Foram “Conversas Inspiradoras” as que aconteceram na tarde de terça-feira, 15 de abril, no Centro de Desenvolvimento Comunitário da Ameixoeira. O título faz justiça às palestras pedagógicas que tiveram lugar acerca do Dia Internacional da Pessoa Cigana, assinalado este mês.
Com vários convidados, quase todos eles próprios de etnia cigana, o objetivo foi mostrar à comunidade do bairro que é possível alcançar uma melhor inclusão na sociedade por via do conhecimento e que este tem por base a frequência da escola por parte dos mais jovens.
A plateia repleta daquele espaço da Santa Casa teve oportunidade de ouvir testemunhos como o de Vanessa Lopes. Licenciada em Jornalismo e atualmente a frequentar o mestrado, deixou claro que “não ir à escola não é cultura cigana, é pobreza” e que continua a ser cigana, apesar de ter rompido com algumas crenças para seguir o seu caminho.
Também Teresa Vieira e Francisco Azul, ambos funcionários da Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA), contaram as suas experiências. Ambos ciganos, ela é socióloga e ele assistente social.
“Ninguém vai mudar a nossa mentalidade se não formos nós próprios a mudá-la. É importante pensarmos no nosso futuro enquanto comunidade”, sublinhou Teresa, acompanhada na ideia por Francisco, que usou uma metáfora.
“A nossa mente é como um paraquedas: só funciona quando se abre. Se não abrirmos, vamos cair estatelados no chão e quem vai sofrer primeiro vamos ser nós. Como na II Guerra Mundial, em que primeira foram as minorias”, alertou o assistente social.
"Tem de haver abertura"
Também Artur Carmo, animador sociocultural da Junta de Freguesia da Ajuda, desafiou a comunidade cigana a expandir horizontes, explicando que não é por isso que deixarão de honrar as suas raízes.
“Lá atrás a comunidade cigana sofreu muito e criámos uma bolha para nos defendermos. Mas, nos tempos em que estamos, tem de haver abertura. Sou cigano a 100 por cento, como vocês e preservo as minhas tradições, mas isso não me impediu de estudar e incentivar os meus filhos a fazer o mesmo”, frisou.
Pelo mesmo diapasão alinharam António Maia, do CDC Ameixoeira, Maria Inês Carapinha, da AIMA, e Rogério Roque Amaro, professor universitário, numa tarde de “Conversas Inspiradoras” que captaram, assim, a atenção de todos os presentes, na esperança de todos terem uma palavra a dizer na construção de um mundo mais inclusivo, com menos preconceitos e com igualdade de oportunidades.