O mundo de Tomás Delfim está-lhe nas mãos. É com elas que escreve sobre a forma como vê o tudo em seu redor, ou com que marca golos no goalball, uma modalidade desportiva adaptada. Aprendeu que o tato e a audição seriam armas importantes para fazer frente às adversidades. Tomás Delfim nasceu com uma má formação do nervo ótico no olho direito, que lhe causou um descolamento na retina. Aos quatro anos, acabaria por ficar sem visão depois de um retinoblastoma no olho esquerdo.
Hoje, não consegue lembrar-se detalhadamente de uma cara. A imagem que tem daqueles que o rodearam até aos quatro anos de idade vai-se perdendo. A visão, apesar de efémera, deu-lhe bases para conseguir imaginar. O pouco tempo que viu ajuda-o a orientar-se no tempo e no espaço. Tomás resgata memórias que lhe permitem sonhar: “Tenho imagens, cores e, basicamente, o que aparece nos meus sonhos é uma imaginação do que acho que são as coisas, juntando com aquilo que sei”, confessa.