Desde 2017, que a Santa Casa participa nas marchas de Lisboa por ocasião da festa dedicada aos santos populares da cidade, exceção feita aos anos de 2020 e 2021, devido à pandemia da covid-19.
Cada ano é subordinado a um tema e o deste ano – esclarece Luna Marques, diretora da Unidade de Animação Socioeducativa – é “Santa Casa de mãos dadas com a cidade”, com o subtema “Santa Casa é um espelho da cidade.”
Com base neste ponto de partida, Paulo Jesus, coreógrafo da marcha, compartilhou alguns detalhes sobre a preparação e a inspiração deste ano. “São 24 pares a marchar, três suplentes (temos dois homens e uma mulher), oito músicos e a parte técnica. A inspiração assenta nos espelhos, tendo em conta o tema da Santa Casa. Ou seja, usamos a moldura dos espelhos, nos arcos e no rosto, mas sem espelho. Porquê? Para nos lembrarmos que há sempre um rosto do outro lado que pode precisar de nós, de ajuda, de um ato de amor nosso. No fundo, alude àquela que é a missão da Santa Casa, de ajudar o outro, de nos darmos ao outro, de atuarmos nas e por boas causas.”
Na noite deste domingo, e também como é habitual, a marcha desfilou na MEO Arena para se apresentar ao público, trazendo uma novidade: a pequena Leonor que, enquanto mascote da marcha, participou pela primeira vez nesta iniciativa.
Quem também participou pela primeira vez foi o padrinho Pedro Crispim, que fez a sua estreia ao lado da madrinha Liliana Santos, esta já uma repetente do ano passado, e que não escondeu a alegria por retornar ao grupo. “Fiquei muito contente quando recebi o convite para fazer novamente parte desta festa e voltar a rever as pessoas, porque, apesar de ter sido só um ano, criaram-se muitos laços. É muito bom estar aqui de novo e voltar a encontrar colegas do ano passado. Os marchantes da Santa Casa empenham-se muito para conseguirmos ter uma marcha bonita e este ano não está a ser diferente”.
Também o padrinho estreante partilhou do entusiasmo. “A estreia este ano será em grande, obviamente. Vou descer, pela primeira vez, a Avenida da Liberdade e, pela primeira vez também, sou padrinho de uma marcha. E uma marcha que, de uma forma direta, representa toda a cidade, todos os bairros, todo o país. No fundo, todos os portugueses. Para mim, é um grande motivo de orgulho. Existe aqui uma matriz de partilha e de inclusão que me diz muito. Sinto-me muito privilegiado por ter este papel, mas acima de tudo por perceber que os marchantes são, efetivamente, as peças-chave, os protagonistas. Tenho aprendido muito nos ensaios com estas pessoas.”
A marcha popular da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não é apenas uma celebração da cultura portuguesa, mas também um reflexo do compromisso da instituição com a inclusão e a coesão social. Ao longo dos anos, a marcha tornou-se um símbolo de união e solidariedade, reunindo pessoas de várias as idades e origens em torno de uma causa comum: a celebração da identidade cultural e a valorização das tradições populares.
No desfile de ontem, os marchantes da instituição voltaram a brilhar, numa antecipação da grande noite que também vai ser a do próximo dia 12, na Avenida de Liberdade.