A Casa do Impacto e a Shifter, revista comunitária de reflexão e crítica, juntaram-se para promover um ciclo de conferências sobre temas como descentralização, saúde mental, inteligência artificial, entre outros temas essenciais. O primeiro encontro foi dedicado ao tema “Cidades do Futuro”, e teve lugar na passada sexta-feira, 21 de abril, nas instalações da Casa do Impacto.
A conversa que juntou na mesma mesa Rosa Félix, investigadora em mobilidade ciclável e mentora da Cicloficina do Técnico, Mário Alves, membro da direção da Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, e Bruna Pizzol, especialista e consultora na área de mobilidade urbana, pretendeu ser um espaço de reflexão sobre o futuro das grandes cidades e de como estas podem e devem ser espaços inclusivos e pensados para que as pessoas vivam e circulem em segurança.
“Cada cidade é diferente e verificamos que os problemas à locomoção numa cidade como Lisboa é bastante diferente dos problemas que existem noutra cidade do outro lado do mundo, como na Índia, em que um dos maiores constrangimentos são os animais vadios que andam na rua”, começou por dizer Mário Alves.
Para o defensor da utilização de bicicletas, é “necessário que exista uma intervenção política para alterar alguns dos paradigmas que existem na mobilidade urbana”, frisando que “a pandemia mudou a maneira como nos movemos em Lisboa, em que, em muitos dos casos, as pessoas preferem agora deslocar-se a pé ou de bicicleta do que nos transportes”.
Opinião partilhada por Rosa Félix que lembrou que “a aposta que as cidades têm feito nas ciclovias tem sido essencial para a maneira como nos movemos”. “Há alguns anos era muito complicado andar de bicicleta em Lisboa. As pessoas tinham que automaticamente assumir um risco em que o corpo seria exposto a todos os elementos que andam na estrada. Hoje em dia é mais fácil. Existem ciclovias vedadas e com regras, o que leva a que as pessoas utilizem mais a bicicleta como meio de deslocação”, salientou ainda.
Outros dos pontos essenciais deste primeiro ciclo prendeu-se com o facto de as cidades deverem ser inclusivas e de os centros urbanos, desenhados primordialmente para carros, serem cidades inóspitas e inseguras.
“É importante que várias pessoas sejam ouvidas quando estamos a falar de mobilidade urbana, é necessário incluir na discussão não só os engenheiros que pensam nas estruturas, mas também os peões que andam no espaço todos os dias”, realçou Bruna Pizzol. “Em algumas cidades da América do Sul, para o financiamento da rede de transportes, as entidades que financiam requisitam estudos específicos que comprovem que o que será construído não deixará ninguém para trás”.
Importa, assim, ampliar o debate sobre a mobilidade e de como as cidades devem ser mais humanas e inclusivas, reafirmando que a discussão pública não pode passar por uma “guerra de trincheiras”, entre ciclistas e automobilistas.
Sobre o ciclo “Encontros com Impacto
O próximo “Encontro com Impacto” acontece no próximo dia 19 de maio, e o tema em debate será a “Inteligência Artificial”.
Até final de 2022 vai ser possível assistir a mais cinco sessões com temas distintos, divididas em dois ciclos: o primeiro sobre temas do futuro e o segundo sobre o presente.
A parceria estabelecida entre a Shifter e a Casa do Impacto tem como objetivo tratar assuntos complexos de forma próxima, simples e inclusiva, promovendo encontros regulares onde se juntam personalidades relevantes das várias áreas em debate para pensar os temas propostos.
Todas as conversas serão também disponibilizadas, posteriormente, em formato podcast.
A participação é gratuita, mas implica registo prévio em cada um dos eventos. Esta e outras informações estão disponíveis no site dedicado aos “Encontros com Impacto”.