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Recuperação do Palácio de São Roque recebe Menção Honrosa da Gulbenkian

A Brotéria recebeu na quinta-feira, 12 de setembro, a cerimónia de entrega do Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva.

Paulo Sousa, Provedor da Santa Casa, marcou presença no evento para receber a Menção Honrosa atribuída à Misericórdia de Lisboa pela recuperação do Palácio de São Roque, e destacou o trabalho que tem vindo a ser feito pela instituição na área da recuperação do seu património.

“É com muito orgulho que vemos hoje premiados dois projetos que contaram com o suporte e o apoio da Santa Casa, num trabalho que valoriza o património e enriquece culturalmente a cidade de Lisboa”, começou por dizer Paulo Sousa, referindo-se também ao restauro da biblioteca da Brotéria.

O Provedor recordou que o Palácio de São Roque tornou-se propriedade da Santa Casa em 2014 e a instituição “potenciou o seu uso, tornando-o acessível à sociedade e à cidade, e definiu um programa de caráter museológico, a partir de uma visão global daquilo que poderia ser esta realidade no Largo Trindade Coelho e de ter ali um novo Pólo Cultural na cidade”.

Para Paulo Sousa, esta Menção Honrosa prova a importância de se continuar a “promover a excelência na recuperação e valorização, mas também a divulgação” do património da instituição, agradecendo o trabalho do arquiteto João Pedro Falcão de Campos e deixando o convite a todos para que visitem o edifício e a Casa Ásia.

O Palácio de São Roque, cuja data de construção remonta a meados do século XVII, estava em avançado estado de degradação antes desta intervenção, que procurou “trazer a cidade para dentro do edifício” abrindo as suas portas, e sempre com o cuidado de preservar a sua história e os aspetos originais.

A Menção Honrosa distinguiu, assim, o trabalho executado no restauro, reabilitação e reutilização, que passou pela recuperação da integridade palaciana deste edifício da Santa Casa e pela adaptação às necessidades de um novo museu entretanto aberto à cidade: a Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo.

O Prémio Gulbenkian Património Maria Tereza e Vasco Vilalva distingue intervenções em bens móveis e imóveis de valor cultural que estimulem a preservação e a recuperação do património, e o vencedor da edição deste ano foi a recuperação da biblioteca da Brotéria, que está instalada no antigo Palácio dos Condes de Tomar, reabilitado pela Misericórdia de Lisboa.

A Brotéria integra, aliás, o Pólo Cultural de São Roque, juntamente com a Igreja e Museu de São Roque, o Arquivo e Biblioteca da Santa Casa e o Museu Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo, uma iniciativa que mereceu elogios por parte de António Lamas, presidente do Júri.

Além do Provedor Paulo Sousa, na cerimónia de entrega do Prémio Gulbenkian Património – Maria Tereza e Vasco Vilalva estiveram presentes David Lopes e André Brandão de Almeida, administradores da Santa Casa, e Helena Lucas, diretora do Departamento de Gestão Imobiliária e Património.

Santa Casa reconhecida pela recuperação do seu património imobiliário

O empenho da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa na recuperação e preservação do seu património foi, uma vez mais, alvo de reconhecimento. A recuperação do Palácio de São Roque, que alberga a Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo, ganhou o diploma de Menção Honrosa do Prémio Gulbenkian Património Maria Tereza e Vasco Vilalva, que distingue intervenções em bens móveis e imóveis de valor cultural que estimulem a preservação e a recuperação do património.

Sobre esta Menção, foi assinalado que o Palácio se encontrava em “avançado estado de degradação”, tendo sido distinguido pelo restauro, reabilitação e reutilização, que passou pela recuperação da integridade palaciana deste edifício da Santa Casa e pela adaptação às necessidades de um novo museu aberto à cidade: a Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo.

O Palácio de São Roque, cuja data de construção remonta a meados do século XVII, resulta de várias alterações, evoluções e melhoramentos levados a cabo ao longo de três séculos e meio de história. Com o mote “trazer a cidade para dentro do edifício”, o projeto de reabilitação procurou tornar o palácio mais permeável à cidade, abrindo as suas portas, sempre com o cuidado de preservar a sua história e os aspetos originais.

A atribuição da menção honrosa foi conhecida esta segunda-feira, dia 10 de setembro, sendo que a cerimónia vai decorrer no dia 12, na Brotéria, cujo restauro da biblioteca venceu o Prémio Vilalva da Gulbenkian.

A edição deste ano recebeu 20 candidaturas, tendo o júri sido composto por António Lamas, Gonçalo Byrne, Raquel Henriques da Silva, Rui Vieira Nery e Santiago Macias.

Complexo de São Roque

A um pequeno passo de um dos ex-líbris turísticos da cidade, o Miradouro de São Pedro de Alcântara, e ladeado pelas emblemáticas Escadinhas do Duque, ponto de passagem diário de centenas de pessoas de várias culturas, o Largo Trindade Coelho é, nos dias de hoje, um ponto de paragem obrigatório para quem visita Lisboa.

O Complexo de São Roque organiza-se como uma cidade na cidade. Começou por ser o Largo de São Roque no século XVI. No final dos anos 20 do século passado, com a colocação no local de uma estátua em homenagem aos cauteleiros, passou a ser conhecido como o Largo do Cauteleiro e ponto de encontro para incursões na noite do Bairro Alto. 

Mas, desde 1913 que o Largo de São Roque tem a denominação oficial de Largo Trindade Coelho, e é neste local que podemos encontrar o Complexo de São Roque, composto principalmente pela igreja e museu a quem o santo emprestou o seu o nome, e ainda pelos serviços administrativos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. 

Hoje em dia, o espaço que preserva, ainda em grande medida, as fachadas e paredes interiores originais, é composto por cinco núcleos arquitetónicos distintos: a antiga Casa Professa de São Roque, que inclui a igreja e o museu, o antigo Palácio dos Marqueses de Nisa, o Hospital Infantil de São Roque, as casas de arrendamento da Calçada da Glória e o Asilo do Amparo, onde funcionam os serviços centrais da instituição e, ainda, a antiga Lavandaria, edifício isolado alvo de remodelação há poucos anos e, atualmente, em reabilitação.

Complexo de São Roque atual

Um lugar cheio de história e de estórias interligadas

A história deste espaço remonta a 1768, altura em que o marquês de Pombal concedeu a antiga casa professa da Companhia de Jesus à Misericórdia de Lisboa, providenciando uma nova sede à instituição, após as instalações originais, na igreja da Conceição Velha, terem sido arrasadas pelo terramoto de 1755.

Esta escolha feita pelo marquês de Pombal de colocar a instituição no Bairro Alto, não foi inocente. O objetivo do marquês era colocar a Misericórdia de Lisboa no centro dos problemas sociais da capital na época, de maneira que instituição cumprisse o seu desígnio secular de estar próxima dos que mais necessitam, orientando a sua ação em três vertentes estratégicas: criação dos expostos, proteção das órfãs e assistência aos inválidos.

As casas de arrendamento da Calçada da Glória foram a primeira ampliação do núcleo inicial jesuíta. Foram construídas já no final do século XVIII (1783 a 1795) e destinavam-se a angariar receitas, através do arrendamento de quartos a pessoas de classe baixa. Este conjuntou urbanizou o muro da cerca da antiga casa professa na Calçada da Glória, arruamento com pouco valor imobiliário pelo seu perfil geográfico. Porém, com o terramoto de 1755, houve uma grande procura de casas, principalmente pelas classes mais baixas, que com poucos recursos e por iniciativa própria edificaram barracas junto à cerca. 

A ação da Misericórdia de Lisboa, com a construção destas habitações destinadas às classes mais baixas da população, demonstrou uma preocupação inovadora em fornecer casas a pessoas desfavorecidas, permitindo igualmente acabar com as barracas nas imediações da sua sede. Desta maneira, já no final do século XVIII, o Complexo de São Roque acumulava todos os equipamentos da instituição, ou seja, as oficinas, as casas de arrendamento da Glória, o Hospital dos Expostos, o Recolhimento das Órfãs, a Enfermaria de Santana, e a Igreja de São Roque.

Já em 1834 e por decisão do Governo, o complexo foi reformulado, tendo o Asilo do Amparo e a Enfermaria de Santana passado para as instalações do Hospital de São José. Em São Roque ficou apenas funcionar o Hospital dos Expostos e as áreas administrativas, as casas de arrendamento e a igreja.

Volvidos 20 anos, a 22 de junho de 1853, a Mesa da Santa Casa deliberou que se orçamentasse a construção do novo edifício destinado ao Hospital do Amparo e que este, deveria ter uma ligação ao Hospital dos Expostos, para partilharem a mesma cozinha. Ainda nesse mês a Companhia de Carruagens Lisbonenses propõe à Misericórdia de Lisboa a construção de um espaço para as suas instalações, o Hospital Infantil.

A 1905, surge o que hoje conhecemos como o Museu de São Roque anteriormente designado como Museu do Tesouro da Capela de São João Batista. Inaugurado pelo rei D. Carlos, este espaço museológico nasce com o intuito de preservar o espólio da instituição e de aproximar o espaço aos novos burgueses que povoam o Chiado.

Logo a seguir, e de acordo com o espírito da I República, a única obra idealizada no complexo foi a Lavandaria. Projetada e iniciada em 1911, com a função de concentrar a limpeza das roupas de todos os equipamentos da Santa Casa num único espaço, otimizando desta maneira recursos. Já com a implantação do Estado Novo e vendo a lacuna que existia no cuidado de assistência médica na cidade (o único hospital público do país era o Hospital de São José), a Misericórdia de Lisboa decide adquirir, em junho de 1926, as antigas instalações da Companhia de Carruagens Lisbonenses para aí criar o futuro Hospital Infantil.

Em 1959, o Complexo de São Roque começa a ser moldado no que ainda hoje podemos observar, tendo sido apresentada a primeira fase do plano de remodelação deste conjunto de edifícios, que propunha a valorização da Igreja de São Roque

Em 1962, foram realizadas obras de conservação no Asilo do Amparo e concluídas as obras do então conhecido por edifício do Totobola (e mais tarde por Departamento de Jogos), da Casa do Pessoal e da creche para os funcionários da instituição.

Mais tarde, a antiga farmácia do Hospital Infantil de São Roque, o Arquivo Histórico e Centro de Documentação sofreram obras. Já em 2009, a obra no Largo Trindade Coelho foi concluída, recuperando os valores urbanísticos idealizados em meados do século XIX, por Pierre Joseph Pézeret, que pretendia converter o outrora Largo de São Roque, numa das praças mais belas de Lisboa. 

Complexo de São Roque atual

Confiança numa missão ao serviço de quem mais precisa

Nas benemerências incluem-se heranças e legados, ou seja, bens que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa herda após o falecimento do benemérito e também doações, quando o bem é dado em vida.

Desde solicitações para que se rezassem missas perpétuas pela alma dos beneméritos, à conservação de cerca de 1300 jazigos, muitas vezes os bens deixados à Santa Casa trazem pedidos ou incumbências que a instituição assegura.

94% do património imobiliário da instituição foi herdado. Nuns casos, os beneméritos deixam o que têm à Santa Casa como forma de agradecimento por algum tipo de apoio que receberam em vida. Noutros, deixam o seu património com um objetivo específico como seja a criação de um instituto de ensino para meninas, um equipamento de Saúde ou outra qualquer resposta que é sempre colocada ao serviço das causas apoiadas pela Misericórdia.

A Reportagem Especial “Os Beneméritos da Misericórdia de Lisboa” da SIC foi conhecer algumas das obras e beneméritos, que explicam o que os levou a olhar para a Santa Casa como fiel depositário dos seus bens. Veja aqui a reportagem.

Open House da Santa Casa mostra edifício reabilitado na rua dos Douradores

Este edifício, situado no coração de Lisboa, ponto de encontro de diferentes culturas e gerações da cidade, mantém a traça original, onde conjuga o antigo e o moderno, preservando a identidade do local.

O “Santa Casa Open House” é uma iniciativa do Departamento de Gestão Imobiliária e Património da Misericórdia de Lisboa, no âmbito do Programa Reabilitar, criado com o objetivo de preservar, valorizar e rentabilizar o património imobiliário da instituição e, simultaneamente, para promover o arredamento das respetivas frações.

A Santa Casa tem ainda um programa de arrendamento jovem, nos termos e condições publicadas no site da instituição.

Este património é resultante, na sua maioria, de doações, legados e heranças de beneméritos que, ao longo dos tempos, e desde a sua fundação, lhe têm confiado os seus bens. Os valores do preço do arrendamento são determinados rigorosamente, consoante as tipologias, a localização, e a intervenção que foi realizada, tendo em conta os atuais índices do mercado imobiliário.

As receitas geradas pelo arrendamento do património da Santa Casa contribuem para a sustentabilidade da sua atividade, aumentando a capacidade de financiamento da reabilitação da instituição, assim como no apoio às várias áreas de atuação inscritas na sua missão – ação social, saúde, educação e cultura.

As próximas iniciativas serão divulgadas site da Misericórdia de Lisboa e nas redes sociais Facebook e Instagram dos Arrendamentos Santa Casa.

Sala/Cozinha

Património da Misericórdia de Lisboa em destaque na Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa

O LX Factory acolheu a IX edição da Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa (SRU), durante os dias 6 e 8 de abril, e a Santa Casa voltou a marcar presença no evento. O programa incluiu inúmeros eventos, tais como workshops, conferências, tertúlias e debates, que pretenderam chamar a atenção dos participantes para o impacto social da reabilitação urbana.

A instituição preparou a conferência “Um Habitat Inclusivo – Necessidades e Soluções”, que decorreu durante a tarde de quinta-feira, 7 de abril, onde se debateu a relevância da reabilitação urbana enquanto ferramenta de inclusão e, ao mesmo tempo, de preservação da cidade genuína e dinâmica. Identificar alguns dos projetos desenvolvidos pela instituição e realçar o compromisso da mesma na preservação e valorização do seu património com a finalidade de criar respostas sociais adaptadas às novas realidades populacionais, foram igualmente objetivos desta conferência.

Na sessão de abertura, Ana Vitória Azevedo, administradora da Santa Casa com o pelouro do Património, defendeu que “a instituição tem o dever de promover, reabilitar e conservar o seu património, por forma a garantir projetos e obras inovadoras que respondam as necessidades daqueles que mais precisam”, frisando, ainda, a criação de novas respostas e a intergeracionalidade dos novos projetos.

A administradora destacou o projeto em curso no Recolhimento de Santos-o-Novo, na freguesia de Marvila, que irá unir, no mesmo espaço, uma estrutura residencial para idosos (ERPI) e uma residência de estudantes.

“Este é um programa inovador, que potencia a convivialidade entre jovens e seniores pela partilha de espaços comuns e, ainda, permite dinamizar um programa cultural e social partilhado entre estas populações”, comentou Ana Vitória Azevedo.

A resposta destinada a estudantes, que conta com o apoio do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, irá permitir ampliar a oferta na cidade deste tipo equipamentos, em mais 118 camas, 82 em quartos simples e 36 em quartos duplos.

Ana Vitória Azevedo apontou, igualmente, o projeto que irá nascer na antiga fábrica de gelados da Nestlé, em Monsanto, fruto de uma benemerência da gigante alimentar suíça, onde a instituição espera instalar no local uma unidade de cuidados especializados de demência.

Com capacidade até 50 camas, distribuídas por 28 quartos, 4 individuais, 22 duplos e 2 de isolamento, o futuro novo equipamento terá também valências de centro de dia e de apoio domiciliário, disponibilizando também consultas de acompanhamento na área da demência e um espaço para formação de cuidadores formais e informais.

“Esta é uma resposta que faz falta na cidade de Lisboa. Segundo os últimos dados a demência irá afetar uma grande faixa da população e a Santa Casa tem o dever de apoiar e criar condições para estas pessoas”, concluiu a administradora.

Nesta conferência houve ainda lugar a uma mesa redonda onde participaram a diretora Departamento de Gestão Imobiliária e Património da Misericórdia de Lisboa, Helena Lucas, a diretora da Casa do Impacto, Inês Sequeira, a CEO da Konceptness, Susan Cabeceiras, a Mentora de Líderes e Executivos da YouUp, Ana Penin, e a professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, Stella Bettencourt da Câmara.

Projetos da Santa Casa candidatos ao Prémio Nacional de Reabilitação Urbana na categoria “Impacto Social”

Proprietária de um vasto património imobiliário, a Misericórdia de Lisboa tem promovido a reabilitação progressiva deste edificado, devolvendo-o à cidade com novos fins que pretendem responder às necessidades dos lisboetas.

Um destes exemplos é a Unidade de Cuidados Continuados e Integrados Rainha Dona Leonor e que nasce da reabilitação do antigo Hospital Militar da Estrela. Onde outrora esteve um hospital militar obsoleto, existe agora uma nova unidade para cuidados continuados de saúde que complementam a rede nacional.

Igualmente em destaque esteve a reabilitação do número 31 da Travessa do Rosário, em Lisboa. Uma obra, concluída em abril de 2021, com um forte impacto social pela oferta de alguns serviços na área da ação social e ainda habitação para fins de arrendamento jovem.

O Prémio Nacional de Reabilitação Urbana, cuja cerimónia de entrega decorre este ano a 3 de maio, tem o Alto Patrocínio do Governo de Portugal, concedido através da Direção Geral do Património Cultural, entidade tutelada pelo Ministério da Cultura. Esta é uma iniciativa que reúne um vasto apoio do setor empresarial, institucional e da sociedade civil.

O galardão foi lançado em 2013 e tem como objetivo reconhecer, premiar e divulgar a excelência na renovação das cidades e afirma-se atualmente como a mais prestigiada distinção na área da reabilitação do edificado e requalificação dos territórios em Portugal.

SRU

Património Santa Casa: uma porta aberta à cidade

Quantos são? Onde ficam? Para que servem? Ou como é que a instituição conseguiu ter um vasto acervo imobiliário? Estas são algumas das questões que povoam a mente dos lisboetas, quando andam pela cidade diariamente e reparam que, em todas as freguesias, em todos os bairros e em diversas ruas, becos e vielas existe um equipamento ou um prédio que pertence à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Para responder a estas e outras questões é necessário recuar cerca de cinco séculos. Fundada em 1498 pela Rainha D. Leonor, a Misericórdia de Lisboa sempre mereceu o reconhecimento da cidade graças às suas obras de caridade. Desde a sua origem que a instituição trabalhou em prol dos mais desfavorecidos, sendo que, para que este propósito fosse concretizado, importava assegurar a subsistência da instituição.

Em 1768, novos subsídios foram concedidos para a criação dos expostos. Esta política protetora da Misericórdia de Lisboa culminaria na doação, à instituição, da Igreja e da Casa Professa de S. Roque (edifício que pertencia à Companhia de Jesus e que, ainda hoje, alberga a sede da Santa Casa).

Tal como em séculos passados, também nos dias de hoje a grande maioria do património da instituição advém da confiança de benfeitores e beneméritos que entregam à instituição os seus bens, na certeza de serem aplicados em favor de quem mais precisa, como explica a administradora da Santa Casa, com o pelouro do património, Ana Vitória Azevedo.

“A Santa Casa tem a oportunidade de se distinguir nesta área de reabilitação do património por ser proprietária de um património muito significativo, obtido na sua maioria através da confiança e da admiração dos seus beneméritos”. Este património entregue à instituição, e que se configura numa das maiores fontes de receitas, destina-se essencialmente a contribuir para a missão diária da Misericórdia de Lisboa de apoiar as “Boas Causas”.

“Existe sempre uma expectativa das pessoas que doam o património à Misericórdia de Lisboa, de que esse património irá ser utilizado para a missão diária da Santa Casa e que irá servir para ajudar nessa missão”. Ana Vitória Azevedo salienta, ainda, que “a instituição preza sempre a reabilitação do património doado, recorrendo à alienação do mesmo, apenas quando tal seja possível e se revele adequado para a angariação de mais receita destinada à promoção das “Boas Causas”.

Entre prédios urbanos e algumas propriedades rústicas, a Misericórdia de Lisboa detém um total de 659 imóveis. Muitos destes são hoje a residência de centenas de pessoas, seja através da permanência em Estruturas Residenciais para Idosos (ERPI), seja através de um arrendamento convencional, seja por um necessário e imprescindível cuidado médico exercido numa Unidade de Cuidados Continuados Integrados (UCCI), ou pela permanência numa casa de autonomia destinada apoiar a transição de jovens, para uma autonomia plena na sua vida adulta, ou ainda através dos vários equipamentos da instituição destinados à primeira infância.

“A Misericórdia de Lisboa tem o dever de promover, reabilitar, conservar e rentabilizar o seu património, por forma a garantir projetos e obras inovadoras que respondam as necessidades daqueles que mais precisam” e a criação de novas respostas depende “das necessidades sentidas, num determinado tempo”, acrescenta, ainda, Ana Vitória Azevedo.

Ana Vítoria Azevedo

A Santa Casa possui um considerável património imobiliário em Lisboa, e ocupa o lugar de segundo maior senhorio da cidade, a seguir à Câmara Municipal de Lisboa. Algum deste património, já reabilitado nos últimos anos, tem vindo a ser premiado pela qualidade das intervenções, sobretudo pela adequação dos espaços reabilitados à missão da instituição.

Um desses exemplos é a Quinta Alegre, na Charneca do Lumiar, que arrecadou o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana – Restauro de 2018, concedido através da Direção Geral do Património Cultural, entidade tutelada pelo Ministério da Cultura.

Construído no século XVIII por iniciativa do 2.º Conde de Vilar Maior e 1.º Marquês de Alegrete, o até então degradado e inacessível Palácio do Marquês do Alegrete, na freguesia de Santa Clara, foi reabilitado tendo em conta um dos principais pilares defendidos pela instituição na intervenção e reabilitação do seu património: a intergeracionalidade.

A Santa Casa “tem vindo a desenvolver, nos últimos anos, um conjunto de projetos com conceitos alternativos de resposta para os mais velhos e para os mais novos”, frisando que a Quinta Alegre é um “exemplo perfeito desta política”, acrescentou a administradora com o pelouro do património.

Em julho passado foi a vez do Palácio de São Roque receber uma menção honrosa na categoria de melhor intervenção de Impacto Social, durante a 9ª edição do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana.

Respeitar o passado, ponderar o presente e transformar o futuro

Em junho de 2018, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa acompanha as tendências da cidade e cria o seu programa de arrendamento jovem.

A iniciativa que, numa primeira fase, colocou no mercado 24 frações habitacionais localizadas no centro de Lisboa, com um valor de renda 25% inferior ao valor de mercado, veio contribuir para contrariar a tendência de envelhecimento da população nos centros urbanos e possibilitar que jovens que trabalhem ou estudem no município de Lisboa possam também nele residir.

Este ano já entraram no programa mais 8 frações, na Travessa do Rosário, e irão entrar mais 15 apartamentos, localizados na Rua dos Douradores, após licença de utilização. Com este reforço a instituição garante não só a devolução de mais parque habitacional à cidade, como também permite melhores condições habitacionais e financeiras aos jovens que nela pretendem viver.

Rua dos douradores

Outro dos projetos, ainda em curso, mas que irá reabilitar um dos equipamentos emblemáticos da instituição na zona oriental de Lisboa é o novo espaço da Mitra, situado na freguesia de Marvila, junto ao rio Tejo.

O Lisboa Social Mitra vai agregar no mesmo local várias respostas da Santa Casa, com destaque para os pavilhões dedicados à Valor T e à Casa do Impacto.

Ana Vitória Azevedo afirma que a reabilitação da Mitra foi pensada para “criar um conjunto de valências suportadas na inovação e no empreendedorismo, que pretendem facilitar e apoiar as pessoas com mais dificuldades de integração na sociedade”. “O espaço vai acolher projetos de natureza social, económica, ambiental e de empreendedorismo, a par de espaços comunitários”.

Com um investimento a rondar os 10 milhões de euros, o projeto Lisboa Social Mitra vai fazer nascer uma creche, uma academia de formação dedicada à economia social, uma quinta comunitária, um espaço aberto à comunidade com um jardim de lazer, para além de novos espaços de trabalho dedicados ao empreendedorismo social (com a mudança da Casa do Impacto do Convento de São Pedro de Alcântara para o Palácio da Mitra) e da reabilitação da atual ERPI já existente no local.

Exterior

“Património ao Domingo”. As visitas guiadas que dão a conhecer a Santa Casa

Sabia que a documentação histórica da Santa Casa é constituída sobretudo por documentos em papel e pergaminho, por fotografias e registos sonoros que preenchem cerca de 3,5 km de prateleiras? Ou que o antigo Sanatório de Sant’Ana foi fundado no início do século XX para apoiar crianças com tuberculose? E que este foi totalmente financiado pelas famílias Chamiço e Biester, legado à Santa Casa em 1913, possibilitando assim o seu funcionamento até aos dias de hoje?

Sabia, ainda, que a antiga Casa Professa de São Roque foi o principal edifício jesuíta em solo português até 1759? E que o Convento de São Pedro de Alcântara foi fundado em 1670 pelo Marquês de Marialva, em cumprimento de um voto feito cinco anos antes, na Batalha dos Montes Claros? Por último, gostava de conhecer a história da Sala de Extrações da Lotaria Nacional, um projeto traçado no início do século XX, por Adães Bermudes?

A Santa Casa dá resposta, ao pormenor, a estas e outras curiosidades históricas acerca do património da instituição. “Património ao Domingo” é o tema de um ciclo de visitas guiadas dinamizadas com o objetivo de dar a conhecer um edifício diferente a cada domingo do mês. As visitas são gratuitas e são conduzidas por técnicos do Serviço de Públicos e Desenvolvimento Cultural da Direção da Cultura da Santa Casa.

À descoberta do património da Santa Casa

Estas visitas guiadas ao domingo acontecem em cinco locais: Arquivo Histórico e Biblioteca da Santa Casa, Sala de Extrações da Lotaria Nacional, Hospital de Sant’Ana, Convento de São Pedro de Alcântara e Igreja e Museu de São Roque.

Santa Casa participa na Expo Real 2021

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa marcou, pela primeira vez, presença na Expo Real, um evento que reuniu os mais influentes stakeholders de todos os setores do mercado imobiliário internacional.

A instituição integrou o stand coletivo da agência Invest Lisboa, onde apresentou alguns dos seus projetos que vão colocar no mercado de arrendamento um número significativo de frações habitacionais. Alguns exemplos são o prédio na Rua Jau (obra concluída), o projeto de edifícios para arrendamento na Av. das Forças Armadas e o espaço na Rua Sousa Martins (ainda em fase de obra).

Igualmente patente neste espaço, esteve o projeto (já concluído) na Av. José Malhoa, destinado a diversos serviços da instituição, bem como o antigo quartel do Rio Seco, na freguesia da Ajuda, que fará nascer uma área habitacional com alguns espaços destinados ao comércio e serviços.

Paralelamente aos vários expositores, o programa da Expo Real 2021 contemplou também algumas conferências temáticas que se centraram no impacto da pandemia de Covid-19 no setor e na proteção climática, e que decorreram nos habituais fóruns, espalhados pelos cinco pavilhões.

O evento visa facilitar os negócios entre investidores, clientes finais, autoridades locais, profissionais da área de hospitalidade, players industriais e de logística e outros profissionais do setor imobiliário.

No stand de Lisboa estiveram também presentes as seguintes empresas e instituições, a Câmara Municipal de Loures, a Essentia – Consultores S.A., a IMGA Asset Management, o Município de Almada e a NEWCO Corporate Services SA.

Capela de Nossa Senhora das Necessidades ganha nova vida graças ao Fundo Rainha Dona Leonor

Os peregrinos e outros visitantes da Capela e Santuário de Nossa Senhora das Necessidades, situada na freguesia da Soalheira, no Fundão, têm, agora, ainda mais razões para visitarem este monumento. O espaço de oração e devoção à Senhora das Necessidades, que é também a sede da Misericórdia da Soalheira, foi alvo de obras de conservação e restauro no âmbito do Fundo Rainha Dona Leonor, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A inauguração da obra aconteceu no passado domingo, dia 22 de agosto.

O apoio de cerca de 126 mil euros concedido pela Misericórdia de Lisboa permitiu proceder à recuperação deste património histórico, que data de 1694. Entre muitas outras alterações, as obras de requalificação do espaço, agora concluídas, possibilitaram recuperar a cobertura, substituir o soalho, instalar um sistema de deteção de incêndios e retirar elementos espúrios, permitindo, assim, recuperar a qualidade e harmonia desta capela.

Outra grande intervenção tem que ver com o restauro e conservação da pintura e das peças de arte sacra, através do tratamento e conservação das carpintarias em atelier. Foram realizados procedimentos de limpeza de poeiras, como a remoção de resíduos tóxicos e o reforço das lacunas para dar resistência às telas, um trabalho que revelou as cores originais e vários detalhes arquitetónicos destas peças de arte.

 

O Fundo Rainha Dona Leonor surgiu em 2015 com o objetivo de ajudar as misericórdias em causas sociais prioritárias e inovadoras, contribuindo para a coesão social e territorial do país. Até ao momento foram aprovados 143 projetos, de norte a sul do país, 115 de equipamentos sociais e 28 de património histórico, num valor superior a 23 milhões de euros.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas