Tudo começou com 100 cartas ao Pai Natal do Benfica, escritas por crianças das Casas de Acolhimento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A Fundação Benfica distribuiu as cartas pelos atletas das modalidades de futsal, andebol, hóquei em patins e pela equipa de futebol feminino e, na semana do Natal, as prendas chegaram a nove Casas de Acolhimento pelas mãos de algumas das estrelas do Benfica.
Para os mais pequenos a surpresa foi ainda maior, uma vez que foi retomada uma tradição interrompida pela Pandemia e foram os próprios atletas a levar em mão os presentes para oferecer às crianças. Cada casa recebeu ainda uma camisola personalizada da Fundação, com o seu nome inscrito.
António Santinha, diretor da Unidade de Autonomização da Direção de Infância, Juventude e Família da Santa Casa, sublinha que “o impacto da presença dos atletas do Benfica nas casas tem sido muito apreciado pois muitos são adeptos do Clube e podem ver os seus ídolos das modalidades”.
O responsável enaltece o cuidado que, quer atletas, quer colaboradores da Fundação Benfica e da BTV colocaram nesta iniciativa: “por outro lado, para nós tem sido muito interessante a preocupação dos atletas e colaboradores na escolha exata do presente que a criança havia pedido, faz com que a atividade pareça mágica”, refere.
Pelo sexto ano consecutivo, o PLACARD voltou a dar nome à mais importante e tradicional competição de futebol português, a Taça de Portugal.
Num ano atípico, os Jogos Santa Casa criaram iniciativas especiais para o dia da Prova Rainha. Um miniestádio na Cidade do Futebol, em Lisboa, onde jovens com mais de 18 anos da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa e da Associação de Futebol de Braga (AF) assistiram ao jogo como se estivessem a assistir presencialmente à final. Por outro lado, quatro jovens, também da Santa Casa, tiveram a inesquecível oportunidade de serem os apanha-bolas da partida, que decorreu em Coimbra.
Miniestádio na Cidade do Futebol
Em ano de pandemia, sem público e a habitual festa à volta dos estádios, os Jogos Santa Casa e a Federação Portuguesa de Futebol recriaram um pequeno estádio e o seu ambiente. Este domingo, a Cidade do Futebol recebeu 13 jovens que residem em instituições da Santa Casa e sete da Associação de Futebol de Braga – as cidades dos clubes finalistas da taça – para usufruírem de uma tarde diferente.
Após um período de testagem a todos os elementos, os jovens realizaram algumas atividades relacionadas com futebol e com a prática desportiva no relvado. Conviveram, tiraram fotografias, puxaram pelo seu clube, fizeram apostas, recordaram outras taças e outros campeonatos. Não houve lugar para a tradicional roulote com bifanas, mas seguiu-se um jantar no restaurante da Cidade do Futebol, local onde puderam assistir à partida entre SC Braga x SL Benfica.
Neste grupo alargado, uns eram adeptos do Sport Lisboa e Benfica, outros do Sporting Clube Portugal e do SC Braga. Também havia simpatizantes do FC Porto, do Estrela da Amadora e até do Flamengo. Mas todos eram adeptos do “fair-play”, ou seja, do desportivismo.
Os testemunhos
Douglas Silva, 19 anos, mudou-se para Portugal há cinco anos. Vivia no estado da Bahia, no Brasil. Vive nos apartamentos de autonomia da Santa Casa há quatro e frequenta o 12º ano. Durante as atividades, falhou todos os remates à baliza, mas desculpa-se com os ténis estragados. Indiferente ao resultado, visto ser do Flamengo, o jovem diz que “este é um dia diferente e uma boa ideia”.
Vanessa Sanches, 19 anos, é uma adepta fervorosa do SL Benfica, tem fé num bom desfecho para o clube da Luz. Na Santa Casa desde os 18 anos, a jovem deseja ir para a faculdade. Destacando a relação de confiança entre os técnicos da Santa Casa e os jovens, Vanessa lembra que depois um confinamento prolongado, este dia é um “incentivo e uma motivação” para continuar a vencer obstáculos.
Aliu Candé, 19 anos, chegou a Santa Casa há três meses e a Portugal há dois anos. No quarto alugado, passa a ferro, lava, cozinha e tece esperanças com a ajuda da Misericórdia de Lisboa. O jovem pode ter dificuldade em expressar-se em português, mas percebe-se o quanto está feliz por esta experiência. Horas antes do jogo, Aliu acreditava que o SL Benfica iria ganhar por 2 – 0.
Nuno Barbosa, 42 anos, técnico superior da Equipa de Integração Comunitária, destaca que esta iniciativa torna-se ainda importante pelo contexto da pandemia. “O confinamento não foi fácil para estes miúdos, especialmente os da Equipa de Integração Comunitária, que vivem em quartos alugados”, recorda, sublinhando que “todas as iniciativas que os ajudem a sair de casa, conhecer e ter experiências diferentes, e sentirem-se especiais é algo que eles nunca mais vão esquecer”.
Ser apanha-bolas, no final da Taça, pode ser um sonho?
Cerca de uma hora e meia antes da bola começar a rolar no Estádio Cidade de Coimbra, falámos com os quatro jovens da Misericórdia de Lisboa que foram utilizados como apanha-bolas no jogo da final da Taça de Portugal PLACARD. Na conversa, já se sentia um nervoso miudinho no ar e muita emoção. Mas, mais do que conversar, estes jovens estavam sedentos por entrar em campo e mostrar estar à altura do desafio.
“As pernas e a voz não tremem, mas o coração está acelerado”, admite Wilson Lopes, 20 anos, há 15 anos na Santa Casa. Sentindo, em cima dos ombros, a responsabilidade de participar numa final, o jovem assume que “hoje é um dia de festa, com muita emoção e orgulho”.
Já Braima Seidi, 19 anos, não cabia em si de tão contente. Quase a entrar em campo, ainda não acreditava ser possível estar a realizar um sonho. “Estou feliz e orgulhoso por participar. É uma oportunidade que vai aumentar a minha motivação”, afirmou.
“Não estou nervoso, nem ansioso”, confessa Fernando Félix, adepto do SL Benfica, sublinhando que quer apenas fazer o seu trabalho “bem feito” e que vai lembrar-se desta experiência por “muito tempo”.
Jules Antiogbe, adepto do Estrela da Amadora, também não imaginou ser possível entrar dentro das quatros linhas do Estádio Cidade de Coimbra. Sem palavras para descrever a sua alegria e alguma ansiedade, o jovem tenta explicar que tudo aconteceu rápido demais, mas há duas palavras que resumem o seu estado: “estou feliz!”.
Prémios Jogos Santa Casa
O brasileiro Wenderson Galeno, do SC Braga, arrecadou este domingo o prémio “Homem do Jogo” da Taça de Portugal Placard, atribuído pelos Jogos Santa Casa, após votação eletrónica feita pelos profissionais da comunicação social presentes na tribuna de imprensa do Estádio Cidade de Coimbra.
Os Jogos Santa Casa também distinguiram também Ricardo Horta, autor do segundo golo dos minhotos, pelo ‘Fair-Play’ demonstrado na partida. Esta distinção foi decidida por um comité de especialistas que acompanhou in loco a final da prova rainha.
Desde a época 2011/2012 que os Jogos Santa Casa apoiam a Taça de Portugal. Na época 2015/2016, o Placard passou a ser naming sponsor da prova rainha do futebol português.
“Fazem ideia da surpresa que temos para vocês?”, atira o diretor da Casa do Restelo, João Freire, em jeito de desafio às crianças que vivem nesta unidade de acolhimento, a mais recente da Santa Casa. “Tem sido muito difícil manter o segredo. Eles perceberam que alguma coisa vai acontecer”, confessa.
Ainda que com muita dificuldade, a surpresa manteve-se em total secretismo até ao final da tarde, altura em que algo muito especial aconteceu. Sentadas no chão, cerca de dez crianças olham ansiosamente para a imagem projetada na parede, onde esperam pelo desvendar do mistério.
Eis que na tela surgem Everton e Samaris – em representação de toda a equipa de futebol profissional do Sport Lisboa e Benfica-, dois jogadores que, este ano, proporcionaram um Natal especial a estes jovens.
A inquietude que sentiam antes da conversa com os jogadores rapidamente dá lugar a momentos de euforia. Entre abraços e pulos de alegria, as perguntas e as confissões sucediam-se: “Não acredito no que estou a ver; Everton, sou teu fã; hoje é um dia inesquecível; Samaris, dás-me a tua camisola?”.
Everton e Samaris têm presentes para entregar. A julgar pela felicidade das crianças na hora de abrir as prendas, os “pais natais de serviço” parecem ter correspondido aos desejos destes miúdos. Mas o melhor presente acabaria por chegar minutos antes do adeus aos jogadores: uma camisola do Benfica assinada pelo plantel, onde nas costas se lê “Casa do Restelo”.
“Foi uma bonita surpresa, que os marcará para sempre. Receber as prendas “das mãos dos seus heróis” ganha toda uma nova dimensão e prova que é a dimensão humana que verdadeiramente nos traz alegria”, realça João Freire.