A Sala das Extrações da Misericórdia de Lisboa recebeu esta manhã, 27 de maio, o Encontro Europeu KORALE | Lisboa Com Vida. O encontro, que reuniu os representantes dos vários projetos que integram a iniciativa, cofinanciado pela União Europeia através do programa Interreg Europe, foi uma oportunidade para debater novas ideias, apontar caminhos e consolidar o que já foi feito no combate à solidão indesejada e isolamento social da população mais envelhecida dos seis territórios onde atuam os projetos que englobam este consórcio –Câmara Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (Portugal); Adinberri Foundation, do País Basco (Espanha); Social City Vienna (Áustria) e DEFACTUM (Dinamarca), bem como os municípios de Fingal (Irlanda) e Aalst (Bélgica).
A sessão de boas vindas foi feita por Rita Prates, Vice-provedora da Instituição, e por Sofia Athayde, vereadora para os Direitos Humanos e Sociais da Câmara Municipal de Lisboa.
Na sua intervenção, Rita Prates, depois de uma breve apresentação da Santa Casa e de como a Instituição é “e deve ser” um exemplo nas boas práticas de apoio à comunidade, frisou que a Santa Casa, em conjunto com a autarquia de Lisboa, “lançaram o Programa Lisboa Cidade Com Vida Para Todas as Idades de maneira a melhorar e consciencializar os decisores para a problemática da longevidade”.
A Vice-provedora evidenciou ainda que “o trabalho colaborativo tem de ser a chave para políticas públicas comuns que consigam combater o isolamento social e a solidão indesejada, e que promovam o envolvimento da comunidade”.
Como exemplo, Rita Prates identificou o Projeto RADAR, da Misericórdia de Lisboa, que “já identificou quase 40.000 idosos em Lisboa e trabalha com as 24 freguesias da cidade, centenas de estabelecimentos de comércio local e instituições e organizações que operam no mesmo território”.
Já Sofia Athayde recordou que “hoje vive-se mais” e que, num futuro próximo, “pessoas com mais de 65 anos serão mais do que aquelas que temos hoje em dia”, apontando que, em Lisboa, quase 23% população tem mais de 65 anos. Para a vereadora, é necessário encontrar soluções para que “as cidades e as políticas públicas consigam responder a este desafio, de como viver mais anos, mas com mais qualidade”.
Para esta problemática, Sofia Athayde aponta que a Câmara Municipal de Lisboa tem vindo a desenvolver plataformas com outras instituições e organizações da cidade, de maneira a criar respostas que possam ser “soluções para o desafio da longevidade”.
No final da sua apresentação, referiu ainda que a visão da autarquia para esta problemática passa pelo “compromisso de estar ainda mais próxima das comunidades e das pessoas”.
Depois das intervenções iniciais, Helena Canhão, da NOVA Medical School, e Marta Marques, do Relational LAB, participaram na Mesa Redonda moderada por David Lopes, administrador da Misericórdia de Lisboa, sob o tema “Isolamento e solidão não desejada”.
Durante a conversa, onde foram abordados temas como as dinâmicas familiares e de como elas se foram alterando ao longo dos anos, ou os desafios da Inteligência Artificial nos locais de trabalho, ou ainda, as relações familiares entre as várias gerações, foi sugerido pelos intervenientes que, sem “um efetivo trabalho em rede e colaborativo, é impossível alterar paradigmas e desenvolver políticas públicas para o desafio da longevidade”.
Na segunda metade do encontro, os presentes foram convidados a visitar os vários projetos considerados como Boas Práticas portuguesas, que estiveram expostos no evento, e houve ainda uma apresentação dos vários projetos europeus que integram o consórcio.
O encerramento do encontro ficou a cargo de Ângela Guerra, administradora da Santa Casa com o pelouro do Programa do Lisboa Com Vida Para Todas as Idades. Para a responsável, a iniciativa foi uma oportunidade “de ouvir e aprender com outras organizações e instituições europeias, que trabalham nesta área”.
“Temos de pensar em como podemos ter uma sociedade mais inclusiva e que possa ser um suporte para as pessoas mais velhas. Temos que ter a capacidade de trabalharmos todos juntos, não só em Portugal, mas numa perspetiva internacional, porque os desafios da longevidade são problemas comuns”, concluiu Ângela Guerra.
O KORALE é um projeto Interreg Europe, co-financiado pela União Europeia, lançado em 2024 com o objetivo de promover políticas públicas de combate e prevenção da solidão e do isolamento social em seis territórios da Europa.
Após quatro anos de trabalho, nos quais o projeto vai contar com seis eventos de partilha de conhecimentos, visitas de estudo, workshops e seminários, será publicado um conjunto de estratégias e boas práticas que farão parte de um Guia de Políticas KORALE no contexto europeu.