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Património Santa Casa: uma porta aberta à cidade

Quantos são? Onde ficam? Para que servem? Ou como é que a instituição conseguiu ter um vasto acervo imobiliário? Estas são algumas das questões que povoam a mente dos lisboetas, quando andam pela cidade diariamente e reparam que, em todas as freguesias, em todos os bairros e em diversas ruas, becos e vielas existe um equipamento ou um prédio que pertence à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Para responder a estas e outras questões é necessário recuar cerca de cinco séculos. Fundada em 1498 pela Rainha D. Leonor, a Misericórdia de Lisboa sempre mereceu o reconhecimento da cidade graças às suas obras de caridade. Desde a sua origem que a instituição trabalhou em prol dos mais desfavorecidos, sendo que, para que este propósito fosse concretizado, importava assegurar a subsistência da instituição.

Em 1768, novos subsídios foram concedidos para a criação dos expostos. Esta política protetora da Misericórdia de Lisboa culminaria na doação, à instituição, da Igreja e da Casa Professa de S. Roque (edifício que pertencia à Companhia de Jesus e que, ainda hoje, alberga a sede da Santa Casa).

Tal como em séculos passados, também nos dias de hoje a grande maioria do património da instituição advém da confiança de benfeitores e beneméritos que entregam à instituição os seus bens, na certeza de serem aplicados em favor de quem mais precisa, como explica a administradora da Santa Casa, com o pelouro do património, Ana Vitória Azevedo.

“A Santa Casa tem a oportunidade de se distinguir nesta área de reabilitação do património por ser proprietária de um património muito significativo, obtido na sua maioria através da confiança e da admiração dos seus beneméritos”. Este património entregue à instituição, e que se configura numa das maiores fontes de receitas, destina-se essencialmente a contribuir para a missão diária da Misericórdia de Lisboa de apoiar as “Boas Causas”.

“Existe sempre uma expectativa das pessoas que doam o património à Misericórdia de Lisboa, de que esse património irá ser utilizado para a missão diária da Santa Casa e que irá servir para ajudar nessa missão”. Ana Vitória Azevedo salienta, ainda, que “a instituição preza sempre a reabilitação do património doado, recorrendo à alienação do mesmo, apenas quando tal seja possível e se revele adequado para a angariação de mais receita destinada à promoção das “Boas Causas”.

Entre prédios urbanos e algumas propriedades rústicas, a Misericórdia de Lisboa detém um total de 659 imóveis. Muitos destes são hoje a residência de centenas de pessoas, seja através da permanência em Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI), seja através de um arrendamento convencional, seja por um necessário e imprescindível cuidado médico exercido numa Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI), ou pela permanência numa casa de autonomia destinada apoiar a transição de jovens, para uma autonomia plena na sua vida adulta, ou ainda através dos vários equipamentos da instituição destinados à primeira infância.

“A Misericórdia de Lisboa tem o dever de promover, reabilitar, conservar e rentabilizar o seu património, por forma a garantir projetos e obras inovadoras que respondam as necessidades daqueles que mais precisam” e a criação de novas respostas depende “das necessidades sentidas, num determinado tempo”, acrescenta, ainda, Ana Vitória Azevedo.

Ana Vítoria Azevedo

A Santa Casa possui um considerável património imobiliário em Lisboa, e ocupa o lugar de segundo maior senhorio da cidade, a seguir à Câmara Municipal de Lisboa. Algum deste património, já reabilitado nos últimos anos, tem vindo a ser premiado pela qualidade das intervenções, sobretudo pela adequação dos espaços reabilitados à missão da instituição.

Um desses exemplos é a Quinta Alegre, na Charneca do Lumiar, que arrecadou o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana – Restauro de 2018, concedido através da Direção Geral do Património Cultural, entidade tutelada pelo Ministério da Cultura.

Construído no século XVIII por iniciativa do 2.º Conde de Vilar Maior e 1.º Marquês de Alegrete, o até então degradado e inacessível Palácio do Marquês do Alegrete, na freguesia de Santa Clara, foi reabilitado tendo em conta um dos principais pilares defendidos pela instituição na intervenção e reabilitação do seu património: a intergeracionalidade.

A Santa Casa “tem vindo a desenvolver, nos últimos anos, um conjunto de projetos com conceitos alternativos de resposta para os mais velhos e para os mais novos”, frisando que a Quinta Alegre é um “exemplo perfeito desta política”, acrescentou a administradora com o pelouro do património.

Em julho passado foi a vez do Palácio de São Roque receber uma menção honrosa na categoria de melhor intervenção de Impacto Social, durante a 9ª edição do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana.

Respeitar o passado, ponderar o presente e transformar o futuro

Em junho de 2018, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa acompanha as tendências da cidade e cria o seu programa de arrendamento jovem.

A iniciativa que, numa primeira fase, colocou no mercado 24 frações habitacionais localizadas no centro de Lisboa, com um valor de renda 25% inferior ao valor de mercado, veio contribuir para contrariar a tendência de envelhecimento da população nos centros urbanos e possibilitar que jovens que trabalhem ou estudem no município de Lisboa possam também nele residir.

Este ano já entraram no programa mais 8 frações, na Travessa do Rosário, e irão entrar mais 15 apartamentos, localizados na Rua dos Douradores, após licença de utilização. Com este reforço a instituição garante não só a devolução de mais parque habitacional à cidade, como também permite melhores condições habitacionais e financeiras aos jovens que nela pretendem viver.

Rua dos douradores

Outro dos projetos, ainda em curso, mas que irá reabilitar um dos equipamentos emblemáticos da instituição na zona oriental de Lisboa é o novo espaço da Mitra, situado na freguesia de Marvila, junto ao rio Tejo.

O Lisboa Social Mitra vai agregar no mesmo local várias respostas da Santa Casa, com destaque para os pavilhões dedicados à Valor T e à Casa do Impacto.

Ana Vitória Azevedo afirma que a reabilitação da Mitra foi pensada para “criar um conjunto de valências suportadas na inovação e no empreendedorismo, que pretendem facilitar e apoiar as pessoas com mais dificuldades de integração na sociedade”. “O espaço vai acolher projetos de natureza social, económica, ambiental e de empreendedorismo, a par de espaços comunitários”.

Com um investimento a rondar os 10 milhões de euros, o projeto Lisboa Social Mitra vai fazer nascer uma creche, uma academia de formação dedicada à economia social, uma quinta comunitária, um espaço aberto à comunidade com um jardim de lazer, para além de novos espaços de trabalho dedicados ao empreendedorismo social (com a mudança da Casa do Impacto do Convento de São Pedro de Alcântara para o Palácio da Mitra) e da reabilitação da atual ERPI já existente no local.

Exterior

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Polo de inovação social na área da economia social

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

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