logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

Santa Casa repete campanha anual de covacinação de pessoas sem-abrigo

A campanha anual de covacinação das pessoas em situação de sem-abrigo está em andamento desde o dia 17 de outubro. Na passada terça-feira, 14 de novembro, decorreu mais uma ação de sensibilização na Unidade de Atendimento para a Pessoa Sem-Abrigo, no Cais do Gás, onde os interessados podem vacinar-se contra a gripe e a covid-19.

Organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa e Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, além de outras entidades, a campanha de covacinação termina oficialmente a 24 de novembro, mas o cenário mais provável é que se alargue para além dessa data, no sentido de abranger o maior número possível de interessados.

Sérgio Cintra, administrador da Ação Social da Misericórdia de Lisboa, esteve presente na Unidade de Atendimento e reforçou a importância desta campanha, que começou já em 2016.

“As pessoas que vivem na rua têm de ter uma especial atenção das entidades. A Misericórdia realiza esta ação específica nos seus equipamentos de apoio à população na cidade, principalmente no nosso Centro de Alojamento Temporário Mãe d’ Água e no Centro de Apoio Social dos Anjos”, explicou, realçando que entre os parceiros podem surgir novas ideias para ampliar o alcance da campanha.

Ana Jorge nas comemorações do Dia Nacional do Enfermeiro de Reabilitação

Ana Jorge, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, marcou presença na passada quarta-feira, 18 de outubro, nas comemorações do Dia Nacional do Enfermeiro de Reabilitação. A sessão, promovida pela Associação Portuguesa dos Enfermeiros de Reabilitação, teve lugar no auditório do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão.

Na sua primeira intervenção, Ana Jorge destacou aquela valência da Misericórdia de Lisboa como sendo “o berço não só da enfermagem de reabilitação, mas da reabilitação em Portugal”.

Num segundo momento, durante a apresentação sobre o papel das Misericórdias na saúde em Portugal, a provedora da instituição voltou a sublinhar a importância do Centro: “Há todo um passado marcante e significativo de Alcoitão na área da reabilitação e que fará todo o sentido reforçarmos”.

Ana Jorge lembrou ainda que a reabilitação “é uma área cada vez mais importante face à evolução da saúde” no país, recordando também que “as Misericórdias tiveram – e têm ainda – um papel essencial na prestação de cuidados a quem não tinha nada, até haver o Serviço Nacional de Saúde em 1979”, acrescentando que, mesmo posteriormente, “a Santa Casa sempre manteve estes cuidados de saúde de proximidade”.

Mergulhos mal calculados – a história de dois exemplos de superação

Igor tem 34 anos. Nasceu na Moldávia e vive em Portugal há 20 anos. Em 2019, numa festa de aniversário, e apesar de “ter experiência em mergulhos e natação”, mergulhou numa piscina, a pouca profundidade. Fraturou a C7, o que lhe provocou tetraplegia incompleta. Esteve no Centro de Medicina e Reabilitação de Alcoitão entre 2020 e 2022, tendo passado por vários internamentos e tratamentos ambulatórios.

“É, de facto, muito importante alertar a sociedade sobre os mergulhos e brincadeiras nas praias e piscinas. Pensamos que estas situações só acontecem aos outros, mas não. E se estas campanhas de sensibilização forem feitas por pessoas como eu, que passaram por isto, mais impacto terão nos recetores”, diz Igor.

Esta é uma posição partilhada também por Henrique, 50 anos e 32 de tetraplégico. Também ele mergulhou “numa piscina pouco profunda. Bati no fundo e fraturei a C4, C5 e C6. O perigo está sempre lá, tal como quando conduzimos uma viatura”. Por isso, considera que “todas as campanhas que possam existir são bem-vindas, o que não invalida que seja feito um trabalho mais amplo, sobretudo nas escolas e nas idades mais jovens, pois quando ganhamos alguma autonomia e não temos tanta supervisão dos adultos, e se tivermos recebido informação sobre os perigos que existem quando mergulhamos no desconhecido, talvez consigamos evitar alguns acidentes destes”.

Tanto Igor como Henrique insistem na prevenção como a melhor forma de evitar males maiores, alguns deles sem retorno: “É preciso que sejamos responsáveis. Não fazer uma coisa tão simples como, por exemplo, brincar aos empurrões à volta das piscinas, porque tudo acontece num segundo e esses ambientes têm tudo para correr mal”, insiste Igor. Henrique assina por baixo: “O que eu digo às pessoas é que se divirtam, sim. Mas na hora de mergulhar, não custa nada verificar primeiro o local onde o vão fazer. Além disso, não fazer mergulhos para os quais não se está apto – mergulhar bem exige coordenação motora, alguma força e técnica”.

Apesar das situações limitativas que vivem, estes dois exemplos de superação mantêm muita esperança no futuro. Igor pratica rugby em cadeira de rodas no Casa Pia e atletismo adaptado na associação Jorge Pina, tendo já praticado outras modalidades adaptadas como surf, andebol e cross fit. “Apesar de ter recuperado muito após o acidente, tenho esperança que a ciência ainda nos ajude a recuperar mais movimentos. Quem sabe, voltar a conseguir subir mais alguns metros”. Já Henrique espera continuar a trabalhar como analista de sistemas. “Apesar de a tetraplegia obrigar a uma constante adaptação ao dia a dia, seja no trabalho ou em ambiente mais social, a exigência física e mental é muito grande. Mas espero conseguir, tal como até aqui, integrar-me em todos os aspetos da vida”.

Com o lema “Mede as consequências. Mergulha em Segurança”, a campanha “Mergulho Seguro” tem como objetivo alertar e sensibilizar os mais jovens para a prevenção de lesões vertebro-medulares provocadas por acidentes relacionados com mergulhos imponderados (em piscinas, praias ou outras zonas balneares, costeiras ou fluviais), e que constituem uma das maiores causas de situações graves de paraplegia e tetraplegia.

Lançada, em 2013, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pela Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT), dez anos depois o alerta mantém-se, porque “mais vale prevenir do que remediar”.

E porque nunca é demais lembrar, antes de mergulhar, avalie primeiramente o espaço, perceba onde há mais profundidade bem como se há rochas envolventes e/ou correntes de água. Evite locais desconhecidos, não vigiados e sem as devidas condições de segurança indicadas para mergulhar. Informe-se, fale com frequentadores do local e com as equipas de nadadores salvadores. Garanta que existe água debaixo de água, para não bater no fundo. Mergulhe em segurança.

Curta-metragem da Unidade W+ premiada em festival internacional

Uma curta-metragem da Unidade W+ foi premiada no festival internacional 48H Film Project. O projeto da equipa TAKE W, coordenada pela diretora Sónia Santos e composta por 17 jovens do Teatro Terapêutico, foi galardoada em três das cinco categorias nas quais estava nomeada: Melhor Uso da Personagem, Melhor Uso do Objeto e Prémio Inclusão.

Em colaboração com a Escola Passos Manuel, a equipa da W+ criou uma história e cenários e realizou filmagens e edição, que resultaram na curta-metragem “SOLO”. Além das categorias em que saiu vencedor, este trabalho estava ainda nomeado para Melhor Banda Sonora Original e Melhor Direção de Arte.

A participação no festival internacional 48H Film Project surgiu como parte integrante do trabalho desenvolvido com o grupo de Teatro Terapêutico de adolescentes da Unidade W+. Este projeto consiste na elaboração de uma curta-metragem em apenas 48 horas. A viagem começou numa sexta-feira à tarde, num evento de kick-off onde foram conhecidos os elementos obrigatórios para a criação da história: uma personagem, um objeto e uma frase. Dentro do prazo estabelecido, os vídeos tiveram de ser pensados, criados, entregues e submetidos à avaliação de um júri. Todas as curtas-metragens elaboradas foram posteriormente visualizadas no cinema São Jorge, após a qual decorreu a cerimónia de entrega de prémios.

Os filmes premiados poderão ser visualizados aqui.

entrega do prémio

Participação traz benefícios

Além da natural satisfação de ver o trabalho reconhecido com as três distinções, esta participação da W+ neste projeto potencia a autoestima dos jovens, a sua capacidade de organização e trabalho em equipa. Permite ainda a concretização de um objetivo com princípio, meio e fim e gera a oportunidade de um reconhecimento pelo esforço e dedicação.

Além disso, esta é uma oportunidade de levar ao grande ecrã temáticas relevantes no que diz respeito à saúde numa perspetiva biopsicossocial.

A Unidade W+ é uma resposta de saúde da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que tem como objetivo a prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico a pessoas em situação de risco e vulnerabilidade psicológica, em ambulatório ou na comunidade. Aposta também na prevenção de comportamentos de risco e na promoção de estilos saudáveis de vida, no que se relaciona com os seus principais públicos-alvo.

Inaugurado Centro de Apoio à Vida no Montijo financiado pelo Fundo Rainha D. Leonor

Foi ontem, dia 20 de junho, inaugurado o Centro de Apoio à Vida da Misericórdia do Montijo. A obra, financiada em 225 mil euros pelo Fundo Rainha D. Leonor (FRDL), visou a recuperação de um antigo edifício no centro do Montijo para acolher uma unidade de alojamento e formação destinada a jovens grávidas que careçam de apoio.

O edifício tem quatro pisos: os primeiros três são destinados a habitação, com um total de 10 quartos, e o último andar servirá para dar formação às futuras mães.

Inez Dentinho, do Conselho de Gestão do Fundo Rainha D. Leonor, marcou presença na cerimónia de inauguração e mostrou-se muito satisfeita por ver o que apelidou de um “investimento muito bem empregue”.

“Esta foi uma obra única para o FRDL. A Misericórdia de Lisboa e todas as outras são perdigueiros das necessidades sociais. Não estão só abertas a quem lhes bate à porta, mas também vão à procura de quem precisa”, começou por dizer.

“Este é um projeto muitíssimo interessante, porque já funcionava. As adolescentes que ficavam de esperanças e iam à consulta muitas vezes não tinham apoio em casa, não tinham apoio do pai da criança, eram vítimas de violência no namoro ou violência doméstica, e a Misericórdia do Montijo teve essa sensibilidade de captar esta necessidade social. E agora temos aqui uma capacidade para criar adultos e criar crianças”, acrescentou Inez Dentinho, que recebeu um agradecimento por parte de Ilídio Massacote, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Montijo.

O Fundo Rainha D. Leonor foi criado em 2015 pela Santa Casa de Lisboa e pela União das Misericórdias Portuguesas. Tem como objetivo ajudar as Misericórdias em todo o país, contribuindo para a coesão social e territorial do país.

placa do centro

Centro de Reabilitação e Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian foi reino de brincadeira por um dia

Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian acolheu, no passado dia 2 de junho, um autêntico festival de brincadeiras e atividades dedicadas às crianças que frequentam o estabelecimento, que puderam assim participar na XII edição dos Jogos Adaptados.

Aproveitando o Dia da Criança, assinalado na véspera, cerca de 85 famílias viveram momentos de felicidade e esqueceram, por momentos, as limitações de cada um. Desde pinturas faciais, música, doces ou escorrega, passando pelos já habituais passeios a cavalo e interação com cães, não faltaram oportunidades para o convívio entre todos.

O pequeno André, utente do Centro, foi o espelho dessa alegria, como explicou a mãe, que teceu elogios não apenas ao evento, mas ao funcionamento de toda a instituição.

“Estou a adorar, é a primeira vez que venho. Estamos cá no centro desde setembro e desde o primeiro dia que estamos a adorar isto. Tanto eu, como o meu marido, como o André, só que ele expressa-se à sua maneira. Os terapeutas, pessoal administrativo, até as senhoras da limpeza, tem sido tudo fantástico. Sentimo-nos acolhidos, é muito bom”, frisou.

Depois de ter aproveitado um passeio num dos cavalos da GNR, André tinha agora a companhia de um dos cães da Guarda Nacional Republicana. Feliz, a mãe referiu ainda que a iniciativa é boa “até para os pais”: “Sem dúvida. Vamo-nos conhecendo e interagindo, porque, afinal, não somos os únicos”.

Mais adiante estão pai e filha, que voltaram ao Centro e aos Jogos Adaptados vários anos após a última presença.

“A última vez que viemos foi há uns seis ou sete anos, mas corre sempre bem. O dia é sempre uma animação para eles, ela fica sempre muito contente em vir cá. Tivemos agora uma fase em que foi operada, esteve em Alcoitão e agora foi aqui integrada na terapia ocupacional e da fala. Tinha fotografias a andar a cavalo há uns anos e agora queria repetir. Todos os exercícios que fazem ali dentro estão refletidos aqui fora”, explicou, antes de assistirem à atuação da ESSATuna, tuna da Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

XIII Jogos Adaptados

Habilitar e capacitar

Para Ana Cadete, diretora do Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian, este dia é uma “festa de jogos adaptados para reunir as famílias e todos os que aqui trabalham”.

“A importância deste dia para as crianças é perceberem que podem divertir-se e funcionar, estarem integradas como as outras crianças. As pessoas ligam sempre muito ao que elas não podem fazer, mas elas podem fazer muita coisa. É esse o foco. Não é o que não podem. As famílias têm de ser capacitadas e perceberem que podem ir ao parque infantil e podem brincar, de uma forma adaptada. Tudo isto é terapia. Os saltos no insuflável, o estarem ali na música… Tudo é terapia, em atividades no dia a dia”, resumiu.

A diretora relembrou que este Centro trabalha “com uma equipa multidisciplinar, centrada na criança e na família, com o objetivo de habilitar e capacitar as crianças para poderem funcionar enquanto crianças e depois enquanto adultos”.

“Temos intervenção direta até aos seis anos e, após essa idade, em situações pontuais, como por exemplo casos de pós-operatório. Mas depois damos orientação toda até à vida adulta. Temos adultos que ainda vêm à consulta para orientação e também porque somos um centro prescritor de produtos de apoio”, lembrou Ana Cadete.

XIII Jogos Adaptados

A importância dos estímulos

Ocupado a puxar uma boia num escorrega improvisado encontrámos o fisioterapeuta Frederico, que conhecia praticamente todas as crianças presentes na festa e considerou ser “essencial” haver mais dias como este.

“Isto promove a integração social, eles veem mais meninos e percebem que é uma coisa normal e natural. É um benefício muito grande. Têm estímulos diferentes e é muito bom para os objetivos de cada criança. Obviamente, há uns que precisam mais disto e outros daquilo, mas mal não faz. Qualquer atividade é sempre benéfica, nem que seja pela parte lúdica, mas depois podem acrescentar a parte terapêutica. Dá-lhes concentração e coordenação”, explicou.

Para os pais, Frederico deixou o conselho de que “não há brincadeiras melhores para uns do que para outros, mas sim brincadeiras que podem ser adaptadas”, e mostrou-se feliz por poder participar nos Jogos Adaptados.

“É ótimo. É diferente porque acaba por ser benéfico para nós vermos estas crianças a divertirem-se e esboçarem um sorriso, não porque dizemos uma piadinha, mas porque estão a realizar uma atividade. Depois, no fim do dia, logo se pensa no cansaço”, terminou, com um sorriso”.

XIII Jogos Adaptados

Jogos Adaptados 2023

XIII Jogos Adaptados

Jogos Adaptados 2023

XIII Jogos Adaptados

Jogos Adaptados 2023

XIII Jogos Adaptados

Jogos Adaptados 2023

XIII Jogos Adaptados

Jogos Adaptados 2023

XIII Jogos Adaptados

Jogos Adaptados 2023

XIII Jogos Adaptados

Jogos Adaptados 2023

XIII Jogos Adaptados

Jogos Adaptados 2023

XIII Jogos Adaptados

Jogos Adaptados 2023

Santa Casa vence Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2023

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi distinguida com o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2023, na categoria Sustentabilidade, com o projeto da Residência Sénior Monsanto. O galardão foi atribuído ontem, dia 30 de maio, numa cerimónia que decorreu no Palácio Nacional da Ajuda e que assinalou a 11.ª edição do evento.

Ana Vitória Azevedo, vice-provedora da Santa Casa, subiu ao palco para receber o prémio e destacou o facto de esta distinção surgir numa altura especial para a instituição.

“A Santa Casa faz 525 anos e, portanto, este é um presente fantástico. Este edifício é uma benemerência. 90 por cento do património da Santa Casa resulta de benemerências, de alguém que nos deixa para fazer o bem aos outros. Neste caso foi a Nestlé”, recordou.

entrega do prémio nacional de reabilitação urbana

Crédito: Iberinmo Grupo

Situada em pleno Parque de Monsanto, a Residência Sénior Monsanto teve assinatura do arquiteto António Pedro Mendonça da Silva Gonçalves e começou a ser construída em 2018, aproveitando as instalações da antiga fábrica da Rajá, doadas à Misericórdia pela Nestlé Portugal. Conforme a necessidade de utilização, as novas instalações podem acolher uma Estrutura Residencial Assistida para Pessoas Idosas ou uma Unidade de Cuidados Especializados em Demências.

O edifício está equipado com quartos individuais e duplos, todos com casa de banho privativa e roupeiro, um centro de bem-estar e uma piscina adaptada para os utentes. Foi ainda dotado de um auditório exterior para pessoas com mobilidade reduzida, bem como de todas as infraestruturas de apoio necessárias: cozinha, lavandaria, copas de apoio por piso, áreas de atendimento, vestiários para funcionários e estacionamento exterior. A capacidade total é de cerca de 50 camas.

“Ser enfermeiro é uma filosofia de vida”

David Sabroso soube aos 5 anos de idade que queria ser enfermeiro ‘quando fosse grande’. “Não, não é um cliché. Quando tinha essa idade, passei por um problema de saúde grave e o hospital foi a minha segunda casa durante algum tempo. Comigo estiveram sempre os enfermeiros de serviço, algo que me marcou muito. Desde então que, para o meu futuro profissional, não me imaginei a fazer outra coisa”.

Já Ana Franco revela que só aos 24 anos é que tomou a decisão de tirar o curso de Enfermagem. “A minha mãe é enfermeira, mas eu nunca pensei enveredar por esse caminho. Andei muito pelas Artes (fiz o curso de dança no Conservatório), na Economia e Gestão, mas nunca ser enfermeira. Hoje, olho para trás e não me imagino a fazer mais nada”.

Ambos os profissionais estão na Santa Casa há mais de uma década – David conta com 12 anos e Ana vai já nos 19. “Nos primeiros quatro anos do meu percurso profissional, passei pelo serviço de Pneumologia no hospital Pulido Valente e pelos cuidados intensivos do hospital da Cruz Vermelha e de Santa Maria. Cheguei à Santa Casa em 2004 e integrei o Polo de Apoio Domiciliário, passando, mais tarde, para o projeto ADI – Apoio Domiciliário Integrado. Paralelamente, prestei apoio em lares de idosos, área pela qual me apaixonei e na qual fui ficando”, conta a enfermeira.

David, por seu turno, começou nos lares de idosos, no âmbito de um protocolo firmado, na altura, entre as Instituições Particulares de Solidariedade Social e a Misericórdia de Lisboa. Passou por outras unidades ao longo dos anos até chegar, em junho de 2020 (início da pandemia da covid-19), ao Polo de Cuidados de Saúde no Domicílio Oriental, onde se mantém.

O público sénior é, para Ana e David, aquele que mais gostam de cuidar. “É na geriatria que me sinto particularmente bem”, confessa Ana. “É uma população de que gosto muito e que deveria ser mais valorizada. São pessoas que têm outro tipo de exigências, porque vão ficando mais debilitadas, com morbilidades que vão aparecendo. Aliás, a grande maioria delas entra nos nossos lares sempre por motivos de saúde”.

E explica: “Felizmente, as pessoas vão ficando mais tempo em casa [antes de precisarem de recorrer às ERPI – Estruturas Residenciais Para Idosos], o que é um ótimo sinal, pois significa que têm condições – tanto do ponto de vista social como do da saúde – para continuarem nas suas residências. E, aqui, a Santa Casa desempenha um papel de crucial importância, uma vez que consegue providenciar apoio em várias vertentes para que tal aconteça. O combate à solidão, por exemplo, é feito com a ajuda de voluntários da instituição”.

Ana Franco insiste na desvalorização de que a população idosa é vítima: “Esquecemo-nos facilmente que estas pessoas já foram chefes de família, já dirigiram uma empresa, educaram os seus filhos… foram muito importantes para a sociedade e contribuíram muito durante as suas vidas. Agora, parece que são olhadas apenas como alguém a quem tem de se mudar a fralda ou empurrar a cadeira de rodas… E elas são muito mais que isso. Têm histórias riquíssimas para nos contar… Reitero: gosto dos mais velhos pelos contributos que nos dão e pelos contributos que nos deixam”.

David assina por baixo das palavras da colega. Para ele, este sentimento pelos mais velhos “é transversal a quase todos os enfermeiros. A experiência que têm na sua bagagem, que depois nos transmitem, enriquece-nos e motiva-nos para fazermos o nosso trabalho. Para mim, é muito gratificante trabalhar com estas pessoas, pois tento pôr-me um bocadinho no lugar delas. É algo, aliás, por que pauto o meu trabalho todos os dias: imaginar como é que gostaria de ser tratado daqui a uns anos”.

Ana Franco

Ana Franco

“Ser enfermeiro é uma forma de estar na vida”

Nos muitos anos de profissão que já levam, Ana e David viveram algumas ocasiões difíceis e o início da pandemia da covid-19 foi uma delas. Estiveram sempre a trabalhar, em contacto diário com pessoas infetadas, o que os fez recear por si e pelos seus em alguns momentos.

Mas as dificuldades sentem-se das mais variadas formas no dia-a-dia. A maior delas prende-se com o lado emocional que tem de ser gerido, apesar de “fazer parte do ofício”, como diz a enfermeira Ana. “Os nossos utentes são a nossa segunda família, estamos com eles todos os dias, lidamos com eles todos os dias, com os seus problemas, com a sua vida, com a sua família. E, apesar de ali estarmos enquanto profissionais, somos todos humanos e criamos laços com as pessoas. Sabemos que estão já numa fase final da sua vida mas, ainda assim, quando partem, é sempre doloroso e acaba por nos afetar”.

David concorda: “Alturas houve em que senti que muitos cidadãos não valorizavam o nosso trabalho, apenas quando necessitavam de nós. Mas, hoje – e a pandemia muito contribuiu para isso –, as circunstâncias são diferentes, parece que houve um ponto de viragem. Há um reconhecimento muito grande pelo nosso trabalho e pelo papel importantíssimo que desempenhamos na sociedade. Sinto-me muito valorizado pelas pessoas de quem cuido. Às vezes, nem precisam de comunicar verbalmente. Basta um toque e eu percebo o que me querem transmitir. E isso enche-me o coração”.

“Sinto-me sempre enfermeira”, diz Ana a rir. “Para mim, ser enfermeira é uma forma de estar na vida. Dou-lhe um exemplo: estou no ginásio a observar alguém a fazer exercício e a pensar que amanhã esse alguém vai estar cheio de dores de costas. Ou, outro exemplo: há dias fui jantar fora e assisti a uma jovem alcoolizada a precisar de assistência médica. Chamei o INEM e não saí do pé dela enquanto a ambulância não chegou”.

Histórias de e para a vida

Numa área que lida com a delicadeza da vida humana, é quase impossível não haver histórias marcantes, positivas e negativas, que estes profissionais da saúde transportam consigo. “Estaríamos aqui muitas horas só a contar histórias”, diz-nos David sem disfarçar o orgulho e o sorriso. “Mas, para mim, há um episódio que recordarei para sempre. Ocorreu quando trabalhava ainda na unidade de saúde do bairro do Armador. Estava quase a terminar o meu turno quando fui alertado por uns vizinhos relativamente a uma senhora que estava a sentir-se mal. Pensei que não seria nada de grave ou extraordinário, talvez uma má disposição. Mas quando chego à rua, deparo-me com uma senhora em paragem [cardiorrespiratória]. Acionei de imediato o INEM e fiz as manobras de reanimação durante vários minutos até chegar a ambulância que transportou, entretanto, a senhora para o hospital. E eu apenas pude ficar a desejar que tudo corresse pelo melhor. Não tive mais notícias sobre o sucedido até que, passados dois ou três meses, a tal senhora apareceu na unidade de saúde com o neto ao colo, para me agradecer ‘o facto de o poder ver crescer’… Isto porque lhe contaram que tinha sido eu a fazer as manobras de reanimação que a salvaram. Ela fez questão de ir ao meu encontro para agradecer o facto de ter sobrevivido… Nunca mais na vida esquecerei esta situação. Fui para casa de coração cheio. E ainda hoje, sempre que me vê, a senhora cumprimenta-me e agradece-me”, conta, emocionado.

Já Ana confessa-nos que as situações mais marcantes e relevantes da sua vida profissional, sobretudo com os idosos e nas ERPI, “têm mais que ver com o lado da saúde mental. Talvez venha daí a minha opção por me especializar nesta área. Comecei a perceber, em determinada altura, que este tipo de questões é transversal a qualquer serviço de saúde, não estão confinadas aos hospitais psiquiátricos, sendo também transversais a qualquer fase da vida”. E explica: “Tal fez com que eu começasse a trabalhar em mim própria a capacidade de lidar com pessoas ‘especialmente difíceis’ e com quem acabo por desenvolver uma relação de maior proximidade porque elas sabem que eu as entendo. É um trabalho de inteligência emocional que tenho vindo a desenvolver comigo própria para conseguir lidar com estas diferenças e de que muito me orgulho”. A enfermeira aproveita para deixar uma mensagem: “Trabalhar na área da saúde mental é muito desafiante e é preciso simplificar a questão e assumir a necessidade de procurar ajuda quando necessário. É preciso aligeirar e simplificar este assunto. Todos nós, em determinada altura da nossa vida, temos perturbações do foro mental ou uma crise de ansiedade, ou uma atitude mais depressiva”.

David Sabroso

David Sabroso

O orgulho de trabalhar na Santa Casa

Ana e David não comemoram, de forma particular, o dia dedicado ao Enfermeiro. O 12 de maio assinala uma efeméride importante [aniversário de Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna], sem dúvida, mas, para eles, o dia do Enfermeiro é todos os dias. “É como o Dia da Mãe”, comparam.

Mas há algo que comemoram muitas vezes, até porque o sentem como privilégio: o facto de poderem desempenhar a sua missão numa instituição como a Misericórdia de Lisboa. “Trabalhar nesta Casa realiza-nos imensamente, no sentido em que conseguimos prestar cuidados aos utentes de uma forma holística. Sobretudo, por exemplo, no apoio domiciliário, o ato de irmos tratar de uma ferida a alguém não é, na maior parte das vezes, o mais importante. Mais importante que isso é perceber porque é que aquele alguém tem uma ferida: estará a alimentar-se bem? Estará bem posicionada? Talvez necessite de uma intervenção mais social, que passe por ter alguém que a ajude na alimentação ou nos seus cuidados de higiene. O nosso trabalho não se faz apenas com curativos ou injetáveis, com a preparação de terapêutica ou com a administração de fármacos.

É aqui que nós somos diferenciadores. Conseguimos ser enfermeiros de ligação na medida em que falamos com o [departamento de ação] social e alguém vai fazer a higiene da pessoa, tratar da alimentação ou limpar a casa; falamos com o voluntariado e alguém vai fazer companhia ao utente e acompanhá-lo nas consultas médicas; falamos com a polícia de proximidade e consegue-se um acompanhamento para o utente ir às compras ou levantar a reforma. E isto é que configura uma prestação de cuidados de forma completa, holística e abrangente, como aprendemos na faculdade. Seria, aliás, ingrato e frustrante se só pudéssemos ir a casa das pessoas ‘fazer o penso’. Por isso, trabalhar nesta instituição, que detém esta enorme infraestrutura em termos materiais e humanos, é um real privilégio e verdadeiramente gratificante”.

No Dia Internacional do Enfermeiro, a Santa Casa agradece a todas as Ana e a todos os David pela entrega, disponibilidade, resiliência e carinho que colocam na sua missão de cuidar dos que mais precisam.

Residências assistidas têm o melhor de dois mundos

Inauguradas em 2017, as residências assistidas de Carnide trouxeram uma nova vida às pessoas que nelas habitam. Ali, os residentes encontram a liberdade, a segurança, o companheirismo e o espírito de entreajuda que há muito não sentiam.

Leia o testemunho de alguns dos moradores desta valência da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa na reportagem do Correio da Manhã.

Escalada adaptada: dez metros até ao pico da autoestima

Escalada adaptada: dez metros até ao pico da autoestima

O Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão dá mais um passo na vanguarda da inovação e inaugura hoje, no dia em que celebra 57 anos, a primeira parede de escalada adaptada do país.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde

Unidades da rede nacional

Unidades que integram a rede de cobertura de equipamentos da Santa Casa na cidade de Lisboa

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Locais únicos e diferenciados de épocas e tipologias muito variadas

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas