Foi em 2019 que doze produções fotográficas – apostadas em levar à sociedade uma nova atitude perante a idade e a sua ligação com a beleza – ornamentaram vários pontos da capital, recorrendo a modelos muito especiais. Lado a lado com caras bem conhecidas– seja pelo seu trabalho na televisão, teatro, moda, música entre outros – estiveram várias pessoas com duas coisas em comum: a beleza (de várias idades) e a sua ligação à Misericórdia de Lisboa.
Enquanto decorre a ModaLisboa, e até domingo, dia 12, pode revisitar esta mostra no espaço Lisboa Social Mitra, o polo de inovação na área social da Santa Casa.
Neste contexto, a delegação sul coreana visitou, no passado dia 15 de dezembro, o Centro Intergeracional da Ferreira Borges, em Campo de Ourique, equipamento da Santa Casa, que trabalha na área do envelhecimento e em diversas respostas sociais desenvolvidas para combater as desigualdades.
O objetivo dos sete funcionários do Estado sul coreano – ligados à administração pública e que fazem parte do Ministério do Interior e da Segurança da Coreia do Sul – foi, acima de tudo, conhecer as práticas no acolhimento, apoio e acompanhamento das pessoas mais velhas seguidas pela nossa instituição.
A comitiva do país asiático escolheu visitar a Misericórdia de Lisboa, por ser uma referência nacional no âmbito da acão social e no apoio à população mais idosa. O encontro serviu para recolher informação sobre a forma como a população +65 é acolhida e cuidada pelos diversos serviços da Santa Casa, com o objetivo de replicar e melhorar o apoio prestados à população mais velha sul coreana.
A entrega dos Prémios Santa Casa Neurociências decorreu esta quinta-feira, 17 de novembro, no Auditório Mariano Gago (Pavilhão do Conhecimento), em Lisboa. Os vencedores desta 10ª edição são responsáveis pelo desenvolvimento de projetos que permitem regenerar a medula espinhal em mamíferos e analisar com detalhe os dados neurofisiológicos de pacientes com doença de Parkinson implantados com a nova geração de neuroestimuladores.
No valor de 200 mil euros, o Prémio Melo e Castro – que se destina a apoiar estudos que potenciem a recuperação e o tratamento de lesões vertebro-medulares- foi entregue a Mónica Mendes de Sousa e à sua equipa de investigação do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, pelo projeto: “TARGET: Traduzir a capacidade regenerativa de Acomys”.
O grupo de Regeneração Nervosa do i3S descobriu recentemente que o ratinho espinhoso africano (Acomys) é capaz de regenerar e recuperar a função após uma lesão completa da medula espinhal, sendo uma exceção única nos mamíferos. O projeto TARGET pretende continuar a desvendar os mecanismos subjacentes à capacidade regenerativa da medula espinhal de Acomys, sendo que esta investigação poderá ser ponto de partida para o desenvolvimento de novas terapias para doentes com lesão medular.
“Já tínhamos recebido o prémio há três anos e neste espaço de tempo já conseguimos identificar os primeiros mecanismos que permitem que este mamífero possa regenerar e ganhar função após uma lesão completa da medula espinhal. Com este prémio vamos conseguir continuar o projeto”, refere Mónica Mendes de Sousa.
Já o estudo “Melhorando a Eficácia da Estimulação Cerebral Profunda em Doença de Parkinson, com Biomarcadores Eletrofisiológicos Personalizados e Estimulação Baseada em Avaliações Quantitativas Objetivas”, liderado por Paulo de Castro Aguiar, do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, foi galardoado com o Prémio Mantero Belard, também no montante de 200 mil euros, que financia a investigação científica ou clínica de doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento, como Parkinson e Alzheimer.
O projeto vencedor, que conta igualmente com a colaboração de clínicos do Hospital de São João e investigadores do INESC-TEC, tira partido de uma nova geração de neuroestimuladores, para registar a atividade neuronal na zona do cérebro que está a ser estimulada. O objetivo é desenvolver algoritmos “inteligentes” que otimizem os parâmetros da estimulação elétrica de acordo com as características da atividade neuronal de cada paciente. Além do i3S, este projeto conta com a colaboração de clínicos do Hospital de São João e investigadores do INESC-TEC.
“Estes prémios são um catalisador para fazer com que a comunidade médica e a comunidade de investigação trabalhem em conjunto. Este projeto é o concretizar dessa vontade”, explica Paulo de Castro Aguiar.
Também na cerimónia foi entregue o Prémio João Lobo Antunes. Criada, em 2017, em homenagem ao neurocirurgião João Lobo Antunes, esta distinção destina-se a licenciados em medicina em regime de internato médico, com o objetivo de estimular a cultura científica e a investigação clínica na área das neurociências.
O vencedor deste ano foi o investigador David Berhanu, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e do Serviço de Imagiologia Neurológica do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que recebe 40 mil euros para levar a cabo um projeto sobre a abordagem clínica dos doentes com patologias neurológicas e neurocirúrgicas. O estudo “Optic Nerve Anatomy and Imaging – A Surrogate for Intracranial Pressure” utiliza técnicas neuroimagiológicas não invasivas, para determinar a pressão intracraniana no paciente.
“Este é um projeto multidisciplinar. Só assim é possível, com esta colaboração entre todas estas pessoas, até porque estou numa fase ainda precoce do meu percurso profissional”, sublinha o galardoado.
Na sua intervenção, Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa, salientou que os Prémios Santa Casa Neurociências são “um sinal de uma investigação científica rigorosa e com qualidade”, salientando que “é um orgulho para a Santa Casa poder estar associada a percursos de investigação e desenvolvimento que tanto têm contribuído para que possa existir mais qualidade de vida dos nossos doentes e para avanços científicos muito significativos”.
“A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem a consciência de que o melhor contributo que pode dar para a investigação científica e clínica é, por um lado, podermos ser parceiros e de nos associarmos aos esforços de investigação, e, por outro, conseguirmos incorporar no nosso trabalho diário todas as dimensões da investigação científica”, afirmou o provedor.
Os vencedores desta edição foram escolhidos por um júri presidido por José Manuel Castro Lopes (vice-reitor da Universidade do Porto), do qual também faziam parte Catarina Aguiar Branco (Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação), Catarina Resende de Oliveira (Universidade de Coimbra), Cristina Januário (Sociedade Portuguesa de Neurologia), Jorge Jacinto (Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão), George Perry (College of Science, da Universidade do Texas e nomeado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa), João Malva (Sociedade Portuguesa de Neurociências), José Ferro (Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e nomeado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa) e Mamede de Carvalho (Universidade de Lisboa).
Na cerimónia decorreram, ainda, duas mesas redondas sob os temas “Investigação clínica e inovação Biomédica – uma componente chave na prestação de melhores cuidados de saúde” e “Como fazemos ciência em saúde”.
A disponibilização de cuidados de saúde oral de forma comparticipada a crianças e jovens até aos 18 anos já era uma resposta que a instituição assegurava em alguns equipamentos de saúde. Em 2019, a instituição decidiu inovar e criar um espaço único dedicado e especializado em cuidados de saúde oral infantil, tendo então inaugurado o SOL – Saúde Oral em Lisboa.
Desde cedo que o trabalho do serviço odontopediátrico da Santa Casa tem sido alvo de rasgados elogios, não só pelos utilizadores da mesma, como também pela comunidade académica, sendo por várias vezes também destacado em vários artigos científicos publicados em revistas da especialidade.
“O SOL utiliza uma abordagem que reconhece a importância de combater os determinantes sociais, políticos e culturais subjacentes à saúde oral, e que afirma o conceito de saúde oral como um direito, com ênfase na atenção precoce, na prevenção da doença e na criação de hábitos saudáveis”, reconhece André Brandão de Almeida, coordenador e diretor clínico do equipamento. Os problemas de saúde oral “afetam desproporcionalmente os grupos mais pobres e marginalizados da sociedade, estando intimamente ligadas ao status socioeconómico e aos determinantes sociais mais amplos”, acrescenta ainda.
O responsável explica, ainda, que a dificuldade de acesso a cuidados de saúde oral no Serviço Nacional de Saúde foi um dos problemas que motivaram a criação deste serviço, considerando que o SOL “é inovador e único porque faz uma abordagem diferente ao desafio que é mudar o paradigma de acesso aos cuidados de saúde oral, complementando, em Lisboa, o Serviço Nacional de Saúde com uma resposta integral de cuidados de saúde oral para todas as crianças e jovens até aos 18 anos”.
Ao longo dos últimos três anos, contabilizam-se já alguns trabalhos de investigação publicados pela equipa multidisciplinar do SOL. Entre eles, destaque para o estudo, de 2021, sobre os hábitos alimentares das crianças, realizado durante o período de confinamento, que indicou que nos primeiros meses da pandemia, as crianças ingeriram mais produtos açucarados do que era habitual, mas que, em contrapartida, consumiram mais fruta fresca. Este trabalho, com base em respostas recolhidas junto de 1.566 crianças, entre os 0 e os 18 anos, foi posteriormente publicado, em formato digital e pode ser obtido na página da loja da Cultura Santa Casa.
Recentemente foi publicado um artigo no International Journal of Environmental Reserch and Public Health, da autoria da equipa do SOL, que retrata a prevalência de bruxismo do sono, nas crianças e jovens dos 0 aos 18 anos. “O artigo publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, Prevalence of Sleep Bruxism Reported by Parents/Caregivers in a Portuguese Pediatric Dentistry Service: A Retrospective Study, por se tratar da nossa primeira publicação numa revista Q1 (quartil 1), foi um fator de orgulho e de que conseguimos realmente fazer a diferença”, realça André Brandão de Almeida.
Para o diretor clínico, o futuro do SOL passa por continuar a apostar “em outras áreas importantes da saúde oral, como a nutrição ou a terapia da fala, e continuar a solidificar o nosso núcleo de investigação e pesquisa para podermos não só ter melhores práticas clínicas, mas também para podermos partilhar os nossos protocolos e resultados”.
A investigação científica “é um enorme desafio”, mas que requer “total disponibilidade”, “excelência clínica” e uma aposta “na investigação e na formação contínua, não deixando ninguém para trás”, concluiu ainda o responsável.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa assinou recentemente um protocolo de cooperação com a Associação Cultural Êxito das Tendências, que visa potenciar o apoio à população deslocada da Ucrânia, mais precisamente crianças e jovens que se encontrem a residir em Lisboa e que necessitem de apoio em diversas áreas bem como em atividades de ocupação de tempos livres.
O protocolo prevê ainda a criação de um projeto-piloto a ser implementado no Centro Social de São Boaventura, no Bairro Alto, equipamento da Santa Casa, onde será implementado um plano de atividades, em áreas como a saúde mental, dança, música e aprendizagem da língua portuguesa, destinado a crianças ucranianas, entre os 8 e os 14 anos.
O documento foi subscrito pelo administrador de Ação Social da Misericórdia de Lisboa, Sérgio Cintra, e pelo presidente da associação, Taras Shevchenko, e a vice-presidente, Viktoriya Shashko.
Sérgio Cintra relembrou que a Santa Casa “está sempre de portas abertas para ajudar quem mais necessita”, concluindo que este é um apoio que “pode fazer uma diferença enorme na vida destas pessoas que de repente se encontram noutro país, noutra cultura e numa nova realidade”.
Já Viktoriya Shashko começou por agradecer a disponibilidade da instituição em “apoiar esta causa”, frisando que “é fulcral para o nosso povo e, principalmente, para as nossas crianças este apoio. Acreditamos que com esta parceria as crianças e jovens ucranianas deslocados do seu país, podem desenvolver todo o seu potencial”.
Fundada em 2020, a Associação Cultural Êxito das Tendências tem como objetivo promover o desenvolvimento e fortalecimento de relações solidárias, na vertente educacional e cultural, entre a comunidade da ucraniana e portuguesa.
A iniciativa, que teve lugar no Convento de São Pedro de Alcântara, promovida por várias unidades orgânicas da Santa Casa, visou discutir alguns modelos de integração das pessoas com deficiência no mundo do trabalho e a plena integração destas pessoas na sociedade, durante a sua transição da adolescência para a vida adulta.
A conferência contou com a participação de Laura Owens, especialista internacional nesta matéria e presidente da TransCen, organização sem fins lucrativos dedicada a melhorar os resultados educacionais e de emprego para pessoas com deficiência.
Logo no início da sua intervenção, Laura Owens elogiou o trabalho que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) tem vindo a desenvolver na área da deficiência, destacando que é “importante que as organizações olhem cada vez mais para as questões da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade”.
“Todo o trabalho que fazem aqui na Santa Casa é merecedor dos maiores elogios. É importante trabalhar a deficiência nos vários escalões etários e vocês (SCML) têm respostas adequadas e ajustadas a cada caso, para isso”, disse a presidente da TransCen.
Para Laura Owens é necessário compreender que “uma vida com significado para as pessoas com algum tipo de deficiência é sempre um desafio”, considerando que é importante “ouvir os interesses delas e as necessidades que têm, porque o que é significativo para a maioria de nós não o é para elas”. Para destacar este ponto, a especialista deu a conhecer aos presentes o exemplo de uma jovem com quem teve oportunidade de trabalhar na TransCen.
“Há alguns anos conheci a Anne e para ela o importante para ser verdadeiramente feliz não era ter dinheiro, nem um carro. Era principalmente ter amigos, ter uma família, mas acima de tudo ser parte da comunidade e ser útil a ela”.
Para a professora universitária, a integração de uma pessoa com deficiência, no quotidiano diário de uma sociedade, nem sempre é verdadeiramente inclusiva. “Mais do que habilitar as pessoas a conseguirem fazer a maioria das coisas que todos nós fazemos diariamente, precisamos igualmente de incluir e não apenas integrar. Não basta conseguir ir a um café e pedir uma bebida. É também importante que as pessoas conheçam a pessoa que está à sua frente, que falem e interagem com ela. Isso sim, é integrar e incluir”, concluiu a investigadora.
A instituição anuncia um novo ciclo de debates com o objetivo de assegurar a fundamentação e a validação de saberes e experiências da instituição numa perspetiva de alcance da melhoria contínua nos serviços prestados à comunidade. A iniciativa pretende ainda incentivar à aproximação entre profissionais de vários setores e academia, com vista a à reflexão entre a teoria e a prática. Todos os debates serão moderados pelo provedor da Santa Casa, Edmundo Martinho.
As primeiras três sessões serão centradas no tema “Políticas Públicas na Longevidade”, com o primeiro evento a acontecer já na próxima sexta-feira, 13 de maio, na Sala das Extrações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O primeiro evento abordará importância da integração dos cuidados sociais e de saúde na longevidade, e contará com a participação do antigo ministro do Trabalho e da Solidariedade, Paulo Pedroso, e do anterior ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
Num formato híbrido, é possível assistir à mesma na Sala de Extrações ou online, através do seguinte vídeo:
No segundo encontro, previsto para junho, estará a debate a “Revolução da longevidade” com o contributo do médico e gerontólogo Alexandre Kalache e do fundador e presidente honorário da Rede Iberoamericana de Animação Sociocultural, Victor Ventosa, como oradores convidados.