Depois do plano de desconfinamento anunciado pelo Governo, a 11 de março, que determinou a reabertura das creches, do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa procedeu à realização de testes Covid-19 aos 644 colaboradores dos equipamentos de 1ª e 2ª Infância (creches, jardins de infância, creche familiar e babysitting), que reabrem esta segunda-feira. Este plano, montado e colocado em prática entre os dias 12 e 13 de março, garante a abertura dos equipamentos de infância e o regresso em segurança às creches das cerca de 1140 crianças que frequentam estes equipamentos.
Para a responsável da Direção do Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade da Misericórdia de Lisboa, Etelvina Ferreira, “os testes efetuados aos colaboradores transmitem uma maior tranquilidade às famílias e às equipas. É pretendido que todos se sintam bem, seguros e tranquilos neste novo reinício”, explica.
Carla Rezende foi uma das colaboradoras testadas durante este período. Para a educadora do Centro de Acolhimento Infantil (CAI) de Campolide este regresso significa uma oportunidade para dar continuidade a tudo aquilo que ficou suspenso devido ao confinamento provocado pela pandemia de Covid-19.
“Sinto confiança. Com todos os cuidados necessários, podemos continuar a receber as crianças e as suas famílias com a mesma empatia, carinho e alegria de quem, de braços abertos, está pronta para esta etapa. Um caminho que me faz pensar nos dias que aí vêm: cheios de sol e recheados de momentos vividos ao ar livre, momentos de vivências e descobertas felizes”, refere.
O CAI Bairro Padre Cruz é outro equipamento da instituição, que reabre as portas esta segunda-feira. À medida que os dias vão passando, cresce um sentimento de ansiedade na educadora Patrícia Oliveira. Mais do que a vontade de regressar, é a necessidade de retomar o que ficou pendente que lhe provoca este anseio. “É essencial, ainda que dentro dos limites do bom senso, devolver o barulho saudável das brincadeiras com as crianças, sem nunca esquecer o afeto”.
Durante o período de confinamento, o carinho das educadoras nunca faltou. Ainda que à distância, Carla e Patrícia mantiveram sempre contacto com as crianças e respetivas famílias. Por telemóvel ou por email foram falando com os encarregados de educação e escutando as suas preocupações, angustias e conquistas. Por email eram enviadas sugestões de atividades para que pais e filhos pudessem vivenciar momentos lúdicos e pedagógicos.
“As diversas atividades foram planeadas sempre com o máximo de cuidado para que fossem viáveis de serem realizadas em casa. Durante este período, reforçámos a importância da partilha de evidências, com o propósito de enriquecerem os portefólios dos seus filhos, e foram muitos aqueles que fizeram”, explica Patrícia Oliveira.
As sucessivas reuniões com as famílias permitiram a Patrícia Oliveira perceber o quão importante tem sido o papel das educadoras no desenvolvimento das crianças. “Realizámos, uma vez por semana, uma reunião de grupo. Essas reuniões foram muito gratificantes e mostraram como realmente a nossa presença é muito importante na vida destes meninos”, lembra. Hoje, no dia em que os equipamentos de 1ª e 2ª Infância da Santa Casa reabrem portas, Patrícia está de braços abertos para receber as crianças que pertencem a esta casa, com o sentimento de que está “mais próxima das famílias” e de que a sua “missão está no rumo certo”.