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Acampamento Intercasas Santa Casa junta 140 crianças e jovens em Góis

Durante vários dias, o Parque de Campismo local foi o ponto de encontro de crianças, cuidadores e equipas técnicas, numa verdadeira celebração do espírito de aventura e de partilha. Com o rio e as praias fluviais da zona como cenário de fundo, os participantes viveram intensamente cada momento, explorando a natureza, testando os seus limites e fortalecendo laços entre casas, equipas e cuidadores.

Esta iniciativa é um dos momentos mais aguardados do ano e assume-se como uma oportunidade única para promover o convívio entre crianças e jovens. Simbolicamente o Acampamento Intercasas marca também o encerramento das férias de verão e o regresso às aulas.

De Lisboa a Finisterra: jovens da Santa Casa visitam costa Galega inspirados na obra “Vinte mil Léguas Submarinas”

Um grupo de jovens da Misericórdia de Lisboa, com idades entre os 12 e os 21 anos, rumaram até Finisterra, o mítico “fim do mundo”, numa jornada marcada por paisagens intensas e um verdadeiro espírito de grupo. Juntamente com colaboradores da instituição e figuras de referência, o percurso foi mais do que uma viagem. Foi um caminho de crescimento pessoal, onde cada passo serviu como metáfora para desafios superados e sonhos em construção.

A iniciativa teve como destinatários jovens acompanhados por esta direção da instituição e resultou, uma vez mais, de um prémio de mérito cívico e académico conquistado no último ano letivo. O reconhecimento do esforço e do compromisso destes jovens materializou-se, assim, numa experiência única, que uniu natureza, história e aventura.

Tal como no ano passado, quando visitaram cidades como Valladolid, Oviedo, Salamanca e Bilbao, estes momentos de descoberta continuam a reforçar o sentido de pertença, autoestima e a ligação dos jovens à instituição.

“Estas viagens, que vão na sexta edição, procuram trazer o espírito de aventura e a procura de novas experiências para as crianças e jovens que nela participam. São um prémio relativo aos resultados escolares e cívicos dos participantes”, sublinha António Santinha, diretor da Unidade de Apoio à Autonomização da Santa Casa.

Senadores franceses visitaram Centro de Capacitação de Alvalade

O Centro de Capacitação de Alvalade, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, recebeu, na terça-feira, 2 de setembro, a visita da Comissão dos Assuntos Sociais do Senado Francês. O objetivo foi apresentar à comitiva não apenas este equipamento, mas toda a atuação da Misericórdia de Lisboa na área da Infância e Família.

A visita contou com a presença de membros da Embaixada francesa em Portugal e teve como anfitriã Rita Prates, Vice-Provedora da Santa Casa, acompanhada por Rui Godinho, diretor de Infância, Juventude e Família, e de Filipe Saramago, diretor do Centro de Capacitação de Alvalade.

Começando por fazer um resumo da história e atuação da Santa Casa, Rita Prates destacou aquele que é o mais antigo sistema de segurança social da Europa, explicando que este é sustentado pelas receitas dos jogos sociais.

“Acompanhamos as pessoas em todo o seu ciclo de vida, desde crianças até, inclusivamente, à morte, com os enterros de quem não tem ninguém. Temos um papel muito relevante”, frisou a Vice-Provedora, afirmando que a Instituição está focada em “fugir a uma lógica assistencialista” para centrar atenções em “capacitar as famílias e ajudá-las a cuidar das suas crianças”.

Por seu lado, Rui Godinho sublinhou que a Misericórdia “atua como uma ‘agência’ para as políticas de Infância e Família na Grande Lisboa”, apresentando a forma como a Instituição está dividida em diversas áreas.

Já Filipe Saramago detalhou o papel do Centro de Capacitação de Alvalade, composto pela Casa de Acolhimento Santa Joana, que conta com 12 crianças, e pela equipa de capacitação e promoção do relacionamento familiar.

“Não perguntamos o que fizeste para ficares sem o teu filho. Perguntamos o que aconteceu para o teu filho ter vindo para aqui. O objetivo é pensar em conjunto com a família em como vamos alterar isto e levar a criança de novo a casa”, resumiu.

Posteriormente a esta apresentação, a Comissão francesa, presidida pelo Senador Philippe Mouiller, teve oportunidade de visitar as instalações do Centro e trocar conhecimentos e experiências com os responsáveis da Santa Casa, numa tarde proveitosa em prol da proteção das crianças e bem-estar das famílias.

Farmácia Linaida: o RADAR de proximidade que faz a diferença

Segundo Joana, “é sobretudo a população mais envelhecida que sentimos mais sozinha”. O bairro de Campo de Ourique, com uma realidade social heterogénea, revela contrastes: há clientes que, tendo condições económicas, recorrem a cuidadores particulares e a serviços pagos; mas há também uma franja significativa de idosos que vivem sozinhos, em casas onde a intimidade é guardada com reserva. Nesses casos, a aproximação exige sensibilidade e cuidado, procurando abrir espaço para o diálogo e, sempre que necessário, encaminhar para o Projeto RADAR.

Já houve situações em que o alerta chegou de forma inesperada. Vasco recorda um episódio: uma senhora ligou para a farmácia, dizendo que não tinha dinheiro para a medicação e profundamente aflita. O funcionário que atendeu a chamada percebeu de imediato a gravidade do caso, o que levou à referenciação para o RADAR. “Sentimos que a pessoa ficou agradecida. Isto já foi há mais de dois anos, mas ficou-nos na memória”, recorda.

Desde 2019, a Farmácia Linaida integra o projeto. Vasco admite que, no início, não compreenderam plenamente a sua importância. “Quando nos foi apresentado, não valorizámos tanto. Só mais tarde, com a prática e o contacto direto com a equipa do RADAR, percebemos o enorme impacto deste trabalho.”

Para Joana, o desafio é também manter vivas as ações de rua, realizadas em parceria com a unidade móvel. Testes de tensão arterial, medições de glicemia, avaliações nutricionais ou simplesmente a partilha de informação sobre suplementos alimentares funcionam como portas de entrada para conversar com idosos que, de outra forma, não se aproximariam. E Vasco acrescenta: “Apesar do esforço que implica para a equipa, acreditamos que faz todo o sentido libertar alguém da farmácia para estar presente nestas ações. No fundo, somos uma farmácia de bairro e temos de estar preocupados com o bem-estar da nossa comunidade”, sublinha.

diretora técnica da farmácia linaida a dar uma entrevista sobre o radar.

Ângela, mediadora do RADAR na freguesia, reforça esta visão: “A presença da farmácia é fundamental. Os utentes confiam no seu farmacêutico, aproximam-se com naturalidade, e muitas vezes é aí que se dá o primeiro contacto com o projeto. Para nós, esta colaboração é uma mais-valia enorme.”

A confiança é, de resto, um pilar essencial. Vasco lembra um estudo que apontava o farmacêutico como uma das profissões em que os portugueses mais acreditam, a par de bombeiros e pilotos de avião. “E essa credibilidade é decisiva para o RADAR chegar a mais pessoas.”

Apesar do caminho já percorrido, tanto a equipa da farmácia como os mediadores reconhecem que há ainda desafios pela frente: a escassez de recursos, a dificuldade em mobilizar outras farmácias para determinadas acções, como os rastreios, ou a necessidade de alargar o projeto para fora de Lisboa. Mas a convicção é clara: quanto mais agentes locais se envolverem, maior será o impacto.

No final, Joana deixa uma mensagem simples e firme: “Connosco podem sempre contar. Estaremos sempre disponíveis para ‘ir’.”

Hoje, Campo de Ourique conta com 266 radares ativos. E cada gesto de proximidade, cada conversa ao balcão ou na rua, continua a ser uma oportunidade de fazer a diferença na vida de quem mais precisa.

duas senhoras posam no interior da farmácia linaida, radar de campo de ourique.

“Outro Olhar”: criatividade sénior em exposição no coração de Lisboa

Com curadoria de Frias Reis, a exposição reúne os trabalhos de Adelaide Martins, António Frazão, Carlos Aido, Céu Peres, Isabel Bastos de Almeida, Mª Helena Baptista, Teresa Castro e Vítor Soares, num diálogo entre realidade e sonho. As obras resultam de um percurso coletivo de descoberta e experimentação artística que alia experiência de vida a novas formas de expressão visual. 

O Grupo Artistas Improváveis nasceu em 2025, no seio da Universidade Sénior dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, com o propósito de dar voz ao talento criativo dos seus alunos. Oriundos de diferentes áreas profissionais, os artistas encontram na arte um espaço de partilha e reinvenção, provando que a criatividade não tem idade. 

A mostra pode ser visitada no CLIC-Lx, na Rua Nova da Trindade, nº 15, de segunda a sexta-feira, entre as 10h e as 17h. O encerramento será assinalado no dia 3 de setembro, com uma finissage aberta ao público, que inclui o colóquio “O que andámos para aqui chegar” e, à tarde, uma celebração com sessão de autógrafos dos artistas. 

Inserida no programa “Lisboa, Cidade COM VIDA Para Todas as Idades”, esta iniciativa reforça o compromisso da Misericórdia de Lisboa e da CML em promover uma cidade ativa, inclusiva e participativa. O programa aposta no envelhecimento ativo, no combate ao isolamento e no estímulo à autonomia da população sénior, através de projetos como o RADAR, o próprio CLIC-Lx e diversas iniciativas culturais que aproximam gerações e comunidades. 

Mais do que uma exposição, “Outro Olhar” é um convite a descobrir como a arte continua a reinventar a vida em todas as idades. 

CASSB: Criatividade, inclusão e tradição no coração de Lisboa

Ateliês que transformam vidas

No CASSB, a integração social e profissional é promovida através de três ateliês complementares:

  • Ateliês artísticos: Aqui, os utentes aprendem e desenvolvem técnicas como pintura, modelagem, carpintaria e costura. A maioria das criações nasce da reciclagem de materiais (como madeira, papel, tecido), transformando o que seria descartado em peças únicas e cheias de significado.
  • Atelier-bar: Este espaço é responsável pela confeção de refeições para os utentes, técnicos e situações encaminhadas pelo serviço de emergência. Com uma equipa fixa de utentes e apoio pontual de outros, o atelier-bar é também um lugar de partilha e responsabilidade.

Os produtos criados nos ateliês são vendidos na loja do CASSB, aberta ao público. Cada peça carrega consigo uma história de superação e talento, tornando-se não apenas um objeto, mas um símbolo de inclusão.

Uma novidade: As Paulinas, bonecas com alma lisboeta

Entre as criações mais encantadoras da loja estão as Paulinas — bonecas feitas de pasta de papel e sonhos. Inspiradas nas meninas de Lisboa, cada Paulina tem uma personalidade própria: umas são sorridentes, outras maliciosas ou recatadas, mas todas têm um charme irresistível.

As Paulinas surgiram de um desafio lançado pela equipa de animação do CASSB: criar um novo produto que refletisse as vivências do coração da cidade. A resposta veio com graça e irreverência: bonecas modernas, mas enraizadas na tradição lisboeta.

Feitas à mão pelos utentes artesãos do centro, as Paulinas passam por um processo criativo que envolve modelagem, pintura, escolha de cores, expressões faciais e até a indumentária. Cada detalhe é pensado com carinho, e o resultado são peças únicas que conquistam quem as vê.

Um projeto com propósito

Mais do que produtos, o que se encontra na loja do CASSB são manifestações de talento, resiliência e humanidade. Cada peça vendida contribui para a valorização dos utentes e para a continuidade de um projeto que une arte, inclusão e solidariedade.

Se passar pelos lados de S. Bento, ao lado da Assembleia da República, não deixe de visitar a loja do CASSB. Levar uma Paulina para casa é levar consigo um pedaço da cidade e do talento de quem a molda com esperança.

 

Centro de Apoio Social de São bento (CASSB)

Morada: Rua de São Bento, 140 à Travessa da Arrochela | 1200-820 Lisboa

Contacto: 213913060

Seis anos de radar comunitário, 40 a tomar conta do bairro

É só seguir o aroma a fruta fresca, algures na Rua General Taborda, em Campolide, para encontrar a pequena mercearia de Isabel Batista. Ali instalada há 40 anos, assinalados com direito a festa no passado mês de janeiro, funciona desde 2019 como um radar comunitário. Alimenta, assim, o corpo e a alma daqueles que diariamente lidam com o isolamento e a solidão não desejada.

“Infelizmente está a perder-se, mas o pequeno comércio ainda vai tendo muito isso. É a parte psicológica das pessoas saírem e conversarem. Vamos conversando um bocadinho e por vezes basta um abraço. Nem é preciso dizer nada, é só sentir o carinho e a proximidade. É muito importante”, assinala Isabel.

Natural de Ferreira do Zêzere, chegou à capital com apenas 17 anos e rapidamente abraçou Campolide como o seu bairro de coração. Hoje conhece boa parte da comunidade sénior ali residente, apesar da evolução da cidade.

“Antes da pandemia existia muita gente de alguma idade com algumas necessidades. Muita coisa tem vindo a mudar e as pessoas foram partindo, mas ainda há muitas que vivem sozinhas”, explica a comerciante, acompanhada por Inês Gonçalves, mediadora de proximidade do Projeto Radar.

“É um pouco o retrato da cidade. Ainda há muito para fazer”, refere Inês.

Não é raro ver Isabel, que também participa noutros projetos de auxílio à comunidade, a ir levar medicamentos ou ir buscar o pão do dia a quem não o consegue fazer. Mas mais importante do que isso é o facto de servir de companhia a quem passa horas sozinho.

“Às vezes não é tanto a comida. É o acompanhar, o estar, os dias serem mais pequenos… Tenho um lema de vida: quando deixarmos de ser um ‘nós’ e passarmos a ser um ‘eu’, isto não valerá a pena. Todos os dias dou o meu melhor, mas tenho consciência de que o meu melhor não é tudo o que o outro precisa, é o que nós podemos dar”, assume a dona da mercearia.

Por seu lado, Inês Gonçalves avalia de forma muito positiva a contribuição da mercearia de Isabel como radar comunitário.

“Tem-se portado muito bem, fossem todos assim, tão atentos e disponíveis! A Dona Isabel tem sido uma referência e tem-nos ajudado muito a conhecer algumas situações. Ainda hoje de manhã passámos por cá para lhe dizer bom dia e aproveitámos para perguntar por algumas pessoas que não temos visto, nem têm atendido o telefone”, revela a mediadora.

Mesmo passados 40 anos, o amor de Isabel pelos vizinhos mais velhos não tem forma de esmorecer. E assim continuará enquanto puder: “Vim para cá muito novinha e aqui acabei de me criar. São a minha família de coração”.

Projeto GreenCity4Aging estuda impacto das “ruas verdes” na vida das pessoas idosas

A apresentação pública do projeto decorreu na passada segunda-feira, 21 de julho, na Sala de Extrações da Santa Casa, e contou com a presença da vice-provedora Rita Prates, que destacou a importância da colaboração entre as duas instituições: “Este é um projeto essencial para tornar Lisboa numa cidade mais amiga das pessoas mais velhas”, afirmou, felicitando todos os envolvidos.

Com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o GreenCity4Aging propõe-se a estudar o impacto das chamadas “ruas verdes” — espaços urbanos que integram vegetação, reutilização de água e infraestruturas para mobilidade ativa, como ciclovias e trilhos pedonais — na vida das pessoas idosas. O objetivo é perceber de que forma estas soluções urbanas podem promover estilos de vida mais ativos e combater o isolamento social.

A investigação, que teve início em 2023 e decorre até março de 2026, está a ser conduzida por uma equipa multidisciplinar coordenada por Sibila Marques, psicóloga e professora auxiliar no ISCTE, e Sara Eloy, co-investigadora principal. Do lado da SCML, participam Filomena Gerardo, José Castro e Cunha e Sofia Esteves, da Unidade Técnica de Apoio.

A SCML tem tido um papel central na implementação do estudo, nomeadamente através do envolvimento de mais de 200 utentes idosos nas fases experimentais. Cada participante foi testado individualmente, em sessões de cerca de 20 minutos, num ambiente de Realidade Virtual (RV) previamente validado pelo Comité de Ética do ISCTE.

“A colaboração da Santa Casa neste projeto tem sido fantástica. Não só neste, mas em todos. É essencial que a investigação esteja em contacto com a sociedade civil. Sem esta ligação, os resultados não teriam o mesmo impacto”, sublinhou Sara Eloy, destacando o papel da SCML como ponte entre a academia e a comunidade.

A coordenadora do projeto, Sibila Marques, reforça essa visão e espera que os resultados tenham impacto direto no planeamento urbano: “Queremos que as pessoas adotem formas de mobilidade mais ativa, como andar ou andar de bicicleta, mas que as cidades sejam desenhadas de forma correta. Por exemplo, que as ciclovias não estejam em cima dos passeios, mas onde devem estar, para que pedestres e ciclistas possam coexistir em segurança.”

A escolha dos bairros urbanos para a fase de observação — Alvalade e Areeiro — teve como critério a existência de ciclovias e um elevado índice de envelhecimento. “Procurámos freguesias onde já existissem estas novas formas de mobilidade. Queremos ouvir as pessoas mais velhas sobre o que pensam destas mudanças e como devem ser desenhadas as novas ruas”, explicou a coordenadora.

O estudo desenvolve-se em três fases: observação direta em bairros urbanos, realização de grupos focais e inquéritos com residentes idosos, e um estudo experimental com Realidade Virtual, onde os participantes são expostos a quatro cenários urbanos simulados, com recolha de dados fisiológicos e comportamentais, como movimentos, postura e batimentos cardíacos.

“Este é mais um projeto que teve uma resposta fantástica dos colegas no terreno e dos participantes”, afirmou Filomena Gerardo, coordenadora de projetos nacionais e internacionais da SCML. “Temos vindo a participar em projetos nacionais e internacionais nos últimos 15 anos, o que tem dado grande prestígio à Santa Casa. Já colaborámos com o ISCTE em três projetos e construímos uma rede com 72 parceiros de mais de 17 nacionalidades.”

Além dos efeitos físicos e sociais das ruas verdes, o GreenCity4Aging pretende também investigar como o ambiente urbano pode influenciar a perceção de idadismo. Estudos anteriores indicam que o sentimento de pertença à vizinhança pode mitigar o impacto da discriminação etária, com implicações diretas na saúde e bem-estar das pessoas idosas.

Combinando psicologia, arquitetura, sociologia e tecnologia, o projeto promete gerar conhecimento relevante para o desenvolvimento de cidades mais inclusivas, sustentáveis e amigas das pessoas idosas, alinhadas com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde.

A conferência final do GreenCity4Aging decorrerá a 24 de outubro de 2025 no ISCTE.

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O RADAR da Estrela: Quando a solidão é escutada

Quase ninguém, excepto o RADAR. No projeto da Santa Casa que se vê e se sente, há pessoas e gestos que ligam corações solitários a uma rede de cuidado e humanidade.

Andreia Rodrigues é responsável pela farmácia Infante Santo e conhece bem estes silêncios. Como o de uma senhora que, desde a pandemia, não saiu mais de casa. Anos passaram e a única vez que a Andreia a viu fora de portas foi um acaso. Preocupada, comunicou às mediadoras do RADAR. Estas tentaram contactá-la e foram a casa dela, acompanhadas pela polícia. A porta não se abriu. Mais tarde souberam, por uma vizinha, que estava hospitalizada.

“Há vários casos a assinalar. Muitos”, refere Andreia Rodrigues. “Estamos num bairro onde existem muitos idosos. É um bairro antigo, onde as casas foram, muitas delas, transformadas em alojamentos locais. Temos muitos turistas, mas depois temos aquela parte mais envelhecida que mora aqui. E que às vezes precisa de ajuda porque não tem mesmo ninguém. Ou a família que mora longe ou que não pode estar presente.”

Maria Alice Mendes é uma dessas mediadoras. Percorre, diariamente, a freguesia da Estrela, e a sua colega a de Campo de Ourique. Já encontrou de tudo. “Eu diria que depende das pessoas com quem contactamos. Depende… Se a pessoa estiver disponível para aceitar o apoio, corre tudo bem. Mas há pessoas estão já há tantos anos isoladas, sozinhas, chateadas, até, com a sociedade, que não aceitam. É um trabalho de ‘formiga’. Vamos visitando, regular e insistentemente, e percebendo se a pessoa, depois, com o tempo, ‘nos’ aceita. E já aconteceu mudarem de opinião.”

polícia, mediadora radar e farmacêutica

Depois, há o caso de alguns moradores no bairro, como a D. Nazaré, que é o oposto da reclusão — vai a tudo: ações, sessões, encontros. Gosta de estar, de participar, de aprender. Ou o da D. Odete, que passa as tardes na farmácia, como quem encontrou um porto seguro para combater uma grande solidão.

O que une todas estas histórias? O olhar atento de quem escolhe cuidar. Da parte da farmácia Infante Santo, os medicamentos são entregues em casa, sim, mas muitas vezes o que se entrega é atenção, presença, companhia. Um gesto tão simples como perguntar “está tudo bem?” pode mudar um dia inteiro, uma vida inteira.

O agente Vítor Marcolino conhece bem este terreno por dentro. Todos os dias percorre as ruas com as mediadoras. Diz que há surpresas, boas e más. Diz também que o RADAR devia ter mais apoio, mais vozes, mais tempo. “Porque os velhotes gostam de falar. Querem ser ouvidos. Precisam de ser ouvidos.”

E é essa a beleza e, ao mesmo tempo, a dor do RADAR: não é só sobre serviços, é sobre humanidade. É sobre criar tempo onde ele parece faltar. É sobre transformar freguesias em comunidades, vizinhos em cuidadores, e a cidade num lugar onde ninguém fica verdadeiramente sozinho, a menos que queira.

Em bairros antigos como a Madragoa, onde os idosos se misturam agora com turistas e novos residentes, a memória da vizinhança ainda resiste. Onde o RADAR acompanha e se faz acompanhar pela polícia, não por autoridade, mas por segurança.

O Projeto RADAR não apaga a solidão do mundo. Mas é um sussurro constante. “Estamos aqui.” É um fio de esperança lançado sobre quem ficou para trás. E nesse gesto, tão pequeno e tão imenso, reside o verdadeiro sentido de comunidade, levado a cabo por um conjunto de parceiros que se uniram em prol de uma causa: o combate à solidão. Na tal cidade que dorme pouco.

Projeto CUBO termina com celebração do seu impacto na comunidade

Tudo começou há um ano, na sequência da segunda edição do concurso Gerações Solidárias, da Misericórdia de Lisboa, quando foi apresentado o projeto “CUBO – Uma Biblioteca Original”, o qual consistia na construção de cubos de madeira que seriam “transformados” em pequenas bibliotecas. Colocados em três escolas das Avenidas Novas – na Escola Básica de São Sebastião, na Escola Mestre Arnaldo Louro de Almeida e na sede de agrupamento, na Escola Marquesa de Alorna –, o projeto foi implementado desde o segundo semestre de 2024 até ao primeiro semestre de 2025.

“Paralelamente foram realizadas várias atividades de aproximação de gerações, em particular entre os utentes do Centro de Dia Rainha D. Maria I com os alunos das escolas da freguesia. Foram realizadas atividades de jogos tradicionais, workshops temáticos e oficinas de ópera”, explicou Hugo Caixaria, diretor do equipamento, adiantando que as pequenas bibliotecas (ou armários) “permitiram ser o mote para a criação de mais atividades em conjunto com as escolas”.

Hugo Caixaria na apresentação do projeto CUBO

Depois do fim, um novo “capítulo”

O Centro de Dia Rainha D. Maria I, o local onde “nasceu” o CUBO, será o mesmo onde foi decretado oficialmente o seu fim. Numa cerimónia que contou com a presença de responsáveis da Ação Social da Santa Casa e de vários utentes, o projeto que agora terminou foi alvo de um balanço repleto de elogios, tornando-se numa rampa de lançamento para uma nova fase que, tal como a anterior, promove a intergeracionalidade. 

“Pensamos em envolver o Museu Bordalo Pinheiro e, com o seu serviço educativo, dinamizar um conjunto de atividades para capacitar os utentes do Centro de Dia a serem, eles próprios, guias para apresentação do museu a futuros visitantes. Aqui o CUBO [o quarto, já que os três anteriores que estiveram nas escolas deixarão de existir] irá funcionar como um «armário portfólio» onde serão guardados todos os instrumentos ou trabalhos alusivos ao artista Bordalo Pinheiro e através dos quais serão «guiadas» as visitas”, revelou Hugo Caixaria.

De acordo com o responsável, esta atividade não estava prevista na fase inicial do CUBO, apesar de “fazer sentido” para a sustentabilidade e continuidade do projeto, na relação com as escolas e na dinamização de atividades conjuntas, que permitam valorizar a relação entre gerações. 

plateia na apresentação do projeto CUBO

O artista

Acácio Lopes tem 82 anos e uma longa experiência como marceneiro. Desde que se tornou utente do Centro de Dia Rainha D. Maria I que havia a preocupação, no seio do equipamento, de se encontrar uma atividade que pudesse ser apelativa e interessante para o idoso, dado o seu perfil não se enquadrar nas atividades tradicionais dos centros de dia, como a prática de ginástica, ioga ou caminhadas. A esta situação, acrescia outra: o pedido do Sr. Acácio para desenvolver uma atividade relacionada com a sua arte, a marcenaria.

“Se já tínhamos o talento do marceneiro, ainda nos faltava a madeira e a utilidade do que poderíamos construir. O Sr. Acácio começou por fazer pequenas reparações de cadeiras e móveis de outros estabelecimentos da Santa Casa, mas queríamos algo maior, que tivesse um maior impacto e que, simultaneamente, pudesse criar uma dinâmica de parceria no território”, explicou o diretor do Centro de Dia Rainha D. Maria I. Assim, quando “nasceu” o projeto CUBO, que outro artista haveria para executar as pequenas bibliotecas senão o Sr. Acácio? 

O balanço

“De uma forma geral consideramos que o projeto respondeu aos propósitos inicialmente estabelecidos. Começou por dar um «sentido» para a participação do Sr. Acácio e evoluiu para uma estratégia de aproximação de vários parceiros na comunidade, permitindo a realização de atividades numa dinâmica de intergeracionalidade”, avaliou Hugo Caixaria.

Segundo o responsável, a relação com o Museu Bordalo Pinheiro representará “uma nova dimensão de continuidade do projeto”, prevendo-se a sua concretização durante o segundo semestre de 2025. Sempre, com um único objetivo em mente: Valorizar o conhecimento de cada utente e colocá-lo ao serviço do outro. Neste caso, os visitantes do Museu Bordalo Pinheiro. 

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Locais únicos e diferenciados de épocas e tipologias muito variadas

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas