À entrada da exposição, um jovem de 18 anos é o centro das atenções. É ao seu redor que se concentram os visitantes no dia da inauguração da mostra “Dois Olhares”, esta quinta-feira, dia 27 de fevereiro, à tarde, no Espaço Santa Casa. Tímido, quase que querendo escapar às perguntas, Nelson Semedo lá vai respondendo às perguntas, explicando o porquê de cada fotografia, o momento em que os retratados foram captados pelo seu olhar através de uma câmara fotográfica, o que se passava para lá do milésimo de segundo em que tocou no botão.
“Dois Olhares” é uma exposição única e inédita na instituição. Nos dois pisos do Espaço Santa Casa, no Campo de Santa Clara, dezenas de fotografias alinham-se nas paredes, retratando momentos ocorridos no Festival Meo Sudoeste e durante a Expedição aos Picos da Europa, no ano passado.
Entre as fotografias, dificilmente se distinguem as que foram captadas pelo fotógrafo amador, Nelson Semedo, das do profissional, João Costa, com 18 anos de profissão e fotógrafo da instituição, que integra a Direção de Comunicação e Marcass. A diferença evidente para o olhar dos leigos reside no que é captado: o olhar do jovem incide nos pormenores, como a expressão de uma rapariga enquanto dança, com as rastas a balouçar ao som dos movimentos; enquanto o olhar do profissional abrange todo o cenário em que decorre a ação, numa visão mais abrangente e perfeita.
“O Nelson tem uma tendência para o retrato. Ele gosta de fotografar as pessoas”, explica João Costa, o profissional. Uma preferência que é assumida pelo jovem, que é acompanhado pela Equipa de Apoio à Família da SCML e que é, atualmente, estagiário na no Núcleo de Audiovisuais, da Direção de Comunicação. Fotógrafo-estagiário, claro está!
Mas como tudo começou? Desde logo, podemos identificar três momentos. Um primeiro, há cerca de 10 anos, quando Nelson, ainda menino, começou a tirar fotografias aos gatos (e também a filmar). “Foi aí que a paixão foi crescendo”, confessa, ao mesmo tempo que refere que está a terminar o curso de Audiovisuais na Casa Pia.
Desde essa altura e “saltando” para o ano de 2019, um novo momento determinante: a viagem no âmbito do Prémio de Mérito aos Picos da Europa, o trabalho de voluntário no Festival Meo Sudoeste e algumas outras iniciativas da Misericórdia de Lisboa, nas quais o jovem esteve presente… Sempre, de câmara fotográfica na mão!
Estes episódios culminam num terceiro momento, quando a qualidade das fotografias do jovem e o empenho demonstrado por Nelson levaram António Santinha, Diretor da Direção de Infância, Juventude e Família, a ter a ideia de expor o trabalho numa mostra, na qual os dois olhares – o do profissional João Costa e o do amador Nelson Semedo – coexistissem lado a lado.
Questionados sobre o que a exposição lhe suscita em termos de sentimentos, as respostas não poderiam ser mais diferentes. Para o jovem é a concretização de “um sonho” que nunca imaginou poder concretizar-se; para o profissional da nossa instituição é o desejo de que as fotografias “contem uma história”. Afinal, “este é o dia do Nelson”, sublinha João Costa, fugindo ao papel de protagonista e explicando que o seu trabalho na mostra é ” um complemento”.
Regressando ao jovem Nelson Semedo, o futuro surge ainda como um longo caminho a percorrer. “Estou ainda a aprender no estágio”, diz. A ambição, porém, está presente, e passa por frequentar um curso de fotografia e vídeo nos Estados Unidos.
Já João Costa, tentando manter-se discreto, prefere destacar a importância desta exposição para o jovem, uma exposição que prova que “as paixões podem ser concretizadas”.
Até ao próximo dia 5 de março, a mostra fotográfica estará patente no Espaço Santa Casa. Não perca esta oportunidade única de conhecer o trabalho de dois artistas da nossa instituição e deslumbrar-se com os “dois olhares”, de dois fotógrafos tão diferentes!