Há momentos que definem um espaço, um sítio e as suas gentes, e a iniciativa idealizada pela equipa de Animação Socioeducativa do centro foi um desses instantes, que perdurará na memória de todos os participantes.
“A Aldeia adormece e o bairro acorda” é mais que um documentário. É um retrato do que foi, é, e pretende ser o bairro. Uma história que navega entre as memórias dos mais “antigos” habitantes do território e da geração mais nova de moradores, e que inclui muitas das histórias do que outrora foi um dos locais mais “indesejados de Lisboa”.
“A ideia foi realizar um trabalho filmográfico dentro deste espaço que é o bairro, que fosse impactante para todos os intervenientes e que no final todos sentissem que têm uma palavra a dizer, sejam os mais novos ou os mais velhos”, explica Sara Cruz, monitora de atividades de tempos livres do Centro Social Polivalente do Bairro Padre Cruz, durante a apresentação pública do documentário que aconteceu na última sexta-feira, 3 de outubro, no Auditório Natália Correia do Centro Cultural de Carnide.
Durante quase um ano, dezenas de jovens e utentes do centro foram mobilizados e desafiados a contarem um pouco da sua história, num cenário intimista e pessoal, que pretendeu ser um reflexo das “das vivências e sonhos” das “gentes” que diariamente dão vida a este território.
“Moro aqui há mais de 40 anos. Vim para cá ainda isto era um aglomerado de pedaços de casas empilhadas, umas em cima das outras. Este filme teve essa coisa engraçada de poder contar aos nossos jovens o que era este bairro, e, por exemplo, contar-lhes que as estradas onde jogam à bola ou andam de bicicleta eram sítios com casas e onde pessoas vendiam várias coisas”, diz José Rodrigues, utente do centro.
Da parte da geração dos mais novos, Diego Silva, ou Kiki, nome pelo qual é conhecido no bairro, conta que foi “engraçado” participar no filme e que espera que algumas das histórias que agora conhece “não voltem a acontecer”.
“Foi giro, mas foi também algo triste, porque não sabia que antigamente as pessoas viviam com tão pouco e com tantas dificuldades”, confessa.
O projeto, que teve o apoio, no processo de produção e edição, da equipa da direção de Comunicação da instituição, foi um momento de partilha e uma oportunidade única para o fortalecimento dos laços comunitários entre moradores do bairro.
Pode ver o documentário no Youtube da Santa Casa.