logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

Exposição no Centro de Dia de Santo Eugénio mostra que “Envelhecer Está na Moda”

O projeto “Envelhecer Está na Moda” teve uma nova edição este ano, com o Centro de Dia de Santo Eugénio a ser palco de um desfile de utentes, que posteriormente resultou numa exposição de fotografias desse momento, patente até ao dia 31 de outubro naquele equipamento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Uma vez mais, este projeto, que envolveu 17 utentes e teve o apoio da Unidade de Animação Socioeducativa, teve como objetivo valorizar a autoestima e o bem-estar das pessoas mais velhas, nascendo precisamente da celebração do envelhecimento, como um processo de transformação e beleza contínua.

Contrariando estereótipos relacionados com o envelhecimento, estes utentes não se coibiram de expressar a sua alegria pela participação no “Envelhecer Está na Moda”, que envolveu a sua caracterização, com maquilhagem e penteados novos, numa prática, por vezes, até mesmo terapêutica.

A exposição das fotografias, obtidas pela lente do fotógrafo João Oliveira, da Direção de Comunicação da Santa Casa, destaca essa experiência sensorial e emocional que o autocuidado estético proporcionou aos participantes, afirmando a individualidade de cada utente, o seu empoderamento e até a reativação de memórias antigas.

Mas esta exposição traz outros significados associados. Para além de demonstrar que a beleza não se desvanece com o avançar da idade, pretende simultaneamente mostrar detalhes da relação entre utentes e profissionais, numa dimensão humana visível em cada fotografia.

RADAR convidado do VII Congresso Internacional Sobre Envelhecimento

Numa iniciativa organizada e levada a cabo pela Associação Nacional de Gerontologia Social, em colaboração com a APOIARTE – Casa do Artista, a Universidade Rey Juan Carlos e a Associação Internacional de Universidades da Terceira Idade (AIUTA), o projeto RADAR foi convidado a participar neste encontro, com o objetivo de partilhar modelos de “boas práticas”.

O encontro, que decorreu entre os dias 13 e 17 de maio, teve como tema “Envelhecer com Arte ou a Arte de Envelhecer“, e a presença do RADAR esteve integrada no painel “Ética no Envelhecimento”, moderado pelo professor doutor Cristóvão Margarido. Durante esse painel, Hugo Gaspar, diretor de núcleo da Unidade de Missão da Santa Casa, fez uma apresentação intitulada “Projeto RADAR: Abordagens colaborativas ao isolamento social e solidão não desejada”, na qual este projeto foi explicado e mostrado numa abordagem socioecológica, incidindo em três níveis: na colaboração interorganizacional, na rede de radares comunitários e no envolvimento e participação dos cidadãos.

Para cada uma destas vertentes foram apresentados em detalhe todos os resultados obtidos e exemplificada a multiplicidade de atividades que o projeto desenvolve, destacando sempre os parceiros com que trabalha diariamente. Hugo Gaspar salientou, aliás, este facto: “o RADAR é apresentado desde a primeira hora como uma parceria colaborativa. Trabalhamos diariamente para que esta seja uma realidade. O Projeto Radar não é apenas da Santa Casa, mas de todos os parceiros que dele fazem parte. É, acima de tudo, da cidade de Lisboa”.

Alargado prazo de candidaturas aos Prémios Nunes Correa Verdades de Faria

“Cuidados de Longa Duração” é o tema que encerra o primeiro ciclo da iniciativa “Debates Santa Casa”

A Sala de Extrações da Lotaria Nacional acolheu esta sexta-feira, 11 de novembro, o terceiro encontro do ciclo de debates promovidos pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A sessão foi subordinada ao tema “Cuidados de Longa Duração” e contou com a participação de Lisa Warth, chefe da Unidade de População da UNECE (Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa), e Bruno Barata, conselheiro técnico na Representação Permanente de Portugal na União Europeia. Edmundo Martinho, provedor da instituição, moderou a iniciativa.

Através da promoção dos “Debates Santa Casa” a Misericórdia de Lisboa pretende assegurar a fundamentação e a validação de saberes e experiências da instituição numa perspetiva de alcance da melhoria contínua nos serviços prestados à comunidade.

De acordo com Maria da Luz Cabral, coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Políticas Públicas na Longevidade da Misericórdia de Lisboa, este primeiro ciclo de conversas “constituiu um momento privilegiado de ampla capacitação de questões emergentes que impactam os distintos domínios da intervenção da Santa Casa e são transversais à sociedade”, frisando que os temas discutidos “têm merecido especial atenção da instituição” e que estes “consubstanciaram a visão de futuro para as respostas da Misericórdia de Lisboa aos desafios da Longevidade e do Envelhecimento e às necessidades de apoio na dependência”.

Ao longo dos últimos meses foram realizadas mais duas sessões, igualmente abrangidas pelos temas da Longevidade e Cuidados de Longa Duração, tendo a primeira tido lugar no dia 13 de maio, subordinada ao tema: “Integração dos cuidados – Social e Saúde”. Esta contou com a participação do antigo ministro do Trabalho e da Solidariedade, Paulo Pedroso, e do ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Já o segundo encontro aconteceu a 8 de julho, e foi dedicado à “Revolução da Longevidade”. Nele participaram o médico e gerontólogo Alexandre Kalache e o fundador e presidente honorário da Rede Iberoamericana de Animação Sociocultural, Victor Ventosa.

“O tema da Longevidade é mobilizador e urge que esteja cada vez mais presente no debate público”, alerta a coordenadora. Salienta ainda que é necessária “uma integração sistemática das questões em torno desta matéria no âmbito das Políticas Públicas, de forma a que sejam desenvolvidos programas, medidas e serviços que correspondam às expetativas e respeitem a vontade dos destinatários”.

Para Maria da Luz Cabral, a “conquista da Longevidade convoca toda a sociedade para a mudança que já está a acontecer”, sendo que “a Santa Casa já tem uma forte presença funcional no domínio do Envelhecimento e da Longevidade e constitui-se como um grande laboratório prático de resposta à complexidade dos fenómenos, desenvolvendo em contínuo novas iniciativas e projetos”.

Entre as várias medidas que a Misericórdia de Lisboa tem promovido neste âmbito, a coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Políticas Públicas na Longevidade da instituição destaca alguns exemplos a serem seguidos: o projeto “Beleza não tem Idade”, o Programa Lisboa, Cidade de Todas as Idades e o Projeto RADAR, a Marcha Popular Santa Casa, as equipas de apoio a idosos, a saúde de proximidade a teleassistência e as residências assistidas.

Para o futuro, e inserido no quadro estratégico 2022-2025, a Santa Casa já assumiu como prioridades, no âmbito da longevidade e do envelhecimento ativo, várias medidas, entre elas: contribuir para um envelhecimento com autonomia e na comunidade; qualificar e diversificar o âmbito e os serviços de apoio na dependência; organizar a área da saúde, promovendo a integração e eficiência das respostas; adequar os recursos humanos às necessidades da missão da instituição, assegurando dimensão global e individual.

Um dos aspetos mais consensual entre os palestrantes, ao longo do primeiro ciclo de debates, foi o da questão da pirâmide demográfica que Portugal atravessa nas últimas décadas, em que cada vez se vive mais e nesse decurso é preciso encarar e responder aos desafios de resposta à promoção de uma maior qualidade do envelhecimento.

Neste ponto, Maria da Luz Cabral salienta que “é necessário perceber que isto é um ganho civilizacional”. No entanto, alerta que o aumento da esperança média de vida em Portugal “não tem sido acompanhado pelo aumento do número de anos vividos com saúde e bem-estar”.

“Viver mais e com qualidade impõe uma estratégia transversal às Políticas Públicas [da Longevidade], uma intervenção a jusante e a montante, e desde logo a integração dos cuidados, com forte aposta nos cuidados primários de prevenção e na literacia em saúde, que deve ser iniciada na infância, motivando a estilos de vida saudável. Sendo uma tendência mundial, importa trazer para a ordem do discurso a sensibilização e consciencialização desta realidade para que todos contribuam para uma sociedade de e para todas as idades, baseada na solidariedade e no compromisso intergeracional, na manutenção e conceção de espaços flexíveis e adaptáveis ao ciclo de vida e à diversidade da condição”, aponta ainda.

Sobre o balanço da iniciativa, Maria da Luz Cabral salienta que o ciclo “cumpriu os seus objetivos de incentivar e dinamizar um diálogo essencial e urgente sobre as questões da longevidade”, mas assegura que “ainda existe muito trabalho a ser feito, para assegurar a dignidade e o bem-estar da pessoa, de maneira, a promover a sua autonomia e autodeterminação”.

Santa Casa volta a premiar trabalho de apoio e melhoria da saúde dos idosos

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa entregou, esta quarta-feira, 6 de julho, os Prémios Nunes Correa Verdades de Faria, que distinguiram Diana Rita Costa Vilela Breda, presidente do conselho diretivo do Hospital Arcebispo João Crisóstomo, Ana Soraia Cardoso Rodrigues do Vale, enfermeira especialista em saúde mental e psiquiatria, e Francisco Garcia Pestana Araújo, licenciado em medicina e com um vasto percurso profissional na área da medicina interna. O júri entregou, ainda, três menções honrosas.

Criados em 1987, os Prémios cumprem a vontade expressa em testamento por Enrique Mantero Belard. São entregues, anualmente, a pessoas de qualquer nacionalidade que, em Portugal, tenham contribuído, pelo seu esforço, trabalho ou estudos, nos três âmbitos definidos pelo benemérito: cuidado e carinho dispensados aos idosos desprotegidos; progresso da medicina na sua aplicação às pessoas idosas; e progresso no tratamento das doenças do coração.

A cerimónia, presidida por Maria João Mendes, administradora da Santa Casa com o pelouro dos recursos humanos, decorreu no jardim da Residência Faria Mantero, no Restelo, em Lisboa. Na sua intervenção, a administradora começou por dizer que “foi com enorme prazer que aceitei, este ano, substituir o provedor na presidência deste júri.” E continuou: “É uma enorme alegria partilhar um processo com um júri tão ilustre e aprender através de todas as candidaturas que foram apresentadas. Estes prémios refletem as preocupações de Enrique Mantero Belard: ajudar os mais necessitados, nomeadamente os idosos mais vulneráveis.”

Galardoados

Diana Rita Costa Vilela Breda, presidente do conselho diretivo do Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede, e responsável pela implementação do projeto “Hospital amigo dos + velhos”, recebeu o prémio da área A – “Cuidado e Carinho Dispensados aos Idosos Desprotegidos”. Foi distinguida pela sua intensa atividade de responsabilidade social por um envelhecimento mais ativo, saudável e justo.
Na sua génese, o projeto (reconhecido com vários prémios nacionais e internacionais) pretende dar resposta ao desafio social do envelhecimento enquanto problemática transversal aos vários sectores da sociedade, desenvolvendo várias ações que visam a promoção de um envelhecimento ativo, saudável e mais digno, através da implementação de um modelo de intervenção inovador, fundamentado na abordagem geriátrica multidimensional e disciplinar, centrado numa visão holística do idoso.

“Estou genuinamente agradecida e até um bocadinho esmagada com a dimensão das palavras”, disse Diana Breda, emocionada. “Uma das mensagens que queria trazer aqui é que a gestão hospitalar também pode ser e, do meu ponto de vista, deve ser humanizada. Por essa razão, resolveu testar “modelos de cuidados um bocadinho diferentes” num hospital onde a população é maioritariamente idosa.

Já na área B – “Progresso da Medicina na Sua Aplicação às Pessoas Idosas”, a premiada foi Ana Soraia Cardoso Rodrigues do Vale, enfermeira especialista em saúde mental e psiquiatria. O seu trabalho com idosos integra, além dos tradicionais cuidados de enfermagem, um conjunto de medidas que contemplam a estimulação cognitiva e o apoio psicoterapêutico prestado de múltiplas formas, o que permite uma avaliação mais rigorosa em áreas como a sintomatologia depressiva e o sentimento de solidão.

“Foi pela minha experiência profissional que me apercebi dos problemas e das necessidades dos mais velhos. Não estava à espera de ganhar este prémio. É uma motivação extra, algo que me dá força para continuar”, disse Ana do Vale.

Por outro lado, Francisco Garcia Pestana Araújo foi distinguido na área C – “Progresso no Tratamento das Doenças do Coração”. Licenciado em medicina e com um vasto percurso profissional na área da medicina interna, da prevenção e do risco vascular, tem dedicado a vida ao serviço público hospitalar, ao ensino, bem como à investigação e aos doentes.

Francisco Garcia sublinhou a sua dedicação a esta área desde que era aluno, defendendo que “a paixão quanto mais se usa menos se gasta. Por isso, é tão importante fazer-se aquilo que se gosta”.

Menções honrosas

Na área A – “Cuidado e Carinho Dispensado aos Idosos Desprotegidos”, o júri distinguiu Joana Sofia Santos Moreira pela apresentação do projeto “Reformers”, que tem como missão aumentar os índices de envolvimento das pessoas nas suas comunidades. Um projeto que está integrado no Movimento “Transformers”, que desenvolve projetos em 22 cidades portuguesas, em três áreas de intervenção: voluntariado, associativismo e consciencialização.

Diana Filipa Alves Vareta, doutorada em enfermagem, atualmente a exercer funções de enfermeira especialista na área médico-cirúrgica, foi reconhecida na área B – “Processo da Medicina na sua Aplicação às pessoas idosas” pelo projeto “Prática centrada na pessoa no quotidiano do cuidado à pessoa idosa com doença crónica hospitalizada”. Este trabalho académico decorre da sua experiência profissional em contexto de internamento hospitalar, e é focado na perceção de que a enfermagem assume um lugar determinante na garantia da qualidade dos cuidados da população idosa, procurando contribuir para a melhoria da prestação de cuidados de saúde aos idosos, que passam pela hospitalização.

Profundamente agradecida pelo reconhecimento, a enfermeira especialista sublinha que “o prémio servirá de incentivo para continuar a desenvolver um trabalho que pretende contribuir para a melhoria dos cuidados prestados aos mais idosos”.

Já na área C – “Progresso no Tratamento das Doenças do Coração”, o júri reconheceu o trabalho realizado pelos médicos que compõem o projeto EnRicH – Susana Lopes, Fernando Ribeiro, Alberto Alves, José Mesquita Bastos e Jorge Polónia – no âmbito da candidatura subordinada ao tema “Papel do Exercício Físico no Tratamento da Hipertensão”. Um estudo que reforça a evidência científica do papel do exercício físico como uma ferramenta essencial e de baixo custo no tratamento de doentes com hipertensão resistente.

Por indisponibilidade de agenda, não comparecerem na cerimónia Joana Sofia Santos Moreira (menção honrosa na área A) e os médicos que compõem o projeto EnRicH – Susana Lopes, Fernando Ribeiro, Alberto Alves, José Mesquita Bastos e Jorge Polónia (menção honrosa na área C).

O júri dos prémios foi constituído por Maria João Mendes, administradora da Santa Casa da Misericórdia, pelo médico-cirurgião Fernando Pádua, pelo padre Vítor Melícias, pelo especialista em cardiologia e medicina interna João Pedro Gorjão Clara e pela vice-presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, Joaquina Madeira.

 

 

“Os cuidados continuados integrados são um compromisso assumido pela Santa Casa”

O paradigma da saúde mudou nos últimos anos. Portugal tem um dos maiores índices de envelhecimento da Europa. Há uma maior esperança de vida média, mas não é acompanhada por mais anos de vida saudável. A população portuguesa mais idosa é portadora de doenças crónicas, com muitas patologias associadas. Mais suscetível a complicações decorrentes das suas doenças e com maior dificuldade na recuperação, esta população necessita de cuidados mais prolongados, de internamentos mais longos e acompanhados por equipas de saúde com competência nesta área.

Num tempo em que os desafios da longevidade são cada vez maiores, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está comprometida na melhoria e no alargamento destes cuidados. A prová-lo, a instituição tem investido, nos últimos anos, na criação de mais respostas para fazer face a esta realidade. Atualmente, dispõe de três unidades de cuidados continuados integrados (UCCI Rainha D. Leonor, UCCI São Roque e UCCI Maria José Nogueira Pinto), num total de 213 camas de internamento, 181 das quais contratualizadas com a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.

O futuro de todos nós esteve em debate na Santa Casa

Neste evento, que permitiu a partilha de experiências, melhores práticas e ideias sobre envelhecimento saudável, um conjunto de oradores portugueses, britânicos e brasileiros tentaram encontrar respostas para os grandes desafios de uma sociedade cada vez mais envelhecida. O envelhecimento saudável deve ser, por isso, a prioridade de sociedades com um número crescente de cidadãos mais velhos. O que há a fazer para promover esta causa foi o que esteve em discussão na Sala de Extrações da Misericórdia de Lisboa, esta terça-feira, 15 março.

Portugal e o Reino Unido partilham um envelhecimento acelerado. Numa década, o número de pessoas mais velhas poderá duplicar e perspetiva-se que este público se aproxime cada vez mais dos cem anos de idade. Um desafio para sociedades, governos e sistemas de saúde.

Construir um futuro para um Envelhecimento Saudável

Na sessão de abertura, Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa, defendeu que o tema em discussão “tem cada vez mais relevância no trabalho desenvolvido na Santa Casa Misericórdia de Lisboa, de modo a assegurar um envelhecimento saudável, digno e, sobretudo, autónomo. É uma prioridade para nós, e a realização deste evento manifesta uma preocupação comum entre o Reino Unido e Portugal. Este fórum será certamente um momento que vai acrescentar capacidade para trabalharmos melhor e com o objetivo de servirmos com mais qualidade os cidadãos mais velhos”.

Já Ross Matthews, ministro conselheiro da Embaixada Britânica em representação do embaixador, agradeceu a parceria com a Misericórdia de Lisboa, fazendo votos que esta seja a primeira de muitas iniciativas conjuntas relacionadas com o tema do envelhecimento. Destacou, ainda, que este evento é importante para debater, partilhar e trabalhar em grupo com o objetivo de encontrar soluções para os desafios de um envelhecimento saudável.

Sarah Harper, professora do Oxford Institute of Population Ageing, foi keynote speaker deste fórum. Na sua apresentação sobre o envelhecimento saudável destacou a importância de partilhar conhecimento e de explorar soluções conjuntas. Simultaneamente, alertou que o debate sobre o envelhecimento das sociedades precisa de ser desviado de um foco exclusivo nas pessoas idosas, reconhecendo que as mudanças etárias estruturais que estão a ocorrer têm implicações para todas as gerações. As pessoas não apenas vivem mais, mas também vivem dentro de populações que estão a envelhecer. Em países demograficamente mais idosos há uma proporção menor de indivíduos economicamente ativos e, portanto, a responsabilidade de sustentar a dependência na velhice pode recair cada vez mais sobre os próprios idosos. É importante que sejam desenvolvidas políticas que apoiem uma abordagem multifacetada do envelhecimento da população.

Por outro lado, Adalberto Fernandes, ex-ministro da Saúde e professor da Escola Nacional de Saúde Publica, também keynote speaker, sublinhou que “2030 é já amanhã! Do ponto de vista demográfico, uma década é um dia. E nós estamos a caminhar para o inverno demográfico. O mundo está a mudar.” E com um alerta continuou: “sem povos e sem vitalidade demográfica não há economia. E nós temos pela frente uma mancha de envelhecimento”.

O ex-ministro da Saúde explicou que Portugal “tem um problema de pobreza e a pobreza casa com a doença. Este é um problema português e europeu. A desigualdade não é um problema apenas de um só país”. Para Adalberto Fernandes, esta fragilidade compromete a longevidade e a qualidade de vida. Terminou, lembrando que “a nossa vida é uma conta-poupança. Nós temos a saúde que acautelamos no início da vida”.

Mesas redondas

“Como garantir a qualidade de vida de uma população em envelhecimento?” e “Como será o processo de envelhecimento em 2030?” foram algumas das questões em debate. Foram ainda discutidos temas como tecnologias e serviços de saúde; conceção centrada na pessoa; construção de edifícios; entre outros. A moderação dos debates esteve a cargo do jornalista José Pedro Frazão da Rádio Renascença.

Dividido entre duas mesas redondas, Paul McGarry, do Greater Manchester Ageing Hub, António Carvalho, do Politecnico di Milano, David Sinclair, do Internacional Longevity Centre – UK, Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, Eduardo Gomensoro, diretor médico de vacinas da GSK, Cláudia Cavadas, vice-reitora da Universidade de Coimbra, George MacGinnis, UK Research and Innovation, e Susana António, fundadora do Creative Hub 60+ A Avó veio trabalhar, foram os oradores que participaram nas referidas mesas.

Embaixada Britânica discute envelhecimento saudável e ativo na Santa Casa

Portugal e o Reino Unido partilham um envelhecimento acelerado. Numa década, o número de pessoas mais velhas poderá duplicar e perspetiva-se que este público se aproxime cada vez mais dos cem anos de idade. Um desafio para sociedades, governos e sistemas de saúde.

O envelhecimento saudável e ativo deve ser, por isso, a prioridade de sociedades com um número crescente de cidadãos mais velhos. O que há a fazer para promover esta causa é o que estará em discussão na Sala de Extrações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no próximo dia 15 de março, entre as 9h00 e as 13h00.

O evento, que decorrerá em formato híbrido, permitirá a partilha de experiências, melhores práticas e ideias de um conjunto de oradores portugueses e britânicos, que visam melhorar a resposta aos desafios de uma sociedade em envelhecimento. Esta é a primeira vez que a Santa Casa apoia a iniciativa.

Construir um futuro para um envelhecimento saudável

“Como garantir a qualidade de vida de uma população em envelhecimento?” e “Como será o processo de envelhecimento em 2030?” serão algumas das questões em debate. Serão ainda discutidos temas como tecnologias e serviços de saúde; conceção centrada na pessoa; construção de edifícios; entre outros.

Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa, e Christopher Sainty, embaixador do Reino Unido em Portugal, são os oradores da sessão de abertura da iniciativa. O programa contempla ainda as participações de Sarah Harper, do Oxford Institute of Population Ageing, Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde, Paul McGarry, do Greater Manchester Ageing Hub, António Carvalho, do Politecnico di Milano, David Sinclair, do Internacional Longevity Centre – UK, e Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil. Por confirmar, está a presença de um membro do Governo português.

Pode inscrever-se para participar presencialmente, aqui, ou remotamente, aqui. Estará disponível tradução simultânea entre português e inglês, assim como, em Língua Gestual Portuguesa.

Logotipo do evento

 

Prémio Envelhecimento Ativo distingue individualidades no Dia Mundial do Idoso

A 9ª e 10ª edições do prémio decorreram em paralelo esta sexta-feira, 1 de outubro, dia Mundial do Idoso, uma vez que, devido ao contexto pandémico, a edição de 2020 não se concretizou. A cerimónia comemorativa dos 10 anos do prémio realizou-se pela primeira vez online, através da página do facebook da Associação Portuguesa de Psicogerontologia (APP).

Este ano, os distinguidos foram sete homens e cinco mulheres. Reúnem experiências e saberes diferentes, mas com um denominador comum: desde sempre foram ativos, e lutaram, permanentemente, pelas suas convicções.

O júri do Prémio Envelhecimento Ativo Dr.ª Maria Raquel Ribeiro distinguiu: Armando Acácio Leandro e Maria Manuela Ramalho Eanes (Intervenção Social); Maria Manuela Cortez e Almeida, Rui Jorge Mendes e Simone de Oliveira (Arte e Espetáculo); Jorge Jesuíno e Maria Máxima Vaz (Ciência e Investigação); Francisco Pinto Balsemão e Alberto Machado Ferreira (Política e Cidadania); António Barros Veloso e Constantino Sakellarides (Ética e Saúde) e Berta do Nascimento Garcia (Família e Comunidade).

Na sua intervenção, Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa realçou que “é um orgulho enquanto representante desta instituição, que trabalha nestes domínios diariamente, apoiar iniciativas como esta”, defendendo que o percurso deixado por Maria Raquel Ribeiro “deve ser respeitado e acima de tudo honrado”.

“Pretendemos que estes exemplos de vida, que hoje são homenageados, sejam um motivo para que possamos fazer mais e melhor enquanto instituição, mas também enquanto indivíduos inseridos na sociedade”, concluiu o provedor.

Paralelamente à entrega destas distinções, foi ainda apresentado o livro comemorativo dos 10 anos do galardão, onde foram compiladas diversas histórias das anteriores edições do prémio e um breve enquadramento do trabalho realizado por Maria Raquel Ribeiro, figura ímpar da Segurança Social, percussora de diversas estratégias de intervenção, influenciando de modo construtivo a sociedade portuguesa, para as questões do envelhecimento ativo e com qualidade.

Este prémio é uma iniciativa da APP, em colaboração com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Fundação Montepio. É uma distinção anual que tem por objetivo reconhecer a vida e atividade de pessoas com 80 e mais anos, que continuam a desenvolver atividade profissional ou cívica relevante, em cada uma das categorias definidas.

A força e a juventude dos maiores de idade

No Dia Internacional do Idoso, falámos com três idosos que vivem em residências assistidas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Autónomos, ativos, com mobilidade e gosto pela vida, os utentes fazem as suas vidas como se estivessem na sua própria casa. Sem tabus, dizem que a idade é apenas um número, e que o que interessa é o espírito. Maria José, Cândida e Alfredo são três exemplos de que a idade maior pode ser um sinónimo de força, atividade e juventude.

O artista e o homem das paixões

Alfredo Silva, 78 anos, residiu na Ajuda durante largos anos. Trabalhou numa fábrica de vidros e foi pintor por conta própria. Viveu uma bonita história de amor. Infelizmente, enviuvou há 20 anos. Mas o fruto dessa paixão ficou para sempre. “Sou um homem rico. Tenho duas filhas e seis netos”, conta, orgulhoso.

O utente da Santa Casa mudou-se para a residência há quatro anos. Além de não ter possibilidade de continuar na casa onde vivia, perdeu o contacto e a proximidade com a comunidade. “Sentia-me sozinho. Não tinha vida.”, lembra, justificando a razão pela qual se mudou.

A juventude e a força dos maiores de idade

As residências da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa promovem um espírito de comunidade, vizinhança e interajuda entre todos os seus residentes. Além disso, a instituição desenvolve um conjunto de atividades sociais, culturais e de lazer que incentiva a interação entre os utentes.

“Refiz a minha vida aqui. Sinto-me muito bem. Estou feliz e bem acompanhado. Tenho muitos amigos”, destaca, com um sorriso largo. Os seus dias são ocupados entre ler, ver o seu Benfica, e fazer miniaturas de casas utilizando cartão, cartolinas, embalagens, cola, tinta, entre outros materiais. Mas faz um pouco de tudo: “Limpo, lavo, passo a ferro, vou às compras, participo nas atividades, faço passeios, vou à praia, saio com os amigos”, nota.

Na altura que veio viver para a Residência Assistida, descobriu uma companheira. “Encontrei-a num bailarico na Casa do Alentejo, há quatro anos”. Uma relação que senhor Alfredo descreve como de “respeito, amor e carinho”. A mudança para a Residência Assistida e o relacionamento com a sua companheira deram-lhe “outra chama”, admite. “Tenho amor à vida. Estou velho pela idade, mas não estou velho de espírito”, remata.

A costureira autodidata

Maria José Caría, 87 anos, foi costureira e ajudante de lar na Misericórdia de Lisboa. Quando era jovem, veio de Santiago do Cacém para Lisboa à procura de uma vida melhor, como era frequente na altura. Por uma questão de saúde, aos 49 anos deixou o trabalho de costureira. “Estava a ficar com amnésia. Chegava a perder-me no bairro, do esforço de trabalhar noites e noites seguidas”. No entanto, continua a costurar quando alguém lhe pede um “jeitinho”. Em 1983, entrou para a Santa Casa para “apoiar os idosos”, algo que fez até se reformar.

A antiga funcionária da Misericórdia de Lisboa expressa-se com facilidade, não escondendo o que sente. Fala com orgulho das duas filhas e com saudade do marido. Também a dona Maria José perdeu o seu companheiro. Mas, com coragem, fintou as agruras da vida. “Vim para cá porque havia um bom lugar para a minha máquina de costura”, diz a brincar. E continua: “Entreguei a minha casa e vim de coração aberto”.

A juventude e a força dos maiores de idade

Apesar de contar com quase nove décadas, a utente da Residência Assistida Bairro Padre Cruz é uma autodidata, lê bastante e mantém um espirito invejável. Foi das primeiras pessoas a tirar um curso de comida macrobiótica, há cerca de 50 anos. Aliás, a dona Maria José defende um modo de vida em equilíbrio com o corpo, a mente e o planeta, fazendo escolhas alimentares de acordo com estes princípios.

A vida de Maria José é tudo menos calma. Apesar da sua idade, temos dificuldade em acompanhar a quantidade de histórias que quer contar, com o entusiasmo próprio de uma jovem com 18 anos. Continua a fazer arranjos de costura, lê, lava, passa a ferro, cozinha para si e para uma filha, passeia até à Pontinha, ajuda na horta, e faz as suas próprias compras. “O problema é que aqui não tenho ninguém que aguente a minha pedalada”, lamenta.

“Não me falta nada! Sou feliz aqui”. Fiz amigos. A trabalhar na máquina de costura Singer que a mãe lhe ofereceu quando tinha 15 anos, diz que “a idade não é o mais importante. É apenas um número”, finaliza.

A cuidadora tranquila

Cândida Prazeres Alves Simões, 69 anos, também veio, ainda bastante nova, de Trás-os-Montes para Lisboa. Foi auxiliar de educação e operadora de máquinas, entre outras funções. Por cá, casou e teve um filho. Há 21 anos, o marido faleceu, vítima de um acidente de viação, transformando a sua vida por completo.

Por uma questão de segurança, mudou-se para a residência da Santa Casa. “Já não me sentia segura em casa”, revela. “No equipamento da Misericórdia de Lisboa, os dias não são todos iguais, embora a pandemia tenha alterado por completo as rotinas”, observa.

A juventude e a força dos maiores de idade

“Gosto de estar aqui. Sinto-me segura. Sentia-me sozinha naquela casa. Podia gritar à vontade que ninguém me acudia, caso acontecesse alguma coisa”, acrescenta. “Nós somos uma família, ajudamo-nos umas às outras. Estou acompanhada e apoiada. Fiz amizades e construí laços importantes”, destaca ainda.

À semelhança dos seus vizinhos, a dona Cândida faz um pouco de tudo. Limpa, lava, passa a ferro, cozinha. Por falar em comida, por esta altura, já cheira a ervilhas com ovos escalfados. O almoço que a utente está a preparar.

A vida social da dona Cândida é bastante ativa, fazendo inveja boa à maioria das pessoas. Vai às compras, faz caminhadas, passeios, encontros, jogos de equipas, ginástica, refeições sociais e já viajou até à Madeira, Algarve e Bragança, através das iniciativas da Santa Casa.

“Vir para cá devolveu-me anos de vida”, admite, sublinhando que, para se ser feliz, “mais importante do que a idade são as condições de vida de cada um”.

Uma comunidade solidária

Sandra Baptista Elvas, diretora da Residência Assistida Bairro Padre Cruz, sublinha que “os residentes procuraram, na sua maioria, a residência assistida para deixarem de viver isolados e em solidão”, acrescentando que “existiam pessoas que viviam em habitações sem condições de habitabilidade ou mesmo pessoas sem habitação, havendo outros que sentiam insegurança nas suas casas”.

Residência Assistida do Bairro Padre Cruz

Inaugurada em 2017, a Residência Assistida Bairro Padre Cruz dirige-se a pessoas autónomas ou semiautónomas com capacidade para gerir as suas vidas. É uma resposta de segurança, que promove diariamente a autonomia dos residentes na sua multifuncionalidade, com o objetivo de retardar a institucionalização em lar.

A residência assistida é o mais semelhante que existe ao viver verdadeiramente na sua casa, permitindo manter a “identidade do eu”. Cerca de 90% dos residentes que vieram viver para esta resposta social já eram residentes no Bairro Padre Cruz, pelo que se encontram totalmente integrados na comunidade. A média de idade é de 75 anos, sendo que cinco residentes tem 89 anos.

Residência Assistida Bairro Padre Cruz

A residência assistida tem 30 apartamentos, 24 individuais e seis para casais e, propositadamente, os mesmos não continham mobília, para que o utente pudesse trazer as suas mobílias de referência.

 

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas