A mostra, que chega agora a Lisboa após uma passagem marcante pelo Porto, onde foi visitada por mais de 20 mil pessoas, propõe uma revisitação ao percurso político e humano de Francisco Sá Carneiro, figura central da história democrática portuguesa.
Através de documentos, imagens e diversos objetos, a exposição convida o público a refletir sobre os valores da liberdade, da ética e da participação cívica. Um dos núcleos centrais é o espólio guardado pela sua secretária pessoal, Conceição Monteiro, revelado agora pela primeira vez ao público.
A cerimónia de inauguração contou com a participação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do Provedor da Santa Casa, Paulo Sousa, do Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, e de José Pacheco Pereira.
“É com enorme honra que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa acolhe, neste espaço histórico da Mitra, esta exposição de tão elevado significado cívico e histórico”, afirmou o Provedor durante a sua intervenção. “A Santa Casa, com os seus mais de cinco séculos de história, tem sido, por vocação e missão, um pilar de solidariedade e justiça social. É profundamente coerente que a Mitra acolha uma iniciativa que conjuga a história, a ética e a cidadania”, acrescentou.
O Provedor sublinhou ainda o papel da Mitra enquanto centro de cultura, inovação e eventos de interesse público, destacando a colaboração com a Associação Cultural Ephemera.
“Ao cedermos este espaço à Ephemera, reconhecemos e apoiamos o seu trabalho notável na salvaguarda e divulgação de acervos que são património inestimável da nossa identidade coletiva”, frisou Paulo Sousa.
A concluir, o provedor evocou também o legado de Francisco Sá Carneiro, “indissociável dos valores que a Santa Casa sempre procurou defender: a dignidade da pessoa humana, a defesa dos mais vulneráveis e a construção de uma sociedade mais justa. A luta pela Democracia, na qual Sá Carneiro foi um protagonista fulcral, é também a luta pelo quadro de liberdades e direitos que permite à Misericórdia, e a todas as instituições sociais, exercerem a sua missão em pleno”.
Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou o legado deixado por Francisco Sá Carneiro, considerando-o como uma “figura meteórica”, que tinha a capacidade de antecipar acontecimentos.
“Ele foi uma realidade, uma realidade única e irrepetível. Mais ninguém viveu, em tão pouco tempo, tanto na criação da democracia portuguesa”, defendeu o chefe de Estado.
Já Luís Montenegro destacou o papel incontornável que Sá Carneiro teve na “defesa da democracia portuguesa”. O primeiro-ministro referiu ainda que se inspira “muito nos valores fundadores da intervenção política de Sá Carneiro”, no seu legado e nos seus valores.
Também discursando na inauguração da exposição, o curador e responsável pela Arquivo Ephemera, José Pacheco Pereira, realçou o papel do antigo primeiro-ministro na construção da democracia.
“Conhecer a sua obra é vital para os dias de hoje. Esta exposição é rigorosa no plano histórico, assenta em múltiplos documentos, muitos assinados e manuscritos por Sá Carneiro”, sublinhando que é “impossível contar a história de Portugal no pós 25 de abril, sem referir o nome de Francisco Sá Carneiro”.
A vice-provedor da Misericórdia de Lisboa, Rita Prates, os administradores da instituição, André Brandão de Almeida e Luís Rego, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, os presidentes da Câmara Municipal de Lisboa e do Porto, Carlos Moedas e Rui Moreira, o cardeal Américo Aguiar e a secretária pessoal de Francisco Sá Carneiro, Conceição Monteiro, também estiveram presentes na inauguração.
A exposição pode ser visitada até 31 de janeiro, com entrada gratuita, de terça a sexta-feira, das 14 às 18 horas, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.