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A terapia do tricot

Maria Adelina Bibe é o nome da pessoa que se senta atrás do balcão de madeira escura, entre estantes quadriculares cheias de novelos de todo o tipo de lãs e derivados, e que carrega em si toda a história do estabelecimento que tem sobrevivido a várias gerações, a retrosaria Auri. Quis o destino que até o apelido de Maria Adelina estivesse relacionado com o ofício que escolheu para a sua vida profissional.

Quem passa pelo Nº. 10 da rua Oliveira Martins, paralela à icónica Avenida de Roma, não imagina todo o trabalho que se desenvolve dentro do estabelecimento com mais de 70 anos de existência e que faz parte dos radares comunitários do projeto RADAR da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (que visa identificar a população com 65 ou mais anos residente na cidade de Lisboa e construir sistemas de base comunitária de coesão social). Mais do que um local onde se estabelece um preço aos novelos de fios armazenados cuidadosamente nas estantes, este é também um sítio de amizade, partilha e, acima de tudo, de comunidade.

Foi em 2021 que, numa visita de rotina à freguesia, a equipa do RADAR reparou na Retrosaria Auri e a desafiou a ser radar comunitário. Desde então, este é um farol essencial para a equipa saber o que se passa no bairro e como estão as pessoas mais velhas. Atuando como uma autêntica confidente da vizinhança e agora, também, como ponto de ajuda através da plataforma RADAR, a proprietária considera ser “importante existirem projetos como este para apoiar os mais velhos, ainda mais numa freguesia tão envelhecida como é o Areeiro”.

Maria Adelina esclarece que “esta é uma casa muito conceituada aqui nesta zona da Avenida de Roma. As pessoas mais velhas conhecem este espaço desde sempre e é importante para nós que se mantenha esta relação de amizade. Só assim faz sentido continuarmos o trabalho de comunidade que fazemos. Nesta mesa já curámos muitas depressões e problemas de ansiedade”.

Margarida Cardoso é uma das participantes do grupo de tricot e, no alto dos seus 80 anos, não tem dúvidas de que “este convívio é essencial”.

“Eu estou muito tempo sozinha em casa e, parecendo que não, estou sempre desejosa que chegue quinta-feira para vir para o tricot”, diz Margarida enquanto tricota uma pequena camisola branca e verde para oferecer ao neto, adepto fervoroso do Sporting Clube de Portugal.

Com o passar do tempo, a loja, tal como as pessoas que fazem deste espaço uma “segunda casa”, foi-se alterando. Por aqui gerações foram passando. Quem antigamente era cliente, hoje é amigo, quem comprava, hoje ensina e é ensinado.

“Temos muitas avós, filhos e muitos netos que nos visitam. Esta é uma casa intergeracional. É engraçado que temos clientes que, ao longo do tempo, foram-se se tornando amigos, que vieram aqui comprar o enxoval de casamento e os atoalhados e agora temos aqui os netos de algumas dessas pessoas a quererem aprender esta arte e a falarem sobre algumas das peças que os avós compraram aqui há muitos anos atrás”, conta Maria Adelina durante uma breve conversa com outra “Tricota” (nome que dão aos integrantes do grupo de tricot), sobre o próximo passeio do “clube”.

Mas não se engane. Nesta loja existe mais do que um conjunto de senhoras a tricotar. Estas avós dos tempos modernos são mais do que isso. São pessoas ativas e inseridas numa comunidade que tem cada vez mais adeptos entre os mais novos.

Fruto desta procura dos mais jovens, Maria Adelaide partilha connosco os passeios que já fizeram com várias gerações e de como cada vez mais pessoas novas a procuram para perceber melhor esta arte.

“Nós temos aqui de tudo. Temos aqui médicas, cientistas, professoras, jovens e mais velhos que encontram no tricot um escape manual para os problemas do dia-a-dia. Temos muitos encontros e passeios, vamos a museus, participamos em worshops e até encontros regulares através do zoom fazemos com membros da comunidade de tricot do Brasil”, diz orgulhosa.

O motor para estes encontros e passeios é sempre o mesmo: a amizade e o combate ao isolamento social. Para Maria Adelina, “o tricot está na moda e a pandemia, para além das coisas más que trouxe e com o isolamento forçado em que tivemos de estar, trouxe também tempo para as pessoas se dedicarem a outras artes.”

Por tudo isto, ser radar comunitário foi, para Maria Adelina Bile, um processo natural e é com satisfação que nos explica que a equipa do RADAR “está sempre disponível e sabemos que podemos contar com ela para ser um apoio da população mais velha da vizinhança”.

Projeto RADAR promove jornada para reflexões e partilha de conhecimentos

O projeto RADAR realizou, esta sexta-feira, 19 de abril, no Auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro, no Lumiar, as suas segundas jornadas, dedicadas às freguesias da zona norte de Lisboa – Carnide, Lumiar, Santa Clara, Olivais e Parque das Nações.

Com “sala cheia”, representantes das várias organizações parceiras do projeto tiveram a oportunidade de partilhar ideias, perspetivar o futuro e consolidar todo o trabalho desenvolvido nos últimos anos.

A sessão de abertura ficou a cargo do administrador de Ação Social da Santa Casa, Sérgio Cintra, da vereadora dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, Sofia Athayde, do comissário da Polícia de Segurança Pública, José Morais, da diretora clínica dos Cuidados de Saúde Primários da Unidade de Local de Saúde Santa Maria, Eunice Carrapiço e da diretora adjunta do Instituto de Segurança Social, Sandra Marcelino.

O resto do dia foi dedicado a várias mesas redondas e conversas informais, nas quais participaram representantes dos vários parceiros estratégicos do projeto, que refletiram sobre o trabalho desenvolvido pelo RADAR em Lisboa e a importância do mesmo para combater o isolamento social da população mais idosa da cidade.

Bolsa de Entrevistadores. Um “veículo” para a integração de jovens na sociedade

Participar num projeto pioneiro e dotar os participantes de ferramentas importantes para que possam integrar o mercado de trabalho. É a promessa da Santa Casa a 31 jovens da Unidade de Apoio à Autonomização (UAA), que vão usufruir da Bolsa de Entrevistadores, uma iniciativa da Direção de Estudos e Planeamento Estratégico da Santa Casa.

Este projeto visa ajudar à integração dos jovens na sociedade e, ao mesmo tempo, responder a uma necessidade da Santa Casa, relacionada com a realização de estudos internos ou externos, que impliquem entrevistas presenciais. Os estudos serão feitos nos grandes centros urbanos do país, em eventos apoiados pela Santa casa, nas mais diversas áreas. Todos os entrevistadores vão passar por um período de formação, com início previsto para setembro, de modo a adquirirem competências que permitam realizar as entrevistas de forma correta.

“É um projeto inclusivo e pioneiro, uma oportunidade para os nossos jovens. Este projeto iniciou-se há cerca de oito meses. Se temos um conjunto de jovens dentro da Santa Casa que nos podem ajudar a concretizar os estudos, através do seu papel como entrevistadores, porque não contar com eles?”, considera Pedro Trindade, diretor de Estudos e Planeamento Estratégico da Santa Casa.

Aproximar os jovens do mercado de trabalho

Gonçalo Vilhena, 18 anos, é um dos jovens que vai usufruir da Bolsa de Entrevistadores. Vê qualquer projeto da Santa Casa como “uma ajuda”. Tenta participar ao máximo nos eventos organizados pela instituição, mas admite que muita dessa proatividade deve-se à profissão que pretende vir a exercer: “quero ser educador de casas de acolhimento e isso envolve uma relação com pessoas. Sempre gostei de falar muito e de lidar com pessoas e, por isso, acho que este projeto é a minha cara”, revela.

Tal como Gonçalo, Catarina é presença assídua nas atividades organizadas pela Santa Casa. Perdeu a conta ao número de eventos que participou enquanto voluntária. Aos 24 anos, faz parte dos Apartamentos de Autonomia e ajuda na Orquestra Geração. “Quero aprender a fazer entrevistas, porque isso dá-nos alguns benefícios a nível profissional. Estou a tirar animação sociocultural e este projeto da Bolsa ajuda-me no currículo. Também é uma mais-valia ser remunerada, sobretudo em tempos de Covid-19”, conta a jovem, na esperança de que a Bolsa de Entrevistadores lhe proporcione ir a alguns eventos: “gosto muito de festivais de música. Aí posso juntar duas coisas de que gosto: o contacto com as pessoas e a música.”

A Bolsa de Entrevistadores permite uma aproximação ao mercado de trabalho e algum retorno financeiro aos jovens evolvidos. Através desta “pequena empresa” criada pela Bolsa de Entrevistadores, pretende-se dotar os participantes de skills que possam usar a nível profissional.

Esta é, sem dúvida, “uma mais-valia para os jovens e para a Santa Casa”, destaca Pedro Trindade.

Lar da Misericórdia de Oleiros recebe apoio do Fundo Rainha Dona Leonor

Inaugurado no passado dia 12 de março, o edifício do lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Oleiros foi alvo de obras de requalificação. Estas obras foram financiadas pelo Fundo Rainha D. Leonor, no valor de 283 mil euros.

O projeto de requalificação contempla não só o próprio edifício, mas também o espaço exterior envolvente, pertencente também à Santa Casa da Misericórdia de Oleiros. O aproveitamento de um espaço devoluto permitiu a criação de onze novos quartos, no primeiro andar, para vinte utentes e a criação de espaços e serviços para apoio do lar no rés-do-chão.

Além de uma zona de convívio, ajardinada, onde jovens, idosos e população em geral poderão conviver, existirão também pistas de minigolfe, bowling e jogo de damas a uma escala urbana, com o intuito de cativar os jovens a interagirem com o público mais idoso.

Obtém-se assim, naturalmente, o desejado exercício físico (promovendo o envelhecimento ativo), o convívio intergeracional e a construção de um polo de atração para reforçar o número de visitas de familiares de várias gerações.

As obras de requalificação resolveram, também, o problema da definição dos espaços de circulação e estacionamento, onde se inclui uma zona para paragem de autocarros e a criação de estacionamentos que apoiam a Escola Secundária Padre António de Andrade e a estrutura residencial para idosos.

Fundo Rainha D. Leonor foi criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas, para apoiar os valores e as atividades das Misericórdias de todo o País, no princípio da autonomia cooperante.

Santa Casa lança campanha Séculos de boas causas

Depois do cinema, damos agora a conhecer a segunda fase da campanha institucional que visita alguns dos momentos mais marcantes da instituição, desde a sua fundação – em 1498 – até aos dias de hoje, e mostra-nos como, já desde esse momento, a Misericórdia de Lisboa projetava o futuro.

Porque há mais de 520 anos que a inovação, a perseverança e a criatividade fazem parte da personalidade da instituição, a linha temporal da narrativa desta “história” faz-se através de um constante “saltitar” entre passado e presente numa clara alusão a um futuro risonho. De uma forma simbólica percorre-se meio milénio, contando alguns dos momentos mais significativos do projeto social da Misericórdia de Lisboa.

Com uma caracterização de época diferente em cada cena, o filme retrata alguns dos momentos mais marcantes da Santa Casa: desde a Roda dos Expostos, à criação da Lotaria Nacional, passando pela inauguração do Sanatório de Sant´Ana (atual Hospital Ortopédico) e pela criação do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, o filme desta campanha culmina com referências a projetos mais recentes, como os Prémios Santa Casa Neurociências, o projeto RADAR, a Certificação dos jogos sociais em matéria de Jogo Responsável ou o reforço da aposta da instituição nos Cuidados Continuados.

Foram cerca de 60 técnicos e mais de 100 figurantes, entre os quais alguns colaboradores da instituição, que retrataram as diferentes situações em vários cenários: Castelo de São Jorge, Quinta da Francelha, Hospital de Sant’Ana, Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão, Quinta Alegre, Igreja de São Roque e Largo da Misericórdia.

Realizado por Fred Oliveira (realizador do Porto já nomeado pelo Festival de Cannes), o filme contou ainda com Oscar Faura (responsável por grandes produções cinematográficas como “The Impossible” ou “Parque Jurássico”) como Diretor de Fotografia.

Projeto Radar: mais responsabilidade e capacidade de transformação

O Radar iniciou a sua missão em janeiro de 2019, com a georreferenciação da população com 65 ou mais anos, residente nas 24 freguesias da cidade de Lisboa, com o objetivo de perceber em que condições o fazem, que necessidades têm e que respostas precisam para que tenham uma vida autónoma e confortável.

Os resultados finais da fase de levantamento deste projeto foram apresentados esta sexta-feira, na Sala de Extrações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). Edmundo Martinho, provedor da instituição, começou por elogiar o trabalho de todos os parceiros envolvidos. “Nada disto teria sido possível sem esta parceria entre todas as organizações. Hoje, conhecemos melhor esta realidade e estamos melhor preparados para a enfrentar”, afirmou.

Para Edmundo Martinho, “o Radar foi um passo, mas que não nos permite parar de caminhar”. “É preciso traduzir este trabalho em respostas para esta população”, lembrando que “a nossa responsabilidade e a nossa capacidade de transformação aumentou com o projeto Radar. Temos de honrar o compromisso que celebramos com a cidade e com cada uma destas pessoas. O nosso centro tem de ser cada uma destas pessoas e cada uma destas vidas”, concluiu.

Os responsáveis pelas entidades parceiras foram unânimes: o projeto Radar é bom exemplo de trabalho de equipa, apresentou resultados no tempo previsto e vai ao encontro das necessidades das pessoas.

Dos mais de 100 mil idosos que moram em Lisboa, a maioria vive só ou acompanhada por pessoas da mesma idade. Para se conhecerem as condições em que vivem, andaram na rua, desde 7 de janeiro de 2019, milhares de “radares” para falar com cerca de 30 mil destes lisboetas. Do total da amostra, dois terços (66%) são mulheres. Em termos de faixas etárias, o maior número de pessoas inquiridas, concretamente 43%, situa-se entre os 75 e os 84 anos.

Durante cerca de um ano, foram identificados mais de 30 mil idosos (30145) que vivem sozinhos, ou acompanhados por alguém da mesma faixa etária, sendo que só três pessoas se encontravam no nível 1 de carência, o mais gravoso, e cerca de 92% encontram-se no nível 5, o menos crítico, como tal em situação não urgente.

 

Projeto Radar combate solidão e vulnerabilidade emocional

 

De acordo com os dados do Radar, 88% dos participantes confirmam ter médico de família e os restantes 12% desconhecem ou efetivamente não têm. Por outro lado, os idosos indicam ter dificuldades na higiene da casa (19%), nos cuidados de saúde (12%) e nas tarefas diárias (11%).

“Carência económica” e “sinais de isolamento” foram outras das condições manifestadas, ambas com 9%. Não obstante serem alvo de maior preocupação, as questões de “carência alimentar”, “maus tratos” e “nível de orientação” são as que apresentam valores mais reduzidos, todas com 1%. E concluiu que, desta amostra, perto de 92%, ou seja, 27 mil, não têm acompanhamento de instituições sociais.

O projeto Radar é uma vertente do Programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades” e junta a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), a Câmara Municipal de Lisboa, o Instituto da Segurança Social, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a Polícia de Segurança Pública e as juntas de freguesia e a Rede Social de Lisboa.

O “poder” da colaboração em debate

Na sessão de encerramento do evento, Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, considerou que a “colaboração entre organizações deve ser uma realidade constante no trabalho diário de todas as instituições”.

“As instituições devem sair de si próprias e adotar medidas de integração e partilha. O esforço colaborativo não significa que todos devem fazer o mesmo, mas aproveitar o melhor de cada uma, de maneira a que as políticas tenham sempre como fim último, a pessoa”, defendeu o provedor.

A colaboração “apenas faz sentido quando as políticas estão alinhadas com aquilo que é o interesse da pessoa”, lembrou Edmundo Martinho acerca da política pública sobre os Cuidados Continuados Integrados. “A integração nos cuidados é ainda vista como uma relação entre as instituições, quando a integração deve ter como referencial o interesse do cidadão que necessita dos cuidados”, concluiu.

Também no último dia do encontro, este fórum contou com a presença do administrador de ação social da Misericórdia de Lisboa, Sérgio Cintra, como orador convidado do painel “A colaboração nas questões do envelhecimento ativo”, onde foram discutidas questões como a alteração do padrão demográfico da cidade e a reconfiguração das respostas sociais destinadas à população mais velha.

“A Santa Casa deve atuar numa vertente de governação integrada com as instituições que operam no mesmo espaço da Misericórdia”, destacou o administrador, evidenciando o projeto pioneiro “Lisboa, Cidade de Todas as Idades” que a Santa Casa, juntamente com outros parceiros, tem vindo a realizar no âmbito da qualidade de vida das pessoas com mais de 65 anos, na cidade de Lisboa.

Para Sérgio Cintra, o objetivo é que as respostas que hoje existem sejam “adequadas às várias realidades da cidade”, salientando que “cada bairro na cidade de Lisboa é diferente e como tal é essencial ouvirmos e trabalharmos em conjunto com as várias instituições e associações que operam nos diferentes territórios da cidade”.

Ao longo dos dois dias de evento, que coincidiu com a sessão de encerramento do Ano Nacional da Colaboração, um vasto painel de oradores internacionais, dirigentes de outras instituições e representantes da Santa Casa discutiram as vantagens e desafios da colaboração integrada.

Fórum para a Governação Integrada (GovInt) é uma rede colaborativa informal de instituições públicas e privadas que estabeleceram modelos de cooperação entre si, para a reflexão e a ação no âmbito da resolução de problemas sociais complexos através de modelos de governação integrada, que permitam maior eficácia e eficiência, contribuindo para uma gestão mais eficaz e eficiente de problemas sociais complexos através de modelos de governação integrada.

Alenquer | Igreja da Misericórdia recuperada

Para esta obra, a Santa Casa da Misericórdia de Alenquer conseguiu um financiamento de 142.500,00 euros, que resulta de uma candidatura ao Fundo Rainha D. Leonor, criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em colaboração com a União das Misericórdias Portuguesas.

A cerimónia de inauguração foi presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

Privilegiada pela localização, no largo da Câmara Municipal, esta igreja destaca-se pela dimensão e simplicidade exterior em contraste com os acabamentos interiores de maior qualidade. A igreja, de 1595, apresentava-se em mau estado a nível da conservação dos retábulos e do teto.

A intervenção permitiu devolver a grandeza e a qualidade deste património, bem como reabrir devolver o espaço à comunidade. Além do culto, será possível integrar mais espaços num percurso de visita a uma região tão importante do ponto de vista cultural e turístico, uma vez que o tempo degradou mas não adulterou os elementos originais deste património.

O Fundo Rainha D. Leonor foi criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas, para apoiar os valores e as atividades das Misericórdias de todo o País, no princípio da autonomia cooperante.

O empreendedorismo de impacto social na economia nacional

O primeiro dia da conferência Portugal Economia Social 2019, ficou marcado pela presença da diretora do Departamento de Economia e Empreendedorismo Social (DEES) e da Casa do Impacto da Santa Casa, Inês Sequeira, que apresentou alguns dos projetos que a instituição tem vindo a desenvolver ao nível do empreendedorismo com impacto, revelando ainda algumas novidades para o início de 2020.

“Quisemos iniciar por fases, a parte do investimento veio mais à posteriori. Porque considerámos que o ecossistema precisava de se tornar um pouco mais maduro e ter mais projetos. Eram sempre os mesmos. Precisávamos de fomentar o pipeline”, explanou Inês Sequeira na a sua intervenção. “No início, o nosso trabalho foi mais no apoio da inovação e da capacitação, onde fomentámos mais programas de capacitação para que surgissem novas ideias e novos empreendedores que criassem novos projetos”, referiu ainda.

Para a responsável pelo hub de empreendedorismo social da Santa Casa da Misericórdia, é essencial que o apoio dado aos novos empreendedores não assente exclusivamente na vertente económica, porque ao “investir apenas na vertente económica, sem um acompanhamento permanente, corremos um risco muito maior que estes projetos falhem e acabem por ruir”.

De maneira a colmatar esta situação, a Misericórdia de Lisboa, através da Casa do Impacto, começou por desenvolver alguns mecanismos de apoio a novos players que pretendem mudar o ecossistema de empreendedorismo social.

Desde então, destacam-se o lançamento, em 2018, o Santa Casa Challenge – com um primeiro prémio no valor de 15 mil euros – e, mais recentemente, o lançamento da call para se tornarem investidores sociais da iniciativa Projetos de Impacto – inserida na iniciativa pública do Portugal Inovação Social. Coordenada pelo DEES da Misericórdia de Lisboa, “Projetos de Impacto” vai financiar e ajudar a potenciar projetos inovadores em várias áreas, estimulando ainda a filantropia. Este é um investimento, promovido em conjunto com o Banco Montepio, no valor total de 1 milhão e 350 mil euros, que posiciona ambas as entidades como as maiores investidoras sociais do país.

A estratégia da Santa Casa passa, futuramente, pela atribuição de apoios assentes numa “filantropia estratégica”, reforçou ainda Inês Sequeira na sua intervenção, no fórum Portugal Economia Social.

Já o segundo dia do evento, 11 de dezembro, foi assinalado com a participação de Maria da Luz Cabral, coordenadora da Unidade de Missão da Santa Casa, num painel de discussão onde foi dado a conhecer o projeto “Lisboa, Cidade de Todas as Idades”. Um programa pioneiro que a Santa Casa tem vindo a trabalhar, de forma integrada, com a Câmara Municipal de Lisboa, o Instituto de Segurança Social, a Administração Regional de Saúde e a Polícia de Segurança Pública, e que visa responder a questões relacionadas com a longevidade, recriando estratégias que transformem, em oportunidade, as vulnerabilidades associadas a uma população lisboeta com mais anos de vida e com níveis de isolamento e solidão inquietantes.

Valorizar os mais velhos e o seu papel na sociedade

Organizado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, este evento visou proporcionar a partilha de conhecimentos e expetativas relativamente a questões relacionadas com a longevidade e a melhoria da qualidade de vida, nomeadamente em torno dos três eixos estratégicos do programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades“: Vida Ativa, Vida Autónoma e Vida Apoiada.

Na sessão de abertura, em que participaram o provedor da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, e o secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos, foi discutida a lógica da intervenção partilhada para problemas transversais a todos, bem como, as questões relacionadas com o papel que as pessoas mais velhas podem ocupar nas sociedades modernas.

Na sua intervenção, Edmundo Martinho, dirigiu as suas primeiras palavras a todos os parceiros que integram o programa, destacando que “o programa só é possível e viável devido a este esforço de parceria, de partilha de objetivos e recursos, mas, sobretudo de ambições”.

Para o provedor, este segundo simpósio foi “um lugar para perceber todos os desafios que temos pela frente em questões de longevidade, mas, essencialmente, as soluções que podemos testar, as que podemos pôr em prática e, fundamentalmente, ajudar-nos a perceber as nossas fragilidades e aquilo que podemos melhorar para aumentar a qualidade de vida dos cidadãos de Lisboa, mas, em boa medida, também a nível nacional”.

Uma ideia igualmente defendida pelo secretário de Estado da Segurança Social. Sobre o programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades”, Gabriel Bastos não tem dúvidas de que este “será um instrumento transformador da cidade, tornando-a mais inclusiva e participativa a todas as pessoas”. O secretário de Estado explicou ainda que “é necessário um esforço concertado, por parte de todos os atores sociais, no sentido de uma estratégia coerente e integrada”, de forma a “testar soluções e apontar caminhos alternativos”.

Durante o encontro, foram também apresentados os resultados, apurados até ao momento, do projeto Radar. No decorrer do último ano, dezenas de técnicos superiores, formando equipas multidisciplinares, da Misericórdia de Lisboa, percorreram diariamente as ruas da capital para conhecerem esta população e perceberem quais são os seus maiores desafios e expetativas.

De acordo com os dados revelados esta sexta-feira, já foram identificados cerca de 23.500 idosos que se encontram sozinhos. Deste número, apenas foram registadas duas pessoas que se encontravam no nível 1 de carência, o mais gravoso, encontrando-se cerca de 92% no nível 5, o menos crítico.

Também no mesmo universo, 10% foram registados como não tendo médico de família. Entre as maiores dificuldades apontadas pelos mais velhos, estão os obstáculos na higiene e limpeza das suas casas, bem como a necessidade de cuidados de saúde. Cerca de 92% dos idosos identificados revelou ainda não receber acompanhamento de instituições de apoio social.

Para o administrador de ação social da Misericórdia de Lisboa, Sérgio Cintra, um dos oradores da última mesa redonda do simpósio, dedicada ao tema dos direitos na longevidade, “o Radar foi essencial para constatarmos que as expetativas destas pessoas variam de território para território. A resposta deve ser sempre individualizada e numa lógica de partilha entre todos os nossos parceiros”, frisando que “na mesma freguesia a resposta não pode, nem deve ser igual. O que um vizinho do primeiro andar necessita não é o mesmo que o vizinho do segundo andar precisa”.

Durante dois dias de discussão alargada, em torno da temática da longevidade, este simpósio contou ainda alguns momentos lúdicos, com particular destaque para a atuação da reconhecida cantora Anabela que, em 2018, concorreu ao Orçamento Participativo com o projeto “Grupo de Canto para Seniores”. Uma ideia que saiu vencedora nesse concurso e que tem como objetivo de aumentar o bem-estar dos mais idosos através do canto.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas