Há tradições que nunca se perdem e a festa que é a Taça de Portugal é uma daquelas “romarias” que povoam o imaginário de milhares de pessoas. O ritual é sempre o mesmo, depois do final do campeonato, é hora de encontrar o grande vencedor da prova rainha do futebol nacional. Pelo sétimo ano consecutivo, o Placard volta a dar nome a esta prova, que mais do que futebol, é também um espaço de amizade, amor e inclusão.
Mas, se no relvado a história ficou marcada pelos dois golos, sem resposta, que o FC Porto marcou ao Sporting Clube de Braga, nas bancadas a narrativa é outra e contam-se por sorrisos, oportunidades e estreantes nestas andanças, e não golos.
Nesta Taça de Portugal Placard e há semelhança de outras edições, a Santa Casa e a Federação Portuguesa de Futebol querem que a festa do futebol seja para todos. A parceria entre as duas instituições, no âmbito da responsabilidade social, permitiu que ninguém ficasse de fora. Junto à linha lateral do relvado ficou instalada uma bancada destinada a pessoas com mobilidade reduzida, preenchida por utentes do Centro de Medicina de Reabilitação do Alcoitão (CMRA) e Obra Social do Pousal.
Bancada destinada a pessoas com mobilidade reduzida
Para a animadora sociocultural do CMRA, Carolina Duarte, esta oportunidade proporcionada pela instituição é importante “porque demonstra que estas pessoas também tem o direito de se divertirem”, frisando que, para que veio assistir “é uma maneira de perceberem que estar na situação em que estão, não deve ser limitador, para o que quer que seja”.
“Embora nenhum seja adepto dos clubes que estão no relvado, só o facto de aqui estarem já é uma vitória. Desde pequenos que ouvimos falar na festa da Taça e a festa também é isto, incluirmos quem necessita”, comenta a animadora.
Enquanto que no relvado do complexo do Jamor se ultimavam os preparativos para a bola começar a rolar, nas laterais do campo quase 200 jovens, todos vestidos de branco, iam ensaiando uma coreografia para a cerimónia de abertura do evento. Compondo a “onda” branca, 9 meninas da direção de Infância e Juventude da Santa Casa iam entoando o hino nacional, entre o barulho ensurdecedor das claques afetas ao Braga e Porto.
Perto do apito inicial, todos tomaram o seu lugar no recinto de jogo. De um lado, os mais de 200 jovens, do outro a orquestra que dava os acordes para que o hino nacional desse as boas vindas aos protagonistas do espetáculo.
Joana, Andreia e Matilde, com idades entre os 14 e os 15 anos, foram algumas das vozes que levaram o “esplendor de Portugal” a ecoar pelas bancadas de pedra do Jamor. Para as jovens “este é um momento que ficará para sempre”.
“Nunca tinha assistido a uma partida de futebol, é a minha primeira vez”, argumenta Andreia. Já Matilde assume que também é uma estreante, mas que o futebol ocupa uma grande parte da sua vida. “Eu jogo futebol e espero que no próximo ano consiga ir prestar provas ao Sporting”, conta a jovem que não esquece as “heroínas” da seleção das quinas que conseguiram pela primeira vez na história do futebol nacional, o apuramento para a fase final do mundial da modalidade, a realizar em julho e agosto, na Austrália e na Nova Zelândia.
“Felizmente em Portugal o futebol já não é só para homens. Conseguimos estar no mundial e para mim aquelas mulheres é que são verdadeiras guerreiras”, frisa Matilde, enquanto abraça as colegas.
As duas “peças” mais importantes do jogo
No âmbito do patrocínio à Taça de Portugal, os Jogos Santa atribuíram dois importantes prémios: o “Troféu Homem do Jogo” e o “Troféu Fair Play”, o primeiro ao melhor jogador em campo, o segundo ao jogador que teve um comportamento de desportivismo merecedor de destaque.
O médio do FC Porto Otávio, arrecadou o prémio “Homem do Jogo” da Taça de Portugal Placard, após votação feita pelos profissionais da comunicação social presentes na tribuna de imprensa do Estádio Nacional.
Otávio, prémio “Homem do Jogo” e Nuno Alves, administrador dos Jogos Santa Casa
Os Jogos Santa Casa distinguiram também Ricardo Horta pelo ‘Fair-Play’ demonstrado na partida. Esta distinção foi decidida por um comité de especialistas que acompanhou a final da prova rainha.
Ambos os troféus foram entregues pelo administrador dos Jogos Santa Casa, Nuno Alves.
Nuno Alves, administrador dos Jogos Santa Casa e Ricardo Horta, prémio “Fair Play”