A inauguração da exposição decorreu ontem, véspera do Dia Internacional dos Museus, na Igreja de São Roque, numa cerimónia que contou a presença da provedora da Santa Casa, Ana Jorge, da secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, além de outros convidados.
Oito relíquias, Oito santos e muitas coisinhas insere-se no projeto reliquiarum, coordenado pelo Professor António Camões Camões Gouveia a partir da coleção de relíquias do Museu de São Roque, uma das mais importantes do género em toda a Europa, e cujo objetivo principal é estudar e compreender o universo das relíquias nas suas múltiplas aceções e abordagens.
Como explicou, na ocasião, Teresa Morna, diretora do Museu de São Roque, trata-se de “um projeto multidisciplinar, que ultrapassa o elemento físico da relíquia e do relicário com o intuito de chegar ao seu conteúdo imaterial de índole social e cultural. É um estudo antropológico e artístico dos relicários e da sua importância ao longo de várias épocas”.
Para a provedora da Misericórdia de Lisboa, esta exposição e este projeto inserem-se naquele que é um dos principais propósitos da instituição: “A Santa Casa, além da sua atuação na área da ação social e na proteção dos mais desfavorecidos, desenvolve a sua atividade também na área da cultura, permitindo que esta chegue a todas as pessoas de uma forma equitativa. Esse é um orgulho da instituição e da sua missão, no papel que desempenha para a preservação da cultura e do património português”. Ana Jorge adiantou que, atualmente, estão a ser desenvolvidas ações impulsionadoras nesta área, “não só relativas ao Museu de São Roque, mas a vários outros aspetos culturais, nomeadamente sobre a cultura portuguesa”, referindo-se à abertura da Casa da Ásia, com a coleção de Francisco Capelo, “que virá ao encontro daquilo que é a presença de Portugal no mundo e na arte asiática”.
Também a secretária de Estado da Cultura fez questão de valorizar o “riquíssimo património que a Santa Casa tem vindo a saber reunir, estudar e comunicar há mais de cinco séculos. A sabedoria na conservação, estudo e valorização desse património, que esteia toda a nossa atividade nos museus, está bem patente na Igreja de São Roque”. Isabel Cordeiro enalteceu o projeto reliquiarum, tendo em conta que “nos proporciona, num sentido lato, observar e alcançar a devoção humana na sua praxis devocional. Daí que o estudo das relíquias, na abordagem interdisciplinar que a matéria pode exigir, a sua conservação e restauro enquanto bens de considerável profusão e de enorme fragilidade, mas também a sua divulgação enquanto património que se inscreve simultaneamente no físico e no metafísico, mereçam a maior importância”.
O projeto reliquiarum terá um portal próprio, onde serão disponibilizados os dados adquiridos, com a identificação e tipologia das relíquias, o santo de devoção e suas características, referentes não só às que pertencem à coleção de São Roque, mas também às que integram o acervo de outras misericórdias, dioceses, paróquias, museus municipais e nacionais.
Por ocasião da cerimónia, foi também apresentado o novo site do Museu de São Roque, que estará disponível brevemente numa formatação mais apelativa e acessível a todos, incluindo a pessoas com deficiência. O espaço online pretende vir a disponibilizar todas as peças que integram os acervos museológicos da Santa Casa, que ascendem a mais de cinco mil.