Sabia que a construção do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão foi financiada pelas receitas do emblemático jogo de apostas desportivas mútuas, o Totobola?
Inaugurada em 1966, a primeira unidade de resposta inovadora no país para situações de lesões medulares foi construída graças ao contributo dos apostadores do primeiro jogo de apostas desportivas (lançado em 1961). 55 anos depois, o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão continua a reinventar-se.
Além de tratamentos de reabilitação com recurso a ferramentas tecnológicas, como um exoesqueleto que ajuda os doentes a recuperar força muscular e postura, o CMRA disponibiliza treinos dentro de água e é local de realização de vários estudos de investigação.
Em pouco mais de meio século, assistiram-se a avanços na medicina, mas também ao surgimento de novas enfermidades. A maioria dos internamentos no CMRA continua a dever-se a doenças neurológicas (onde se incluem os AVC), seguindo-se lesões vertebro medulares.
Apesar da sua construção ter iniciado em 1956, por iniciativa do então provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, José Guilherme de Mello e Castro, só dez anos depois, o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão abriu as portas ao primeiro doente, começando então a funcionar em pleno.
Hoje, como há pouco mais de meio século, o CMRA prossegue o seu trabalho de excelência, reconhecido internacionalmente, na reabilitação de lesões vertebro-medulares e de sequelas das doenças neurológicas, estendendo a sua atuação também à área pediátrica.
Em entrevista, Maria de Jesus Rodrigues, administradora-delegada/diretora clínica do CMRA, fala-nos um pouco sobre o trabalho de excelência na reabilitação, levado a cabo pelo centro, bem como do impacto e desafios resultantes da pandemia de Covid-19.
– Que balanço faz de 55 anos de um trabalho reconhecido internacionalmente, sobretudo no campo das lesões vertebro-medulares e das sequelas das doenças neurológicas?
Desde 1966, o CMRA tem sido considerado um dos melhores e mais completos centros de reabilitação do mundo. A forma de trabalhar em equipa multiprofissional, com uma abordagem centrada no doente e família e a preocupação em prestar cuidados de excelência, baseados na melhor evidência científica têm sido fundamentais para o sucesso e credibilidade que nos são atribuídos desde a inauguração.
A forte presença nacional e internacional nos foros científicos da reabilitação neurológica tem sido o outro pilar da posição de destaque e reconhecimento que o CMRA ocupa e pretende continuar a consolidar, continuando a inovar e liderar nesta área de especialidade.
– Qual foi o impacto da pandemia de Covid-19 no funcionamento do centro?
A pandemia de Covid-19 trouxe desafios a que os profissionais do CMRA deram resposta rápida e eficaz, assegurando a continuidade da prestação de cuidados aos seus utentes, mas fazendo todos os ajustes logísticos e procedimentais para garantir a segurança de utentes e profissionais. Os resultados têm sido muito satisfatórios e mostram que apesar de ser uma instituição com 55 anos, continua viva, ágil e capaz de se adaptar às necessidades e contingências, de forma a não desamparar aqueles que são o objeto da sua existência, os doentes e seus familiares.
– Quais são os grandes desafios para o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão?
Os grandes desafios do CMRA para o futuro próximo passam por continuar a crescer em diferenciação e qualidade: na prestação de cuidados de medicina de reabilitação; na produção de investigação clínica e formação especializada continuada dos profissionais de reabilitação em Portugal e no Mundo; na liderança, pelo exemplo, nas vertentes conceptual e organizacional do trabalho em centro de reabilitação; no desenvolvimento tecnológico ao serviço da excelência de cuidados e na melhoria operacional em saúde.
A celebração em 2021
O aniversário é celebrado a 20 de abril – data em que deu entrada o primeiro utente no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão – embora, a inauguração tenha acontecido a 2 de julho.
Uma ação de experimentação de handbikes e uma atuação musical levada a cabo por animadores, são algumas das iniciativas que decorrem durante este dia.
Mesmo em tempos de pandemia, houve lugar a uma decoração festiva dos espaços e a mensagens especiais de vários utentes, que não quiseram deixar de aproveitar a data para agradecer aos seus “cuidadores”, como demonstra o seguinte vídeo.