Foi inaugurada esta segunda-feira, 17 de novembro, a exposição “Filhos de todos… filhos de quem? Os expostos da roda de Lisboa”, na Galeria de Exposições Temporária do Museu de São Roque, da Santa Casa.
A iniciativa parte de uma abordagem curatorial inédita, que convida todos os visitantes a refletir sobre o abandono infantil, os sistemas de acolhimento, a identidade e a memória, partindo dos sinais deixados com as crianças expostas na roda: bilhetes manuscritos, pequenos objetos, imagens, entre outros. Os visitantes podem ainda observar obras de Leonardo da Vinci, Almada Negreiros, Graça Morais, Júlio Pomar e Paula Rego.
Organizada em quatro núcleos principais, que vão desde o contexto histórico e social do abandono infantil até a uma reflexão sobre os percursos de vida, as marcas da institucionalização e a construção da identidade destas crianças, a inauguração contou com a presença da vice-provedora da Santa Casa, Rita Prates e dos administradores da instituição, André Brandão de Almeida, Luís Rego e Rui Garcês.
Durante a inauguração, a vice-provedora, destacou a importância da exposição, considerando que esta mostra é uma oportunidade única de reflexão sobre o passado, o presente e o futuro.
Teresa Nicolau, diretora da Cultura Santa Casa, descreveu a exposição como “uma história universal de comoção, de como mães e pais, entregavam os seus filhos na Roda dos Expostos”.
“Quando olhamos para cada um destes sinais estamos a contar a história de uma pessoa e esperança que elas carregavam em si. Recebemos, ainda hoje, várias pessoas na Santa Casa que vêm à procura da história de alguém que tenha sido deixado nesta Roda ao nosso cuidado, e é isso que queremos transmitir nesta exposição, o carinho, o cuidado e um pedaço do legado também ele deixado pela Rainha D. Leonor, fundadora desta casa”, disse Teresa Nicolau.
Já Francisco D’Orey, diretor do Arquivo Histórico da instituição, enaltece a candidatura de todo este espólio a Registo da Memória do Mundo da UNESCO, que acredita que “possa salvar e ajudar a preservar este conjunto de sinais”.
“Reunimos vários parceiros e trabalhamos durante bastante tempo para conseguirmos entregar a candidatura a esta distinção. Esta exposição é mais um elemento que quisemos valorizar na candidatura e ao mesmo tempo enaltecer os expostos e o trabalho todo desenvolvido pela Santa casa”, conclui o responsável.
A Misericórdia de Lisboa conserva perto de noventa mil sinais de expostos, organizados em cinco séries documentais, com datas entre 1658 e 1939. Trata-se da maior coleção de documentos deste tipo a nível mundial. A exposição integra-se na candidatura destas séries ao Registo Internacional da Memória do Mundo da UNESCO, apresentada em parceria com outras instituições nacionais e internacionais.
“Filhos de todos… filhos de quem? O exposto da roda de Lisboa” estará patente na Galeria de Exposições Temporárias do Museu de São Roque até 29 de março de 2026, de terça-feira a domingo, das 10h às 12h e das 13h30 às 18h. Encerra no dia 1 de janeiro e durante as celebrações litúrgicas.