logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

Santa Casa tem recrutamento aberto

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem processos de recrutamento abertos, com vagas para a contratação de profissionais em diferentes áreas.

Saiba mais nos links abaixo:

 

Primeira extração da Lotaria Nacional aconteceu há 240 anos

Em 1783, a rainha D. Maria I autorizou a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a realizar uma lotaria anual com o objetivo de arrecadar fundos para instituições de caridade, sob a supervisão da Fazenda Real. No entanto, a primeira extração da Lotaria só ocorreu no ano seguinte, a 1 de setembro de 1784, na atual Sala do Brasão do Museu de São Roque. O sorteio durou 34 dias e envolveu a emissão de milhares de bilhetes.

No sentido de dar a conhecer esta parte da história da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a direção da Cultura da Santa Casa e os Jogos Santa Casa prepararam um conjunto de iniciativas que começam já no próximo dia 1 de setembro.

Assim, nesse domingo, data que marca a primeira extração, a Sala de Extrações receberá duas visitas guiadas, às 11h30 e às 15h, durante as quais será explicado como era feita a extração e o motivo pelo qual a primeira durou tanto tempo.

No dia 5 de setembro, quinta-feira, às 11h, ocorrerá, também na Sala de Extrações, uma conversa com Jorge Nuno Silva, matemático e professor aposentado da FCUL, presidente da Associação Ludus e cofundador do Circo Matemático; Pedro Leitão, diretor da Unidade de Jogo Responsável dos Jogos Santa Casa; e Pedro Leandro, pregoeiro da Lotaria. Sob o tema “A Extração da Lotaria Nacional em conversa”, e com moderação de Teresa Nicolau, diretora da Cultura da SCML, serão discutidos tópicos como a probabilidade de ganhar um prémio, a lógica matemática dos jogos, a dinâmica da extração, os ritos envolvidos do início ao fim da sessão e o conceito de jogo responsável. Depois, segue-se a extração da Lotaria, às 12h30.

No dia 7 de setembro, o Museu de São Roque receberá jogos de tabuleiro tradicionais, numa iniciativa em parceria com a Associação Ludos. Das 10h às 18h, crianças e adultos estão convidados a conhecer novos jogos e a visitar a Sala de Extrações da Lotaria Nacional.

Além destas atividades, durante toda a semana de comemoração dos 240 anos da Lotaria Nacional, de 1 a 8 de setembro, das 10h às 18h, será possível visitar a exposição temporária “As memórias da primeira Extração da Lotaria Nacional do Arquivo Histórico da SCML”, no Museu de São Roque. Entre os itens expostos estarão a primeira extração da Lotaria Nacional e o decreto de autorização do jogo assinado pela Rainha D. Maria I.

Todas as atividades são gratuitas e limitadas ao número de vagas disponíveis. As únicas que exigem inscrição prévia são as visitas guiadas de 1 de setembro, sendo necessário contactar o Serviço de Públicos e Desenvolvimento Cultural da Direção da Cultura da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pelos telefones 213240869, 213240887, 213240865 ou pelo email culturasantacasa@scml.pt.

Uma semana para celebrar mais de cinco séculos

Está a chegar ao fim a semana de comemorações dos 526 anos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Têm sido dias repletos de atividades em várias áreas, também elas personificadoras do trabalho diário da Misericórdia de Lisboa em diversas vertentes.

As festividades arrancaram logo na manhã da passada segunda-feira, 1 de julho, com a partida das crianças e jovens para a viagem do Prémio de Mérito 2024. Também nessa manhã começaram as sessões de educação para a saúde da população de Lisboa, com presença contínua ao longo da semana no Largo Trindade Coelho, numa iniciativa do Projeto RADAR.

Ainda na segunda-feira, a Sala de Extrações acolheu uma conversa com personalidades da Casa do Artista sobre as suas memórias da Lotaria e dos Pregões dos Cauteleiros, seguindo-se a extração da Lotaria Especial dos 526 anos da Santa Casa.

Já o dia do aniversário iniciou-se com uma visita guiada à Sala de Extrações e Provedoria, antes da Missa de Aniversário que encheu a Igreja de São Roque, presidida por D. Alexandre Palma, Bispo Auxiliar Eleito do Patriarcado de Lisboa. Este foi, também, o dia em que a Santa Casa homenageou, na Sala de Extrações os reformados e os colaboradores com 25 anos de casa.

Na parte da tarde, o Jardim do Abacateiro, no Convento de São Pedro de Alcântara, acolheu o tradicional cantar de parabéns à instituição e o respetivo bolo de aniversário. No final do dia realizou-se o concerto evocativo da Temporada Música em São Roque pelo grupo “Altos do Bairro”, na Igreja de São Roque.

No dia 3 o destaque foi para o almoço na Mitra, no qual participaram utentes da residência local, que ouviram o fado cantado, uma vez mais, por Matilde Cid. Também na Mitra aconteceu a visita à exposição ATELIER, do conceituado artista plástico Pedro Cabrita Reis. Já ontem, a Residência Faria Mantero acolheu a cerimónia de entrega dos Prémios Nunes Correa Verdades de Faria.

As comemorações estendem-se até amanhã e ainda há muito para ver, desde, por exemplo, a Feira do Livro que esta tarde vai decorrer no Claustro Padre António Vieira, no Museu de São Roque, até ao concerto de amanhã da Orquestra Geração, na Igreja de São Roque.

Consulte o programa completo.

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa celebra 526.º Aniversário com semana de atividades

Entre os dias 1 e 6 de julho, a Santa Casa oferece um programa diversificado, que inclui concertos, visitas guiadas a espaços normalmente fechados ao público e a Extração da Lotaria Especial de Aniversário. É objetivo da instituição abrir as suas portas e aproximar-se da comunidade, pelo que o mote das comemorações deste ano é “A Casa de Todos”.

A programação tem início no dia 1 de julho, com sessões de educação para a saúde promovidas pelo projeto Radar. Nesse mesmo dia, a mítica Sala de Extrações recebe o evento “Os artistas das nossas vidas”, onde figuras como Simone de Oliveira, Carlos Paulo e Lurdes Norberto partilharão as suas memórias da Lotaria e dos Pregões dos Cauteleiros. Depois, será realizada a Extração da Lotaria Especial dos 526 Anos, que contará com a apresentação do ator José Raposo.

No dia 2 de julho, haverá visitas guiadas à Provedoria e à Sala de Sessões, nas quais os visitantes poderão ver o Livro Fundacional da instituição: “Compromisso manuscrito e iluminado de 1520”. Às 11h, a Igreja de São Roque celebrará a missa dos 526 anos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, presidida pelo Bispo Eleito Auxiliar do Patriarcado de Lisboa, D. Alexandre Coutinho Lopes de Brito Palma.

Ao final da tarde, às 19h, a Igreja de São Roque recebe o grupo “Altos do Bairro”, num concerto evocativo da Temporada Música em São Roque. O grupo apresentará a obra “Leçons de Ténèbres”, composta por François Couperin em 1714, para a liturgia da Semana Santa na Abadia Real de Longchamp.

A programação continua nos dias seguintes, com visitas guiadas ao Museu de São Roque e à exposição “Atelier” de Pedro Cabrita Reis (dia 3), além de aberturas ao público do Hospital de Sant´Ana e do Convento de São Pedro de Alcântara (dia 4). Na sexta-feira, 5 de julho, haverá uma aula de fitness no Largo Trindade Coelho e visitas ao novo museu Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo e à Brotéria. Por fim, no último dia, 6 de julho, o Arquivo Histórico da Santa Casa estará aberto para visitas e, às 18h, a Igreja de São Roque recebe um concerto da Orquestra Geração Santa Casa.

Todas as visitas têm lotação limitada e requerem marcação prévia, através dos contactos 213 240 869/87/65 ou culturasantacasa@scml.pt.

O programa completo das comemorações está disponível aqui.

Estas celebrações oferecem uma oportunidade única para se conhecer melhor a história e o trabalho da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, reafirmando o seu compromisso com a cidade e com a comunidade.

Marcha da Santa Casa é única!

Não sabemos bem como descrever esta noite. Será um misto de emoção e ternura que partilhamos ao acompanhar esta marcha? Ou será, acima de tudo, um privilégio imenso presenciar, vivenciar, acompanhar, abraçar e estar perto de alguns dos protagonistas que tornam este evento tão especial?

Na verdade, é tudo isto.

Ao longo de dois meses de ensaios matinais intensos (estamos a falar de várias horas!), pessoas de todas as idades, dos 20 até aos quase 90 anos, reuniram-se diariamente para dar o melhor de si. Mulheres e homens, jovens e idosos, todos com um propósito comum: celebrar a Missão, a Cultura e a História da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e levá-la a descer a Avenida, no Dia de Santo António.

Apesar de intensos, os ensaios foram, antes do mais, momentos de camaradagem e apoio mútuo. Paulo Jesus, coreógrafo que os acompanha há sete anos, é uma figura central neste processo. Os seus ‘gritos’, ‘palavras’ e ‘aconchegos’ são mais do que simples instruções. São a força motriz que mantém todos os participantes unidos e motivados. O respeito e a admiração que ele inspira são palpáveis, e a sua paixão pelo que faz é contagiante e evidente.

A marcha da Santa Casa não é apenas uma apresentação, é uma expressão de identidade e um tributo à história da Misericórdia de Lisboa. Cada passo e cada movimento coreografado contam uma história e homenageiam uma tradição secular, lembrando cada Boa Causa da Instituição fundada há quase 526 anos pela Rainha D. Leonor. Ver estas pessoas, de diferentes gerações, unidas pelo amor à dança, à cultura, à Boa Causa, faz desta uma experiência única.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa desempenha, há séculos, uma função fulcral na cidade e este é um motivo mais do que suficiente para dar “vivas” à Marcha da Santa Casa!

Uma viagem aos segredos do Arquivo Histórico da Santa Casa

Um legado para o presente e para o futuro. Celebra-se no próximo domingo, dia 9 de junho, o Dia Internacional dos Arquivos e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem, no seu Arquivo Histórico, um exemplo de preservação da história da instituição, da cidade e até mesmo do país.

“O tesouro da nossa história guarda-se em arquivo. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa comemora 526 anos, com a missão sempre segura de cumprir as 14 obras de Misericórdia que a Rainha Dona Leonor propôs. São as pessoas mais carenciadas e desprotegidas que estão sempre no coração da Misericórdia. São séculos de solidariedade e humanismo, que têm o seu legado preservado no Arquivo Histórico da Santa Casa. Toda a documentação está conservada e guarda-se esta ‘memória’ do passado para deixar a marca para o futuro. Nas comemorações do Dia Internacional dos Arquivos, a 9 de junho, a Santa Casa realça o papel fundamental dos arquivos, na salvaguarda das Boas Causas, ao longo dos séculos da SCML”, realça Francisco d’Orey Manoel, diretor do Arquivo Histórico.

É através dos inúmeros testemunhos presentes no Arquivo Histórico da Santa Casa, sob os mais variados formatos, que podemos conhecer, por exemplo, a estrutura orgânica da instituição, as suas funções e as atividades da Misericórdia de Lisboa ao longo do seu percurso, que conta já com mais de cinco séculos de história.

É trabalho do Arquivo, e das pessoas que nele colaboram, reunir, organizar, descrever, conservar, divulgar e disponibilizar o acervo documental da Santa Casa e da sua biblioteca histórica.

A documentação está devidamente acondicionada em cerca de seis quilómetros lineares de prateleiras e é constituída, sobretudo, por documentos em suporte de papel, pergaminho, fotografias e registos sonoros. Devido ao grande terramoto de 1755, e ao violento incêndio que se seguiu, a Misericórdia de Lisboa viu destruído grande parte do seu património e documentação, conservando-se assim no Arquivo, sobretudo, documentos de meados do século XVIII até aos dias de hoje.

Entre os exemplares historicamente ricos do Arquivo da Santa Casa encontram-se, por exemplo, os “sinais” das crianças expostas na roda de Lisboa ou o Compromisso da própria instituição.

Toda esta documentação carece da maior atenção no seu tratamento e conservação, num trabalho, por norma, invisível ao público, mas sobre o qual pode agora ficar a conhecer um pouco mais através de uma viagem aos segredos do Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Veja o vídeo:

Play Video about Funcionário arruma arquivo

Novos membros da Mesa tomam posse

Os novos membros da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tomaram posse, esta segunda-feira, numa cerimónia presidida pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, e pelo provedor Paulo Sousa. Foram assim empossados a vice-provedora, Rita Prates, e os vogais David Lopes, Ângela Guerra, André Brandão de Almeida e Luís Carvalho e Rego.

Perante uma plateia repleta de colaboradores na Sala de Extrações, o provedor Paulo Sousa salientou que é hora de continuar a cumprir a “nobre missão” da instituição. “Estou certo de que, juntos, vamos conseguir enfrentar os desafios que o futuro nos reserva. Um futuro que é comum a todos os trabalhadores, que com tanto empenho têm levado a cabo a nobre missão de apoiar os cidadãos de Lisboa, particularmente os mais vulneráveis”, explicou o provedor na sua intervenção, lembrando ainda as palavras do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa: “Conto com todos. Todos, todos, todos.”

Maria do Rosário Palma Ramalho, ministra Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, também falou à plateia na Sala de Extrações, apresentando e dando as boas-vindas aos novos membros da Mesa. “Pelo mérito profissional, mas também pelo perfil humano – porque gerir a Santa Casa não é gerir uma empresa – de todos os membros da Mesa que hoje tomam posse, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está, sob a direção do senhor provedor, em boas mãos e nas melhores condições para cumprir a sua missão”, referiu a ministra.

Rita Prates, nova vice-provedora, é advogada, com mestrado pela King’s College – University of London, especializada em Regulação e Concorrência, mentora e fundadora da Associação VilaComVida, tendo ainda sido representante nacional junto da Comissão Europeia, OCDE, ICN (International Competition Network) e ECN (European Competition Network).

Já David Lopes é licenciado em Gestão de Empresas, com uma pós-graduação internacional na Cornell University e Chicago Kellogg University. Foi chefe de missão da Câmara Municipal de Lisboa na Jornada Mundial da Juventude, administrador executivo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, gestor da Parque Expo e do Oceanário de Lisboa e cofundador e administrador da Fundação Gil.

Quanto a Ângela Guerra, é licenciada em Direito, com pós-graduação em Gestão e Administração da Saúde. Foi vice-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Pinhel e membro da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens.

Por seu lado, André Brandão de Almeida tem formação em medicina dentária e foi coordenador e diretor clínico do SOL, Serviço Odontopediátrico de Lisboa, equipamento da Santa Casa criado em 2019.

Luís Carvalho e Rego é licenciado em Administração e Gestão de Empresas e foi subdiretor do Banco BPI entre 2021 e 2023. Foi ainda presidente da IPSS Jardim Infantil dos Anjos e participou nas equipas de Assessoria Económica e Financeira no Ministério da Saúde no âmbito das Parcerias Público-Privadas.

Novo provedor da Santa Casa tomou posse

Paulo Alexandre Duarte de Sousa tomou hoje posse como novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, frisando que aceitou o convite “com orgulho, mas também com sentido de responsabilidade. Orgulho porque a Santa Casa é uma instituição de inestimável utilidade pública, porque a sua missão é trazer bem-estar às pessoas, a começar pelos mais desprotegidos. Sentido de responsabilidade porque, estando ciente dos graves desafios que a instituição enfrenta hoje, irei enfrentá-los honrando sempre o seu legado histórico”, referiu à preenchida plateia da Sala de Extrações.

Paulo Alexandre Duarte de Sousa prometeu “dedicação aos trabalhadores e às equipas da Santa Casa”, bem como “às múltiplas atividades da instituição”, recordando as “Obras da Misericórdia e o seu Compromisso”.

Numa cerimónia em que esteve igualmente presente o primeiro-ministro Luís Montenegro, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, descreveu o novo provedor como “um gestor de vasta e reconhecida experiência profissional, mas também com provas dadas na área social”.

“O desafio maior é garantir que a Santa Casa continua a dar a melhor resposta assistencial, sobretudo aos mais desprotegidos e desfavorecidos”, assegurou a ministra, referindo que, em breve, será anunciada a composição da restante Mesa e deixando uma “mensagem de confiança a todos os que constroem diariamente a Santa Casa”.

Ministra Maria Rosário Palma Ramalho, primeiro ministro Luís Montenegro e o novo provedor

Com 56 anos, o novo provedor da instituição é licenciado em Gestão de Empresas pelo ISEG e pós-graduado em Gestão Bancária e em Estratégias de Exportação. Conta com uma vasta experiência em cargos de administração, como a presidência da Comissão Executiva do Banco Comercial e de Investimentos, S.A., a Direção Central de Financiamento Imobiliário da Caixa Geral de Depósitos e a presidência do Conselho de Administração da Wolfpart, SGPS.

Na área social, Paulo Alexandre Duarte de Sousa foi vice-presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, fazendo parte da Direção do Núcleo da Costa do Estoril durante dois mandatos. Tem também experiência em matérias relacionadas com o setor imobiliário, tendo sido responsável pela criação do Mercado Social de Arrendamento. O agora provedor da Misericórdia de Lisboa foi, ainda, o responsável do consórcio composto pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana e pelo Grupo Caixa Geral de Depósitos para gestão de um Fundo de Desenvolvimento Urbano, no âmbito da Iniciativa Comunitária JESSICA, vocacionada para a Reabilitação e Regeneração Urbanas.

Memórias de abril

ARMIL – Continuar a ser Santa Casa para lá da reforma

Aos 87 anos, Preciosa Tomás mantém a ligação à Santa Casa que começou quando tinha 28. Na altura ingressou como colaboradora, e hoje é vogal na ARMIL, a Associação de Reformados da Misericórdia de Lisboa. Fomos conhecer as suas histórias, a de Preciosa e a da ARMIL, mas acabámos por conhecer também uma outra pessoa, que haveria de juntar-se a nós no dia seguinte, e cuja história se confunde com a da própria associação. Mas já lá vamos.

Voltemos ao percurso de Preciosa na Santa Casa, o qual se iniciou há quase 60 anos. “Primeiro vim para a limpeza. Entrava às 5h30. Custava-me tanto sair da cama… mas também era só atravessar a rua!”, começa por contar.

Sete anos mais tarde, Preciosa ‘saltou’ para a cozinha do refeitório, não sem antes completar um requisito obrigatório para que tal acontecesse. “Chamaram-me para a cozinha, mas tinha de ter a 4.ª classe e eu só tinha a terceira. Então, à noite, das 19 às 20 horas, vinha uma professora dar-nos aulas. Íamos umas 10 ou 11. Depois fizemos exame na Rua da Rosa, entrei para a cozinha e estive lá 14 anos”, resume com detalhe.

Queixa-se que as marcas de servir pesados pratos ao balcão ainda se fazem sentir nos dedos da mão, mas adianta que só não ficou mais tempo na função porque quis o destino que a cozinha entrasse em obras, o que fez deslocar o local de trabalho de Preciosa para o Centro de Promoção Social da PRODAC, em Marvila.

Entretanto, deu-se um golpe de sorte: o marido de Preciosa foi chamado para trabalhar na provedoria, mas recusou e deixou uma sugestão. “Indicou-me a mim, porque eu estava triste por estar tão longe. Era uma hora e tal de autocarro! Então chamaram-me para a provedoria e já não me deixaram sair mais. Estive lá 14 anos e reformei-me em 2000”.

Anos mais tarde, Preciosa perdeu o marido e o filho casou, pelo que a solidão era a única companheira em casa. A solução chegou pela insistência de antigos colegas: juntar-se à ARMIL.

Preciosa, da ARMIL, dá uma entrevista

"HÁ SEMPRE QUE FAZER"

À quarta-feira é o dia de Preciosa abrir a porta e fazer o atendimento na associação. Mas a verdade é que a encontrámos… numa terça.

“Como moro aqui ao lado, nos dias em que não me apetece fazer comida, venho almoçar. Venho aí às 11 horas, almoço e depois fico aqui até às 16. Há sempre que fazer! Hoje estivemos a carimbar cartas”, diz, antes de se levantar repentinamente sem justificação. Preciosa dirige-se então à estante e tira um molho de envelopes. Volta para a mesa e desfaz, por fim, a nossa curiosidade: “Vai haver agora um passeio a Fátima e vamos informar os sócios por carta. Temos de pôr três carimbos: o do porte pago, o da ARMIL e o da Santa Casa. A secretaria só nos empresta este da Santa Casa da parte da manhã, então peço-o à quarta-feira e passo a manhã a carimbar. Entrego-o quando vou almoçar e à tarde ponho os outros. A tesoureira e o secretário têm outras coisas para fazer, da escrita e assim. Como eu de escrita não percebo nada, faço isto, e recorto os cartões dos novos sócios…”.

Preciosa conta-nos que a associação tem diversas atividades, como aulas de informática ou ginástica. A esta última não vai, porque sofreu “um acidente no joelho”. Ainda assim, garante que “os dias passam depressa”, ao contrário do que aconteceu durante a pandemia, quando, conta, esteve fechada em casa durante meses. “Ia lá o meu filho levar as compras… eu ia ficando maluca da cabeça!”.

Enumera os quatro provedores que conheceu, mas sublinha que o senhor Américo, que é vice-presidente da associação, sabe bem mais. “Tem quase 90 anos e foi um dos fundadores da associação. Ele é que sabe explicar tudo. Até me admira não ter vindo hoje. Deve ter tido alguma consulta. Mas amanhã está cá”, garante Preciosa, que nos sugere que falemos também com ele para saber mais histórias da ARMIL.

Nós assim fizemos e voltámos no dia seguinte.

O DIA EM QUE IRRITOU A PROVEDORA

Depois de uma primeira tentativa, gorada pela “sagrada” hora de almoço que se faz mais cedo do que contávamos, lá chegamos à fala com Américo Lopes. (É o dia de Preciosa abrir a porta da ARMIL e por isso encontrámo-la novamente).

“Fui presidente até 2017. Agora, sou vice-presidente”, começa por contar Américo. “Se gosto disto? Amigo, eu fui fundador desta instituição. Foi fundada a 17 de maio de 1991. Foi um grupo que se juntou a pensar que os trabalhadores, quando se reformavam, perdiam o contacto e as amizades. Fomos 10 fundadores… parece-me que só eu é que ainda estou vivo.” Preciosa, que estava mesmo ao lado, acrescenta: “De pernas e cabeça está bom, a vista é que é pior”.

Américo Lopes começou a trabalhar na Santa Casa em 1956, “numa sopa dos pobres em Campo de Ourique”, ingressando depois na farmácia Santa Marta. “Tínhamos 13 farmácias espalhadas pela cidade e passei por elas todas em férias dos colegas. Houve uma altura, num verão, em que de manhã estava em Alcântara, até às 17 horas estava em Benfica e depois ainda ia para a Musgueira. Só num dia fazia três farmácias”, relembra com orgulho.

Américo conheceu vários provedores e houve uma que, segundo o próprio, ele conseguiu irritar, numa altura em que andava à procura de novas instalações para a ARMIL.

“Primeiro, não tínhamos local para reunir e depois deram-nos um cubículo ali na Casal Ribeiro. Um dia, num encontro da Casa do Pessoal, encontrei a provedora da altura e perguntei-lhe: Doutora, quando é que temos instalações? Perguntava-lhe tantas vezes que ela nunca mais me pôde ver! Uma vez, num jantar na antiga FIL, ela andava a visitar as mesas, mas quando me viu, aí vai ela! Nem queria ver-me!”, diz Américo entre risos.

A conversa vai fluindo, mas muda para um tom mais sério quando a fita do tempo revela uma antiga ameaça à associação: “Houve uma dirigente que queria fechar isto para uns estudos, mas eu disse-lhe: nem pense! Façam os estudos que quiserem, mas isto não fecha. Só por cima do meu cadáver!”. E não fechou.

Preciosa e Américo, dois membros da ARMIL, falam sobre a associação

"FICAR EM CASA A OLHAR PARA AS PAREDES NÃO RESOLVE NADA"

A ARMIL tem, atualmente, cerca de 250 sócios – já foram mais de 400 – e Américo quer atrair mais gente. Até porque, assegura, as pessoas podem encontrar ali um espaço de conforto nos momentos mais difíceis.

“Eu sei – e infelizmente tenho essa experiência – que quando um familiar parte é um momento muito duro e difícil, mas não podemos ficar em casa a olhar para as paredes, porque isso não resolve nada”, explica o vice-presidente da associação.

E nem os netos devem servir de desculpa: “Há uma coisa que costumo dizer: os pais devem ajudar os filhos naquilo que é possível, mas não os devem substituir e passarem a ser pais novamente [dos netos]. Têm de ter a sua vida normal. Há tempo para tudo.”

A simbólica quota mensal da ARMIL é de um euro, que Américo admite que já devia “ser dois ou três”, mas compreende que “a maior parte dos associados era dos quadros mais baixos e muita gente tem reformas baixas”, pelo que o valor acaba por se ir mantendo. O desafio passa mesmo por conseguir mais sócios para combater a natural lei da vida. “Ainda há pouco tempo conseguimos três novos sócios, mas, entretanto, morreram quatro…”, conta Preciosa.

“Enquanto puder, cá estarei”, completa Américo.

Para já, no horizonte está o passeio a Fátima, o almoço de aniversário da associação e a participação nas marchas populares. Depois disso, na primeira porta à direita, após passar a portaria da Santa Casa, no Largo Trindade Coelho, os planos para a realização de atividades continuarão e os encontros e convívios continuaram a acontecer.

 

Contactos ARMIL:
Tel: 213 235 144
Email: armil.geral@scml.pt

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas