A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa orgulha-se de, neste Dia Nacional do Psicólogo (4 de setembro), ter entre os seus profissionais cerca de 270 psicólogos que ajudam, diariamente, a instituição a cumprir a sua missão junto dos mais vulneráveis.
Estes profissionais estão distribuídos por cerca de 20 equipamentos diferentes, agrupados em três grandes áreas: Ação Social, Saúde e Recursos Humanos. As três unidades com mais psicólogos, mais de um terço do total, são os diversos Núcleos de Infância e Juventude (40 psicólogos), as Unidades de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (30) e as Casas de Acolhimento (30). É entre eles que está Susana Câmara, psicóloga na Casa de Acolhimento de Santa Teresinha.
Susana abraçou a profissão há 16 anos por “acreditar que é possível transformar o sofrimento e melhorar as relações entre as pessoas”, num processo que apelida de “belo e fascinante”.
“O acompanhamento em proximidade das equipas da Santa Casa é, muitas vezes, o fator diferenciador, que permite a muitas famílias ‘manterem-se à tona’, de uma forma que deve ir muito além do assistencialismo. A reflexão e integração das experiências difíceis na estrutura interna de cada um é fundamental para que não se instalem padrões de comportamento patológicos e para prevenir que estes passem de geração em geração. É nestes processos de mudança que os psicólogos podem fazer toda a diferença”, explica Susana Câmara.
Susana Câmara é psicóloga na Casa de Acolhimento de Santa Teresinha
MUDAR MENTALIDADES
A psicóloga considera que o estigma relativamente à procura de ajuda psicológica “infelizmente ainda existe”, embora o panorama esteja a mudar.
“Durante muito tempo vivemos numa cultura que associou a expressão de emoções a fraqueza. A noção de que todas as emoções são importantes e que devemos navegar um bocadinho por todas para nos mantermos psicologicamente sãos tem sido uma mudança de paradigma. Mostrar vulnerabilidade não é sinal de fraqueza. As emoções devem aparecer, de acordo com as experiências que vamos vivendo”, afirma a psicóloga da Casa de Acolhimento de Santa Teresinha.
E é também nesta abertura de mentalidades que a Misericórdia de Lisboa tem um papel relevante, para que a ajuda não encontre barreiras.
“Ainda há caminho a percorrer na nossa ‘inteligência emocional comunitária’, mas temos avançado e parece-me que a importância de consultar um psicólogo virá por acréscimo desta mudança de mentalidade. Infelizmente, muitas vezes já se identifica a necessidade, mas não há recursos financeiros. A terapia é um serviço caro e é ainda um privilégio de poucos. Neste aspeto, é fundamental que a Santa Casa continue a proporcionar serviços de saúde mental a quem precisa e não consegue pagar”, conclui Susana Câmara.