Durante dois dias (30 e 31 de janeiro), 102 judocas representaram 27 países. Miguel Vieira destacou-se logo no primeiro dia da competição ao vencer três dos quatro combates em que participou na categoria -60Kg J1, destinada a atletas cegos. A performance valeu-lhe o segundo lugar, que não podia vir em melhor altura tendo em conta a sua importância para a qualificação dos próximos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
O atleta, que foi o primeiro português a representar Portugal numa competição paralímpica de judo, tem já no seu curriculum as medalhas de ouro de judo paralímpico no Campeonato da Europa, no Campeonato do Mundo e nos Jogos de Inverno.
Tinha 20 anos quando perdeu a visão da noite para o dia. A mudança radical e inesperada da sua condição, que o obrigou a tentar vários tratamentos e adaptar-se a uma nova realidade, não o fez abandonar o judo, o seu desporto de sempre.
Agora, com 37 anos, veste, literalmente, duas camisolas da Santa Casa: uma, em todas as competições nacionais ou internacionais, pois leva sempre consigo o logotipo dos Jogos Santa Casa, patrocinadores oficiais da Federação Portuguesa de Judo desde 2015; e outra, todos os dias úteis, quando enverga a de telefonista da instituição.
Numa dose gigantesca de empenho, esforço e disciplina, em que concilia três filhos, judo (treinos e competições), trabalho na Santa Casa e os estudos para terminar a licenciatura em Relações Públicas e Comunicação Empresarial, Miguel Vieira assume: “é preciso muita disciplina e saber gerir o tempo”. E é nesta sua atividade intensa que Miguel vai continuar a apostar para – próximo passo – alcançar Paris no próximo ano. “Quero colocar-me no patamar mais alto que exista. De outra forma, não faria sentido este caminho que estou a percorrer”.
Créditos da Fotografia: IJF