O conjunto, restaurado pelo Gabinete de Conservação e Restauro da Misericórdia de Lisboa, foi apresentado ao público, no dia 13 de julho, no antigo edifício do hospital da Misericórdia de Melgaço, no distrito de Viana do Castelo.
Francisco d’Orey, diretor do Arquivo Histórico da Misericórdia de Lisboa explicou que a intervenção feita no Compromisso teve em conta “a consolidação dos rasgões, a reintegração do suporte nas zonas de lacuna, a hidratação dos cabedais e a reconstituição da encadernação”, frisando, ainda, que este restauro “encerra também o único exemplar identificado, até ao momento, da edição de 1609, reimprimida, do texto do Compromisso publicado em 1577″.
O exemplar de 1516 do primeiro Compromisso impresso da Confraria de Misericórdia, é um documento raro, com mais de cinco séculos, do qual apenas existem apenas dez exemplares em Portugal e um na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos da América.
Para o responsável do Arquivo Histórico da Santa Casa é importante “alertar as diversas Misericórdias para um trabalho de análise da sua documentação, de modo a podermos salvar mais alguns exemplares quinhentista do Compromisso da Misericórdia”, concluindo que “estes volumes são uma preciosidade e é fundamental que os novos exemplares também sejam analisados e comparados com os outros que, entretanto, já foram estudados”.
Detentora de um vasto património quinhentista, a Santa Casa de Melgaço foi uma das misericórdias nacionais apoiadas, em 2017, pelo Fundo Rainha D. Leonor (FRDL). Na altura e durante uma visita técnica efetuada para a realização das obras de conservação e restauro da igreja da Misericórdia de Melgaço, foi ainda descoberto a Real Bandeira da Santa Casa da Misericórdia de Melgaço, importante símbolo da história e peso que a instituição ocupa na cidade.
A Real Bandeira foi descoberta em avançado estado de degradação e posteriormente recuperada, com o apoio do FRDL, nas oficinas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, onde, no espaço de dois meses, foi possível proceder ao restauro integral da peça, que foi oficialmente apresentada ao público, em setembro de 2018, na exposição “Património, Memória e Inovação”, patente na Galeria de Exposições Temporárias do Museu de São Roque, onde ocupou lugar de destaque.