No dia em que se assinalou o Dia Mundial do Síndrome de Down, 15 de março, a Fundação Calouste Gulbenkian foi palco da apresentação do 5.º Relatório Trienal do Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral (PVNPC). Um evento que ocorreu em formato presencial e que teve também transmissão online.
Presentes no mesmo, estiveram a ministra da Saúde, Marta Temido, a secretária de Estado da Inclusão e das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, e representantes das várias instituições que integram o projeto.
O relatório agora divulgado teve como tema principal a “Evolução dos Fatores Associados ao Risco de Paralisia Cerebral em Portugal no século XXI”, e contou com a participação de mais de 2000 crianças com paralisia cerebral, nascidas entre 2001 e 2012.
Durante a sua intervenção, Marta Temido, ministra da Saúde, salientou que o trabalho desenvolvido pelo PVNPC é um “importante contributo para o conhecer os fatores de risco associados à paralisia cerebral, o que permite atuar sobre eles”. Para isso, considera fundamental “investir na literacia em saúde da população, nomeadamente na saúde reprodutiva, saúde materna e comportamentos saudáveis”.
Os indicadores de risco identificados no relatório alertam para a importância de informar corretamente a população em idade reprodutiva e de fortalecer o investimento na promoção de comportamentos de saúde saudáveis.
“Tudo se resume às pessoas. É delas que falamos”, disse a ministra em defesa do investimento “em políticas que minimizem os impactos da incapacidade e deficiência” e que “permitam a inclusão destas pessoas, numa abordagem transversal, em todas as áreas governativas”.
No final do seu discurso, Marta Temido agradeceu ainda “aos voluntários que integram a rede e que recolhem, tratam e divulgam a informação” do relatório da PVNPC.
Sabia que…
- A taxa de incidência por ano de nascimento, manteve-se estável ao longo dos primeiros 12 anos deste século, sendo que o mais intenso fator de risco de Paralisia Cerebral aos 5 anos é a prematuridade (28 a 31 semanas de gravidez) e a extrema prematuridade (menos de 28 semanas de gestação)?
- Ou que outros fatores de risco frequentemente cumulativos com a prematuridade são a gemelaridade (situação em que se verifica a gestação de mais do que um feto no útero), a idade materna superior a 39 anos à data de nascimento, a presença de malformação congénita e o nascer leve para o tempo de gravidez?
Sobre o Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral
Desde 2006 que o Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral regista os casos de Paralisia Cerebral ocorridos em crianças nascidas no século XXI. Este programa tem a finalidade de obter indicadores que forneçam evidência científica que contribua à melhor satisfação das necessidades de saúde, educação e apoio social das pessoas que vivem com Paralisia Cerebral.
O programa é um consórcio entre a Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e as sociedades clínico-científicas nacionais das áreas da medicina física e de reabilitação.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde a Paralisia Cerebral representará 15% de todas as deficiências. A paralisia cerebral continua a ser a deficiência motora mais frequente na infância. A sua prevalência é estimada em 1,7 e 2,2 por mil nados vivos nos países mais desenvolvidos.
Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian: uma referência na área da Paralisia Cerebral
Como referência na área da Paralisia Cerebral, o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian (CRPCCG) recebeu, esta quarta-feira, 23 de março, a visita de uma delegação da Federação Francesa de Estabelecimentos Hospitalares e de Assistência a Pessoas Dependentes (FEAHAP).
A comitiva foi recebida pela diretora da Saúde Santa Casa, Tânia Matos, e pela diretora do equipamento, Ana Cadete, que guiaram a equipa da FEAHAP numa visita às instalações do centro, com especial enfoque nas áreas de atuação na reabilitação pediátrica de crianças e jovens com Paralisia Cerebral, e deram a conhecer algumas especificidades da estrutura e do funcionamento deste equipamento da instituição, bem como da sua história.
Também nesta data, a delegação francesa visitou igualmente o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, da Misericórdia de Lisboa.
O encontro centrou-se, entre outros assuntos, na partilha da experiência portuguesa no apoio à população dependente, nomeadamente nas questões ligadas à Paralisia Cerebral e na preparação e educação da população mais jovem, para a vida adulta.
Com mais de meio século de história, o CRPCCG é, desde a década de 90, tutelado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e tem como objetivo a reabilitação e educação da criança com Paralisia Cerebral, desenvolvendo ao máximo as suas capacidades e permitindo-lhe a sua integração social e produtivo na sociedade.
A equipa multidisciplinar do centro que inclui médicos especialistas, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, psicólogos, educadores, professores e assistentes sociais acompanha centenas de pessoas com deficiência por ano, prestando igualmente apoio às suas famílias.