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Santa Casa e parceiros inauguram o Centro Local de Informação e Coordenação – CLIC-Lx

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa (CML), o Instituto da Segurança Social (ISS), a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), a Polícia de Segurança Pública e a Nova Medical School, inaugurou formalmente o Centro Local de Informação e Coordenação (CLIC-Lx).

O evento que teve lugar nas instalações desta nova valência para a cidade de Lisboa, na Rua Nova da Trindade n.º 15, contou com a presença de Carlos Moedas, presidente da CML, Paulo Sousa, Provedor da SCML e restante Mesa da Instituição e ainda vários representantes das entidades e organizações parceiras do programa Lisboa Cidade Com VIDA para Todas as Idades.

Depois de uma visita ao espaço, onde todos os convidados tiveram a oportunidade de conhecer a equipa do Clic-Lx e o trabalho que diariamente é efetuado pela mesma, em parceria com as várias instituições do Concelho, o Provedor da Santa Casa reafirmou na sua intervenção a importância do Clic-Lx para “os desafios da longevidade e do envelhecimento” em Lisboa.

“A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a par da Câmara Municipal de Lisboa e de todos os parceiros aqui presentes, não poderia ficar indiferente a estes desafios e, enfrentando-os numa abordagem conjunta e integrada. Só com o trabalho conjunto, com ações comunitárias e a consciencialização da sociedade como um todo conseguiremos transformar Lisboa em uma cidade mais inclusiva”, frisou Paulo Sousa.

A criação do CLIC-Lx é resultado da assinatura do Acordo Específico para a Implementação da 3ª Fase do Programa Lisboa Cidade Com VIDA para Todas as Idades, firmado em 7 de dezembro de 2023. Este hub colaborativo surge como um espaço inovador e co-criativo onde as organizações da Rede Social de Lisboa podem desenvolver atividades, que visem uma abordagem integrada aos desafios da longevidade e envelhecimento transversais à capital.

“Só com a proximidade, o aproveitamento de recursos e a complementaridade entre todas estas nossas Instituições vai permitir melhorar a vida dos cidadãos de Lisboa e, sobretudo, dos idosos”, esclarece o Provedor.

Sendo o Clic-Lx mais uma “ferramenta” do programa ele vai atuar em três eixos principais: o Eixo do Planeamento, Monitorização e Avaliação, com o objetivo de identificar, planear e monitorizar as medidas incorporadas nos no Programa Lisboa Cidade Com Vida para Todas as Idades; o Eixo de Intervenção, Formação e Experimentação, onde se desenvolverão projetos de intervenção, experimentação, formação e investigação, na área da Longevidade e envelhecimento, transversais à Cidade, tais como o Projeto RADAR e o Projeto do chaveiro de custódia de chaves da Cidade de Lisboa; e o Eixo da Participação, Atendimento e Comunicação, com o objetivo de promover a participação e envolvimento dos cidadãos nos desafios da longevidade e envelhecimento na Cidade de Lisboa, garantindo a informação atualizada sobre os recursos da Cidade neste domínio, bem como a comunicação e divulgação sobre a execução do Programa.

“Este espaço visa criar dinâmicas de interação e estabelecer estratégias de intervenção transversais na cidade, em estreita colaboração com a Rede Social de Lisboa e as Juntas de Freguesia”, comentou o Provedor, frisando que Centro Local de Informação e Coordenação é “um exemplo” de trabalho colaborativo e que “tem sido fundamental para a cidade”.

 

Opinião partilhada por Carlos Moedas que indicou o Clic-Lx como “um dos projetos mais inovadores em Lisboa” no combate ao isolamento dos mais velhos. “Vamos ter neste Centro pessoas das várias instituições a pensar o tema da longevidade, que é o nosso maior desafio.”

É exatamente a pensar na longevidade dos mais velhos que a Misericórdia de Lisboa e as várias instituições da cidade se uniram para criar o Programa Lisboa Cidade Com VIDA para Todas as Idades.

“Quando olhamos para a população de Lisboa, e quando vemos que mais de 23% desta população têm mais de 65 anos, é nosso dever ter uma estratégia para que estas pessoas possam viver mais tempo, mas também com mais qualidade”, disse Carlos Moedas.

Ainda antes de terminar a sua intervenção o autarca salientou que a Câmara municipal de Lisboa estará sempre “disponível” para melhorar a vida de todos os que “escolhem Lisboa para envelhecer”, dando como exemplo de uma boa prática nesta problemática a intervenção na cidade do Projeto RADAR.

“Eu acredito que este projeto (RADAR) é absolutamente extraordinário. Aquilo que vi aqui foi uma comunhão, um entusiasmo de falar e ajudar todos aqueles que estão em isolamento social e um valor de um simples telefonema é enorme para a sociedade”, concluiu Carlos Moedas.

 

Equipamentos sociais da Santa Casa arrancam 2025 com vasto programa sociocultural

O ano muda, mas o objetivo mantém-se: os equipamentos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa apresentam mais uma edição da sua agenda sociocultural, desta vez relativa aos meses de janeiro e fevereiro.

Como sempre, os equipamentos envolvidos prepararam um vasto leque de atividades culturais para todos os gostos e idades, demonstrando a sua vivacidade, dando-se a conhecer fora de portas e convidando a comunidade a participar.

Desde atividade manuais e artísticas, passando pelo exercício físico ou pelas áreas intelectuais e de bem-estar, a escolha é muita nestes dois primeiros meses de 2025. Um atelier de pintura, um clube de leitura, formações de literacia digital ou sessões de reiki são apenas algumas das muitas ofertas disponíveis.

Consulte o programa completo e venha conhecer uma outra faceta dos equipamentos sociais da Misericórdia de Lisboa.

Bicicleta para Todos: Sorrisos à beira-rio, à boleia de voluntários

A manhã está fria, mas o sol vai ajudando. Jorge, o funcionário da Junta de Freguesia de Marvila que, literalmente, veste a camisola, já pedala junto ao Tejo, no Braço de Prata. Mas não vai sozinho: esta bicicleta especial tem dois lugares à frente, ocupados por um utente da Mitra – Polo de Inovação Social e uma monitora. Participam na atividade Bicicleta para Todos, integrada no projeto Bicicletas & Companhia, do Centro de Promoção Social da PRODAC, que usa as bicicletas para trabalhar áreas relativas à comunidade, inclusão ou intergeracionalidade, sempre com a preciosa e fundamental ajuda de voluntários.

“Faço ciclismo e gosto do mundo das bicicletas. Começámos a fazer isto no ano passado, após fazermos uma formação. Também já trabalhava com as crianças nas bicicletas, na oficina comunitária. Este projeto foi crescendo na PRODAC e fazia todo o sentido eu participar”, refere Jorge.

O primeiro utente a apanhar boleia do voluntário da Junta de Freguesia de Marvila é Carlos. Aos 68 anos, o frio não lhe mete medo. Parco nas palavras, lá deixa escapar que esta é a primeira vez que participa e que o passeio “é agradável”, antes de desaparecer no horizonte, com a ajuda de Jorge, que vai cuidadosamente controlando a velocidade e fintando eventuais obstáculos no caminho.

“Na verdade, apenas faço aquilo que gosto e proporciono um dia diferente a estas pessoas, com uma experiência que elas possam recordar. Não quero nada em troca. Só os sorrisos chegam”, assegura o voluntário.

Entretanto é hora de Carlos ‘desembarcar’ e dar lugar a Maria, curiosamente da mesma idade. Também ela é utente da Mitra, mas já conhece bem os ares destes passeios, que vem hoje repetir. “Já vim outras vezes e gosto muito”, resume, antes de partir para mais uma voltinha à beira-rio, com direito a visita guiada pelo condutor da bicicleta adaptada.

“Esta zona é espetacular, tem uma história, e eu, como cresci em Marvila, tento acrescentar um bocadinho mais ao passeio, contando como era isto antigamente”, explica Jorge, que rapidamente recua no tempo para explicar a presença de um banco de areia no rio, fruto da atividade de uma antiga empresa da zona… Tudo enquanto leva Maria e a monitora pela marginal ribeirinha.

SOBRE O PROJETO

O projeto Bicicletas & Companhia, resultante de uma candidatura à primeira edição do concurso Gerações Solidárias, da Santa Casa, abrange diversas atividades com públicos de diferentes faixas etárias, desde ensinar a andar de bicicleta até, por exemplo, proporcionar experiências em torno do ciclismo a pessoas cegas. Também já participaram pessoas com doenças incapacitantes, como esclerose múltipla, ou com idades muito avançadas, como foi o caso de uma senhora com 104 anos. Os destinatários não se limitam aos utentes dos centros da zona, mas também a toda a comunidade.

Estas atividades apenas são possíveis graças ao trabalho de voluntários como o Jorge, que disponibilizam o seu tempo para se dedicaram à condução e até à mecânica das bicicletas, permitindo que aconteçam momentos inspiradores e inesquecíveis para todos, como explica Júlio Santos, Educador Social do CPS PRODAC.

“Temos desde uma Ciclo-oficina até às Primeiras Pedaladas, em que ensinamos pessoas de todas as idades a andar de bicicleta; passeios para todas as idades; o Bicicletas com Asas, um projeto em que damos acesso a uma bicicleta a uma pessoa que precise dela no uso diário e o acompanhamento nessa utilização; e este, o Bicicleta para Todos, em que damos acesso a pessoas que não têm condições físicas, de mobilidade, e que tem duas vertentes, porque são os voluntários que levam as pessoas. Portanto é benéfico nos dois sentidos”, conclui.

Ação Social, um compromisso de séculos da Misericórdia de Lisboa

Nas suas várias áreas de intervenção, distribuídas por lares, escolas, hospitais, conventos, creches e centros de dia da capital, o seu público, apesar das diferenças, é composto pelos mais vulneráveis, como há 500 anos: pobres, desempregados, doentes, idosos que vivem sós, crianças abandonadas e em perigo, pessoas sem teto, com deficiência, refugiados ou mulheres exploradas sexualmente.

Os baixos rendimentos, desemprego, carência alimentar e doença crónica estão entre os principais motivos dos pedidos de apoio.

Na maioria das vezes, a porta de entrada na Misericórdia de Lisboa é aberta pela Ação Social, um dos mais antigos e principais domínios da instituição. A sua atividade é tema do primeiro texto desta rubrica.

Esta é uma história de violência doméstica e de superação. A história de Otília da Cruz, de 76 anos, vítima de maus tratos físicos e psicológicos depois de uma infância e juventude marcadas pelo abandono e pela pobreza. Uma história como tantas outras que todos os dias chegam ao conhecimento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).

senhora utente da santa casa

Otília da Cruz, utente do Centro de Dia do bairro da Boavista

Otília da Cruz é um nome registado na longa lista de pessoas em situação vulnerável na cidade de Lisboa que a Santa Casa conseguiu ajudar a levantar.

Hoje, convive no Centro de Dia do bairro da Boavista, em Benfica, faz parte de um coro, desfila todos os anos na marcha da Santa Casa e passeia pela Baixa lisboeta. “Agora, aos 76 anos é que tenho a vida que sempre quis”, diz.

Comove-se ao falar do passado. Depois de uma infância roubada, em que serviu em casa de um casal abastado, longe dos pais e dos irmãos, conheceu o homem com quem viria a casar. Na rua das Dálias, em Benfica, o bairro onde então vivia. Mas o romance cedo se transformou em sofrimento. Dez anos mais velho, o marido começou a maltratá-la. “Começou a cismar, era muito possessivo, não queria que fosse trabalhar”, conta.

Já reformado, saía muitas vezes à noite, bebia, voltava de manhã. Submissa, Otília da Cruz “não podia dizer nada, não me podia meter nas conversas. Se ele tivesse vindo aborrecido da rua, eu é que pagava.”

Batia-lhe. Ela tinha de estar “sempre presente, sempre a olhar fixamente para ele, se desviava o olhar, dava-me estalos. Dizia que me havia de matar. Vivia sempre naquele medo.” Mas, por mais que tivesse pensado em sair, nunca arranjou coragem. “Já vem de trás. Presenciei sempre a minha mãe a levar e a deixar passar. Vivi assim 40 anos.”

Os olhos brilham por entre as rugas da cara cansada.

Um dia, o marido deu-lhe uma tareia. “Disse que eu era uma erva daninha porque nunca lhe tinha dado filhos. Chamaram a polícia, os agentes abriram a porta e tiraram-me de lá. E depois nunca mais voltei. Mesmo assim, tinha pena dele, acredita? Ficou doente e quando morreu, fui ao funeral e ainda vou de vez em quando à sua campa pôr uma florinha.”

Alguém, não sabe bem quem, pediu ajuda à Santa Casa e chamaram-na.

Cláudia Balasteiro, assistente social e diretora do Centro de Dia da Boavista

Cláudia Balasteiro, assistente social e diretora do Centro de Dia da Boavista

Cláudia Balasteiro, assistente social há 19 anos e diretora do Centro de Dia da Boavista, da Misericórdia de Lisboa, sorri discretamente com satisfação pelo bom resultado do trabalho da sua equipa.

Há dois anos e meio que chegou ao Bairro da Boavista, um bairro onde as técnicas da Santa Casa evitam fazer atendimento social por falta de segurança. Um bairro do centro da capital com muitos residentes idosos que nunca de lá saíram e que de Lisboa, não conhecem mais nada. Grande parte nem telefone tem e quando é preciso contactá-los, não há outra hipótese senão ir bater-lhes à porta. Muitos não sabem ler nem escrever, recusam-se a tomar banho e a usar cintos de segurança. Os casos de doença psiquiátrica abundam. Entre os 40 frequentadores deste centro de dia, contam-se toxicodependentes, um alfarrabista, um fuzileiro, uma modista e também um antigo carteirista sem reforma.

Idosos, pobres e sós

As assistentes sociais informam-nos dos seus direitos e tratam-lhes das consultas e das reformas cujo valor é, por vezes, abaixo do que lhes é devido, sensibilizam as famílias, quando as há, para os seus problemas.

No centro de dia da Boavista, comem, tomam banho e mudam de roupa, participam em atividades, convivem, veem televisão ou simplesmente não fazem nada.

As várias realidades que coexistem neste centro são objeto do trabalho desenvolvido todos os dias pelas auxiliares, assistentes e educadoras sociais, à semelhança do que se observa nos 44 estabelecimentos para idosos, lares e centros de dia, da Santa Casa.

Em 2023, a instituição acolheu nos seus centros de dia em Lisboa 1347 pessoas, número que aumentou para 1371 nos primeiros 9 meses de 2024*. Já nas Estruturas Residenciais para Idosos em regime permanente, vulgo lares, o número de idosos contabilizava, em 2023, 443 utentes e, nos primeiros 9 meses de 2024, 426.

Este apoio estende-se às ERPI privadas, através do programa PILAR, único no país, em que a SCML contribui financeiramente para o pagamento de uma parte das mensalidades de alguns dos seus utentes ali acolhidos. Em 2023, o número de processos foi de 1215 e, em 2024, de 1109.

Outra ajuda muito significativa à população mais velha é o apoio domiciliário que, em 2023, beneficiou 2501 pessoas e em 2024, 2215.

Mas há muitos outros idosos de Lisboa que recebem apoio da SCML noutros contextos, como no Atendimento de Emergência ou no apoio a doentes crónicos e a pessoas em situação de carência alimentar.

Em termos gerais, as equipas de apoio a idosos acompanharam 3113 pessoas em 2023, número que, em 2024, foi de 2961. Estas equipas, interdisciplinares, estão enquadradas na Ação Social de Proximidade e têm o objetivo de responder de forma célere às situações de risco/perigo a que estão sujeitos os cidadãos com mais de 65 anos.

No conjunto das respostas da SCML para os mais velhos, foram admitidos em 2023, 1249 novos utentes e, em 2024, 979. Em ambos os anos, predominam as mulheres com mais de 65 anos.

O principal motivo que levou no ano passado à admissão das pessoas mais velhas foi a “dependência”, problema relativo a 520 idosos, número que totaliza em 2024, 344. Em segundo lugar, surgem os “problemas de Saúde”, referente a 428 utentes, e que em 2024 foi de 280. O terceiro motivo é referido como “iniciativa de familiares do utente”, totalizando o número de 315 idosos em 2023 e 201 em 2024.

O isolamento e a alta hospitalar são alguns dos outros problemas que levam à admissão.

Cláudia Balasteiro nota que se todo este trabalho é gratificante em vários aspetos, não deixa de causar forte frustração em muitos outros.

Muitas vezes, a confiança e a empatia com que a sua equipa trabalha está longe de ser suficiente.

A complexidade dos processos administrativos e a escassez de recursos de algumas instituições com as quais é essencial colaborar, como a área da saúde, dificultam, em diversas situações, o trabalho da ação social. Recentemente, apesar dos alertas constantes de uma técnica sobre o risco de suicídio de uma pessoa junto ao médico do centro de saúde onde era acompanhada, o apoio necessário não foi prestado a tempo e essa pessoa veio a falecer.

Com este caso, tenta sensibilizar um grupo de jovens estudantes de medicina que visita o centro para a importância e responsabilidade do papel do médico quanto à urgência das respostas.

Ao abrigo de um protocolo com a Faculdade de Medicina de Lisboa, e no âmbito da cadeira de Introdução à Medicina, os jovens do 1.º ano contactam com várias realidades sociais no terreno, neste caso com a do centro de dia da Boavista.

Alexandra, Margarida, Sara, Rafael e Diogo, entre os 18 e os 19 anos, ouvem atentamente Cláudia Balasteiro sobre a indiferença de alguns médicos e as dificuldades de articulação entre a ação social e a saúde. Sobre a importância da escuta, do atendimento personalizado e com privacidade e de como é imprescindível comunicar com as famílias.

Trabalho invisível

Apesar dos desafios encontrados muitas vezes, existe um esforço notável por parte das profissionais no terreno para dar as respostas necessárias aos casos que lhes chegam.

Cláudia refere todo o trabalho invisível feito de gestos simples, diálogos, atividades e iniciativas que ajudam a superar barreiras e abrir novos caminhos.

Isso confirma Otília da Cruz, cuja história de violência doméstica será semelhante à de muitas mulheres da sua idade e do seu estrato social. Primeiro, “recebi muito carinho, muito apoio psicológico”. Depois, as assistentes sociais ajudaram-na a tratar das questões práticas, conseguiram arranjar-lhe uma reforma melhor e uma casa no mesmo bairro. “Só agora é que estou a viver a minha vida”, diz.

Também Vítor Manuel Fernandes, de 79 anos, antigo tipógrafo residente no bairro, se sente reconhecido pelo apoio prestado pela equipa do centro de dia da Boavista. Há três anos enviuvou e caiu em depressão. A princípio, recusou a proposta para frequentar o centro. “Estava ainda naquele sentimento de luto pela morte da mulher”, conta, acrescentando: “mas chamaram-me aqui em boa hora, senão já não estava ao cimo da terra”.

Já não há manhã que lá não esteja. “São todos vizinhos, toda a gente se conhece, tenho cunhados aqui, muita gente me acarinha.” E com eles almoça, convive e joga às cartas. “Qualquer coisa que precise, ajudam-me. A minha vida voltou a ganhar sentido”.

Vítor Manuel Fernandes, utente do Centro de Dia da Boavista

Vítor Manuel Fernandes, utente do Centro de Dia da Boavista

Em várias frentes

Os técnicos de ação social da Santa Casa trabalham na linha da frente para responder aos vários tipos de necessidades da população socialmente mais vulnerável da cidade de Lisboa. Uma população urbana diversificada e em constante mudança.

Assumem, deste modo, a missão a que há 500 anos a Misericórdia de Lisboa (SCML) se dedica: Combater a pobreza, promover a inclusão social e apoiar os mais vulneráveis.

A Ação Social é assim, desde há séculos, uma das principais áreas da atuação da Santa Casa.

Neste primeiro artigo desta rubrica demos a conhecer apenas uma pequena parte do trabalho que é desenvolvido por esta área – e que tanta diferença faz na vida dos utentes que dele usufruem – mas há muito mais para dar a conhecer. E é isso que faremos no próximo artigo.

*os dados de 2024 apresentados no texto são sempre referentes aos primeiros 9 meses do ano.

Santa Casa assina acordo de parceria com a União das Misericórdias Portuguesas

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) assinaram, esta quarta-feira, 8 de janeiro, um acordo de parceria que reforça o compromisso de cooperação entre as duas instituições nas áreas sociais e da cultura.

Este protocolo reafirma a necessidade imperativa da colaboração entre a Santa Casa e a UMP no sentido de apoiar outras Misericórdias Portuguesas, de maneira a promover e melhorar a qualidade de vida dos seus utentes e ainda proceder à recuperação de património cultural relevante das instituições apoiadas. 

Um dos pontos de destaque é o reforço do Fundo Rainha D. Leonor (FRDL), criado em 2015, e que já apoiou 142 instituições de norte a sul do país, num valor superior a 23 milhões de euros. Desta maneira o FRDL continuará a ser um instrumento essencial para apoiar a implementação de respostas prioritárias nas Misericórdias nacionais.

Outro elemento central do documento é o Acordo da Nossa Senhora do Manto, que desempenha um papel fundamental na integração de utentes da Santa Casa na rede solidária de equipamentos sociais da UMP, contribuindo significativamente para a expansão e fortalecimento da missão solidária partilhada por ambas as entidades.

O novo acordo estabelece como metas o apoio ao financiamento necessário para a efetiva recuperação do património relevante das Misericórdias Portuguesas, a promoção de cooperações institucionais, de forma a estabelecer bases de colaboração ao nível da investigação e da realização conjunta de ações de manifesto interesse para ambas as partes e disseminar ferramentas de gestão social entre as Misericórdias Portuguesas para ampliar o impacto das ações comunitárias. 

Além disso, esta parceria deixa ainda igualmente prevista a possibilidade de futuros apoios a projetos de Inovação Social, privilegiando iniciativas que permitam adaptar tais projetos aos padrões de cultura compatíveis com as diversas realidades culturais locais e institucionais e contribuir para o enraizamento de uma economia social positiva, bem como, a promoção de uma cidadania ativa, de maneira a eliminar as discriminações sociais.

Presentes na cerimónia de assinatura estiveram Paulo Sousa, Provedor da Santa Casa, Ângela Guerra, Administradora da Instituição, e Manuel de Lemos, Presidente da União das Misericórdias Portuguesas.

Com esta acordo, a Misericórdia de Lisboa e a UMP reafirmam o seu papel como pilares do desenvolvimento social em Portugal, mantendo viva a missão centenária de servir e apoiar as Boas Causas.

Utentes do SAD Tejo apreciaram as luzes de Natal num passeio de tuk-tuk

Foi um final de dia cheio de luz e movimento. Um grupo de utentes do Serviço de Apoio Domiciliário Tejo, valência da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, teve a oportunidade de passear por Lisboa de uma forma diferente do habitual: em tuk-tuk.

Esta atividade, patrocinada pela Associação Avenida da Liberdade, proporcionou às quase duas dezenas de utentes um final de dia bastante animado e, com o cair da noite, puderam apreciar as iluminações natalícias da capital em pleno Dia de Reis.

O passeio atravessou a Avenida da Liberdade e subiu ao Chiado, para desfrute de todos os que iam a bordo dos seis pequenos veículos turísticos. De cintos bem apertados e devidamente agasalhados para a frescura característica de janeiro, os utentes deixaram escapar sorrisos e olhos brilhantes pintados pelas luzes desta quadra que agora termina.

No final do passeio, e já com os pés em terra firme, houve lugar à fotografia de grupo para mais tarde recordar um dia que, certamente, ninguém vai esquecer.

Santa Casa inaugura Núcleo de Infância e Juventude de Cascais

Foi inaugurado esta sexta-feira, 20 de dezembro, na Parede, o Núcleo de Infância e Juventude (NIJ) de Cascais, consolidando, desta forma, o alargamento da atuação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa na promoção dos direitos das crianças e jovens.

Cascais junta-se, assim, aos restantes concelhos da área metropolitana da Grande Lisboa já abrangidos (Amadora, Lisboa, Loures, Mafra, Oeiras, Sintra e Vila Franca de Xira), nos quais, até ao final do ano, a Santa Casa terá em funcionamento uma dezena de equipas de assessoria técnica, com cerca de 130 profissionais, fruto de um alargamento iniciado em 2021. Este é mais um passo no sentido de reforçar a relação de proximidade entre a Misericórdia de Lisboa e as entidades de primeira linha da área da infância e juventude, almejando um trabalho conjunto e transdisciplinar.

A inauguração do NIJ Cascais contou com as presenças de Maria do Rosário Palma Ramalho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, de Paulo Sousa, Provedor da Misericórdia de Lisboa, e de Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, para além de Rita Prates, Vice-Provedora da Santa Casa, e de Ângela Guerra, André Brandão de Almeida e Luís Rego, administradores da Instituição.

Após uma contextualização inicial por Rui Godinho, diretor da área de Infância e Juventude, Paulo Sousa lembrou as recentes campanhas de acolhimento familiar, com direito a cartazes nestas novas instalações, e referiu que o NIJ Cascais “era um compromisso” da Instituição.

“Esta nossa atividade merecia ser dignificada e ter condições para receber todos aqueles com quem, no concelho, interagimos”, sublinhou o Provedor da Misericórdia de Lisboa, agradecendo o apoio do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, do município de Cascais e dos restantes parceiros.

Também Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, se congratulou com esta inauguração.

“Temos tido um envolvimento com a Santa Casa já há muitos anos, que temos vindo a intensificar. Cascais está sempre disponível, porque as autarquias também são Estado. Senhora ministra e senhor Provedor, sabem que contam sempre connosco”, assegurou o autarca.

Por fim, Maria do Rosário Palma Ramalho lembrou a campanha nacional de acolhimento familiar em vigor e explicou que “a função primária do Estado é proteger os seus cidadãos”, acrescentando que, “com o início dos trabalhos do Núcleo de Infância e Juventude de Cascais, a função do Estado volta a ser cumprida na promoção e proteção dos direitos das crianças”.

Mais de 150 crianças e Jovens da Santa Casa em tarde mágica no Wonderland Lisboa

Mais de 150 crianças e jovens de equipamentos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa participaram na iniciativa Dia do Utente – Crianças e Jovens, promovida pelos Jogos Santa Casa, e visitaram o Wonderland Lisboa, num dia repleto de energia e boa disposição.

Ao início da tarde de quarta-feira, 18 de dezembro, os grupos começaram a chegar ao ponto de encontro definido no maior mercado de Natal do país, onde foram recebidos por Rita Prates, Vice-Provedora da Misericórdia de Lisboa, que agradeceu a presença e desejou a todos um dia em grande.

Pouco depois, os mais pequenos soltaram dezenas de sorrisos ao andarem num carrossel adequado para estas idades. Já os mais crescidos tiveram a oportunidade de experimentar as emoções da pista de gelo ecológica do Wonderland, na qual se juntaram os utentes em cadeiras de rodas adaptadas para o efeito. Entre algumas quedas e muitas peripécias, a tarde foi de felicidade para estas crianças e jovens apoiados pela Instituição.

Muitos deles não perderam a oportunidade de tirarem fotografias com Mónica Jardim e Iva Domingues, apresentadoras da TVI, televisão organizadora do Wonderland Lisboa, ao mesmo tempo que receberam um lanche junto ao coreto do recinto, enquanto aguardavam pela surpresa final.

O cantor Pedro Vicente subiu ao palco e animou o final de tarde no Parque Eduardo VII com canções e coreografias rapidamente absorvidas por toda a gente, coroando este Dia do Utente com uma música de Natal cantada em uníssono.

Participaram neste evento 17 equipamentos/respostas da Santa Casa:

Casa de Acolhimento (CA) Padre Agostinho da Motta
CA Nossa Casa
CA Alameda
CA Menino Jesus
CA D. Maria I
CA Santo António
CA Relvado
CA Fonte
CA Novo Rumo
CA Plátanos
Equipas de Apoio à Família – Unidade de Infância e Juventude
Instituto Luísa Paiva de Andrade
Apartamentos de Autonomia para Migrantes
Centro de Capacitação D. Carlos I
Aldeia de Santa Isabel | Jovens em formação profissional
Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian
Centro Social Polivalente do Bairro da Boavista

Santa Casa integra a nova Aliança para a Deficiência Visual

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi uma das 13 instituições que se juntaram para a criação da Aliança para a Deficiência Visual (ADV), uma plataforma de cooperação pioneira que tem como meta uma ação mais concertada para a qualificação das práticas e a participação igualitária das pessoas cegas e com baixa visão na sociedade.

A assinatura da carta de compromisso decorreu na passada sexta-feira, 13 de dezembro, no auditório do Instituto Nacional para a Reabilitação, e da parte da Santa Casa estiveram representados o Lar Branco Rodrigues e o Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos (CRNS Anjos).

Isabel Pargana, diretora do CRNS Anjos, explica que, “envolvendo diferentes organizações com características, atribuições, competências, visões e missões distintas, todas da área da deficiência visual, espera-se a criação de um espaço de aproximação, de cooperação e de trabalho, em prol das pessoas com deficiência visual e das suas famílias, assim como dos técnicos que contribuem nas diferentes respostas existentes”.

Lista das 13 instituições envolvidas:

AADVDB – Associação de Apoio aos Deficientes Visuais do Distrito de Braga
AAICA – Associação de Apoio à Informação a Cegos e Amblíopes
Associação Bengala Mágica – Associação de Pais, Amigos e Familiares de Crianças, Jovens e Adultos Cegos e com Baixa Visão
Associação Cabra Cega
ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal
ANDDVIS – Associação Nacional de Desporto para Deficiência Visual
ANIP – Associação Nacional de Intervenção Precoce
APEDV – Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais
ARP – Associação de Retinopatia de Portugal
FNSE – Fundação Nossa Senhora da Esperança
FRMS – Fundação Raquel e Martin Sain
Íris Inclusiva – Associação de Cegos e Amblíopes
SCML – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

Feira de Natal já anima o Largo Trindade Coelho com a magia da quadra

Já arrancou o Natal no Largo, uma iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que anima o Largo Trindade Coelho. Até ao dia 19 de dezembro, diversos equipamentos da Instituição trazem ao emblemático espaço da cidade de Lisboa variados produtos elaborados pelos seus utentes.

A feira de Natal é um dos maiores atrativos do evento, mas não é o único. Isto porque o Natal no Largo conta também com momentos musicais e workshops, para além de atividades físicas e de leitura e até uma sessão de magia. Tudo isto relacionado com cada uma das áreas das Boas Causas, seja Cultura, Saúde ou Ação Social.

Consulte aqui o programa completo e confira todos os stands que pode encontrar no Largo Trindade Coelho:

Cultura Santa Casa
Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos
Residência e Centro de Dia Quinta das Flores
Centro Intergeracional Ferreira Borges
Centro de Desenvolvimento Comunitário Bairro dos Lóios
Centro de Dia Nossa Senhora dos Anjos
Centro de Dia São Bartolomeu do Beato
Centro de Promoção Social PRODAC
Centro Residencial Arco-Íris
Centro de Desenvolvimento Comunitário da Charneca
Residência Nossa Senhora do Carmo
Centro de Dia Rainha D. Maria I
Centro Condessa de Rilvas
Centro de Dia de Santo Eugénio
Centro de Apoio Familiar
Centro de Apoio Social de São Bento
Centro de Dia Alto do Lumiar
Centro de Dia Nossa Senhora da Pena
Centro de Dia Alto do Pina
Centro Social e Comunitário Bairro da Flamenga
Centro Social e Polivalente São Cristóvão e São Lourenço
Residência Assistida Bairro Padre Cruz
Mitra
Centro Comunitário de Telheiras
Obra Social do Pousal
Centro de Acolhimento Infantil Bairro da Boavista
Centro de Capacitação D. Carlos I

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas