Catarina Costa: “Tenho uma felicidade imensa em competir”

Catarina Costa, 25 anos, vice-campeã europeia de judo, está num dos cursos universitários mais exigentes e treina 16 a 20 horas por semana. A atleta acredita nas medalhas. Não é fácil, mas a jovem não está sozinha nesta batalha. Tem a ajuda do Programa IMPULSO | Bolsas de Educação Jogos Santa Casa.

Em miúda, levava os dias atrás de uma bola de futebol, a nadar ou a jogar ténis. Ambiciosa e com talento de sobra, a atleta descobriu o judo por um acaso do destino. “O judo aparece na minha vida quando eu andava no colégio Rainha Santa Isabel, em Coimbra. Estava a jogar futebol, no recreio, com os meus amigos, quando João Abreu, o treinador de judo da altura, vê-me a jogar e desafia-me a ir experimentar um treino”, recorda a judoca da Associação Académica de Coimbra.

Com apenas dez anos, a jovem atleta embarcou numa aventura que tem dado muitas alegrias a Portugal. “O judo é algo diferente”, disse-lhe João Abreu, para a convencer. Foi assim que tudo começou. “Eu fiquei curiosa – lá está, gostava muito de desporto – e fui experimentar. Gostei muito. Era mesmo diferente. Não sabia quase nada. E continuei. Pedi à minha mãe para me inscrever e a partir daí não parei mais, evoluindo rapidamente”, explica.

Depois da mãe de Catarina lhe perguntar se era mesmo para inscrever a sua filha e se ela tinha jeito para a modalidade. João Abreu sorriu e respondeu-lhe: “a sua filha é uma num milhão”, lembra a atleta. Aos 13 anos, sagrou-se campeã nacional e passou a ser treinada pelo antigo campeão europeu João Neto, que ainda hoje orienta aquela que é uma das grandes revelações do judo português dos últimos anos.

Antes de se estrear nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano passado, Catarina Costa (CC Atomic, para os amigos) revelou o sonho de “fazer história no judo português”. E quase o conseguia na primeira participação olímpica, mas perdeu o combate pelo bronze e terminou em 5.º lugar. “Ambiciosa”, como faz questão de se definir, não desistiu de procurar a primeira grande medalha no tatami e foi recompensada por isso ao conquistar a prata na categoria -48 kg nos Europeus de Sófia, em abril.

Entre a paixão ao judo e a disciplina férrea

A vice-campeã da Europa de Seniores 2022 diz fazer o que gosta. “Ainda sinto muitas das emoções que sentia quando era mais nova. Acima de tudo, tenho uma felicidade imensa em treinar, competir e estar com os meus amigos. Ir ao treino ainda é uma coisa que me faz muito feliz. A preparação, a própria competição e a adrenalina de estar a competir continuam a apaixonar-me muito pelo judo”, confessa.

“Sinto que sou uma atleta muito persistente e trabalhadora, disciplinada, extremamente perfecionista, muito organizada e atenta aos pormenores”, sublinha. Os sacrifícios da alta competição não demovem a atleta. Não se assusta com as restrições alimentares ou não ir a uma festa com os amigos. “É um preço que estou disposta a pagar. O que me custa mais é estar afastada da família durante as competições”, nota.

Objetivos

Depois de conquistar a medalha de prata nos Europeus de Sófia, em abril, a judoca aponta baterias para os Mundiais, a realizar em outubro. “Quero chegar às medalhas no Mundial”. Mas a atleta de Coimbra também quer qualificar-se para os Jogos Olímpicos. “O objetivo é fazer uma boa qualificação, para depois chegar aos Jogos Olímpicos na melhor forma física possível”, afirma.

Competir e estudar

A judoca estuda Medicina na Universidade de Coimbra, o que torna as suas conquistas ainda mais impressionantes, tendo em conta que está num dos cursos universitários mais exigentes e treina 16 a 20 horas por semana. Não é fácil, mas a jovem não está sozinha nesta batalha. Tem a ajuda do Programa IMPULSO | Bolsas de Educação Jogos Santa Casa.

A atleta viu renovado, em 2022, o apoio do Programa IMPULSO | Bolsas de Educação Jogos Santa Casa. O objetivo destas Bolsas é apoiar os desportistas a conciliarem as carreiras desportiva e académica. Catarina acredita nas suas potencialidades e nas medalhas. É por isso que dá tudo nos treinos, mas também sabe que a sua carreira de atleta não dura para sempre. Por essa razão, preparou o seu futuro, aproveitando o apoio do Programa Impulso para estudar Medicina.

“É uma excelente iniciativa. Recordo-me da primeira vez que recebi a Bolsa de Educação Jogos Santa Casa. Na altura, foi uma ótima ajuda para mim, que estava a iniciar o curso (de Medicina), com despesas inerentes para pagar, nomeadamente as propinas, as competições e os estágios. Ainda não era tão conhecida, razão pela qual a bolsa fez uma diferença enorme”, lembra.

“A bolsa ajudou-me a conciliar o desporto de alta competição desportiva com a educação e, simultaneamente, a pagar as despesas de ambos e a preparar o futuro pós-judo. É também uma forma dos atletas não desistirem das carreiras desportiva e académica”, sustenta.

Programa IMPULSO | Bolsas de Educação Jogos Santa Casa

O Programa IMPULSO | Bolsas de Educação Jogos Santa Casa, assim designado desde 2021, resulta de uma parceria com o Comité Olímpico de Portugal e o Comité Paralímpico de Portugal, estabelecida em 2013. O objetivo deste programa é apoiar, de forma transversal, a formação de atletas olímpicos, paralímpicos e surdolímpicos, dando-lhes o suporte necessário para poderem conjugar a sua realidade desportiva com a educação.

Fotografias: IJF, Gabi-Juan

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