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50 anos de abril. A estória que a história não contou

Américo Lopes, de 89 anos, viu acontecer o 25 de abril. Naquela quinta-feira histórica, Américo saiu de casa, ainda nos primeiros raiares de sol do dia, para mais uma jornada de trabalho dedicada às Boas Causas, na farmácia Santa Marta. Saiu para trabalhar num dia de ditadura e regressou a casa com a Revolução nas ruas.

“A memória já não é a melhor, mas existem dias que não se esquecem e o 25 de abril de 74 ficará para sempre gravado na minha memória”, começa por dizer Américo Lopes, enquanto relembra os mais distraídos que “são 89, quase 90 anos de história, mais do que o país tem de livre democracia”.

Recuemos uns anos, mais precisamente ao ano de 1956, altura em que Américo começa a trabalhar na Santa Casa. Uma Casa que o recebeu “de braços abertos” desde o primeiro dia. 

Católico, de uma fé inabalável, Américo sempre soube que o seu destino passaria por “ajudar o próximo”. Por isso, quando surgiu o momento de se juntar às Boas Causas, a decisão “foi fácil de tomar”. Começou numa antiga Cozinha Económica, na freguesia de Campo de Ourique, e ao longo dos tempos foi aperfeiçoando outro ofício na Casa, o de técnico nas farmácias da Santa Casa.

Embora recorde que foi a trabalhar no Departamento de Farmácia que se sentiu mais confortável na instituição, admite que “não existe amor como o primeiro” e que a passagem pela “Sopa dos Pobres” de Campo de Ourique lhe alterou a vida para sempre, no sentido positivo.

“Foi no equipamento de Campo de Ourique que conheci a minha futura esposa, vi muita pobreza, mas conheci pessoas excecionais e de um caráter ímpar”, recorda saudosamente, frisando, ainda, “que às vezes somos mais felizes com pouco, do que com muito”.

O tempo, esse, não parou, nem para Américo nem para ninguém. Durante os anos seguintes, Américo casou, teve três filhos e viu a sua dedicação às Boas Causas ser reconhecida, com a promoção para o Departamento de Farmácia da instituição. 

25 de abril

Entrando no ano da Revolução dos Cravos, Américo recorda-se que já existia alguma coisa “suspeita no ar”. Verdade é que na madrugada de 16 de março de 1974, uma coluna de cerca de duas centenas de soldados comandada pelo major Armando Ramos saiu do Regimento de Infantaria 5, nas Caldas da Rainha, e tomou a estrada a caminho de Lisboa. O seu objetivo era derrubar o governo de Marcello Caetano, para o qual esperava o apoio de outras forças militares, nomeadamente de Lamego, Mafra e Vendas Novas, algo que não viria a suceder, frustrando o caminho de um golpe de Estado.

“Em março desse ano, e só se percebeu depois, existiu uma espécie de começo de Revolução. Percebíamos que algo estava para acontecer, que era iminente, mas ainda não sabíamos nem quando, nem onde.”

E estava para acontecer, de facto. No dia 25 de abril de 1974, Américo saiu de casa, na zona de Benfica, e apanhou o comboio para o trabalho. Já com a Revolução em curso, o agora vice-presidente da ARMIL, a Associação de Reformados da Misericórdia de Lisboa, relembra “que as pessoas já estavam a dizer que os militares estavam na rua para fazer cair a ditadura.” 

Já munido de algumas informações que tinha ouvido entre os utilizadores do comboio e o que ia passando na rádio, Américo seguiu para os Serviços Centrais da Misericórdia de Lisboa, no Largo Trindade Coelho. Saindo da estação de comboios do Rossio repetiu o que fazia todos os dias: subir as Escadinhas do Duque e olhar de relance para o Largo do Carmo, que ainda se encontrava vazio.

“O dia começou como outro qualquer. Fui para o trabalho e só no decorrer da manhã é que as informações iam chegando. Só aí é que percebemos que tinha havido alguma coisa. Ao meio-dia, os serviços da Santa Casa avisaram o pessoal que iam encerrar e fomos embora, cada um para a sua casa.”

Américo conta que sentiu receio do que aí vinha, mas, ainda assim, percebeu que se estava a fazer história e que, de uma maneira ou outra, também ele iria ter a oportunidade de vivê-la.

Ainda assim, já após os filhos saírem do Colégio “Salesianos de Lisboa”, em Campo de Ourique, e de ir busca-los à casa de uma tia naquela zona e colocá-los “a salvo em casa”, Américo ainda voltou ao Largo do Carmo para assistir “na primeira fila” ao cerco do Quartel do Carmo. Lá dentro, onde agora é o Museu da Guarda Nacional Republicana, Marcello Caetano refugiava-se dos militares do Movimento das Forças Armadas. Salgueiro Maia e os seus camaradas de armas entrariam, depois, pelo quartel adentro, exigindo a rendição do até aí presidente do Conselho de Ministros, que pedia que o poder não caísse nas ruas.

Uma multidão acompanhava tudo cá fora. Américo estava nas redondezas. “Ainda vi o Presidente Marcello Caetano entrar numa chaimite e ir para o aeroporto levado por um rapaz amigo meu, que era militar na altura”, lembra-se, apontando para uma janela de um edifício na Rua da Condessa: “Chegámos a estar naquele prédio, no número 9, várias vezes, para discutir entre todos o que poderia ser melhorado na Misericórdia”.

Passadas cinco décadas desde o momento que Américo descreve como sendo “o dia mais importante para Portugal”, afirma que já muito se fez na Santa Casa, mas que ainda existem medidas pensadas na altura “que estão por conseguir”.

“Criámos na altura na Santa Casa uma Comissão de Trabalhadores, lutámos por direitos que, anteriormente, alguns colaboradores não tinham, conseguimos estabelecer pagamentos de serviços, que anteriormente não eram pagos, melhorámos o serviço de refeitório com mais qualidade e baixando custo para o trabalhador e ainda reestruturámos algumas carreiras. Mas gostávamos de ter feito mais.”

Sentado num dos bancos voltados para o antigo Quartel da GNR, e do alto dos seus já quase 90 anos de história, Américo Lopes não tem dúvidas quando a questão é liberdade. “A Revolução trouxe a liberdade para um povo que estava oprimido e para mim a questão é simples: 25 de Abril sempre! Hoje, e sempre!”

Largo do CArmo

Fundo Rainha D. Leonor apoiou novos equipamentos em Lamego e Murtosa

O Fundo Rainha D. Leonor (FRDL), criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pela União das Misericórdias Portuguesas, apoiou a edificação/requalificação de dois equipamentos pertencentes às Misericórdias de Lamego e da Murtosa.

O Lar Arneirós, da Santa Casa da Misericórdia de Lamego, candidatou-se ao apoio do FRDL para a requalificação, aproveitamento e ampliação da zona velha do lar, de modo a cumprir com as normas regulamentares exigidas.

O projeto teve como objetivo reabilitar a ala antiga do Lar de Idosos, que conta com 58 utentes em quartos individuais, duplos e camaratas de três, quatro e cinco camas. Além da reestruturação e compartimentação dos quartos e dos serviços complementares de apoio, foi também necessário restabelecer as condições de mobilidades dos residentes, com o nivelamento dos pavimentos e o acesso à ala nova, através de uma rampa de acesso. Como complemento da obra, foi também requalificado o espaço exterior para usufruto dos utentes do lar.

O que veio marcar a diferença nesta obra foi a criação de um novo setor, no piso térreo, destinado exclusivamente a pessoas com doenças do foro neurodegenerativo, tornando o lar mais inclusivo no que toca aos serviços que oferece. A abertura do parque exterior foi também incluída no projeto, proporcionando aos utentes uma área ajardinada de lazer, com direito a um circuito de manutenção e uma horta.

Novo jardim terapêutico

Por seu lado, a Misericórdia da Murtosa dispunha de um terreno com 2.185m2 e de uma área verde de 1.390m2 abandonados diante do lar e quis aproveitá-los. Para tal, recorreu ao apoio do FRDL.

O projeto consistiu na construção de um jardim terapêutico, que conta com infraestruturas como uma rede de abastecimento de águas, drenagem de esgotos, rede de pluviais, rede elétrica e iluminação, rede de som, rega automática e ainda uma central de comando de automatismos. Este jardim conta ainda com um deck de madeira, instalações sanitárias, um quiosque interativo, aparelhos de exercício físico, jogos lúdicos entre outros elementos fundamentais num comum jardim.

Foi ainda possível recuperar a capela e outro jardim terapêutico no terreno em frente ao lar. O equipamento dispõe agora de um espaço de fisioterapia, oração e de circulação de ar livre, o que promove a qualidade de vida e o envelhecimento ativo dos utentes. Neste mesmo terreno foi também instalado um ATL, o que fará com que o jardim seja usado por crianças e adolescentes, promovendo, assim, o conceito de intergeracionalidade.

Projeto RADAR promove jornada para reflexões e partilha de conhecimentos

O projeto RADAR realizou, esta sexta-feira, 19 de abril, no Auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro, no Lumiar, as suas segundas jornadas, dedicadas às freguesias da zona norte de Lisboa – Carnide, Lumiar, Santa Clara, Olivais e Parque das Nações.

Com “sala cheia”, representantes das várias organizações parceiras do projeto tiveram a oportunidade de partilhar ideias, perspetivar o futuro e consolidar todo o trabalho desenvolvido nos últimos anos.

A sessão de abertura ficou a cargo do administrador de Ação Social da Santa Casa, Sérgio Cintra, da vereadora dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, Sofia Athayde, do comissário da Polícia de Segurança Pública, José Morais, da diretora clínica dos Cuidados de Saúde Primários da Unidade de Local de Saúde Santa Maria, Eunice Carrapiço e da diretora adjunta do Instituto de Segurança Social, Sandra Marcelino.

O resto do dia foi dedicado a várias mesas redondas e conversas informais, nas quais participaram representantes dos vários parceiros estratégicos do projeto, que refletiram sobre o trabalho desenvolvido pelo RADAR em Lisboa e a importância do mesmo para combater o isolamento social da população mais idosa da cidade.

JORNADAS INTERNACIONAIS CMRA 2024

As Jornadas Internacionais CMRA 2024 contaram com a presença de cerca de trezentos participantes, nacionais e internacionais, incluindo médicos especialistas e internos de medicina Física de Reabilitação e de outras especialidades.

O que de melhor se tem feito no país e no estrangeiro na área da reabilitação esteve em destaque, nomeadamente na Reabilitação em Lesão Cerebral, Reabilitação em Lesão Medular, Reabilitação em doenças Neurodegenerativas, Reabilitação em Patologia Neuromuscular e do nervo periférico, Intervenção em Patologia Musculoesquelética do doente neurológico, entre muitos outros temas.

O objetivo de promover a reflexão e a partilha de experiências entre palestrantes, investigadores e profissionais de múltiplas especialidades, através de workshops, cursos multidisciplinares e conferências Ted Talks, com oradores e formadores de renome nacional e internacional, foi alcançado com reconhecido sucesso.

O segundo dia das Jornadas contou com a presença da provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, que, na sua intervenção, destacou o trabalho colaborativo realizado em Alcoitão, apontando-o como um exemplo de Centro onde existe formação contínua e onde se pratica a integração em rede de valências multidisciplinares, de forma a otimizar o serviço ao paciente; uma área em que o CMRA foi pioneiro em Portugal, tendo mesmo sido o primeiro centro de reabilitação do País onde se formaram os primeiros terapeutas e enfermeiros especializados.

Já no sábado, durante a cerimónia de encerramento das Jornadas Internacionais do CMRA, foi atribuído o “Prémio Dr. Santana Carlos” a Inês Oliveira e a Miguel Russo, pelo trabalho “using brain-computer interface and virtual reality for stroke rehabilitation: a collaborative design”. Este prémio foi criado com o objetivo de homenagear o mentor do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, Santana Carlos, o primeiro diretor clínico da instituição, inaugurada em 1966.

 

 

Notícia atualizada a 22 de abril de 2024.

Palco das jornadas internacionais CMRA 2024, com a provedora SCML e participantes.

Santa Casa celebra Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

A instituição celebra amanhã, 18 de abril, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, com um programa que pretende promover o Museu de São Roque, o Teatro São Luiz e a guitarra portuguesa na sua plenitude, através de performances dos principais intérpretes deste instrumento.

As celebrações iniciam com uma visita em dois momentos, um às 10H00, à Igreja de São Roque, e outro às 14H00, ao Teatro de São Luiz, ambos espaços cénicos, onde se contam histórias, com rituais, coreografias e adereços próprios. No primeiro encontro, o Teatro São Luiz vai à Igreja de São Roque para uma visita que será conduzida por Miguel Loureiro e Nuno Santos e, ao início da tarde, os papéis alteram-se e será a vez da igreja ir ao teatro pela mão e voz de Ricardo Máximo.

A fechar as comemorações, Hugo Vasco Reis sobe ao palco no Convento de São Pedro de Alcântara para o concerto “Tateabilidade”, um ciclo de cinco obras desenvolvidas através do ato de experimentação da guitarra portuguesa, eletrónica, objetos e sentido do tato, que propõe um significado menos usual da guitarra portuguesa em relação à sua utilização.

Ambos os eventos são de entrada livre, sendo que as visitas guiadas estão limitadas a um máximo de 30 pessoas.

O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios foi criado em 18 de abril de 1982, pelo Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios – ICOMOS, e aprovado pela UNESCO em 1983. A data visa promover os monumentos e sítios históricos e valorizar o património português, ao mesmo tempo que tenta alertar para a necessidade da sua conservação e proteção.

CMRA e HOSA reforçam presença online com lançamento de novos websites

Hospital Ortopédico de Sant’Ana (HOSA) e o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA) têm agora novos websites, capacitados para responder às necessidades de quem neles procura informação. Estes equipamentos da Misericórdia de Lisboa dão assim mais um passo – este digital – para consolidar o estatuto de referência nas áreas da Ortopedia, Traumatologia, Medicina de Reabilitação e Fisioterapia. 

Assim, a juntar-se ao conjunto diversificado de cuidados de saúde com elevada qualidade, facilidade no acesso e resposta em tempo útil, ambos os equipamentos apresentam a partir de agora websites dinâmicos, modernos e inclusivos, onde os utilizadores podem fazer diretamente a marcação de consultas e exames, consultar todas as informações úteis sobre os serviços prestados, bem como as mais recentes notícias do “universo” Saúde Santa Casa.

 
CMRA Vista aérea

Santa Casa volta a marcar presença na Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa

A Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa arrancou na passada terça-feira, dia 9 de abril, e terminou ontem. O palco escolhido foi um dos pavilhões do Lx Factory onde, durante todo o evento, estiveram reunidos vários profissionais do imobiliário para debater diversos temas, desde o simplex dos licenciamentos urbanísticos, até ao papel das instituições na reabilitação e renovação do património imobiliário da cidade, nomeadamente na habitação acessível.

A Misericórdia de Lisboa voltou a marcar presença no evento e, no segundo dia do certame, participou numa mesa redonda dedicada ao tema “Novas formas de viver – Coliving, as residências de estudantes e o senior living”, moderada por Paula Sequeira, da Savills Portugal. No debate participaram Helena Lucas, diretora do Departamento de Gestão Imobiliária e Património da instituição, João Seixas, pró-reitor da Universidade NOVA de Lisboa, Rui d’Ávila, administrador da GFH, Hugo Gonçalves, CEO da ReVentures, e Ricardo Kendall, CEO da KKR Investimentos.

De referir que a Santa Casa tem atualmente um plano de investimento de 18 milhões de euros para recuperação do seu património edificado, recorrendo a fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou do Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas (IFRRU. O objetivo, com a reabilitação do património, é também devolvê-lo à cidade, contribuindo para mitigar os problemas relacionados com a habitação. Este desígnio constitui, de resto, um reforço da própria missão da Santa Casa junto da comunidade.

Este ano, a Misericórdia de Lisboa também destacou neste evento o Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL). Criado em 2015 pela SCML num Acordo de parceria com a União das Misericórdias Portuguesas, o FRDL nasceu da convicção de que as Boas Causas devem sair das fronteiras de Lisboa e chegar a todas as Misericórdias do país. Desde essa data, já apoiou 143 projetos – 115 na área social e 28 na área da recuperação do património histórico – num investimento superior a 23 milhões de euros.

A XI edição, organizada pela Vida Imobiliária, com a colaboração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, reuniu mais de 100 oradores, várias entidades e parceiros, num ciclo de 28 conferências, debates, workshops e seminários jurídicos.

ESSAlcoitão cria Pós-Graduação “pioneira” em fisioterapia de catástrofe

A ESSAlcoitão inicia esta quinta-feira, 11 de abril, uma nova Pós-graduação em Fisioterapia em Contexto de Emergência, Catástrofe e Ação Humanitária. Trata-se da primeira pós-graduação da Europa a debruçar-se sobre esta temática, tendo como entidades parceiras a Organização Mundial de Saúde, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e os Bombeiros Voluntários de Alcabideche.

Com uma base teórica sólida e estruturada em sete unidades curriculares, esta pós-graduação destina-se a fisioterapeutas que trabalham ou pretendem vir a exercer funções em contextos de emergência, catástrofes e crises humanitárias, como operacionais de primeira intervenção e Organizações Não Governamentais.

O curso nasce na sequência de uma tese de mestrado de uma aluna da ESSAlcoitão, a qual coordenará o seu desenvolvimento em conjunto com a professora que a acompanhou na tese.

No final do curso pretende-se que os participantes conheçam a história da reabilitação nestes contextos, compreendam o impacto das catástrofes nas populações, abordem princípios éticos e legais, desenvolvam competências práticas específicas, como intervenções em queimados e politraumatizados, combinando-se com uma abordagem de saúde pública, incluindo a prevenção de doenças e o suporte básico de vida.

O curso terá a duração de 155 horas e terminará com o simulacro de um cenário real de emergência e catástrofe. Esta pós-graduação destaca-se igualmente pela integração da saúde mental e apoio psicossocial, além de preparar os profissionais para uma cooperação nacional e internacional, em contextos multiculturais.

Para mais informações, consulte o link.

A Constituição da República Portuguesa em análise na ESSAlcoitão

A Constituição da República Portuguesa em análise na ESSAlcoitão

O auditório do Centro de Medicina de Reabilitação do Campus do Alcoitão foi o palco para uma “aula” do professor doutor José João Abrantes sobre a Constituição da República Portuguesa, a sua história, a sua evolução, a sua importância e o seu impacto, quer na sociedade que a criou, quer no equilíbrio de poderes e na salvaguarda de direitos, liberdades e garantias para todos, em todas as áreas da nossa vida.

A sessão foi presidida pela provedora da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge, e comentada por João Correia, administrador da Santa Casa.

O espírito deste ciclo de conferências foi descrito na intervenção inicial da provedora Ana Jorge, citando um adágio popular na comunidade médica: “um médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe.” O conhecimento acerca do documento mais importante da República Portuguesa é imprescindível para a compreensão de todas as relações em sociedade, laborais, jurídicas, sociais e políticas.

Este foi o mote perfeito para o início de debate, no mês em que se assinalam os cinquenta anos do 25 de abril.

O presidente do Tribunal Constitucional brindou a audiência com uma elucidativa história da Constituição, dando conta do seu percurso, desde a primeira, em 1822, passando depois para a análise de diversas partes que a compõem e de que forma é que impactam a sociedade portuguesa.

Uma máxima de Lacordaire, várias vezes citada na apresentação e no debate que se seguiu, resume bem o conteúdo: “entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, entre o mestre e o senhor, é a liberdade que oprime e a lei que liberta”.

ARMIL – Continuar a ser Santa Casa para lá da reforma

Aos 87 anos, Preciosa Tomás mantém a ligação à Santa Casa que começou quando tinha 28. Na altura ingressou como colaboradora, e hoje é vogal na ARMIL, a Associação de Reformados da Misericórdia de Lisboa. Fomos conhecer as suas histórias, a de Preciosa e a da ARMIL, mas acabámos por conhecer também uma outra pessoa, que haveria de juntar-se a nós no dia seguinte, e cuja história se confunde com a da própria associação. Mas já lá vamos.

Voltemos ao percurso de Preciosa na Santa Casa, o qual se iniciou há quase 60 anos. “Primeiro vim para a limpeza. Entrava às 5h30. Custava-me tanto sair da cama… mas também era só atravessar a rua!”, começa por contar.

Sete anos mais tarde, Preciosa ‘saltou’ para a cozinha do refeitório, não sem antes completar um requisito obrigatório para que tal acontecesse. “Chamaram-me para a cozinha, mas tinha de ter a 4.ª classe e eu só tinha a terceira. Então, à noite, das 19 às 20 horas, vinha uma professora dar-nos aulas. Íamos umas 10 ou 11. Depois fizemos exame na Rua da Rosa, entrei para a cozinha e estive lá 14 anos”, resume com detalhe.

Queixa-se que as marcas de servir pesados pratos ao balcão ainda se fazem sentir nos dedos da mão, mas adianta que só não ficou mais tempo na função porque quis o destino que a cozinha entrasse em obras, o que fez deslocar o local de trabalho de Preciosa para o Centro de Promoção Social da PRODAC, em Marvila.

Entretanto, deu-se um golpe de sorte: o marido de Preciosa foi chamado para trabalhar na provedoria, mas recusou e deixou uma sugestão. “Indicou-me a mim, porque eu estava triste por estar tão longe. Era uma hora e tal de autocarro! Então chamaram-me para a provedoria e já não me deixaram sair mais. Estive lá 14 anos e reformei-me em 2000”.

Anos mais tarde, Preciosa perdeu o marido e o filho casou, pelo que a solidão era a única companheira em casa. A solução chegou pela insistência de antigos colegas: juntar-se à ARMIL.

Preciosa, da ARMIL, dá uma entrevista

"HÁ SEMPRE QUE FAZER"

À quarta-feira é o dia de Preciosa abrir a porta e fazer o atendimento na associação. Mas a verdade é que a encontrámos… numa terça.

“Como moro aqui ao lado, nos dias em que não me apetece fazer comida, venho almoçar. Venho aí às 11 horas, almoço e depois fico aqui até às 16. Há sempre que fazer! Hoje estivemos a carimbar cartas”, diz, antes de se levantar repentinamente sem justificação. Preciosa dirige-se então à estante e tira um molho de envelopes. Volta para a mesa e desfaz, por fim, a nossa curiosidade: “Vai haver agora um passeio a Fátima e vamos informar os sócios por carta. Temos de pôr três carimbos: o do porte pago, o da ARMIL e o da Santa Casa. A secretaria só nos empresta este da Santa Casa da parte da manhã, então peço-o à quarta-feira e passo a manhã a carimbar. Entrego-o quando vou almoçar e à tarde ponho os outros. A tesoureira e o secretário têm outras coisas para fazer, da escrita e assim. Como eu de escrita não percebo nada, faço isto, e recorto os cartões dos novos sócios…”.

Preciosa conta-nos que a associação tem diversas atividades, como aulas de informática ou ginástica. A esta última não vai, porque sofreu “um acidente no joelho”. Ainda assim, garante que “os dias passam depressa”, ao contrário do que aconteceu durante a pandemia, quando, conta, esteve fechada em casa durante meses. “Ia lá o meu filho levar as compras… eu ia ficando maluca da cabeça!”.

Enumera os quatro provedores que conheceu, mas sublinha que o senhor Américo, que é vice-presidente da associação, sabe bem mais. “Tem quase 90 anos e foi um dos fundadores da associação. Ele é que sabe explicar tudo. Até me admira não ter vindo hoje. Deve ter tido alguma consulta. Mas amanhã está cá”, garante Preciosa, que nos sugere que falemos também com ele para saber mais histórias da ARMIL.

Nós assim fizemos e voltámos no dia seguinte.

O DIA EM QUE IRRITOU A PROVEDORA

Depois de uma primeira tentativa, gorada pela “sagrada” hora de almoço que se faz mais cedo do que contávamos, lá chegamos à fala com Américo Lopes. (É o dia de Preciosa abrir a porta da ARMIL e por isso encontrámo-la novamente).

“Fui presidente até 2017. Agora, sou vice-presidente”, começa por contar Américo. “Se gosto disto? Amigo, eu fui fundador desta instituição. Foi fundada a 17 de maio de 1991. Foi um grupo que se juntou a pensar que os trabalhadores, quando se reformavam, perdiam o contacto e as amizades. Fomos 10 fundadores… parece-me que só eu é que ainda estou vivo.” Preciosa, que estava mesmo ao lado, acrescenta: “De pernas e cabeça está bom, a vista é que é pior”.

Américo Lopes começou a trabalhar na Santa Casa em 1956, “numa sopa dos pobres em Campo de Ourique”, ingressando depois na farmácia Santa Marta. “Tínhamos 13 farmácias espalhadas pela cidade e passei por elas todas em férias dos colegas. Houve uma altura, num verão, em que de manhã estava em Alcântara, até às 17 horas estava em Benfica e depois ainda ia para a Musgueira. Só num dia fazia três farmácias”, relembra com orgulho.

Américo conheceu vários provedores e houve uma que, segundo o próprio, ele conseguiu irritar, numa altura em que andava à procura de novas instalações para a ARMIL.

“Primeiro, não tínhamos local para reunir e depois deram-nos um cubículo ali na Casal Ribeiro. Um dia, num encontro da Casa do Pessoal, encontrei a provedora da altura e perguntei-lhe: Doutora, quando é que temos instalações? Perguntava-lhe tantas vezes que ela nunca mais me pôde ver! Uma vez, num jantar na antiga FIL, ela andava a visitar as mesas, mas quando me viu, aí vai ela! Nem queria ver-me!”, diz Américo entre risos.

A conversa vai fluindo, mas muda para um tom mais sério quando a fita do tempo revela uma antiga ameaça à associação: “Houve uma dirigente que queria fechar isto para uns estudos, mas eu disse-lhe: nem pense! Façam os estudos que quiserem, mas isto não fecha. Só por cima do meu cadáver!”. E não fechou.

Preciosa e Américo, dois membros da ARMIL, falam sobre a associação

"FICAR EM CASA A OLHAR PARA AS PAREDES NÃO RESOLVE NADA"

A ARMIL tem, atualmente, cerca de 250 sócios – já foram mais de 400 – e Américo quer atrair mais gente. Até porque, assegura, as pessoas podem encontrar ali um espaço de conforto nos momentos mais difíceis.

“Eu sei – e infelizmente tenho essa experiência – que quando um familiar parte é um momento muito duro e difícil, mas não podemos ficar em casa a olhar para as paredes, porque isso não resolve nada”, explica o vice-presidente da associação.

E nem os netos devem servir de desculpa: “Há uma coisa que costumo dizer: os pais devem ajudar os filhos naquilo que é possível, mas não os devem substituir e passarem a ser pais novamente [dos netos]. Têm de ter a sua vida normal. Há tempo para tudo.”

A simbólica quota mensal da ARMIL é de um euro, que Américo admite que já devia “ser dois ou três”, mas compreende que “a maior parte dos associados era dos quadros mais baixos e muita gente tem reformas baixas”, pelo que o valor acaba por se ir mantendo. O desafio passa mesmo por conseguir mais sócios para combater a natural lei da vida. “Ainda há pouco tempo conseguimos três novos sócios, mas, entretanto, morreram quatro…”, conta Preciosa.

“Enquanto puder, cá estarei”, completa Américo.

Para já, no horizonte está o passeio a Fátima, o almoço de aniversário da associação e a participação nas marchas populares. Depois disso, na primeira porta à direita, após passar a portaria da Santa Casa, no Largo Trindade Coelho, os planos para a realização de atividades continuarão e os encontros e convívios continuaram a acontecer.

 

Contactos ARMIL:
Tel: 213 235 144
Email: armil.geral@scml.pt

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Locais únicos e diferenciados de épocas e tipologias muito variadas

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

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