logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

Mitra acolhe exposição “ATELIER” de Pedro Cabrita Reis

São 50 anos de trabalho representados em mais de 1500 obras. O artista plástico Pedro Cabrita Reis vai mostrar a sua arte ao público na exposição “ATELIER”, que estará patente na Mitra a partir do próximo domingo, dia 19 de maio. O espaço cedido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, situado em Marvila, vai assim albergar uma retrospetiva inédita da carreira do conceituado artista, a qual necessitava de um espaço de grandes dimensões face à diversidade de obras a expor.

No total serão oito pavilhões de exposição, numa área de cerca de 3000 metros quadrados, ocupados por obras de pintura, desenho, gravura, escultura e fotografia, a maior parte nunca antes expostas ao público e outras que fazem a sua estreia em solo nacional.

Apesar da extensa preparação que envolve uma exposição deste calibre, Pedro Cabrita Reis admite que a mostra nunca está totalmente pronta.

“Comecei a trabalhar aqui a 18 de março e, ao longo deste mês, eu e a minha equipa já mudámos coisas e durante este processo já criei, por exemplo, cerca de 20 novas obras, que também serão expostas”, refere o artista.

Artista Pedro Cabrita Reis na exposição ATELIER na Mitra

Este é, assim, mais um grande evento que a Mitra acolhe. O espaço onde decorre a exposição remonta ao século XVI e, atualmente, é composto por dois edifícios: o antigo Asilo de Mendicidade, que foi alvo de uma intervenção de restauro e preservação por parte da Santa Casa; e o palácio barroco do 1.º Patriarca de Lisboa, que hoje pertence à Câmara Municipal de Lisboa.

A exposição “ATELIER”, de entrada livre, vai decorrer entre 19 de maio e 28 de julho, e pode ser visitada de quinta-feira a domingo, entre as 14h00 e as 18h00.

A Mitra de Lisboa

“Mitra” é uma expressão no léxico alfacinha que na sua maioria significa um insulto, ou uma forma de caracterizar alguém pela sua maneira de vestir ou falar. Em muitos casos associado a um estrato social e cultural mais baixo, ainda hoje, falar de “mitra”, ou “vai prá mitra”, ou ainda, “ir para a mitra”, significa o fim da linha, uma consequência de maus vícios e más escolhas feitas ao longo da vida.

Atualmente, a “Mitra” de Marvila, junto ao Poço do Bispo, é composta por dois edifícios bem distintos. Um é o palácio barroco do 1.º Patriarca de Lisboa, valorizado enquanto salão nobre da Câmara Municipal de Lisboa. O outro é o antigo Asilo de Mendicidade, que graças a uma intervenção de restauro e preservação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a quem foi cedido o espaço, em 1994, tem transformado a “Mitra” num espaço único, onde a história se cruza com a inovação e as Boas Causas.

Inaugurado em 1933, como Asilo da Mitra, a história do espaço começou bem antes. Em 1566, a Quinta da Mitra foi aforada perpetuamente ao Morgado do Esporão. Porém, a ligação desse eixo à nata do poder não ficou esquecida. No início do século XVII, a Mitra voltou a recuperar o domínio útil de uma parcela da sua antiga quinta, uma faixa retangular entre a estrada de Marvila e a linha do rio onde se instalou uma quinta de recreio ou residência de campo.

No segundo quartel do século XVIII, a Mitra recuperou o palácio devoluto e em vez de o arrendar novamente a terceiros, o Cardeal Patriarca de Lisboa ocupou-o e decidiu convertê-lo num sumptuoso palácio com ligação ao rio através de um cais privativo. Quando o Cardeal Patriarca escolheu a Quinta da Mitra para a sua quinta de recreio, o eixo entre a Madre Deus e o Poço do Bispo já era local de habitação de muitos palácios e importantes conventos. A escolha do prelado apenas confirmou esta situação pré-existente.

Homem deitado no chão contra a parede

Já em 1864, o palácio da Mitra terá sido vendido a D. José Saldanha, Marquês de Salamanca, fundador e concessionário dos Caminhos de Ferro Portugueses, pela quantia de 10 contos de réis. Dez anos depois, em 1874, o Marquês de Salamanca vendeu o mesmo palácio por 54 contos de réis, a Horatius Justus Perry, encarregado de negócios dos Estados Unidos da América, em Madrid, que vivia em Lisboa desde 1873, com a sua mulher, a poetisa Carolina Coronado. Perry morreu em 1891 e o palácio, após hipotecado, foi vendido em 1902 ao capitalista e deputado António Centeno, com a condição da viúva aí poder residir até à sua morte, que ocorreu em 1911.

Em 1930, e já depois de o espaço ter sido ser renovado para ser uma fábrica de fundição e metalúrgica, a Fábrica Seixas, o município de Lisboa adquire os terrenos da “Mitra”, por 4.000 contos, com o intuito de aí instalar um matadouro. Porém, optou por instalar, nos terrenos rústicos, a estação de limpeza oriental e nos barracões anexos, o Asilo da Mitra.

O asilo foi criado por iniciativa do coronel Lopes Mateus, inaugurado a 4 de maio de 1933. Na altura albergava perto de 1300 pessoas de ambos os sexos, e era apresentado como uma instituição modelar.

O Albergue de Mendicidade de Lisboa estava sob a tutela da Polícia de Segurança Pública para onde levava, compulsivamente, aqueles que eram apanhados a mendigar na via pública. A “Mitra” passou a ser o local para onde os afortunados de todas as idades eram compulsivamente recolhidos, identificados, tratados e encaminhados para a situação considerada mais adequada à sua condição, que poderia ser o internamento em instituições adequadas (doentes crónicos, doentes mentais, idosos isolados e crianças) ou o envio para tribunal, onde eram julgados.

mitra

Porém, pela falta de resposta das instituições estatais, muitos dos recolhidos que deveriam ser encaminhados para instituições não eram devidamente reencaminhados. Se os adultos iam sendo libertados mediante a fuga ou o pagamento da multa, as crianças, os mais velhos sem família ou abandonados, os doentes crónicos e os doentes psiquiátricos iam ficando acumulados no albergue, pelo que o espaço acabou por se tornar num depósito permanente onde se acumulavam os elementos destas populações fragilizadas, sem haver qualquer tipo de tratamento.

No início da década de 50 do século passado, o Albergue de Mitra vocacionou-se no acolhimento de doentes psiquiátricos. Entre 1952 e 1974, inicia-se então um período em que a “Mitra” se tornou um equipamento de retaguarda para doentes psiquiátricos prolongados, considerados incuráveis e sem perspetiva de tratamento, enviando-se para os hospitais (Júlio de Matos e Miguel Bombarda) apenas aqueles que pudessem ser tratados com novos fármacos que, entretanto, iam sendo criados.

A 31 de maio de 1977, o Albergue Distrital de Mendicidade de Lisboa, foi extinto e colocado sob tutela da Secretaria de Estado dos Assuntos Sociais, tendo sido reconvertido, no ano seguinte, no Centro de Apoio Social de Lisboa, com duas valências, a de Centro de Terceira Idade e de serviço de acolhimento e triagem para encaminhamento para instituições especializadas.

mitra

Foi já depois da viragem do milénio, em 2014, que a Câmara Municipal de Lisboa transferiu para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa os terrenos e instalações do antigo Albergue da Mitra. Com o intuito de acabar com o estigma associado à mendicidade e à indigência, e devolver à cidade um espaço voltado paras as exigências do século XXI, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa iniciou vários de trabalhos de restauro e preservação do espaço, criando várias respostas sociais de referência.

O antigo Albergue da Mitra, que antes foi a Fábrica Seixas e hoje é o “Lisboa Social Mitra” da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é assim um dos locais mais importantes da cidade de Lisboa pela carga histórica que possui e pelo legado social e cultural que tem.

Património Santa Casa, um compromisso sem idade

A edição deste ano da Semana da Reabilitação Urbana voltou a ter o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e ficou marcada por um programa rico em conferências e mesas redondas onde se discutiram vários temas atuais, como a estratégia de longo prazo para a renovação dos edifícios, o plano de recuperação e resiliência, a habitação acessível e o impacto da pandemia na reabilitação urbana.

A participação da Santa Casa na VIII edição desta iniciativa visou dar a conhecer o que tem sido feito em matéria de património da instituição e da sua reabilitação, bem como apresentar novos projetos em curso. Neste âmbito, foi promovida a conferência “A Habitação ao Longo da Vida e o Impacto da Pandemia”, que marcou o início do último dia deste evento.

Nesta sessão, foi ainda apresentado o espaço que vai nascer no Beato, o Lisboa Social Mitra, que agregará no mesmo local várias respostas da instituição, com destaque para os pavilhões dedicados à Valor T e à Casa do Impacto.

Ana Vitória Azevedo, administradora da Misericórdia de Lisboa, abriu a conferência destacando que a reabilitação da Mitra foi pensada para “criar um conjunto de valências suportadas na inovação e no empreendedorismo, que pretendem facilitar e apoiar as pessoas com mais dificuldades de integração na sociedade”.

Nesse sentido, salvaguardou ainda que “o espaço vai acolher projetos de natureza social, económica, ambiental e de empreendedorismo, a par de espaços comunitários”.

Com um investimento a rondar os 10 milhões de euros, o projeto Lisboa Social Mitra vai fazer nascer uma creche, uma academia de formação dedicada à economia social, uma quinta comunitária, um espaço aberto à comunidade com um jardim de lazer, para além de novos espaços de trabalho dedicados ao empreendedorismo social (com a mudança da Casa do Impacto do Convento de São Pedro de Alcântara para o Palácio da Mitra) e da reabilitação da atual Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) já existente no local.

Ana Vitória Azevedo salientou, ainda, que a Santa Casa “tem vindo a desenvolver, nos últimos anos, um conjunto de projetos com conceitos alternativos de habitação para os mais velhos e para os mais novos”, frisando que o Centro Intergeracional Ferreira Borges, que será inaugurado a 14 de maio é “o exemplo perfeito desta política”.

A par desta nova valência, a Misericórdia de Lisboa está também a desenvolver projetos que vão colocar no mercado de arrendamento um número significativo de frações habitacionais, que “permitem num mesmo edifício coexistirem e interagirem diferentes faixas etárias”, destacou a administradora na sua intervenção. Alguns exemplos desta atuação da instituição são o prédio existente na Rua Jau (obra concluída), o projeto de edifícios para arrendamento na Av. das Forças Armadas e o espaço na Rua Sousa Martins (ainda em fase de obra).

No final da manhã desta quarta-feira, 13 de maio, houve ainda lugar a uma Mesa Redonda, moderada por Sofia Alçada, diretora do Impulso Positivo, onde participaram Helena Lucas, diretora do Departamento de Gestão Imobiliária e Património da Misericórdia de Lisboa; Ricardo Sousa, da Century 21; Aline Guerreiro, CEO do Portal Construção Sustentável; Ana Sepúlveda, CEO da 40+Lab; Sandra Marques Pereira, socióloga, e Rui Alves e Teresa Rodeia, da RA+TR Arquitetos.

Na sua intervenção, Helena Lucas sublinhou que a Santa Casa “desenvolve uma ampla e diversificada intervenção na reabilitação do seu património”, salientando que “é necessário que todo o nosso edificado esteja preparado, tanto para ser utilizado por mais novos, como por mais velhos”. “Todos os projetos que temos em curso promovem a intergeracionalidade. Acreditamos que esta componente é fundamental para uma habitação inclusiva e acessível”, concluiu a responsável.

A Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa é uma iniciativa da revista Vida Imobiliária e conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, das Ordens Profissionais e principais associações do setor.

Simultaneamente aos debates principais que decorreram, ao longo dos três dias desta iniciativa, tiveram também lugar um conjunto de sessões paralelas, organizadas por várias entidades e empresas como o LNEC, a Confidencial Imobiliário, o LiderA, o Revigrés e o Portal da Construção Sustentável.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Polo de inovação social na área da economia social

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas