logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

PARApeito: um festival para ser visto à janela

Na segunda edição, a decorrer até ao final de junho, o festival chega aos centros de dia da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a escolas primárias, a uma casa de acolhimento e ao Hospital Júlio de Matos, voltando ao Santa Maria, ao Pulido Valente e à Casa Acreditar. Esta quarta-feira, 16 de junho, pelas 14h30, foi a vez dos utentes do Centro Social da Sé serem brindados com um festival para o peito, em plena rua Nova da Trindade.

Natalina Silva, 91 anos, utente do Centro Social da Sé, já estava à janela do número 15 da rua Nova da Trindade, perto do Chiado, dez minutos antes de começar o espetáculo. Estava ansiosa por ver algo diferente. Depois de tanto tempo em isolamento, os utentes dos centros de dia estão sedentos por atividades culturais e contacto com outras pessoas. Vibrou e sorriu com cada movimento da dupla do Circo Caótico. Encantou-se com a performance do casal que fez o espetáculo na rua. Uma vez que tem estado sem contacto com os restantes utentes do centro, por causa da pandemia, esta apresentação dá-lhe alegria e esperança.

“Foi poucochinho! Gostei muito, mas queria mais. Esta atuação fez-me lembrar a minha mocidade. Eu fazia aquilo que a rapariga fez”, recorda. “Eu gosto é de alegria, precisamos todos de alegria depois de tanto tempo isolados e de mais iniciativas desta natureza”, finalizou.

Por outro lado, Maria Luísa Mendonça, 74 anos, e há dez anos no Centro Social da Sé, também lamenta os tempos difíceis da pandemia e do isolamento que a obrigou a afastar-se dos seus amigos do centro. Por esta razão, Maria Mendonça considera que “estes espetáculos são importantes, fazem-nos bem, são terapia para o corpo e para a mente”, disse, acrescentando que é “necessário mais iniciativas deste género”.

Rapariga a fazer acrobacias

Um festival que quebra o isolamento e recupera a confiança

Fernando Pinto, diretor da Unidade de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (UDIP) Colinas, da Misericórdia de Lisboa, sublinha que “o festival PARApeito visa quebrar o isolamento e é um importante contributo para que reaprendamos a confiança na copresença, depois de tantos meses condicionados”, explicando “que as atividades resumem-se a pequenos solos artísticos (música, circo, teatro, histórias, malabarismo, dança), concebidos também para o espaço exterior (ruas, largos, pracetas) e para serem vistos da janela”.

“Sabe-se hoje que as medidas adotadas para controlar a pandemia contribuíram para que o número de pessoas com sintomas moderados e graves de ansiedade, depressão e stress pós-traumático aumentassem”, lembra o responsável da UDIP Colinas. “Temos de estar atentos ao estado emocional e psicológico dos utentes, em especial daqueles que já antes da pandemia se encontravam numa situação de maior vulnerabilidade psicossocial, como é o caso de muitas pessoas idosas que tinham como espaço de sociabilidade os centros de dia. O desafio é agora ajudar estas pessoas a retomar uma ‘normalidade’, criando condições para que percam o medo e ganhem novamente confiança. A arte pode dar aqui um contributo importante”, nota.

Fernando Pinto recorda que já decorreram dois pequenos solos artísticos no Centro Polivalente Social São Cristóvão e São Lourenço, o “Monstro Coletivo” e o “Coração nas Mãos”, destacando uma reação “muito positiva” dos utentes.

Para Susana Alves, diretora da associação Lugar Específico, o nome do festival tem duas interpretações: “a ideia de se levar Cultura a um lugar onde as pessoas estão protegidas atrás do seu parapeito”, mas também “levar algo para o peito” de quem assiste aos espetáculos.

“O Festival PARApeito é isso, a possibilidade de fazer um festival, cumprindo as regras e indo ao encontro das pessoas que estiveram mais fragilizadas e mais isoladas durante esta temporada. E, por outro lado, criar condições para os artistas poderem trabalhar”.

Idosos à janela

O Festival

O “Festival PARApeito” é uma iniciativa da Lugar Específico, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Tem como objetivo combater o isolamento dos afetados pela pandemia e, em simultâneo, apoiar os artistas em situação de vulnerabilidade. No âmbito desta iniciativa decorrem pequenos solos artísticos concebidos para trazer algum conforto aos espectadores.

Nesta segunda edição foram propostos cinco coletivos de artistas com diferentes linguagens artísticas, tendo sido escolhidos pela Unidade de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (UDIP) Colinas, como solos artísticos: o Monstro Coletivo, o Coração nas Mãos e o Circo Caótico. Os espetáculos aconteceram a 12 de maio e 9 de junho no Centro Social Polivalente de São Cristóvão e São Lourenço. Já no Centro Social da Sé decorreu esta quarta-feira o primeiro e o próximo está marcado para 25 de junho.

“A comunidade cigana precisa desta luz”. Um protocolo que permite “criar sonhos”

Permitir que a comunidade cigana do Bairro das Murtas, em Alvalade, crie expetativas e sonhos. É com esse intuito que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estabeleceu, esta quarta-feira, uma parceria com o Centro Social Paroquial do Campo Grande, a Junta de Freguesia de Alvalade, a GEBALIS e a Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas (AMUCIP). A proposta de parceria e intervenção que une estas cinco entidades prevê uma atuação orientada para a comunidade cigana do Bairro das Murtas, permitindo introduzir estratégias que melhorem o trabalho desenvolvido naquele bairro.

Após reunião entre as partes foi identificada a necessidade de inclusão de novos parceiros nas Murtas, que facilitem a criação de sinergias e dinâmicas. O trabalho junto da comunidade cigana do bairro ficará, em grande parte, a cargo da AMUCIP, que contará com o apoio de equipas da Santa Casa e da Junta de Freguesia de Alvalade.

“O nosso papel aqui é de liderança e de união. Temos de ter a liderança, mas garantir que as novas organizações têm capacidade para chegar ao território e que as pessoas estão de braços abertos para as receber. A AMUCIP ao vir para aqui possibilitará quebrar algumas barreiras existentes”, refere o administrador da Misericórdia de Lisboa, Sérgio Cintra.

A trabalhar nas Murtas há dezenas de anos, Misericórdia de Lisboa e autarquia de Alvalade sentem que é preciso “dar um salto” e ir mais além. É esse impulso que a AMUCIP pretende dar. Fundada em 2000 por um grupo de mulheres, a associação tem vindo a realizar, sobretudo no Seixal, um trabalho de formação e sensibilização para a desconstrução de estereótipos culturais relacionados com a comunidade cigana. Este contributo tem sido fundamental, por exemplo, ao nível da educação, com propostas socioeducativas orientadas para as mulheres ciganas, com impacto nas crianças.

“O objetivo é desenvolvermos um trabalho mais próximo da comunidade e que a própria comunidade possa ter um papel ativo e participativo no bairro. Queremos que estas pessoas possam ter uma visão mais alargada. A comunidade cigana precisa desta luz que proporcionamos, para que possam criar expetativas e sonhos. No fundo, iremos trabalhar a mentalidade das famílias e das crianças”, explica a presidente da AMUCIP, Sónia Matos.

Ao longo de 12 meses, através da realização de diversas atividades, a associação irá promover iniciativas naquele bairro, que estimulem uma maior coesão de grupo, com foco no ativismo e associativismo cigano. Este projeto foi estruturado com base em diagnósticos participados e realizados pelas entidades que intervêm no Bairro das Murtas, em conjunto com a população residente.

Espaço ComVida: uma resposta única e humanizada para pessoas com défice cognitivo

O Centro Social e Polivalente das Furnas, em São Domingos de Benfica, vai ganhar uma nova alma. Neste equipamento da Misericórdia de Lisboa vai nascer o Espaço ComVida, que promete ser uma mais-valia para idosos com demência. O projeto-piloto que resulta da sinergia entre a Santa Casa e a Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica afigura-se como uma oportunidade de reconfiguração e modernização nas respostas específicas na área do envelhecimento, nomeadamente nas pessoas com défice cognitivo moderado a grave.

As duas entidades pretendem dar uma resposta adequada e digna a pessoas com limitações cognitivas no território de São Domingos de Benfica, sendo que o projeto é extensível a cidadãos residentes noutras freguesias da capital. A proposta de projeto Espaço ComVida ficará na dependência da ação social da Misericórdia de Lisboa, com capacidade para 30 utentes. A requalificação do edifício arranca no imediato e está a cargo da autarquia local. O novo espaço será dotado de aspetos diferenciadores da grande maioria dos atuais centros de dia, ao nível arquitetónico e de design, permitindo assim otimizar a capacidade neurossensorial, mobilidade e segurança de pessoas com défice cognitivo.

A nova resposta da Santa Casa nasce da necessidade de repensar a cidade de Lisboa em diferentes eixos – que tem sido uma estratégia levada a cabo pelo programa Lisboa Cidade de Todas as Idades -, mas também para tentar colmatar uma lacuna no que concerne ao acompanhamento das pessoas mais velhas diagnosticadas com demência. O objetivo é que este espaço inovador, acolhedor e digno possa proporcionar uma atmosfera relaxante e reconfortante com inúmeros benefícios para o utente, onde o equilíbrio entre as relações interpessoais e a individualidade seja privilegiado.

A diretora do Espaço ComVida, Ana Nascimento, vê o dia de hoje como “um marco” na história do Centro Social e Polivalente das Furnas. A construção deste “espaço diferenciador para pessoas em estado de demência” tem o foco bem estipulado: “estimulação”. Para isso, o projeto contará com uma equipa interdisciplinar composta por psicólogo, animador, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta. “O objetivo é que os utentes não percam as capacidades cognitivas que ainda têm e que consigam manter uma certa qualidade de vida”, explica a diretora.

Para o administrador da Santa Casa, Sérgio Cintra, esta resposta piloto permitirá evidenciar se “o caminho que nós [Misericórdia de Lisboa] entendemos como adequado é possível de ser prosseguido ou se temos de corrigi-lo”. “Esta é a nossa oportunidade para dizer a todos os outros que não estão sós num problema que é novo. Se este projeto resultar como imaginamos, esta necessidade deverá depois ser reproduzida noutros equipamentos e instituições”, refere Sérgio Cintra, reforçando que “todos aqueles que trabalham no apoio domiciliário, nos centros de dia e nas estruturas residenciais para pessoas idosas são, muitas das vezes, os anjos da guarda dos utentes”.

Santa Casa e Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica não estão sozinhas neste percurso. São também parceiros desta iniciativa a Escola Superior de Saúde de Alcoitão (ESSA), que permitirá a integração e acolhimento de alunos estagiários da ESSA no Espaço ComVida; a Rede Emprega São Domingos, com uma parceria na área de formação para efeitos de realização de estágios profissionais na área de auxiliar de geriatria; a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (Instituto de Medicina Molecular – Grupo das Demências), que, paralelamente à avaliação individual a realizar com cada utente, avaliará o impacto na progressão das alterações do ponto de vista cognitivo, funcional e comportamental da pessoa com declínio cognitivo; o Jardim Zoológico, que será alvo de articulação para realização de atividades.

Plataforma Europeia de Combate à Situação de Sem-Abrigo vai ser lançada a 21 de junho

A Presidência Portuguesa do Conselho vai lançar, a 21 de junho, a “Plataforma Europeia de Combate à Situação de Sem-Abrigo”, ferramenta que pretende fazer um retrato da população sem-abrigo, até ao momento inexistente, nos 27 Estados-membros da União Europeia (UE). A plataforma será apresentada na conferência “Combater a Situação de Sem-Abrigo – Uma prioridade da Europa Social”, que será realizada a 21 de junho, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O público poderá assistir ao evento através de videoconferência, sendo necessária inscrição prévia.

A plataforma que deverá permitir a partilha de informações entre os países, de modo a encontrar respostas às “várias dimensões” das pessoas em situação de sem-abrigo, já havia sido anunciada em fevereiro deste ano pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho. A representante do Governo revelava, na altura, que o objetivo deste projeto passa por “permitir mobilizar recursos e encontrar soluções para as pessoas que estão em situação mais vulnerável”.

Prevê-se que a nova ferramenta, lançada em Portugal no decorrer da Presidência Europeia do Conselho da União Europeia, seja uma mais-valia para o trabalho realizado pela Misericórdia de Lisboa junto da população sem-abrigo. O Núcleo de Planeamento e Intervenção com Sem-Abrigo (NPISA), que existe em Lisboa, desde 2015 e que conta com a coordenação da Rede Social de Lisboa – constituída pela Câmara Municipal de Lisboa, Santa Casa e Instituto da Segurança Social – é gerido pela Misericórdia de Lisboa, permitindo à instituição efetuar uma intervenção integrada que assegura o acompanhamento da população sem abrigo da capital.

Em novembro de 2020, o Parlamento Europeu apelou aos Estados-membros para que, até 2030, tirem todos os sem-abrigo das ruas. A iniciativa da presidência portuguesa insere-se no combate à pobreza e à exclusão social, um dos principais eixos do Plano de Ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais no qual se insere o lançamento da Plataforma Europeia de Combate à Situação de Sem-Abrigo.

 

Utentes da Obra Social do Pousal fazem doação ao Hospital de Santa Cruz

“Faztoxe” é o nome do projeto integrado nas atividades ocupacionais da Obra Social do Pousal (OSP), da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, assente na construção de teatros e fantoches por sete utentes do equipamento. Os trabalhos foram idealizados com recurso a alguns materiais reutilizáveis, como madeira ou roupa.

Por se considerar fundamental que os projetos desenvolvidos tenham seguimento, para que seja desenvolvido o sentimento de utilidade nestes utentes, a Obra Social do Pousal iniciou recentemente a doação das obras criadas aos serviços de pediatria hospitalares. Depois da entrega ao Hospital de Santa Cruz, será a vez do Instituto Português de Cardiologia acolher os próximos fantoches construídos pelos utentes do Pousal.

A escolha dos destinatários destas doações não poderia ser mais simples de justificar: o processo de hospitalização das crianças é inevitavelmente doloroso, situação que se agravou nos tempos em que vivemos, com a pandemia de COVID-19 a impor várias restrições no que aos afetos se refere, assim como muitas regras e cuidados quanto à presença de familiares nos hospitais.

Conheça melhor a Obra Social do Pousal

O Pousal é uma Estrutura Residencial para Pessoas com Perturbações do Neurodesenvolvimento.

Com a pandemia ainda presente nas vidas de todos, e após um longo período de confinamento, o equipamento inicia agora a fase de reavaliação e reestruturação, com o desenvolvimento de mais competências na equipa multidisciplinar.

Com um modelo de intervenção centrado na pessoa e nas atividades ocupacionais (oficinas em várias áreas, como tapeçaria e cerâmica, desenho, teatro, madeiras, decoração, jardinagem, entre outras), neste espaço a pessoa / utente deve sentir-se útil, com o seu trabalho a ter impacto na sua autoestima e autoconfiança, além de promover outras competências sociais e comportamentais.

Santa Casa Portugal ao Vivo. “Um dia inesquecível” para os jovens da Misericórdia de Lisboa

Ao mesmo tempo que Os Azeitonas subiam ao palco do Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto, os D.A.M.A começavam o concerto no Campo Pequeno, em Lisboa, com o tema “Sozinhos à Chuva”. Os dois concertos que decorreram este sábado, dia 29 de maio, estão inseridos no programa da 2ª edição do Santa Casa Portugal Ao Vivo, que tem em agenda a realização de dez espetáculos em Lisboa e dez no Porto, num evento que conta com um cartaz 100% português.

Os D.A.M.A cantavam e Susana e Érica acompanhavam a banda portuguesa em cada tema. As duas jovens da Casa de Acolhimento Santa Joana Princesa já tinham estado nesta sala de espetáculos no passado dia 22 de maio, a assistir ao concerto de Diogo Piçarra, que marcou o regresso do artista aos palcos nacionais.

Tudo isto é possível graças ao apoio da Misericórdia de Lisboa à cultura nacional. Um auxílio que permite ainda que utentes da Misericórdia de Lisboa tenham acesso a momentos únicos como aqueles que viveram no passado dia 29 de maio. Cerca de 50 jovens de vários equipamentos da Misericórdia de Lisboa puderam assistir ao concerto dos D.A.M.A, que contou ainda com Bárbara Bandeira e Carolina Deslandes como artistas convidadas. Um momento que, para muitos deles, será inesquecível.

Para a educadora do Centro de Capacitação D. Carlos I, Vânia Cabral, esta experiência é fundamental, depois de “muito tempo confinados”. “É uma oportunidade de eles saírem, divertirem-se, fazerem atividades que em tempo de pandemia não foram possíveis. Acho muito importante para eles, até porque muitos nunca foram a um concerto de música”, explica.

É o caso do Henrique. O regresso dos concertos ao Campo Pequeno marca a estreia deste jovem de 18 anos em espetáculos ao vivo. “Nunca fui a nenhum concerto na minha vida e já há muito tempo que queria ter essa experiência. Estou muito contente. É, certamente, um dia inesquecível”, revela o jovem. E deixa um aviso:  “Sempre que for possível, quero repetir a  experiência”.

Henrique e André não perderam pitada do espetáculo. Todos os momentos ficaram registados em vídeo e fotografia. “Para André foi um concerto emocionante”, mas melhor foi o momento em que, no exterior do Campo Pequeno, conseguiu tirar uma fotografia com Kasha, um dos membros dos D.A.M.A, uma imagem que jamais se apagará da memória.

 

Quais são as respostas sociais para a crise?

Organizada pela Renascença em parceria com a Câmara Municipal de Gaia, a conferência online realizou-se na manhã desta quinta-feira, 27 de maio, e debateu o papel das instituições sociais e do poder local nas respostas mais urgentes aos grandes desafios sociais que a Covid-19 trouxe. Realizada a partir do Auditório da Bienal Internacional de Arte de Gaia, a conferência foi transmitida no site, Youtube e Facebook da rádio, bem como no site da autarquia.

Em tempo de pandemia, a Europa enfrenta novos desafios sociais. Questões com impacto direto na vida quotidiana de todos: no emprego, nas condições de trabalho justas, na igualdade de oportunidades, nos cuidados de saúde ou na proteção social. Torna-se urgente debater as respostas possíveis a estes desafios em Portugal, e é neste contexto que surge este debate.

Um quinto dos portugueses está em situação de pobreza, e desses, mais de metade tem emprego. Para muitos a pobreza é uma herança familiar, e mais de 20% da população pobre é constituída por crianças e jovens.

Na qualidade de coordenador da Comissão da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, começou por dizer que o tema da pobreza e o seu cruzamento com as questões da pandemia não pode fazer perder de vista os principais eixos do trabalho da Estratégia de Combate à Pobreza. “A pandemia acabou, inevitavelmente, por intervir nos trabalhos” desta comissão. Mas procurámos, sobretudo, pensar naquilo que estruturalmente podia ser o desenvolvimento de linhas de trabalho no combate à pobreza em Portugal”.

Ainda no que diz respeito ao combate à pandemia, o responsável destacou “a importância e a responsabilidade das respostas de caráter público, o Serviço Nacional de Saúde e a Segurança Social”, explicando que “o caminho é o reforço progressivo e mais intenso da capacidade das respostas públicas nestes domínios, numa lógica de sustentabilidade das soluções e na solidez das mesmas”.

conferência “Pandemia: Respostas à Crise"

Edmundo Martinho defendeu que “é preciso quebrar os ciclos de reprodução geracional da pobreza, propondo um objetivo: “nenhuma família com crianças abaixo do limiar da pobreza até 2030”. Para o responsável “uma criança que nasce pobre não tem que ter necessariamente o seu destino traçado no momento em que nasce, e vir a morrer pobre. E isso é algo que nós temos condições para poder transformar com a proposta da estratégia do combate contra a pobreza”.

O coordenador considerou ainda que este combate tem que ser uma responsabilidade partilhada pelo Estado, os organismos públicos e os cidadãos. Finalmente, Edmundo Martinho sublinhou que esta proposta pretende dar passos significativos de mudança, através da qualificação, da proteção e promoção de emprego, do suporte e apoio às crianças, observando as questões da longevidade e as alterações demográficas, e promovendo uma melhor articulação e conjugação de esforços entre organismos públicos”.

Desafios e reinvenção

Já antes, na sessão de abertura da conferência, Rita da Cunha Mendes, secretária de Estado da Ação Social, considerou que a pandemia “acrescentou desafios” no combate à pobreza. “Deparamo-nos com um conjunto de fragilidades: a perda significativa de rendimentos que contribuíram para o aumento da pobreza e das desigualdades socais, a redução e a paralisação da atividade económica e o desemprego”, recorda.

No entanto, frisou também que o Estado, as organizações e as comunidades organizaram-se e reinventaram-se. Neste contexto, a intervenção social ganhou uma importância vital, ao responder às necessidades dos mais frágeis e vulneráveis afetados pela pandemia. Alertando para os grandes desafios – as alterações demográficas, mudanças climáticas, a longevidade e o envelhecimento – Rita da cunha Mendes afirmou que “o objetivo é continuar a proteger as famílias, os trabalhadores e as empresas”.

Os painéis

A conferência contou com a participação de vários responsáveis de organizações sociais e presidentes de câmara, e foi dividida em dois painéis. O primeiro abordou o tema da “Pandemia: o papel das Instituições Sociais”, com a presença de Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, de Lino Maia, responsável pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa, e Francisco Assis, presidente do Conselho Económico e Social. Neste painel, discutiram-se questões relacionadas com a longevidade, apoios sociais e responsabilidade do Estado e das instituições.

Já o segundo painel foi dedicado ao tema “As respostas das autarquias à crise, e contou com as presenças de Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia, Hernâni Dias, presidente da Câmara de Bragança, e Bernardino Soares, presidente da Câmara de Loures.

 

No coração da cidade para alcançar todas as idades

No coração da cidade para alcançar todas as idades

Graças às equipas multidisciplinares e à articulação com parceiros locais, o Centro Intergeracional Ferreira Borges reúne um conjunto de respostas indo ao encontro das necessidades de cada pessoa e das novas gerações na sua particularidade.

RADAR: mais do que um projeto, é uma ferramenta coletiva essencial de trabalho

O projeto RADAR – inserido no programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades” – resulta de um esforço colaborativo entre várias instituições que operam em Lisboa: a Misericórdia de Lisboa, a Câmara Municipal de Lisboa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a Polícia de Segurança Pública, as Comissões Sociais de Freguesias, as juntas de freguesia, o Instituto de Segurança Social e a Gebalis.

Perante a constatação de que quase um terço da população da cidade tinha mais de 65 anos e que muitas destas pessoas estavam em isolamento social, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, decidiu avançar com o projeto RADAR, em janeiro de 2019. O objetivo? Combater a solidão e dar voz a esta faixa populacional.

Depois de uma fase piloto, de seis meses, que decorreu em três freguesias onde foram detetadas situações de dificuldades económicas, de carências de cuidados de saúde e de higiene nas casas, o RADAR foi alargado a outras zonas da cidade de Lisboa.

Na sua primeira fase, o projeto centrou-se na identificação da população da cidade de Lisboa com mais de 65 anos, atendendo às suas expetativas, privações e potencialidades, com o intuito de detetar, antecipadamente, situações de risco e agilizar uma intervenção ajustada e sustentada a cada situação.

Em junho de 2019, foi assinada a Carta de Compromisso com mais 10 juntas de freguesia. Esta segunda etapa do projeto permitiu identificar mais 11 mil idosos que viviam sozinhos ou com alguém da mesma idade. Ainda nesse ano, em outubro, o RADAR entrou na sua terceira fase, chegando a mais 14.274 pessoas, de mais 12 freguesias.

Em fevereiro de 2020, o RADAR apresentou os resultados do seu primeiro ano de atuação no terreno. No total, foram identificados mais de 30 mil idosos (30145) que vivem sozinhos ou acompanhados por alguém da mesma faixa etária, sendo que só três pessoas se encontravam no nível 1 de carência e cerca de 92% no nível 5, o menos crítico. Na ocasião, o provedor da Santa Casa, Edmundo Martinho, salientou que “o Radar foi um passo” importante, mas que “é preciso traduzir este trabalho em respostas para esta população”, lembrando que “o nosso centro tem de ser cada uma destas pessoas e cada uma destas vidas”.

Novos tempos, o mesmo objetivo

O ano de 2020 ficou marcado por profundas mudanças, devido à crise pandémica provocada pelo novo coronavírus. Para a população mais envelhecida, as restrições resultantes da pandemia de Covid-19 agravaram o isolamento social, então, já existente.

Atento a esta nova realidade, o RADAR reajustou os moldes da sua intervenção, passando esta a centrar-se mais em contactos telefónicos diários com os idosos identificados na plataforma. Durante o estado de emergência, então decretado pelo Governo, foram realizados milhares de telefonemas pelas equipas do RADAR.

Na opinião de Mário Rui André, coordenador da Unidade de Missão Lisboa Cidade de Todas as Idades, “o RADAR contribuiu decisivamente para chegar de forma célere, eficaz e eficiente, às pessoas 65+ integradas no projeto”. A plataforma digital que foi criada para agregar todos os dados recolhidos, durante a operacionalização do RADAR, foi “essencial para ser feito todo este acompanhamento”.

“Com a pandemia ficou evidente que o projeto RADAR é importante, não apenas em situação de normalidade social, mas também e, fundamentalmente, em situações de disrupção social provocadas por crises e catástrofes, neste caso a pandemia”, frisa o responsável.

Com o alívio das medidas de restrição, no verão, o RADAR voltou às ruas de Lisboa com a iniciativa “Atualizar para melhor servir”, para revisitar a população da cidade de Lisboa com mais de 65 anos e atualizar a plataforma com dados mais atuais e precisos. Este regresso ao terreno permitiu também voltar ao contacto com os radares comunitários, procurando reforçar o seu envolvimento na identificação de pessoas idosas em situação de vulnerabilidade e ativar recursos locais através dos parceiros envolvidos no projeto.

Nesta fase, o objetivo principal dos entrevistadores do RADAR foi falar com as pessoas que, por algum motivo, não conseguiram contactar durante o primeiro confinamento.

Ainda em 2020, a Gebalis, empresa municipal a quem compete a gestão dos bairros camarários, junta-se à equipa de parceiros do projeto. Com este reforço, o RADAR ganhou mais um aliado relevante na identificação da população mais envelhecida da cidade.

Para o futuro, Mário Rui André alerta para o facto de ser “fundamental que se continue a alimentar a plataforma, procurando aprofundar o conhecimento da realidade do envelhecimento na Cidade de Lisboa”, concluindo que “o próximo passo do projeto RADAR pode resumir-se na estratégia dos 3 A’s: Apropriar, Atualizar e Alimentar”.

 

“Pandemia recuperou sentimento de entreajuda”

“Pandemia recuperou sentimento de entreajuda”

Alívio das medidas de restrição permite regresso do Projeto RADAR, que tem como objetivo central “apoiar quem precisa”, nomeadamente a população com 65 anos ou mais. Sérgio Cintra, administrador da Santa Casa de Lisboa, garante que a Covid-19 não contagiou a essência do projeto.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Locais únicos e diferenciados de épocas e tipologias muito variadas

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Locais únicos e diferenciados de épocas e tipologias muito variadas

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas