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Regresso das visitas aos lares: “Que saudades que eu tinha, mãe”

Regresso das visitas aos lares: “Que saudades que eu tinha, mãe”

Ana foi ver a mãe, Judite, de 90 anos. No regresso das visitas ao lar, não houve o abraço que as duas queriam dar. Mas, na despedida, houve a certeza de que a “mãe fica bem entregue”.

Saúde

Quando Judite desceu no elevador já a filha Ana a aguardava no rés-do-chão na Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) de Santa Joana Princesa, da Santa Casa. “Que saudades que eu tinha, mãe. Saudades suas vou ter sempre”, desabafa Ana, ao mesmo tempo que leva as mãos ao peito. A última vez que se viram foi no início de março, antes do decreto do estado de emergência.

Gerir a distância nem sempre foi fácil. Durante mais de dois meses, os abraços foram dados por videochamada. Por Whatsapp, as auxiliares do lar foram estabelecendo contacto e enviando mensagens aos familiares para garantir que tudo estava bem com os utentes.

“Custou-me muito passar estes dois meses sem estar com a minha mãe. Receber mensagens e vê-la por um ecrã, não chega”, conta Ana.

“Hoje, vem cá alguém?”. Judite faz esta pergunta com uma frequência quase diária. Aos 90 anos, apresenta alguns problemas de ordem cognitiva, que comprometem a memória. As complicações de saúde não parecem colocar em causa os sentimentos. Certo dia, agarrou na mão da diretora da residência, Dina Ramos, e disse-lhe: “tenho saudades”. Dina demorou a perceber que razão levara Judite a proferir uma frase tão diferente do habitual. O contacto com o familiar foi estabelecido logo de seguida. Do outro lado estava a filha, Ana, emocionada, no dia em que completava 66 anos.

Nessa altura, já o país estava em confinamento. Não fosse a pandemia e Judite estaria presente para festejar o aniversário da filha. Na impossibilidade de ir, uma videochamada atenuou a dor da ausência numa data tão especial. A mensagem inesperada de parabéns aconteceu.

“A dona Judite, embora tenha dificuldades em se localizar no tempo e no espaço, teve ali um clique. Sem ninguém lhe dizer nada, ela deu nota de que lhe faltava alguma coisa, de que não estava bem. Era o aniversário da filha e ela sentiu isso”, refere Dina, ao mesmo tempo que aponta para o braço: “arrepio-me sempre que conto este episódio”.

Ainda que sem beijos e abraços, Judite e Ana podem voltar a estar juntas, uma vez por semana, durante um tempo de visita nunca superior a 90 minutos. À entrada para a área de visitas é necessário vestir uma bata cirúrgica descartável, calçar uma proteção para calçado e desinfetar as mãos. Na parede estão orientações da Direção Geral de Saúde (DGS), que têm de ser cumpridas.

Ana contou os dias até poder, finalmente, voltar a ver a mãe. A conversa estende-se pela manhã. O momento é pautado por silêncios, em que o diálogo prossegue apenas com troca de olhares. Ana aproveita para falar da família, dos netos que não puderam vir, da vaidade de Judite e dos “bons cuidados” prestados pelo equipamento. “Durante todo este período, foram incansáveis. Ligavam-me constantemente para dar novidades sobre a minha mãe.

Sempre que saio daqui faço-o com a certeza de que a minha mãe fica bem entregue”, revela.

“Uma vontade muito grande de continuar”

Quando a 11 de maio a DGS anunciou a retoma das visitas nos lares, a diretora da ERPI de Santa Joana Princesa começou por falar com cada um dos residentes e familiares para explicar quais os procedimentos a tomar no momento da visita. Durante todo este período foi percebendo que os utentes sentiam falta de abraços, de afetos dos familiares, ainda que tenham conseguido “dar resposta a todas as necessidades dos utentes”.

Residentes e familiares perceberam que era necessário abandonar rotinas e parar com algumas atividades diárias organizadas pela ERPI. “Deixamos de ter convidados, pessoas que vinham cá fazer atividades conosco. Para incutir alguma normalidade, com as devidas precauções, continuámos a assinalar o aniversário dos utentes, a Páscoa, o Dia do Pai e o Dia da Mãe. Fomos tentando responder àquilo que eles queriam e sentiam necessidade”, revela a responsável.

A diretora orgulha-se de a ERPI ter conseguido, “de um dia para o outro”, dar resposta aos desafios da Covid-19. Foi graças ao esforço de toda a equipa que conseguiram concluir com sucesso a difícil tarefa de explicar aos utentes que, até indicação contrária, “não é permitido sair à rua nem receber visitas”.

“Inicialmente elaborámos o plano de contingência, com apoio de toda a equipa. Depois, claro, tivemos de reajustar rotinas e assegurar que todos os cuidados eram prestados da melhor maneira. Senti uma enorme força de toda a equipa. Estávamos todos juntos pelo objetivo de proteger a nossa residência e os nossos utentes. Isto dá uma vontade muito grande continuar a nossa missão”, realça Dina.

Desde o dia 18 de maio que as Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI’s) da Santa Casa voltaram a abrir as portas aos familiares e amigos dos seus 500 residentes. Algumas já dispõem de novas soluções que transpõem, de forma segura, a distância a que o momento obriga. Na ERPI da Quinta Alegre, uma cortina de plástico com mangas permite abraços.

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