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Pai também só há um

Nas últimas décadas, com a crescente valorização do papel da mulher na sociedade, assistiu-se a uma maior participação do homem nos cuidados dos filhos. O último ano trouxe ainda maiores desafios e mudanças. No Dia do Pai, Pedro Pinto, João Cunha e Bruno Pífano, trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, contam o que é ser pai durante a pandemia… assim como em outros dias.

Pedro Pinto: “Não descobri agora o que é que é ser pai”

Pedro Pinto, 40 anos, já leva 11 anos na Santa Casa. É designer gráfico. Está a trabalhar em casa e a tomar conta dos dois filhos, a Camila e o Vicente, com oito e seis anos respetivamente. A mãe está a trabalhar presencialmente. Conciliar o trabalho em casa com a necessidade de cuidar e ajudar os seus filhos nas aulas online tem sido o grande desafio, desde há um ano.

O designer da Direção de Comunicação e Marcas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa sublinha que o confinamento lhe permitiu estar “mais tempo” com os filhos e “acompanhá-los mais de perto nas tarefas da escola e no dia a dia”, mas admite que “às vezes é um bocadinho complicado conciliar as tarefas profissionais com o facto de estar com eles em casa”.

No entanto, Pedro considera que estar com os filhos em casa tem sido uma “boa experiência” e que veio reforçar os elos de ligação entre ele e os filhos. “O segundo confinamento é mais exigente, sobretudo porque estamos muito tempo dentro de casa. São 24 horas sobre 24 horas”, recorda. “Por vezes, por qualquer coisa, explodimos. Nada que um “passeio higiénico ou de bicicleta não resolva”, afirma, sorridente.

Pedro Pinto_pai e trabalhador da SCML

O funcionário da Santa Casa confessa-se um adepto das novas tecnologias, de outra forma nem sempre seria possível cumprir os objetivos do seu trabalho. “Eles não usam muita tecnologia, mas dá muito jeito”, admite. “Já passam muitas horas à frente do computador por causa das aulas. Quando não têm aulas, tento que façam atividades, mas não é fácil. Se tiver um trabalho ou uma reunião que tenha que estar concentrado, não tenho muitas hipóteses, e recorro às tecnologias”, revela.

“Fiquei feliz com a notícia da reabertura das escolas, sobretudo, por eles, porque é importante para a sua aprendizagem, educação e socialização”, refere ainda. O confinamento não transformou Pedro Pinto. “Não descobri agora o que é que é ser pai. Sou muito próximo dos meus filhos e acompanho-os muito”, explica.

Esta sexta-feira, 19 de março, no Dia do Pai, Pedro fará uso de um trunfo bem guardado: vai levar os filhos a um parque infantil, algo que os pequenos têm pedido desde o confinamento. Uma prova que, às vezes, não é preciso muito para fazer sorrir um filho.

João Cunha: “Sinto que estou a descartar o meu papel enquanto pai”

O mesmo não se passa com João Cunha, 25 anos, auxiliar de serviços gerais na Unidade de Cuidados Continuados Integrados de São Roque (UCCISR). Tanto o auxiliar como a sua mulher são trabalhadores de serviços essenciais e, por isso, continuam a exercer funções no local de trabalho. Não há mundos perfeitos. João não toma conta do filho enquanto trabalha, mas passa o dia sem ele.

“O confinamento mudou as rotinas e, acima de tudo, tivemos que pensar se era benéfico o meu filho continuar na escola”, assume. Por uma questão de estabilidade, ficou decidido que o filho, João Dinis, de dois anos, ficaria ao cuidado da avó materna, evitando horários madrugadores e tempo a mais na escola para uma criança tão pequena. “O mais importante era o bem-estar do João Dinis”, lembra.

João Cunha_pai e trabalhador da SCML

João Cunha ambiciona recuperar alguma normalidade e passar mais tempo em família. “Faz-me falta ir ao parque com o miúdo e estarmos tranquilos. Viver sem medo e conviver à vontade. Jogar futebol”, exemplifica, lembrando que, acima de tudo, quer “passar tempo” e “acompanhar o crescimento do meu filho”, seja no Dia do Pai ou em qualquer outro dia.

Bruno Pífano: “… sou um bocado pai galinha”

Quis o destino que Bruno Pífano, de 30 anos, assistente social da Unidade de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (UDIP) Tejo, fosse pai durante a pandemia. O “milagre” aconteceu em julho de 2020. Tem receios, anseios e é um fiel cumpridor das regras sanitárias, mas está ávido por mostrar um mundo novo ao filho de sete meses.

Atualmente a trabalhar em casa, o colaborador da Misericórdia de Lisboa prefere destacar os aspetos positivos do confinamento. “Acompanhei a gravidez de perto. Trabalhava ao lado da minha mulher, numa secretária ao lado um do outro, e o David podia ouvir a minha voz dentro da barriga da mãe”, adianta, com um sorriso de orelha a orelha, sublinhando que “é um privilégio estar perto do meu filho e acompanhar o seu desenvolvimento”.

Bruno Pífano_pai e trabalhador da SCML

Mas nem tudo são rosas. O menino de sete meses nunca foi à creche. Os contactos sociais são bastante limitados. Entre confinamentos e desconfinamentos, turnos de trabalho alternados, os números de contágios voltaram a aumentar, e o casal acabou por optar pela estabilidade e o bebé ficou em casa.

Neste momento, Bruno e a mulher esperam que o filho possa, finalmente, ingressar na creche. Até porque “é praticamente impossível conciliar o trabalho com a tarefa de cuidar de um bebé”, assegura.

No entanto, o pai está dividido entre a necessidade de trabalhar e o facto de ter de se separar do filho. “É um misto de sentimentos. Por um lado, posso focar-me no meu trabalho. Por outro, o David nunca teve interação com outra criança de forma regular. Estou ansioso! Mas sou um bocado pai galinha”, justifica, sorridente.

O ritmo é acelerado durante a semana. Não há muito tempo livre para muitas atividades ou passeios higiénicos. E quando o David adormece, o assistente social trabalha para compensar o que não conseguiu assegurar no horário de trabalho normal.

Bruno revela que desconfia que a sua mulher tem uma surpresa reservada para o Dia do Pai, mas finge não saber (risos). Mais do que festejar a efeméride, o que este pai quer é mostrar ao seu filho, com segurança, os familiares, o parque, o jardim zoológico, a natureza e as ruas da cidade. Coisas simples para todos nós, mas que para o pequeno David são um mundo novo.

Afinal, o que mudou no papel do pai?

Para Vera Moreno, psicóloga e psicoterapeuta da Unidade W+ da Misericórdia de Lisboa, “o papel do pai na família sempre foi de grande relevância, mas, hoje em dia, há muito mais condições para que a paternidade seja exercida em pleno. Há poucas gerações, o homem era o ‘chefe de família’ mas estava maioritariamente ausente e quando presente, o seu papel era pautado pela autoridade na qual mantinha uma distância afetiva”.

Mas este cenário “alterou-se profundamente”, segundo a psicóloga da Santa Casa. “A entrada da mulher para o mercado de trabalho teve implicações profundas na organização social. Atualmente, os pais são cada vez mais presentes”, afirma.

“Num contexto de reformulação da própria masculinidade, destacaria como mudanças fundamentais do modelo de paternidade, a mudança para um pai mais afetivo, com uma expressão mais livre dos afetos e uma relação mais afetiva com a família, e a mudança para uma participação ativa nos cuidados aos filhos e nas tarefas domésticas”, considera, destacando que “as vantagens deste novo modelo são imensas e todos iremos beneficiar no futuro, começando pelos próprios homens, mas também os filhos e as mulheres”, finaliza.

 

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