O Radar iniciou a sua missão em janeiro de 2019, com a georreferenciação da população com 65 ou mais anos, residente nas 24 freguesias da cidade de Lisboa, com o objetivo de perceber em que condições o fazem, que necessidades têm e que respostas precisam para que tenham uma vida autónoma e confortável.
Os resultados finais da fase de levantamento deste projeto foram apresentados esta sexta-feira, na Sala de Extrações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). Edmundo Martinho, provedor da instituição, começou por elogiar o trabalho de todos os parceiros envolvidos. “Nada disto teria sido possível sem esta parceria entre todas as organizações. Hoje, conhecemos melhor esta realidade e estamos melhor preparados para a enfrentar”, afirmou.
Para Edmundo Martinho, “o Radar foi um passo, mas que não nos permite parar de caminhar”. “É preciso traduzir este trabalho em respostas para esta população”, lembrando que “a nossa responsabilidade e a nossa capacidade de transformação aumentou com o projeto Radar. Temos de honrar o compromisso que celebramos com a cidade e com cada uma destas pessoas. O nosso centro tem de ser cada uma destas pessoas e cada uma destas vidas”, concluiu.
Os responsáveis pelas entidades parceiras foram unânimes: o projeto Radar é bom exemplo de trabalho de equipa, apresentou resultados no tempo previsto e vai ao encontro das necessidades das pessoas.
Dos mais de 100 mil idosos que moram em Lisboa, a maioria vive só ou acompanhada por pessoas da mesma idade. Para se conhecerem as condições em que vivem, andaram na rua, desde 7 de janeiro de 2019, milhares de “radares” para falar com cerca de 30 mil destes lisboetas. Do total da amostra, dois terços (66%) são mulheres. Em termos de faixas etárias, o maior número de pessoas inquiridas, concretamente 43%, situa-se entre os 75 e os 84 anos.
Durante cerca de um ano, foram identificados mais de 30 mil idosos (30145) que vivem sozinhos, ou acompanhados por alguém da mesma faixa etária, sendo que só três pessoas se encontravam no nível 1 de carência, o mais gravoso, e cerca de 92% encontram-se no nível 5, o menos crítico, como tal em situação não urgente.
De acordo com os dados do Radar, 88% dos participantes confirmam ter médico de família e os restantes 12% desconhecem ou efetivamente não têm. Por outro lado, os idosos indicam ter dificuldades na higiene da casa (19%), nos cuidados de saúde (12%) e nas tarefas diárias (11%).
“Carência económica” e “sinais de isolamento” foram outras das condições manifestadas, ambas com 9%. Não obstante serem alvo de maior preocupação, as questões de “carência alimentar”, “maus tratos” e “nível de orientação” são as que apresentam valores mais reduzidos, todas com 1%. E concluiu que, desta amostra, perto de 92%, ou seja, 27 mil, não têm acompanhamento de instituições sociais.
O projeto Radar é uma vertente do Programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades” e junta a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), a Câmara Municipal de Lisboa, o Instituto da Segurança Social, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a Polícia de Segurança Pública e as juntas de freguesia e a Rede Social de Lisboa.