O “RADAR” é um projeto pioneiro em Lisboa que tem como objetivo sinalizar a população mais velha, com mais de 65 anos, em situação de isolamento, na cidade. A fase piloto arrancou em três freguesias: Ajuda, Areeiro e Olivais, tendo sido sinalizadas 4547 pessoas com mais de 65 anos.
Recorde-se que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, apresentou, em dezembro de 2018, o projeto Radar. O protocolo juntou a Misericórdia de Lisboa, a Câmara Municipal de Lisboa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a Polícia de Segurança Pública, as Comissões Sociais de Freguesias e as Juntas de Freguesia e está integrado no programa “Lisboa, cidade de todas as idades“.
Edmundo Martinho considerou que este é “um momento de enorme significado para a Santa Casa. Prestámos contas do projeto Radar e continuamos com a convicção que este é o caminho”. E continuou: “O programa ‘Lisboa, Cidade de Todas as Idades’ é, provavelmente, o programa mais ambicioso e que pode ter o efeito e o carácter mais transformador naquilo que são as condições de vida das pessoas e, em particular, na vida das pessoas mais velhas, e é com essa convicção e espirito que nos dedicamos a este trabalho”.
O provedor da Misericórdia de Lisboa lembrou que “o projeto Radar começou em três freguesias da cidade, vamos alargar a dez novas freguesias. Hoje, conhecemos melhor a realidade destas freguesias, conhecemos melhor as expetativas, o potencial e as fragilidades destas pessoas”.
Por outro lado, Fernando Medina começou por elogiar o trabalho realizado, dando conta da “importância e da transformação” que o projeto Radar está a trazer para as políticas públicas nesta área. O presidente da Câmara de Lisboa frisou que este trabalho vai “permitir transformar verdadeiramente” a vida das pessoas, nos cerca de 30 mil idosos que se estima que estejam em situação de isolamento, e que necessitem de um reforço da resposta.
“Esta iniciativa insere-se no programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades”, um programa profundamente humanista, centrado nas necessidades das pessoas, e procura para cada uma delas a melhor resposta, seja uma resposta de atividade, autonomia ou, se for o caso, de apoio”, concluiu.
A primeira fase
A fase piloto, que incidiu sobre as freguesias da Ajuda, do Areeiro e dos Olivais, num total de 4547 entrevistados, decorreu durante o primeiro semestre de 2019. A partir dos resultados obtidos destaca-se:
– Atribuição à maioria dos entrevistados (93%) os nível de intervenção planeado, o menos urgente na classificação atribuída.
– Nas três freguesias onde incidiu a fase piloto não se conferiu nenhuma intervenção de nível crítico, que pressupõe uma atuação no espaço de 4 horas.
– 86% dos entrevistados afirmou ter médico de família, 14% não têm ou não sabem.
– As maiores dificuldades manifestadas foram a necessidade de cuidados de saúde (543 casos) e de higiene habitacional (526 casos), representando cerca de 23%.
– Não obstante serem alvo de preocupação, as questões de carência alimentar e de maus tratos são felizmente muito reduzidas.
– A maior predominância na faixa etária entre os 75 e os 84 anos, que corresponde a 45.06% do total da amostra.
– A faixa etária superior aos 95 e mais anos representa apenas 1,33% do universo de entrevistados.
A segunda fase
Iniciará a 1 de julho de 2019, com o levantamento, diagnóstico e o acompanhamento nas seguintes freguesias da Cidade de Lisboa: Alcântara; Alvalade; Arroios; Beato; Estrela; Marvila; Parque das Nações; São Domingos de Benfica; Santa Clara; e São Vicente.
Como funciona o Radar
Sinalização: Efetuada pelas equipas de rua, como por um conjunto de voluntários, devidamente formados pelo Serviço de Voluntariado da SCML e da CML.
Avaliação e Encaminhamento: Após a identificação pelas equipas e inserção dos dados na “Plataforma Digital Projeto RADAR” é feito o encaminhamento para avaliação. Posteriormente é realizado uma visita ao domicílio do participante, no sentido de avaliar o eventual encaminhamento para os parceiros do RADAR.
Acompanhamento: É feito pelas Equipas de Apoio a Idosos (EAI’s), das Unidades de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (UDIP’s) e de outras entidades parceiras do RADAR.
Monitorização: O processo de sinalização e de acompanhamento será da responsabilidade da Unidade de Missão da Santa Casa, que assumirá o acompanhamento das EAI’s, das UDIP’s e dos parceiros.