O Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian acolheu, no passado dia 2 de junho, um autêntico festival de brincadeiras e atividades dedicadas às crianças que frequentam o estabelecimento, que puderam assim participar na XII edição dos Jogos Adaptados.
Aproveitando o Dia da Criança, assinalado na véspera, cerca de 85 famílias viveram momentos de felicidade e esqueceram, por momentos, as limitações de cada um. Desde pinturas faciais, música, doces ou escorrega, passando pelos já habituais passeios a cavalo e interação com cães, não faltaram oportunidades para o convívio entre todos.
O pequeno André, utente do Centro, foi o espelho dessa alegria, como explicou a mãe, que teceu elogios não apenas ao evento, mas ao funcionamento de toda a instituição.
“Estou a adorar, é a primeira vez que venho. Estamos cá no centro desde setembro e desde o primeiro dia que estamos a adorar isto. Tanto eu, como o meu marido, como o André, só que ele expressa-se à sua maneira. Os terapeutas, pessoal administrativo, até as senhoras da limpeza, tem sido tudo fantástico. Sentimo-nos acolhidos, é muito bom”, frisou.
Depois de ter aproveitado um passeio num dos cavalos da GNR, André tinha agora a companhia de um dos cães da Guarda Nacional Republicana. Feliz, a mãe referiu ainda que a iniciativa é boa “até para os pais”: “Sem dúvida. Vamo-nos conhecendo e interagindo, porque, afinal, não somos os únicos”.
Mais adiante estão pai e filha, que voltaram ao Centro e aos Jogos Adaptados vários anos após a última presença.
“A última vez que viemos foi há uns seis ou sete anos, mas corre sempre bem. O dia é sempre uma animação para eles, ela fica sempre muito contente em vir cá. Tivemos agora uma fase em que foi operada, esteve em Alcoitão e agora foi aqui integrada na terapia ocupacional e da fala. Tinha fotografias a andar a cavalo há uns anos e agora queria repetir. Todos os exercícios que fazem ali dentro estão refletidos aqui fora”, explicou, antes de assistirem à atuação da ESSATuna, tuna da Escola Superior de Saúde do Alcoitão.
Habilitar e capacitar
Para Ana Cadete, diretora do Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian, este dia é uma “festa de jogos adaptados para reunir as famílias e todos os que aqui trabalham”.
“A importância deste dia para as crianças é perceberem que podem divertir-se e funcionar, estarem integradas como as outras crianças. As pessoas ligam sempre muito ao que elas não podem fazer, mas elas podem fazer muita coisa. É esse o foco. Não é o que não podem. As famílias têm de ser capacitadas e perceberem que podem ir ao parque infantil e podem brincar, de uma forma adaptada. Tudo isto é terapia. Os saltos no insuflável, o estarem ali na música… Tudo é terapia, em atividades no dia a dia”, resumiu.
A diretora relembrou que este Centro trabalha “com uma equipa multidisciplinar, centrada na criança e na família, com o objetivo de habilitar e capacitar as crianças para poderem funcionar enquanto crianças e depois enquanto adultos”.
“Temos intervenção direta até aos seis anos e, após essa idade, em situações pontuais, como por exemplo casos de pós-operatório. Mas depois damos orientação toda até à vida adulta. Temos adultos que ainda vêm à consulta para orientação e também porque somos um centro prescritor de produtos de apoio”, lembrou Ana Cadete.
A importância dos estímulos
Ocupado a puxar uma boia num escorrega improvisado encontrámos o fisioterapeuta Frederico, que conhecia praticamente todas as crianças presentes na festa e considerou ser “essencial” haver mais dias como este.
“Isto promove a integração social, eles veem mais meninos e percebem que é uma coisa normal e natural. É um benefício muito grande. Têm estímulos diferentes e é muito bom para os objetivos de cada criança. Obviamente, há uns que precisam mais disto e outros daquilo, mas mal não faz. Qualquer atividade é sempre benéfica, nem que seja pela parte lúdica, mas depois podem acrescentar a parte terapêutica. Dá-lhes concentração e coordenação”, explicou.
Para os pais, Frederico deixou o conselho de que “não há brincadeiras melhores para uns do que para outros, mas sim brincadeiras que podem ser adaptadas”, e mostrou-se feliz por poder participar nos Jogos Adaptados.
“É ótimo. É diferente porque acaba por ser benéfico para nós vermos estas crianças a divertirem-se e esboçarem um sorriso, não porque dizemos uma piadinha, mas porque estão a realizar uma atividade. Depois, no fim do dia, logo se pensa no cansaço”, terminou, com um sorriso”.
Jogos Adaptados 2023
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