O LX Factory acolheu a IX edição da Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa (SRU), durante os dias 6 e 8 de abril, e a Santa Casa voltou a marcar presença no evento. O programa incluiu inúmeros eventos, tais como workshops, conferências, tertúlias e debates, que pretenderam chamar a atenção dos participantes para o impacto social da reabilitação urbana.
A instituição preparou a conferência “Um Habitat Inclusivo – Necessidades e Soluções”, que decorreu durante a tarde de quinta-feira, 7 de abril, onde se debateu a relevância da reabilitação urbana enquanto ferramenta de inclusão e, ao mesmo tempo, de preservação da cidade genuína e dinâmica. Identificar alguns dos projetos desenvolvidos pela instituição e realçar o compromisso da mesma na preservação e valorização do seu património com a finalidade de criar respostas sociais adaptadas às novas realidades populacionais, foram igualmente objetivos desta conferência.
Na sessão de abertura, Ana Vitória Azevedo, administradora da Santa Casa com o pelouro do Património, defendeu que “a instituição tem o dever de promover, reabilitar e conservar o seu património, por forma a garantir projetos e obras inovadoras que respondam as necessidades daqueles que mais precisam”, frisando, ainda, a criação de novas respostas e a intergeracionalidade dos novos projetos.
A administradora destacou o projeto em curso no Recolhimento de Santos-o-Novo, na freguesia de Marvila, que irá unir, no mesmo espaço, uma estrutura residencial para idosos (ERPI) e uma residência de estudantes.
“Este é um programa inovador, que potencia a convivialidade entre jovens e seniores pela partilha de espaços comuns e, ainda, permite dinamizar um programa cultural e social partilhado entre estas populações”, comentou Ana Vitória Azevedo.
A resposta destinada a estudantes, que conta com o apoio do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, irá permitir ampliar a oferta na cidade deste tipo equipamentos, em mais 118 camas, 82 em quartos simples e 36 em quartos duplos.
Ana Vitória Azevedo apontou, igualmente, o projeto que irá nascer na antiga fábrica de gelados da Nestlé, em Monsanto, fruto de uma benemerência da gigante alimentar suíça, onde a instituição espera instalar no local uma unidade de cuidados especializados de demência.
Com capacidade até 50 camas, distribuídas por 28 quartos, 4 individuais, 22 duplos e 2 de isolamento, o futuro novo equipamento terá também valências de centro de dia e de apoio domiciliário, disponibilizando também consultas de acompanhamento na área da demência e um espaço para formação de cuidadores formais e informais.
“Esta é uma resposta que faz falta na cidade de Lisboa. Segundo os últimos dados a demência irá afetar uma grande faixa da população e a Santa Casa tem o dever de apoiar e criar condições para estas pessoas”, concluiu a administradora.
Nesta conferência houve ainda lugar a uma mesa redonda onde participaram a diretora Departamento de Gestão Imobiliária e Património da Misericórdia de Lisboa, Helena Lucas, a diretora da Casa do Impacto, Inês Sequeira, a CEO da Konceptness, Susan Cabeceiras, a Mentora de Líderes e Executivos da YouUp, Ana Penin, e a professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, Stella Bettencourt da Câmara.
Projetos da Santa Casa candidatos ao Prémio Nacional de Reabilitação Urbana na categoria “Impacto Social”
Proprietária de um vasto património imobiliário, a Misericórdia de Lisboa tem promovido a reabilitação progressiva deste edificado, devolvendo-o à cidade com novos fins que pretendem responder às necessidades dos lisboetas.
Um destes exemplos é a Unidade de Cuidados Continuados e Integrados Rainha Dona Leonor e que nasce da reabilitação do antigo Hospital Militar da Estrela. Onde outrora esteve um hospital militar obsoleto, existe agora uma nova unidade para cuidados continuados de saúde que complementam a rede nacional.
Igualmente em destaque esteve a reabilitação do número 31 da Travessa do Rosário, em Lisboa. Uma obra, concluída em abril de 2021, com um forte impacto social pela oferta de alguns serviços na área da ação social e ainda habitação para fins de arrendamento jovem.
O Prémio Nacional de Reabilitação Urbana, cuja cerimónia de entrega decorre este ano a 3 de maio, tem o Alto Patrocínio do Governo de Portugal, concedido através da Direção Geral do Património Cultural, entidade tutelada pelo Ministério da Cultura. Esta é uma iniciativa que reúne um vasto apoio do setor empresarial, institucional e da sociedade civil.
O galardão foi lançado em 2013 e tem como objetivo reconhecer, premiar e divulgar a excelência na renovação das cidades e afirma-se atualmente como a mais prestigiada distinção na área da reabilitação do edificado e requalificação dos territórios em Portugal.