O encontro contou com um vasto painel de oradores pertencentes a organismos portugueses, suecos, italianos e belgas, e teve a provedora Ana Jorge a abrir os trabalhos.
Na sua intervenção, a responsável salientou o propósito da conferência – uma reflexão profunda sobre o tema do fim da vida, tendo em conta as diferentes vivências e sensibilidades de todos os que já experienciaram de perto a situação.
“Enquanto pessoa, profissional de saúde e provedora, tenho dedicado muita atenção e reflexão a este tema. Há uns tempos, a Santa Casa publicou um livro chamado ‘E tudo muda num instante’. E, de facto, a vida muda num instante, a nossa ou a dos que nos estão próximos. Somos continuamente desafiados a lidar com as questões da perda e do luto. Mas a perda e o luto não são só a morte”.
Ana Jorge afirmou: “Todos temos direito a ter qualidade de vida, do princípio ao fim. Porque a qualidade de vida faz-se ao nascer, ao morrer e durante a vida. Este é um tema que temos de discutir, todos, e enquanto Santa Casa, uma vez que o nosso ‘core’ principal é apoiar os mais vulneráveis, num apoio por toda a vida, seja qual for a situação”.
Numa alusão ao nome do programa – Hold My Hand –, a provedora lembrou a importância de “dar a mão. Todos nós precisamos que nos deem a mão em determinadas alturas da vida. Temos de estar disponíveis para os outros, não em tempo, mas em qualidade. Às vezes, basta a nossa presença, sem palavras. Só o segurar a mão”.
O projeto nasceu em novembro de 2022 e durará até outubro de 2024. Destina-se à população adulta, sociedade civil, familiares e cuidadores (formais e informais) e assenta em cinco objetivos principais:
- Desenvolver uma cultura que aborde em plena consciência a questão dos cuidados em fim de vida;
- Capacitar a população para lidar com a questão do fim da vida, no seio familiar e com os profissionais de saúde;
- Sensibilizar para a necessidade de assegurar a transmissão das informações contidas num documento com as escolhas e a antecipação de cuidados em fim de vida, entre a pessoa e os familiares, as instalações residenciais e as instituições hospitalares, entre outros;
- Ajudar as instituições a promover a autonomia dos seus residentes;
- Apoia as instituições a repensarem sobre o envelhecimento, e considerarem os desejos dos seus residentes.
Na conferência desta terça-feira, estiveram também presentes os parceiros europeus: a Anziani e non solo, uma cooperativa social italiana criada em 2004, que promove a aprendizagem ao longo da vida, o conhecimento e o fortalecimento das comunidades; a Elderberry, uma PME sueca que realiza formação digital de professores e desenvolvimento, redação, teste, edição e publicação de programas de formação digital; e a UNESSA, associação belga com mais de 1100 serviços de acolhimento, apoio e cuidados para pessoas na Bélgica francófona, que trabalham em diferentes áreas: juventude, idosos, crianças, hospitais, integração social e economia social, deficiência, prevenção e primeira linha, saúde mental.