Um estudo financiado pelo Prémio Mantero Belard, atribuído pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, demonstrou que pode ser possível diagnosticar a doença de Parkinson anos antes de se tornar intratável, através de exames de imagiologia cerebral.
Os resultados publicados esta quinta-feira, 8 de maio, no Journal of Cerebral Blood Flow and Metabolism, surgem após anos de investigação realizada por uma equipa internacional liderada por investigadores da Fundação Champalimaud, que beneficiou do prémio no valor de 200.000 euros atribuído pela Misericórdia de Lisboa em 2020, no âmbito do seu apoio à investigação científica na área das neurociências para ajudar a encontrar respostas aos desafios da longevidade.
Na altura, o Prémio Mantero Belard, que tem como objetivo reconhecer e dinamizar a investigação científica ou clínica desenvolvida no âmbito das doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento, como a doença de Parkinson e a doença de Alzheimer, foi atribuído a Noam Shemesh e à sua equipa da Fundação D. Anna de Sommer Champalimaud e Dr. Carlos Montez Champalimaud.
O projeto vencedor, “Da expressão genética à função das redes neuronais: estabelecendo a ponte na doença de Parkinson”, visava precisamente ter valor clínico significativo para o diagnóstico e caracterização da doença de Parkinson em fases iniciais, rastrear a progressão da doença ao longo do tempo e monitorizar o sucesso de novas terapias. Foi este o ponto de partida para os resultados agora conhecidos.
“O nosso recente estudo revela que déficits sensoriais em modelos animais da doença de Parkinson decorrem de disfunções neurais e vasculares. Encontrámos atividade e fluxo sanguíneo reduzidos nas vias visuais e olfativas, indicando comprometimentos precoces no processamento sensorial em todo o cérebro”, explicou Noam Shemesh.
“O nosso estudo, financiado pelo Prémio Mantero Belard, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, representa um primeiro passo para a compreensão desses mecanismos, que esperamos que possa levar a futuras aplicações em humanos, que visem a deteção precoce da doença”, finalizou o investigador.