Foi na manhã da passada segunda-feira que o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian transformou-se num verdadeiro palco de alegria e inclusão, para a XIII edição dos jogos adaptados. O evento, que aproveitou a celebração do Dia da Criança, reuniu quase uma centena de pessoas, que proporcionou momentos de pura felicidade e fez esquecer, ainda que por breves instantes, as limitações que cada um enfrenta.
Jacinta Figueiredo, terapeuta da instituição, explica como surgiu a ideia deste acontecimento, sem o qual já ninguém passa: “Ao longo dos anos, tornou-se evidente a necessidade de criar um ambiente onde estas crianças e as suas famílias se sentissem parte de um todo, um lugar onde pudessem ser elas mesmas sem o olhar julgador do mundo exterior. Aqui, no centro, elas encontram um refúgio onde todos são iguais e onde cada sorriso e cada conquista são celebrados como um triunfo coletivo”.
As atividades deste dia “são cuidadosamente planeadas para incluir todos, independentemente das suas limitações. Temos a piscina, as pinturas faciais, a experimentação de gelados – tendo em conta que há algumas crianças que têm seletividade alimentar e este espaço permite que experimentem sabores diferentes -, um insuflável e o splash – um improviso imaginado por nós para que as crianças consigam sentir a sensação de deslizar na água. A música adaptada também está presente”, descreve Jacinta.
A complementar estas atividades, e em parceria com a GNR, estiveram duas terapias praticadas com animais: a cinoterapia e a hipoterapia. A primeira desenvolve-se com cães já em fim de carreira, mas perfeitamente aptos e treinados para interagir com as crianças, como nos detalha o primeiro sargento Pedro Figueiredo: “Esta interação ajuda-as a desenvolver habilidades motoras e de comunicação. Crianças com dificuldades de tato aprendem a pentear, a alimentar e a passear os cães, ou também a exercitar a fala de maneira natural e divertida, através do uso de comandos vocais, dando ordens, por exemplo”.
Já a hipoterapia consiste em passeios a cavalo por parte das crianças com dificuldades motoras. “Os cavalos têm um passo que é o que mais se assemelha à marcha humana. Por esse motivo, proporcionam um estímulo das competências motoras, cognitivas e sensoriais das crianças, proporcionando um complemento essencial à intervenção terapêutica”, explica o agente da GNR João Paço.
Essas atividades beneficiam não apenas as crianças, mas inspiram jovens estudantes que se voluntariam a proporcionar uma manhã diferente a todos os que se deslocam ao Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian. Ou um professor-cantor-compositor, também voluntário, que fez as delícias dos participantes nos jogos adaptados com a sua voz, simpatia e boa disposição.
O Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian acolhe crianças de várias nacionalidades e, desde abril, já atendeu mais de 600 utentes. A sua missão é clara: oferecer um espaço onde todos se sintam acolhidos, capazes e, acima de tudo, felizes. E neste dia especial, essa missão foi cumprida com excelência, deixando uma marca de amor e inclusão nos corações de todos os presentes. Uma inclusão que pode ser alcançada com gestos simples e atividades adaptadas, numa simplicidade que é uma lição valiosa para todos nós.
Este equipamento, gerido pela Santa Casa, dedica-se totalmente a pessoas com paralisia cerebral e a situações neuromotoras afins, sendo composto por duas respostas: de habilitação, reabilitação, desenvolvimento e prevenção do agravamento das situações clínicas, direcionados especialmente a crianças e jovens; e de reabilitação e inclusão de pessoas maiores de 18 anos, através do seu Centro de Atividades Ocupacionais.