logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

Melhor participação de sempre de Portugal nos Jogos Olímpicos contou com 27 bolseiros dos Jogos Santa Casa

Os 27 bolseiros que participaram nos Jogos Paris 2024 já se encontram em solo nacional, depois de duas semanas a integrar a equipa portuguesa (com um total de 73 atletas) e a lutar para a obtenção dos melhores resultados. O objetivo foi conseguido, com os desportistas lusos a trazerem para casa quatro medalhas olímpicas: ouro para Rui Oliveira e Iúri Leitão, com este último a conquistar uma segunda medalha de prata, Pedro Pichardo com prata e Patrícia Sampaio a obter bronze.

Desde 2013 que os Jogos Santa Casa são Parceiros Oficiais para a área da Educação do Comité Olímpico de Portugal (COP) sendo, desde 2014, os Principais Patrocinadores do Comité Paralímpico de Portugal (CPP). Ambas as parcerias têm como objetivo apoiar os atletas dos Programas de Preparação Olímpica, Paralímpica e Surdolímpica, permitindo conciliar a prática desportiva com a educação, através da atribuição anual de Bolsas de Educação.

O Programa Impulso Bolsas de Educação Jogos Santa Casa, designação das bolsas que são atribuídas, permite aos atletas iniciar ou prosseguir as suas carreiras duais, evitando o afastamento prematuro do desporto de alto rendimento ou o abandono precoce dos estudos.

Nas 11 edições do programa foram já atribuídas 470 bolsas a 231 atletas de 26 modalidades, num total de mais de 1,3 milhões de euros.

A despedida de José Manuel Constantino

A prestação portuguesa na mais emblemática competição desportiva foi ensombrada pela morte de José Manuel Constantino, Presidente do Comité Olímpico de Portugal, precisamente no dia em que encerraram os Jogos Olímpicos de 2024, a 11 de julho.

A perda foi lamentada publicamente pela Misericórdia de Lisboa que, através do Departamento de Jogos, tinha desenvolvido ao longo dos últimos anos uma relação de forte proximidade com o responsável do COP, devido à preocupação comum de se zelar pelos atletas e pelo projeto Olímpico.

“Os resultados alcançados em Tóquio e, agora, em Paris, são um bonito e justo legado de José Manuel Constantino, o qual deve ser preservado e continuado”, pode-se ler no comunicado então divulgado pela Santa Casa, numa referência à melhor pontuação de sempre obtida por

Portugal em Jogos Olímpicos: o 50.º lugar no “medalheiro”, o que representa um “salto” relativamente à prestação nacional em Tóquio 2020, altura em que Portugal alcançou o 56º lugar.

*Fotografia cedida pelo COP e registada antes da partida da equipa portuguesa para Paris

Oferta sociocultural da Santa Casa não para em agosto

Assim, por exemplo, no âmbito das atividades físicas e desportivas, pode optar por Ginástica Adaptada, no Centro de Dia Nossa Senhora dos Anjos (CRNSA). Todas as terças-feiras, das 11h00 às 12h00, esta atividade, desenvolvida em parceria com a Unidade de Promoção do Voluntariado, é especialmente projetada para pessoas com mobilidade condicionada.

Também no CRNSA, e para estimular a mente, tem lugar o programa AtivaMente, às quartas-feiras, das 15h00 às 16h00. Mantenha sua mente ativa e engajada com atividades de estimulação cognitiva em grupo. Utilizando provérbios populares, adivinhas, jogos como o jogo da forca e STOP, cada sessão é uma oportunidade de aprender e divertir-se num ambiente interativo e dinâmico.

Já no Centro de Desenvolvimento Comunitário Bairro dos Loios, oferece-se a atividade ‘Caminhar para Ser Feliz’. Às terças e quintas-feiras, das 10h00 às 11h00, desfrute do ar livre com as caminhadas revitalizantes pelas hortas, ruas e parques públicos do Bairro dos Loios e arredores. Esta atividade não só promove a saúde física, como também oferece uma oportunidade de socialização e conexão com a natureza.

Venha fazer parte destas atividades enriquecedoras e experimente uma nova forma de viver com mais saúde e alegria.

Pode consultar toda a programação da agenda aqui.

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa celebra 526.º Aniversário com semana de atividades

Entre os dias 1 e 6 de julho, a Santa Casa oferece um programa diversificado, que inclui concertos, visitas guiadas a espaços normalmente fechados ao público e a Extração da Lotaria Especial de Aniversário. É objetivo da instituição abrir as suas portas e aproximar-se da comunidade, pelo que o mote das comemorações deste ano é “A Casa de Todos”.

A programação tem início no dia 1 de julho, com sessões de educação para a saúde promovidas pelo projeto Radar. Nesse mesmo dia, a mítica Sala de Extrações recebe o evento “Os artistas das nossas vidas”, onde figuras como Simone de Oliveira, Carlos Paulo e Lurdes Norberto partilharão as suas memórias da Lotaria e dos Pregões dos Cauteleiros. Depois, será realizada a Extração da Lotaria Especial dos 526 Anos, que contará com a apresentação do ator José Raposo.

No dia 2 de julho, haverá visitas guiadas à Provedoria e à Sala de Sessões, nas quais os visitantes poderão ver o Livro Fundacional da instituição: “Compromisso manuscrito e iluminado de 1520”. Às 11h, a Igreja de São Roque celebrará a missa dos 526 anos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, presidida pelo Bispo Eleito Auxiliar do Patriarcado de Lisboa, D. Alexandre Coutinho Lopes de Brito Palma.

Ao final da tarde, às 19h, a Igreja de São Roque recebe o grupo “Altos do Bairro”, num concerto evocativo da Temporada Música em São Roque. O grupo apresentará a obra “Leçons de Ténèbres”, composta por François Couperin em 1714, para a liturgia da Semana Santa na Abadia Real de Longchamp.

A programação continua nos dias seguintes, com visitas guiadas ao Museu de São Roque e à exposição “Atelier” de Pedro Cabrita Reis (dia 3), além de aberturas ao público do Hospital de Sant´Ana e do Convento de São Pedro de Alcântara (dia 4). Na sexta-feira, 5 de julho, haverá uma aula de fitness no Largo Trindade Coelho e visitas ao novo museu Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo e à Brotéria. Por fim, no último dia, 6 de julho, o Arquivo Histórico da Santa Casa estará aberto para visitas e, às 18h, a Igreja de São Roque recebe um concerto da Orquestra Geração Santa Casa.

Todas as visitas têm lotação limitada e requerem marcação prévia, através dos contactos 213 240 869/87/65 ou culturasantacasa@scml.pt.

O programa completo das comemorações está disponível aqui.

Estas celebrações oferecem uma oportunidade única para se conhecer melhor a história e o trabalho da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, reafirmando o seu compromisso com a cidade e com a comunidade.

Fundo Rainha D. Leonor Apoia Restauro da Igreja da Misericórdia em Constância

A recém-requalificada Igreja da Misericórdia de Constância foi inaugurada esta segunda-feira (17), na sequência de um projeto de restauro e conservação apoiado pelo Fundo Rainha D. Leonor com o valor de 154.418,63 euros. A cerimónia contou com a presença de Ângela Guerra, vogal da Misericórdia de Lisboa responsável pelo FRDL, do provedor da SCM de Constância, António Paulo Teixeira, de Inez Dentinho, membro do Conselho de Gestão do Fundo, do presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira, do bispo de Portalegre/Castelo Branco, Antonino Dias, e de representantes da União das Misericórdias Portuguesas.

Na ocasião foi enaltecida pelos presentes aquela que é a missão do FRDL de apoiar as Misericórdias portuguesas em causas sociais prioritárias e inovadoras, contribuindo para a coesão social e territorial do país, louvando-se ainda a contribuição feita em concreto para a recuperação deste imóvel, classificado de Interesse Público e construído entre 1640 e 1650.

FRDL Constância

A degradação do edifício deveu-se sobretudo às consequências das cheias do rio Tejo ao longo dos séculos, tendo necessitado, por isso, de uma intervenção urgente, especialmente na cobertura e nas talhas dos retábulos.

No livro publicado pelo FRDL sobre a obra, destaca-se a singularidade do retábulo do altar-mor. “Pode ser desconcertante entrar na Igreja da Misericórdia de Constância e esbarrar com o riquíssimo retábulo do altar-mor em talha por dourar”, lê-se no texto. Este retábulo, que apresenta uma enorme ambição arquitetónica e artística nunca completamente realizada, mantém-se fiel à sua história, sem vestígios de ouro, exceto nas torres do brasão real e na coroa”.

Bruno Assis, responsável pela obra de recuperação, explica que o restauro do retábulo foi um trabalho de descoberta contínua, exigindo muita medição e transposição. “Creio tratar-se de um trabalho indo-português porque tem muita informação, anjos com tranças, macacos com corpo de pássaros, muitos elementos que escapavam ao Reino”, detalha. A madeira de cânfora utilizada sugere que os materiais foram trazidos da Índia, refletindo a importância comercial de Constância e Abrantes nos séculos passados.

As cheias frequentes do Tejo danificaram repetidamente a Igreja da Misericórdia, o que exigiu um trabalho minucioso de reorganização e limpeza das peças do retábulo, descrito como um “puzzle”. Segundo Assis, o objetivo foi manter o aspeto primitivo e inacabado da talha, sem tentar concluir o que nunca foi terminado. “Não somos artistas. Não podemos concluir o que nunca foi acabado. Não seria correto”, afirma.

O projeto de restauro incluiu a recuperação das seis pinturas alusivas aos Passos e a consolidação e tratamento da talha do altar-mor, feita de madeiras exóticas. O retábulo – que nunca chegou a ser dourado, possivelmente devido à falta de verba na época – assim permanecerá, em respeito pelo seu percurso histórico.

Embora a Santa Casa da Misericórdia de Constância tivesse planos para substituir o pavimento da Sacristia, o FRDL sugeriu a manutenção do mesmo com reparos pontuais, preservando assim a autenticidade do imóvel.

Este restauro não apenas preserva a integridade histórica da Igreja da Misericórdia, mas também realça a sua beleza única e a resiliência através dos tempos. Como disse a paisagista Brenda Colvin: “é bela a paisagem que está certa”.

A Igreja da Misericórdia, com a sua história rica e inacabada, é um testemunho duradouro da herança cultural de Constância.

Alegria sem limites no Centro de Reabilitação e Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian

Foi na manhã da passada segunda-feira que o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian transformou-se num verdadeiro palco de alegria e inclusão, para a XIII edição dos jogos adaptados. O evento, que aproveitou a celebração do Dia da Criança, reuniu quase uma centena de pessoas, que proporcionou momentos de pura felicidade e fez esquecer, ainda que por breves instantes, as limitações que cada um enfrenta.

Jacinta Figueiredo, terapeuta da instituição, explica como surgiu a ideia deste acontecimento, sem o qual já ninguém passa: “Ao longo dos anos, tornou-se evidente a necessidade de criar um ambiente onde estas crianças e as suas famílias se sentissem parte de um todo, um lugar onde pudessem ser elas mesmas sem o olhar julgador do mundo exterior. Aqui, no centro, elas encontram um refúgio onde todos são iguais e onde cada sorriso e cada conquista são celebrados como um triunfo coletivo”.

As atividades deste dia “são cuidadosamente planeadas para incluir todos, independentemente das suas limitações. Temos a piscina, as pinturas faciais, a experimentação de gelados – tendo em conta que há algumas crianças que têm seletividade alimentar e este espaço permite que experimentem sabores diferentes -, um insuflável e o splash – um improviso imaginado por nós para que as crianças consigam sentir a sensação de deslizar na água. A música adaptada também está presente”, descreve Jacinta.

A complementar estas atividades, e em parceria com a GNR, estiveram duas terapias praticadas com animais: a cinoterapia e a hipoterapia. A primeira desenvolve-se com cães já em fim de carreira, mas perfeitamente aptos e treinados para interagir com as crianças, como nos detalha o primeiro sargento Pedro Figueiredo: “Esta interação ajuda-as a desenvolver habilidades motoras e de comunicação. Crianças com dificuldades de tato aprendem a pentear, a alimentar e a passear os cães, ou também a exercitar a fala de maneira natural e divertida, através do uso de comandos vocais, dando ordens, por exemplo”.

Já a hipoterapia consiste em passeios a cavalo por parte das crianças com dificuldades motoras. “Os cavalos têm um passo que é o que mais se assemelha à marcha humana. Por esse motivo, proporcionam um estímulo das competências motoras, cognitivas e sensoriais das crianças, proporcionando um complemento essencial à intervenção terapêutica”, explica o agente da GNR João Paço.

Essas atividades beneficiam não apenas as crianças, mas inspiram jovens estudantes que se voluntariam a proporcionar uma manhã diferente a todos os que se deslocam ao Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian. Ou um professor-cantor-compositor, também voluntário, que fez as delícias dos participantes nos jogos adaptados com a sua voz, simpatia e boa disposição.

O Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian acolhe crianças de várias nacionalidades e, desde abril, já atendeu mais de 600 utentes. A sua missão é clara: oferecer um espaço onde todos se sintam acolhidos, capazes e, acima de tudo, felizes. E neste dia especial, essa missão foi cumprida com excelência, deixando uma marca de amor e inclusão nos corações de todos os presentes. Uma inclusão que pode ser alcançada com gestos simples e atividades adaptadas, numa simplicidade que é uma lição valiosa para todos nós.

Este equipamento, gerido pela Santa Casa, dedica-se totalmente a pessoas com paralisia cerebral e a situações neuromotoras afins, sendo composto por duas respostas: de habilitação, reabilitação, desenvolvimento e prevenção do agravamento das situações clínicas, direcionados especialmente a crianças e jovens; e de reabilitação e inclusão de pessoas maiores de 18 anos, através do seu Centro de Atividades Ocupacionais.

Jogos Adaptados - Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian

Marcha da Santa Casa encanta MEO Arena

Desde 2017, que a Santa Casa participa nas marchas de Lisboa por ocasião da festa dedicada aos santos populares da cidade, exceção feita aos anos de 2020 e 2021, devido à pandemia da covid-19.

Cada ano é subordinado a um tema e o deste ano – esclarece Luna Marques, diretora da Unidade de Animação Socioeducativa – é “Santa Casa de mãos dadas com a cidade”, com o subtema “Santa Casa é um espelho da cidade.”

Com base neste ponto de partida, Paulo Jesus, coreógrafo da marcha, compartilhou alguns detalhes sobre a preparação e a inspiração deste ano. “São 24 pares a marchar, três suplentes (temos dois homens e uma mulher), oito músicos e a parte técnica. A inspiração assenta nos espelhos, tendo em conta o tema da Santa Casa. Ou seja, usamos a moldura dos espelhos, nos arcos e no rosto, mas sem espelho. Porquê? Para nos lembrarmos que há sempre um rosto do outro lado que pode precisar de nós, de ajuda, de um ato de amor nosso. No fundo, alude àquela que é a missão da Santa Casa, de ajudar o outro, de nos darmos ao outro, de atuarmos nas e por boas causas.”

Na noite deste domingo, e também como é habitual, a marcha desfilou na MEO Arena para se apresentar ao público, trazendo uma novidade: a pequena Leonor que, enquanto mascote da marcha, participou pela primeira vez nesta iniciativa.

Quem também participou pela primeira vez foi o padrinho Pedro Crispim, que fez a sua estreia ao lado da madrinha Liliana Santos, esta já uma repetente do ano passado, e que não escondeu a alegria por retornar ao grupo. “Fiquei muito contente quando recebi o convite para fazer novamente parte desta festa e voltar a rever as pessoas, porque, apesar de ter sido só um ano, criaram-se muitos laços. É muito bom estar aqui de novo e voltar a encontrar colegas do ano passado. Os marchantes da Santa Casa empenham-se muito para conseguirmos ter uma marcha bonita e este ano não está a ser diferente”.

Também o padrinho estreante partilhou do entusiasmo. “A estreia este ano será em grande, obviamente. Vou descer, pela primeira vez, a Avenida da Liberdade e, pela primeira vez também, sou padrinho de uma marcha. E uma marcha que, de uma forma direta, representa toda a cidade, todos os bairros, todo o país. No fundo, todos os portugueses. Para mim, é um grande motivo de orgulho. Existe aqui uma matriz de partilha e de inclusão que me diz muito. Sinto-me muito privilegiado por ter este papel, mas acima de tudo por perceber que os marchantes são, efetivamente, as peças-chave, os protagonistas. Tenho aprendido muito nos ensaios com estas pessoas.”

A marcha popular da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não é apenas uma celebração da cultura portuguesa, mas também um reflexo do compromisso da instituição com a inclusão e a coesão social. Ao longo dos anos, a marcha tornou-se um símbolo de união e solidariedade, reunindo pessoas de várias as idades e origens em torno de uma causa comum: a celebração da identidade cultural e a valorização das tradições populares.

No desfile de ontem, os marchantes da instituição voltaram a brilhar, numa antecipação da grande noite que também vai ser a do próximo dia 12, na Avenida de Liberdade.

Marcha Santa Casa - MEO Arena - 2024

Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos comemora 62 anos com Open Day

O Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos comemorou 62 anos nesta segunda-feira, abrindo as portas à sociedade civil para dar a conhecer o seu trabalho em prol das pessoas com deficiência visual.

Sob a liderança de Isabel Pargana, o centro tem sido um farol de esperança e transformação para muitos que ali passam. Para marcar esta ocasião especial foi organizado um dia de portas abertas, em que a comunidade pôde conhecer de perto o trabalho ímpar desta resposta da Santa Casa.

Logo na recepção, os visitantes foram recebidos na zona do ginásio, onde duas atividades estavam em pleno andamento, ambas focadas na ação motora adaptada, com um dos programas a envolver o uso de uma única cadeira, promovendo a mobilidade e o condicionamento físico.

O percurso pelo centro foi pensado não só para dar a conhecer a sua história –  uma rica história -, como também para proporcionar experiências diferentes. E todas as salas estavam ‘equipadas’ com um QR Code, para que se percebesse o que cada uma tinha para mostrar.

Depois do ginásio, seguia-se uma sala dedicada ao legado do edifício e do próprio centro, acompanhada de um vídeo explicativo sobre o programa de reabilitação para adultos.

A sala de braille proporcionava aos visitantes a oportunidade de experimentar este crucial sistema de leitura e escrita para pessoas cegas e a sala de informática destacava o jogo Uno, adaptado para ser jogado online. Já a sala de motricidade fina apresentava uma versão adaptada do tradicional jogo do galo, utilizando texturas diferentes para que as pessoas cegas também pudessem participar. Outra atividade educativa incluía a simulação da separação de caixas de medicamentos, essencial para a autonomia na gestão da saúde.

Um dos pontos altos do dia foi a “Aventura no Escuro”. Esta experiência imersiva simulava três ambientes distintos: um centro comercial, uma rua e um campo, todos completamente às escuras. Os participantes, vendados, navegavam por estes cenários, enfrentando obstáculos e ativando outros sentidos além da visão. Esta atividade oferecia uma perspetiva poderosa sobre os desafios diários enfrentados pelos utentes do centro.

Na copa, uma atividade gastronómica, também vendada, desafiava os visitantes a identificar alimentos sem o uso da visão, evocando sentimentos de desconforto e insegurança comuns para pessoas com deficiência visual. Já no andar superior, as demonstrações de competências sociais incluíam o reconhecimento de dinheiro, essencial para a independência financeira.

A sala de snoozle, com a sua atmosfera relaxante, era um oásis sensorial para crianças e adultos. Para as crianças, uma ferramenta de estimulação sensorial; para os adultos oferecia bem-estar e tranquilidade.

Atividades simples, como lavar os dentes ou combinar meias, eram apresentadas na sala de competências pessoais, destacando as habilidades diárias necessárias para a autonomia.

Na sala das crianças, um filme explicativo sobre o programa de estimulação sensorial na primeira infância captava a atenção dos visitantes, sublinhando a importância de maximizar o resíduo visual em crianças com baixa visão.

A jornada culminou na sala dos testemunhos, onde histórias inspiradoras foram contadas.

Foi o caso da tri-campeã mundial de surf Marta Paço, que abriu o ciclo com a partilha da sua experiência e do apoio recebido do centro. Do centro, e não só: da família, em especial da mãe (também presente), que nunca a impediram de levar avante os seus desejos, por mais ousados que fossem. Como o de vir estudar, sozinha, para Lisboa, ela que vivia numa aldeia em Viana do Castelo, e que nem imaginava como seria andar de metro ou de autocarro para se deslocar.

A celebração do 62.º aniversário do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos foi mais do que uma comemoração. Foi uma demonstração inspiradora do impacto profundo e duradouro que o centro tem na vida de tantas pessoas. Foi um dia para celebrar a inclusão, a dedicação e a transformação contínua que este centro proporciona à comunidade.

Open Conventos começa em “pausa e silêncio”

Depois de 2019 e 2023, o Open Conventos volta, este ano, a abrir as portas a 36 edifícios conventuais espalhados pela cidade de Lisboa, numa iniciativa conjunta levada a cabo pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, Quo Vadis – Turismo do Patriarcado e Instituto de História de Arte da Universidade Nova de Lisboa.

A terceira edição deste evento arrancou esta quinta-feira, num dia marcado, sobretudo, pelo tema de reflexão escolhido para 2024: “’pausa e silêncio’” vai ser trabalhado pela Direção da Cultura de uma forma contínua neste ano e no próximo, com várias iniciativas”, explica-nos Helena Mantas, diretora de Serviço de Públicos e Desenvolvimento Cultural da Santa Casa.

“Este é um tema que nos faz todo o sentido. Estamos a falar de conventos, de mosteiros, de locais onde as pessoas vivem em comunidade, onde o ritmo é o que a regra determina, mas que é sempre um ritmo de pausa, porque a pausa prende-se com a questão da reflexão, do olharmos para nós próprios, de olharmos para os outros. A pausa marcada, por exemplo, pela pontuação, pelas vírgulas, pelos pontos finais. Por outro lado, o silêncio é um elemento fundamental na existência e na reflexão também. Ele está na música, está na escrita. Ou seja, estes dois elementos, pausa e silêncio, são cruciais e merecem uma reflexão cuidada hoje em dia, até porque a nossa sociedade, em particular nos centros urbanos, não valoriza a pausa e o silêncio, pelo contrário. Há muito ruído, muito barulho permanentemente, e um ritmo muito, e cada vez mais, acelerado”.

Foi precisamente esta ideia de ‘pausa e silêncio’ que serviu de mote para a conversa no espaço Brotéria, que juntou pessoas de áreas muito diferentes: “a escritora Ana Margarida Carvalho, a maestrina adjunta Inês Tavares Lopes do Coro Gulbenkian, o P. João Norton SJ da Brotéria – que é também arquiteto – e duas monjas de Belém, a irmã Anatália e a irmã Maïlys, que participaram por Zoom a partir do convento onde estão, no Couço (Alentejo)”.

Open Conventos - Brotéria

“Tivemos a questão da escrita e da leitura, da música (a pausa e o silêncio na música), a arquitetura como elemento fundamental no Open Conventos – a forma como nos facilita a pausa e o silêncio, sendo que nos espaços conventuais tal era feito de uma forma muito inteligente, com zonas que estavam pensadas explicitamente para isso -, e ainda o testemunho de duas monjas, que trocaram uma vida muito ativa pela pausa e pelo silêncio”, descreve Helena Mantas.

Ao início da noite, no Convento de São Pedro de Alcântara, teve lugar uma sessão de cinema, com o filme O Grande Silêncio, de Philip Groning, uma história que se desenrola num convento em França, e que centra a sua mensagem “no silêncio e na sua importância. Parece que muitas vezes temos medo dele, mas a questão é exatamente a contrária: o silêncio não é para ter medo. É para usufruir”, aconselha-nos a responsável da Santa Casa.

Open Conventos - filme

Nesta sexta, arrancou já a maratona de visitas e itinerários, com grande parte deles já esgotados. “O Open Conventos conseguiu, em apenas três anos, estabelecer uma dinâmica própria. Neste ano, por exemplo, ainda quase não havia programa e já havia grupos nas redes sociais a juntarem-se para as inscrições. Creio que conseguimos tornar esta iniciativa num programa que é já esperado pelas pessoas, o que diz bem da sua qualidade”, refere Helena Mantas.

Tal como em edições anteriores do Open Conventos, haverá visitas a edifícios emblemáticos, como a Assembleia da República ou o Palácio das Necessidades, onde funciona o Ministério dos Negócios Estrangeiros, edifícios que já foram antigos mosteiros.

Nas novidades deste ano está uma visita ao Colégio Almada Negreiros, que é um edifício dos Jesuítas que foi construído no século XIX para ser um colégio e que hoje é a Igreja de Santo António de Campolide.

Se ainda não se inscreveu, faça-o aqui e aproveite as poucas vagas que ainda restam.

Open Conventos - relíquias

RADAR convidado do VII Congresso Internacional Sobre Envelhecimento

Numa iniciativa organizada e levada a cabo pela Associação Nacional de Gerontologia Social, em colaboração com a APOIARTE – Casa do Artista, a Universidade Rey Juan Carlos e a Associação Internacional de Universidades da Terceira Idade (AIUTA), o projeto RADAR foi convidado a participar neste encontro, com o objetivo de partilhar modelos de “boas práticas”.

O encontro, que decorreu entre os dias 13 e 17 de maio, teve como tema “Envelhecer com Arte ou a Arte de Envelhecer“, e a presença do RADAR esteve integrada no painel “Ética no Envelhecimento”, moderado pelo professor doutor Cristóvão Margarido. Durante esse painel, Hugo Gaspar, diretor de núcleo da Unidade de Missão da Santa Casa, fez uma apresentação intitulada “Projeto RADAR: Abordagens colaborativas ao isolamento social e solidão não desejada”, na qual este projeto foi explicado e mostrado numa abordagem socioecológica, incidindo em três níveis: na colaboração interorganizacional, na rede de radares comunitários e no envolvimento e participação dos cidadãos.

Para cada uma destas vertentes foram apresentados em detalhe todos os resultados obtidos e exemplificada a multiplicidade de atividades que o projeto desenvolve, destacando sempre os parceiros com que trabalha diariamente. Hugo Gaspar salientou, aliás, este facto: “o RADAR é apresentado desde a primeira hora como uma parceria colaborativa. Trabalhamos diariamente para que esta seja uma realidade. O Projeto Radar não é apenas da Santa Casa, mas de todos os parceiros que dele fazem parte. É, acima de tudo, da cidade de Lisboa”.

Da escuridão à luz: histórias inspiradoras

Quem passa na Travessa Lázaro Leitão, ali mais para os lados da zona oriental de Lisboa, e se depara com o palacete rosa, agora pálido de esbatido pelo tempo, não imagina os milagres que ali acontecem todos os dias e as vidas que se mudam naquele lugar. É assim desde 1962.

Isabel Pargana, diretora do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos, descreve a génese do equipamento: “nasceu com o objetivo de assegurar a reabilitação de pessoas com cegueira ou baixa visão. Na altura, contou com o apoio de um crítico americano, que esteve durante 18 meses em Portugal, e que permitiu dar formação e organizar o funcionamento do centro”.

Atualmente, o CRNSA providencia duas grandes respostas: o programa de realização de adultos e o programa de estimulação sensorial na primeira infância. O primeiro abrange pessoas maiores de 16 anos, vindas de qualquer ponto do país, PALOP ou ilhas, e que, dependendo do sítio onde vivem, podem ser internos ou externos. O segundo concentra-se em crianças entre os 0 e os 6 anos que, por circunstâncias diversas, têm alguma limitação visual que decorre de outras comorbilidades, questões oncológicas, de síndrome ou neurológicas, mas que interferem com a capacidade visual e, de forma muito direta e muito impactante, no seu desenvolvimento global.

A superação

O tempo de reabilitação das pessoas que chegam ao Centro varia muito, pois depende do projeto de vida, das motivações e dos interesses de cada uma.

Isabel Pargana já assistiu a um pouco de tudo, mas relembra um dos casos que mais a marcaram nos últimos tempos: “uma senhora que foi admitida em setembro [de 2023]. No primeiro dia, entrou aqui com um chapéu que tapava a face até ao nariz e uns óculos escuros que não permitiam ver absolutamente nada. Assim que subiu a escadaria principal do edifício, sentou-se no banco da entrada e disse ‘eu vou desistir, eu não aguento’. O que sucedeu? Termina o seu programa de reabilitação agora no dia 30 de maio, vai começar uma formação profissional, iniciou um processo social de habitação e pediu o seu certificado de habilitações para fazer o RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências). Ou seja, tomou conta da sua vida e transformou-se do ponto de vista físico. Nunca mais a vimos usar o chapéu, deixou de usar os óculos e passou a cuidar da sua imagem de uma forma absolutamente espetacular, porque a autoestima e a autoconfiança que foi ganhando ao longo deste percurso permitiram-lhe renascer”.

Isabel Pargana

Quem nunca pensou em desistir foi Nuno Ribeiro, 49 anos, ex-utente. Já tinha um glaucoma, quando uma cirurgia de implante de uma válvula malsucedida o levou ao CRNSA. Chegou a 20 de setembro de 2021 (com 46 anos) e ficou até fevereiro do ano seguinte.

“Nunca! Desde que aqui entrei que vinha muito focado. E era para sair [reabilitado], demorasse o tempo que demorasse. Não queria que os meus familiares e amigos olhassem para mim como um coitadinho, mas como alguém que conseguiu dar a volta e que faz a sua vida normal. Nunca pensei em desistir. Nunca essa palavra me passou pela cabeça”. Nuno Ribeiro é taxativo. E acrescenta: “É engraçado que quando passamos pelas coisas, há uma força cá dentro que se revela maior do que pensávamos e achávamos que tínhamos”.

“O meu objetivo era ficar o mais autónomo possível para voltar a trabalhar, fazer a minha vida normal, para as pessoas da minha família não estarem preocupadas comigo. Eu não queria ficar em casa, queria ser útil à sociedade e fazer aquilo que gosto, manter a cabeça ocupada. Eu só não via… De resto, tenho uma boa cabeça, penso bem, gosto de fazer contas, gosto de fazer o que faço. Tenho dois bracinhos e não queria depender de ninguém”, relembra Nuno.

Durante uns meses, o CRNSA foi a sua primeira casa, porque só ia àquela que passou a ser a sua segunda casa ao fim de semana. Não tendo sido um choque, foi um processo de habituação custoso, sobretudo por estar longe da mulher Susana, de quem nunca tinha estado afastado tanto tempo.

“Só queria que chegasse o fim de semana para estarmos juntos. Mas eu tinha de estar aqui para fazer as coisas bem, para que a Susana pudesse voltar a fazer a sua vida sem preocupações comigo, para que eu pudesse voltar a fazer as coisas que fazia, como ajudar a arrumar a casa e ir para o trabalho. No fundo, as coisas habituais que um casal normal faz”.

Reportagem CRNSA

A reabilitação do Nuno foi um processo que correu muito bem. Tão bem que, quando deixou o Centro, voltou para o mesmo sítio onde trabalhava – um banco, na área financeira – e foi integrado na mesma equipa em que estava antes.

“A integração foi muito boa, [os meus colegas] acolheram-me bem e viram-me como um deles desde o princípio. Nunca fui visto como um coitadinho. Coitadinho? Não! Viram-me, sim, como uma pessoa útil e sempre disponível para ajudar os colegas como estava antes”.

Depois da fase de internamento no CRNSA, e na grande parte das reabilitações, a última parte do processo já decorre numa perspetiva mais externa, ou seja, é preciso conhecer os trajetos a percorrer para se chegar a casa, os transportes a apanhar, as armadilhas e os obstáculos escondidos que podem dificultar o quotidiano dos pacientes.

“Não me desliguei da recuperação abruptamente, não foi um cortar repentino, mas sim progressivo, até para nós não apanharmos um grande choque. Tive de fazer essa recuperação no meu dia a dia, para depois voltar a fazer a vida que faço atualmente. Hoje em dia apanho o comboio tranquilo, apanho o autocarro nas horas de ponta. Às vezes é complicado entrar nos transportes, as pessoas vão lá no seu mundo a olhar para o ‘dia de ontem’, para os telemóveis, dão encontrões ou tropeçam aqui na minha parceira de trabalho”, explica o ex-utente do CRNSA entre risos: “é que agora nunca vou sozinho, ando sempre aqui com a minha bengalita”.

Venha conhecer o trabalho ímpar do Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos no seu open day, no dia 27 de maio, a partir das 10h00.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

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