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Como integrar pessoas com deficiência no mercado de trabalho? Este “Toolkit” esclarece

Como integrar pessoas com deficiência no mercado de trabalho? Este “Toolkit” esclarece

Guia de boas práticas pretende apoiar gestores e colaboradores na integração de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Para o administrador executivo da Misericórdia de Lisboa é urgente promover e reconhecer as capacidades destas pessoas.

Ação social

Sobre um país que apresenta “números alarmantes” no que à integração de pessoas com deficiência no mercado de trabalho diz respeito”, Sérgio Cintra não tem dúvidas: “é determinante que as organizações definam estratégias na promoção da inclusão”. O administrador executivo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi o responsável por inaugurar a sessão de apresentação do “Toolkit: “Como recrutar e integrar pessoas com deficiência”, que decorreu esta terça-feira, em formato online.

“Temos o dever de promover a igualdade de oportunidades, valorizar as competências e os talentos das pessoas com deficiência. É determinante que as organizações definam estratégias para a promoção da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, mas também na sua manutenção”, considera Sérgio Cintra, realçando que este “Toolkit” surge como “forma de vencer estas barreiras e de ajudar as empresas a serem mais inclusivas”.

É isso mesmo que o “Toolkit”, a cargo do GRACE – Empresas Responsáveis, pretende ser: um instrumento capaz de inspirar e incentivar a construção de programas de emprego inclusivos e com resultados sustentáveis, disponibilizando aos gestores e colaboradores das empresas um conjunto de ferramentas necessárias para a integração de pessoas com deficiência nas suas fileiras.

O “Toolkit” junta o saber dos melhores guias internacionais e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e espelha de forma prática a experiência acumulada de várias empresas associadas GRACE. É a partir deste conjunto de experiências que se constrói este “kit de ferramentas”, dividido em cinco eixos: assumir o compromisso estratégico; preparar a ação; recrutar e selecionar; acolher e integrar; desenvolver relações duráveis. As cinco etapas estão descritas no guia prático para gestores e colaboradores das empresas.

 “Temos muito trabalho pela frente”

Para Sérgio Cintra, existem alguns indicadores que devem ser alvo de reflexão. Se, por um lado, os dados identificam os avanços que “conseguimos realizar”, por outro mostram que ainda há muito por fazer, o que para o administrador executivo da Santa Casa “evidencia a vulnerabilidade estrutural neste conjunto de cidadãos no acesso ao emprego”.

Tal como adiantou durante a sessão online, com recurso a dados do Eurobarómetro, 58% dos portugueses considera que no nosso país é comum, ou muito frequente, a ocorrência de situações de discriminação com base na deficiência: 61% dos inquiridos acreditam que, em Portugal, ter uma deficiência pode desfavorecer os candidatos no acesso ao emprego, mesmo que tenham competências ou qualificações equivalentes ou superiores.

As pessoas com deficiência representam cerca de 15% da população mundial. Em Portugal, apesar de alguns sinais positivos e de algumas empresas já terem adotado boas práticas de inclusão, permanecem fatores que restringem o acesso das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho.

O problema parece ter sido agravado devido à pandemia de Covid-19.  Segundo o Relatório “Pessoas com Deficiência em Portugal – Indicadores de Direitos Humanos 2020”, em junho de 2020 existiam 13.270 pessoas com deficiência inscritas como desempregadas no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), registando-se um aumento de 10% face aos dados globais de 2019 (12.027 inscritos).

A promoção do crescimento económico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos, são propósitos inscritos nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Até 2030, a Organização pretende alcançar o “emprego pleno e produtivo, trabalho decente para todas as mulheres e homens, inclusive para os jovens e as pessoas com deficiência, e remuneração igual para trabalho de igual valor”.

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