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Uma experiência única

Uma experiência única

Doze jovens do Centro Social Comunitário do Bairro da Flamenga participaram nos concertos do lendário Roger Waters, em duas noites verdadeiramente inesquecíveis.

Ação social

É um culto peculiar aquele que, na impossibilidade de se reunir “on the dark side of the moon”, fez, durante dois dias, do Altice Arena a sua congregação.
Vindos de todas as regiões do país, milhares de pessoas – entre os que a idade lhes tingiu o cabelo de prata e os que utilizaram prata para o pintar em tons florescentes – juntam-se à volta de vários símbolos que ostentam com orgulho em t-shirts, estampagens e pins.

Pelo meio desta assembleia, que tem num porco voador e num prisma multi-colorido alguns dos seus mais conhecidos símbolos, circulam doze jovens do Centro Social Comunitário do Bairro da Flamenga. “Vocês valem milhões!” remata um dos acólitos presentes assim que vislumbra o grupo. “Sou vosso fan! Parabéns!” grita outro, enquanto um terceiro questiona afoito “como é que é estar ao pé de uma lenda viva?”.

A primeira parte do segundo concerto (cerimónia?) de Roger Waters, em Portugal já chegou ao fim. Enquanto a segunda parte não chega e não volta a encher o pavilhão de riffs psicadélicos e cristalinos, os acólitos do autor de Animals, vão tirando fotos e falando com os heróis do fim da primeira parte. É que estes doze miúdos, de t-shirts pretas com a palavra “Resist” escrita a branco, esta noite voltaram a não ser apenas “another brick in the wall”. Eles foram parte de um espetáculo de escala mundial a que poucos tem acesso. Eles foram como dizem de forma galhofeira, mas corretamente, “um sucesso”.

Horas antes do banho de multidão que os recebeu, pela segunda noite consecutiva, no palco da tour “Us + Them” encontramos estes jovens no coração do Altice Arena. É na sala dedicada ao coro, situada no meio do labirinto de betão, caixas metálicas e roadies atarefados que é o interior do antigo Pavilhão Atlântico, que encontramos este grupo bem-disposto, unido e cheio de genica.

“Correu bem. Foi fantástico! Espetacular! A melhor coisa que já fiz!”. Estas foram, de forma sucintas, as reações enérgicas que este grupo de jovens, entre os 10 e os 15 anos, tiveram quando lhes perguntamos como tinha sido enfrentar uma plateia de milhares de pessoas. “Foi a coisa que mais orgulho me deu em toda a vida” sublinha Ariana de 13 anos que não esconde o quão nervosa estava antes de subir a palco. “Estávamos quase todos a tremer” revela um dos petizes, apoiado logo em seguida por um colega “claro! Então estavam milhares de pessoas a olhar para nós!”.

Há algumas histórias de erros durante a atuação – um gorro que não foi colocado no tempo devido, um macacão que não saiu no timing perfeito – mas todos são pequenos e parecem ser mais um reflexo da vontade de fazer tudo perfeito, do que serem verdadeiros erros. “Acho que todos bugamos um bocadinho” resume Eliana.

Opinião contrária tem Filomena Gomes, monitora no Centro Social Comunitário do Bairro da Flamenga e a treinadora, guia e coach destes cachopos durante todo o processo. “Durante a atuação, quando eles sobem para cima do palco, têm os rostos tapados com gorros e não conseguem ver. Na primeira atuação, quando os tiraram fiquei a olhar para eles. Estavam com os olhos completamente esbugalhados, como quem diz “o que é que é isto?” [risos] Mas depois comecei logo a puxar por eles e não bloquearam. E foi muito bom, muito bom mesmo” afirma com visível orgulho.

Com ensaios frequentes, mas não intensivos, desde fevereiro, o grupo preparou-se bem para as suas atuações. Mas depois da primeira, a segunda já é fácil, certo? “Ficamos sempre um bocadinho nervosos, é muita gente a olhar para nós e a filmar!” esclarece-nos o grupo.

Quando o concerto começa, o som da banda vibra pelas paredes, forte e claro. Os primeiros sinais de nervosismo disfarçado começam a aparecer, está quase na hora. É então que uma técnica os vem buscar. Passam pela traseira do palco mergulhado na escuridão, enquanto lá à frente os crentes afirmam, de telemóveis em punho e voz afinadas, que no fundo, no fundo são apenas “just two lost souls swimming in a fish bowl”.

Depois o som grave do baixo de Waters ressoa na escuridão com os primeiros acordes da lendária “Another brick in the Wall” e vestidos de prisioneiros, de gorros na cabeça, as nossas estrelas avançam para o palco. O que se segue arrepia. A coreografia em que os nossos jovens participam é rígida, cheia de sátira e, juntamente com as cores de sangue que enchem o palco, dá ainda mais força a um hino de rebelião juvenil de renome mundial. À saída de palco, e porque o carinho de milhares de pessoas é bom mas não é a mesma coisa que o da “família de Chelas” ou do “melhor grupo de jovens”, todos tem direito a um enorme abraço de grupo.

A outra surpresa estava reservada para logo a seguir.

“Muito obrigado, guys! Muito grato!”

Quem o diz é o mesmo senhor “muito simpático” e de “pele macia” da outra noite. Ou como milhares entoarão lá mais para o final da noite a uma só voz: Roger Waters. Conhecido por não se dar a conhecer, o esquivo baixista já na noite anterior tinha sido surpreendido pelo afeto do grupo que o envolveu num enorme abraço de grupo.

Na segunda noite, e depois de ter dado a cada um autógrafo dourado, o ativista e responsável por “The Wall” recebe um baixo dourado com o seu nome. É de cartão, está também ele autografado (com 12 assinaturas) e o músico aceita de bom grado. Quando se despede, sai sobre gritos de “Roger! Roger! Roger!” e ergue este baixo único sobre a cabeça, com o braço seco em carnes e cor bem erguido no ar.

O que se seguiu foi uma explosão de alegria. O impacto de terem feito algo único, duas noites seguidas, faz-se sentir e no camarim a cantoria segue rija enquanto o intervalo decorre.

Mesmo antes do intervalo acabar é tempo de ver o espetáculo do outro lado de lá. É aí que surgem as fotos e as congratulações antes do concerto arrancar para uma segunda parte inesquecível. Nela fios de luz cor de prata desenham o prisma multicolorido e o conhecido porco sobrevoa o espaço com direito a mensagem escrita em português.

Mas, apesar das muitas cores, refrões e riffs, não serão eles que farão quartel na memória dos jovens. O que irão recordar é aquela noite em que ofereceram um baixo dourado a Roger Waters e perante uma plateia em delírio douraram uma noite mágica.

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