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A família que dá o “colo” quando não existe outra

A família que dá o “colo” quando não existe outra

São pais, mães, famílias em casal, monoparentais, sem filhos, com um filho ou até com cinco, mas são, acima de tudo, famílias “abençoadas” que acolhem crianças e jovens em risco, que por diferentes situações encontram nestas pessoas o carinho e o amor que lhes têm faltado ao longo da vida.

Ação social

Jovem numa almofada

Foi na Colónia Balnear de São Julião, na Ericeira, equipamento sob a gestão da Misericórdia de Lisboa, que decorreu no passado domingo, o II Encontro de Famílias de Acolhimento. Ao todo, foram mais de 80 famílias que não faltaram “à chamada”, para um dia inteiro de confraternização, amizade, muitas brincadeiras e jogos para os mais pequenos.

O espaço decorado a rigor para receber miúdos e graúdos, com balões, almofadas gigantes, molduras festivas e um mural para as famílias escreverem frases que caracterizam a sua experiência, enquanto família de acolhimento. Atrás do edifício principal da colónia, uma caça ao tesouro e um jogo de futebol improvisado, faziam ecoar gargalhadas e palavras de incentivo pelo vale que se estende entre a colónia e a praia de São Julião.

O casal Sofia e Tiago e os seus filhos de 4 e 6 anos foram uma das famílias que não quis faltar ao encontro. Desde 2021 que “dão colo” a João (nome fictício) de 4 anos. O facto de saberem que o menino só ficará com eles até a família de origem estar pronta para o ter de volta não os dissuade. “É um desafio, mas a vontade de poder fazer a diferença na vida desta criança é maior que qualquer entrave que possa existir”, afirma Sofia. “Nós achamos que estamos aqui só para dar, mas também recebemos muito.”

Uma aventura que começou quando Sofia estava no trânsito, o autocarro ao seu lado tinha a publicidade da campanha sobre o programa de acolhimento familiar LX Acolhe, da Santa Casa. Para o casal, que já tinha ponderado em ter mais um bebé, o “sim” foi imediato e os filhos de ambos, quase com a mesma idade do João, estiveram envolvidos na decisão desde o primeiro momento. “Nós explicámos desde o início aos nossos filhos quem era o João. Eles perceberam a importância que iríamos ter na vida desta criança, mas, por outro lado, ficaram ansiosos porque perceberam que existem crianças que não estão com os seus pais, mas acabaram por receber o João super bem”, conta Sofia.

Casal a tirar foto

Neste dia dedicado a celebrar o amor e a família, todos os participantes do encontro foram chamados a participar. Enquanto que os mais pequenos se deliciavam com as inúmeras atividades que a equipa da direção de Infância e Juventude da Santa Casa tinham preparado para eles, os pais, avós e irmãos mais velhos eram desafiados a conhecerem-se melhor, a partilhar experiências e a participar na sessão de esclarecimento sobre os desafios e barreiras do que é ser uma família de acolhimento.

Ana Pais, de 35 anos, é uma família de acolhimento que quebra com os estereótipos da sociedade relativamente ao que é esperado. Solteira e com uma vontade enorme de fazer a diferença na vida de alguém, candidatou-se como família monoparental a acolher uma jovem de 14 anos. Fruto da sua atividade profissional, onde lidou de perto com crianças e jovens em risco, desde o primeiro momento, que sentiu vontade de dar um pouco de si a quem mais precisa.

“Sou só eu na vida dela neste momento, mas temos que construir alicerces para ela conseguir crescer e ter um futuro feliz”, frisa a jovem, salientando que “estes jovens e crianças só precisam de uma família e de alguém que lhes transmita e dê amor, um lar e um espaço para desenvolverem o melhor que podem ser”.

senhora a tirar foto

Acolher uma criança é devolver-lhe a infância

Estas famílias ficam responsáveis “por satisfazer todas as necessidades prementes da criança, sejam elas emocionais, físicas, de saúde, de educação ou de transmissão de valores, sempre numa lógica em contexto familiar, pois a família biológica continua, na maioria das vezes, a ter um papel a desempenhar”, refere Isabel Pastor, diretora da Unidade de Adoção, Apadrinhamento Civil e Acolhimento Familiar da Misericórdia de Lisboa.

Ser família de acolhimento é para quem quer muito, mas ainda existem alguns “estigmas que devem ser explicados”. “Fala-se em família, mas família é todo o ambiente, mais do que propriamente um conjunto de pessoas. Podem ser família de acolhimento uma só pessoa, casais, pessoas que convivem com outras pessoas no seu lar, que não tem de ser necessariamente na fórmula de casal, sendo que é necessário ter no mínimo 25 anos, mas sem um limite etário estabelecido, porque isso depende da energia e da capacidade de cada um”, reforça a Isabel Pastor.

Quando as famílias decidem avançar para o processo de acolhimento familiar, sucede-se a formação inicial, a avaliação psicológica dos candidatos e a fase de visitas técnicas à habitação e envolvimento do núcleo familiar. Uma vez selecionados os candidatos, estes entram na bolsa das famílias de acolhimento e a Misericórdia de Lisboa faz a respetiva ligação com as crianças, geralmente sinalizadas pelas instituições onde se encontram ou pelas quais são acompanhadas.

Senhora a falar para famílias

“O acolhimento familiar é um processo temporário, é uma medida de promoção e proteção. Na maioria dos casos nos processos de acolhimento familiar existe uma relação temporária entre a família e a criança ou jovem, com o fim de procurar posteriormente uma solução permanente, seja, como na maioria dos casos, a reintegração na família de origem, ou, se isso não for possível, a integração numa família permanente, pela via da adoção”, explica a responsável.

Neste momento, existe perto de uma centena de famílias escolhidas para acolhimento familiar, algumas delas monoparentais, sendo que 120 crianças já beneficiariam desta medida de acolhimento familiar, em vez de uma institucionalização precoce.

Quer ser família de acolhimento? Quem pode concorrer? O que deve ter em conta na hora de apresentar candidatura? Estas e outras respostas estão disponíveis na área “Acolhimento Familiar“.

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