Foi um dia diferente para os cerca de duzentos jovens da Santa Casa que assistiram ao jogo solidário a favor da UNICEF, no último domingo, 5 de setembro, no estádio do Restelo. Um jogo amigável que uniu no mesmo relvado várias figuras conhecidas do mundo do desporto e da cultura.
Organizada pela Fundação do Futebol – Liga de Portugal, a iniciativa quis proporcionar a crianças e jovens de várias instituições de Lisboa uma tarde única e, ao mesmo tempo, angariar fundos para a organização mundial de apoio às crianças.
Vestidos a rigor com as camisolas dos seus ídolos, o público chegava ao estádio. De sorrisos no rosto e gargantas afinadas, reconheciam alguns dos “craques” que já estavam no relvado para o aquecimento pré-jogo.
O primeiro momento de alegria foi quando Toy, conhecido cantor de música popular portuguesa, entre toques na bola, chegou perto da vedação e, num simpático gesto, cumprimentou a assistência entusiasta. O cântico já preparado foi solto: “Vais ganhar, vais jogar, vais marcar, todo o jogo, todo o jogo”, numa referência a um dos últimos sucessos musicais do cantor.
Paulo, 15 anos, foi um dos mais efusivos. Entre várias fotografias e alguns incentivos de apoio dos colegas, foi o primeiro a descer até ao muro que separava a bancada do relvado, para cumprimentar o cantor. “Desde sempre que me lembro de ouvir o Toy lá em casa. A minha mãe é uma fã dele e prometi-lhe que tirava uma foto com ele para colocarmos no corredor”, afirmou o jovem, enquanto mostrava a selfie aos amigos.
Já Luís, 16 anos, e Diego, 13, ambos apaixonados por futebol, não tinham dúvidas: “o Luisão é o melhor jogador que aqui está e vai marcar vários golos”, destacando, ainda, que a iniciativa “foi uma das melhores que tivemos este ano na Santa Casa”.
Pouco antes das 18h00, as equipas subiam ao relvado. De um lado, a equipa da UNICEF composta por Nélson Pereira na baliza, Paulo Battista, Hugo Leal, David Carreira e Fernando Mendes no setor mais recuado; Marco Costa, Jorge Corrula e Silas no meio-campo; Fradique, Edite e Pedro Fernandes, o trio mais ofensivo. Com Toni a treinador, no banco de suplentes estavam outros nomes conhecidos do grande público como Paulo Santos, Pedro Alves, António Ferreira, Filipe Gaidão, Nelson Rosado, Sérgio Rosado, Chakall, Mickael Carreira, Rúben da Cruz, Rodrigo Gomes e a “arma secreta”, o que viria a ser o homem do jogo, Francis Obikwelu.
Do outro lado do campo, a formação da Fundação do Futebol – Liga de Portugal, com Helton a guarda-redes titular; Luis Marvão, Ricardo Rocha e Jorge Andrade numa linha de três; João Pinto, Chainho, Pedro Teixeira, Simão Sabrosa e Alan no apoio à dupla de avançados Nuno Gomes e Carla Couto. Manuel Fernandes, técnico da equipa, contou ainda com um banco de suplentes composto por Quim, Raminhos, Luciano Gonçalves, Toy, Dino D’Santiago, Conguito, João Pedro Pais, Daizer, Ana Silva e José Condessa. Os árbitros da partida foram Pedro Henriques e Eunice Mortágua.
Apesar do nulo no marcador até ao final do primeiro tempo, não faltaram alegria e emoção nas bancadas. A cada toque, jogada ou remate das equipas, os espetadores retribuíam com cânticos de apoio e carinho.
Já no intervalo, várias crianças e jovens da instituição foram convidadas a entrar no relvado para, por breves momentos, confraternizarem com os seus ídolos.
Os irmãos Hugo, 16 anos, e Tiago, 15, quase como numa corrida de 100 metros rasos, foram os primeiros a viver o momento inesquecível. O prémio era uma fotografia e a troca de algumas palavras com o cantor Dino D’Santiago. Entre a timidez e o espanto de estarem a poucos centímetros do seu ídolo, rapidamente as palavras presas começaram a soltar-se. “Somos teus fãs, adoramos a tua música. És o maior que aqui está”, realçaram os irmãos.
Ao longe, Ana, mãe dos jovens, tirava algumas fotografias do momento e, entre sorrisos e lágrimas de alegria, confidenciava que “conhecer o Dino era um sonho para eles”. “Eles estavam em pulgas. Desde manhã que estavam à espera de vir para o estádio. Hoje, lá em casa não se ouviu outra coisa senão a música do Dino. Como mãe, estou feliz e orgulhosa pelos meus filhos”, dizia Ana entre alguns cliques, para mais tarde recordar.
Para o início da segunda parte, as equipas foram alteradas. Estava dado o apito para o começo da segunda parte. O jogo morno que se tinha assistido na primeira metade, aquecia agora. E um herói improvável tinha saltado do banco para abrir o marcador. Num remate digno de uma medalha de ouro, Francis Obikwelu marcou o primeiro golo do jogo, e logo de seguida confirmou o seu estatuto de melhor em campo ao marcar o segundo para equipa da UNICEF. Só nos últimos dez minutos de jogo, a antiga estrela do Sporting Clube de Braga, Alan, marcava a favor da equipa da Fundação do Futebol– Liga de Futebol.
O resultado não sofreu mais alterações, mas o mais importante estava alcançado. A angariação de verbas para apoiar a UNICEF foi um sucesso, através desta iniciativa que ficará na memória de todos os espetadores e participantes.
António Santinha, diretor da Unidade de Apoio à Autonomização da Santa Casa, salienta que “este tipo de ações é muito importante para as crianças e dá-nos um sentimento de dever cumprido. É sempre gratificante vermos os nossos jovens felizes e a divertirem-se”. Considera ainda que “esta é uma iniciativa muito bem conseguida, com uma vertente solidária de peso, no qual queríamos estar presentes. Todos nós temos o dever e a obrigação de proporcionar um futuro melhor e condigno a todas as crianças”, concluiu o responsável.