Cerca de duas dezenas de utentes do Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão (CMRA) participaram, esta terça-feira, 28 de janeiro, numa clínica de experimentação de triatlo, promovida pela Federação de Triatlo de Portugal.
Adultos, jovens e crianças correram, pedalaram e sorriram. Para a experiência ser completa no triatlo, só faltou uma piscina. Mas de resto estava lá tudo: pista, sinalização, cadeiras de rodas, bicicletas, handbikes, cestos e faixa de transição.
Por momentos tudo se esquece. Já não há problemas. Só adrenalina e velocidade. A partir do momento que se sentam na cadeira de rodas, o objetivo é ser mais forte e mais rápido. Naqueles minutos, horas, nada mais interessa. Mais do que uma terapia ou atividade física, o desporto leva estas pessoas mais longe do que poderiam imaginar.
Adrenalina e terapia
Teodoro José Cândido, 66 anos, é um dos utentes com mais expetativa sobre a clínica de experimentação de triatlo. Está interessado em competir na modalidade. O utente do CMRA ficou sem uma perna aos 32 anos e só três décadas depois descobriu o desporto adaptado. Ainda foi a tempo de ser campeão nacional de ténis de mesa adaptado.
Ténis de mesa, andebol, basquetebol e vela, Teodoro é um homem do desporto e adora competir. E consegue tudo isto sem uma perna e em cadeira de rodas. “O desporto adaptado salvou-me a vida. Os meus problemas acabam quando me sento na cadeira de rodas para competir”, disse o antigo serralheiro.
Já Igor Raevschi, 30 anos, tem uma tetraplegia incompleta. Não é a primeira vez que se senta numa handbike, bicicleta adaptada para ser pedalada com as mãos. O jovem do Montijo quer começar a participar em provas e está entusiasmado. Para ele, estes encontros servem para conhecer melhor a modalidade, trocar impressões e, acima de tudo, experimentar a adrenalina de se sentar, de novo, em cima de uma handbike.
Maria Gomes, 55 anos, era a única senhora interessada em testar a modalidade. Sem as duas pernas, Maria esteve na palestra e ficou curiosa. “Estou à procura de um desporto e não há nada como experimentar”, disse a utente do CMRA.
Vítima de um AVC, Tiago Vitorino, 32 anos, partilha da opinião de Teodoro, Igor e Maria. Para ele, o desporto é uma ferramenta que dá ânimo e vontade para voltar a ser o que era.
Para Vasco Rodrigues, presidente da Federação de Triatlo de Portugal, o objetivo desta iniciativa “é mostrar que o triatlo é uma modalidade para todos. Nós queremos que as pessoas experimentem a modalidade, nós queremos que as pessoas lhe tomem o gosto”, sublinhando que “a parceria com os Jogos Santa Casa permite que possamos chegar a novos públicos”.