidades e história religiosa. Ao criar a nossa própria janela digital as pessoas podem visualizar os nossos ativos culturais exclusivos, possuir uma réplica digital dos mesmos através de NFTs e saber que as receitas serão usadas para atividades de empreendimento social. Esta é uma democratização cultural dos museus e estamos muito satisfeitos por abraçá-la”, acrescenta o provedor da instituição.
O que são e para que servem os NFTs?
Tokens não fungíveis (NFTs) representam algo único, exclusivo e não replicável. São suportados por criptomoedas específicas, sendo que nenhum NFT pode ser duplicado nem falsificado. Para adquirir este determinado tipo de tokens é necessário assegurar que o seu detentor transmita ou venda o ativo.
Os NFTs criaram uma maneira de museus e galerias de arte compartilharem as suas obras de arte e artefactos com o público global. Estes criptoativos estão registados em Blockchain, uma base de dados que regista ativos e transações. A sua infungibilidade -impossibilidade de um bem móvel poder ser substituído por outro da mesma espécie, quantidade e qualidade- é assegurada devido ao carácter descentralizado da Blockchain e do sistema de certificação de pessoa para pessoa. São estas características que definem o NFT como “propriedade virtual”. Os NFTs podem ser utilizados para funções onde a escassez é necessária, seja para criar itens digitais exclusivos, colecionáveis, itens em jogos criptografados ou “arte criptográfica”.
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