“As famílias de acolhimento, hoje, não são um capricho, não são um sonho. É uma obrigação mudar o paradigma da intervenção.” Foram as palavras de Sérgio Cintra, administrador da Ação Social da Santa Casa, no primeiro encontro “Lisboa Protege”, que decorreu na passada sexta-feira, 20 de abril, no Teatro Aberto, em Lisboa.
Organizado pela Câmara Municipal de Lisboa, o primeiro encontro “Lisboa Protege” visou debater a proteção das crianças no concelho de Lisboa e promover a partilha de experiências. Técnicos, especialistas e profissionais da área debateram a realidade da cidade, bem como que respostas existem e como podem ser melhoradas.
Na sessão de encerramento, Sérgio Cintra, administrador da Ação Social, defendeu que o compromisso da Misericórdia de Lisboa é cuidar e proteger os jovens e as crianças com um modelo ajustado às suas necessidades e das suas famílias.
“Entendemos todos que a via da institucionalização não é a mais adequada, entendemos todos que há novos processos, e que não devemos ter medo de os pôr em prática”, concluiu o administrador da Ação Social.
Por seu turno, Rui Godinho, diretor da Infância, Juventude e Família da SCML, destacou que a Misericórdia de Lisboa mudou o paradigma da intervenção no acolhimento, adaptando-se às necessidades reais das crianças e dos jovens com o projeto “CARE: Capacitar, Autonomizar, Reconfigurar e Especializar”.
“O foco deve ser o acolhimento familiar”, insistiu Rui Godinho, explicando que deve-se transferir os recursos da instituição para a família e para a comunidade.
O diretor de Infância, Juventude e Família da SCML, explicou que o objetivo deste programa é, a longo prazo, desinstitucionalizar o acolhimento e apostar na prevenção. “No atual contexto, não é aceitável pensar-se que se pode intervir com crianças sem intervir, em simultâneo, com as suas famílias”.
“A estratégia integrada de intervenção passa, por exemplo, pela criação de uma rede de Famílias de Acolhimento (em alternativa ao acolhimento residencial), salientou Rui Godinho.
Já antes, António Santinha, diretor da Unidade de Apoio à Autonomização da Santa Casa, no painel “Criança/Jovem Assume Comportamentos que Afetam o seu Bem-Estar e Desenvolvimento”, reforçou que para criar uma relação com os jovens é preciso tempo de qualidade e disponibilidade.
António Santinha sublinhou, ainda, que devemos pensar ao contrário: “primeiro naquilo que é necessário, nos jovens que temos, e só depois na intervenção que é possível planear”, acrescentando que “a aprendizagem das crianças e dos jovens faz-se com o que nós [técnicos] somos e não com o que sabemos”.