logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

Dia Nacional do Psicólogo: uma área-chave para a Santa Casa

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa orgulha-se de, neste Dia Nacional do Psicólogo (4 de setembro), ter entre os seus profissionais cerca de 270 psicólogos que ajudam, diariamente, a instituição a cumprir a sua missão junto dos mais vulneráveis.

Estes profissionais estão distribuídos por cerca de 20 equipamentos diferentes, agrupados em três grandes áreas: Ação Social, Saúde e Recursos Humanos. As três unidades com mais psicólogos, mais de um terço do total, são os diversos Núcleos de Infância e Juventude (40 psicólogos), as Unidades de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (30) e as Casas de Acolhimento (30). É entre eles que está Susana Câmara, psicóloga na Casa de Acolhimento de Santa Teresinha.

Susana abraçou a profissão há 16 anos por “acreditar que é possível transformar o sofrimento e melhorar as relações entre as pessoas”, num processo que apelida de “belo e fascinante”.

“O acompanhamento em proximidade das equipas da Santa Casa é, muitas vezes, o fator diferenciador, que permite a muitas famílias ‘manterem-se à tona’, de uma forma que deve ir muito além do assistencialismo. A reflexão e integração das experiências difíceis na estrutura interna de cada um é fundamental para que não se instalem padrões de comportamento patológicos e para prevenir que estes passem de geração em geração. É nestes processos de mudança que os psicólogos podem fazer toda a diferença”, explica Susana Câmara.

Susana Câmara

Susana Câmara é psicóloga na Casa de Acolhimento de Santa Teresinha

MUDAR MENTALIDADES

A psicóloga considera que o estigma relativamente à procura de ajuda psicológica “infelizmente ainda existe”, embora o panorama esteja a mudar.

“Durante muito tempo vivemos numa cultura que associou a expressão de emoções a fraqueza. A noção de que todas as emoções são importantes e que devemos navegar um bocadinho por todas para nos mantermos psicologicamente sãos tem sido uma mudança de paradigma. Mostrar vulnerabilidade não é sinal de fraqueza. As emoções devem aparecer, de acordo com as experiências que vamos vivendo”, afirma a psicóloga da Casa de Acolhimento de Santa Teresinha.

E é também nesta abertura de mentalidades que a Misericórdia de Lisboa tem um papel relevante, para que a ajuda não encontre barreiras.

“Ainda há caminho a percorrer na nossa ‘inteligência emocional comunitária’, mas temos avançado e parece-me que a importância de consultar um psicólogo virá por acréscimo desta mudança de mentalidade. Infelizmente, muitas vezes já se identifica a necessidade, mas não há recursos financeiros. A terapia é um serviço caro e é ainda um privilégio de poucos. Neste aspeto, é fundamental que a Santa Casa continue a proporcionar serviços de saúde mental a quem precisa e não consegue pagar”, conclui Susana Câmara.

RADAR promove ação de rua nas freguesias de São Vicente e Lumiar

O projeto RADAR realizou na terça-feira (20) na freguesia de São Vicente, em Lisboa, uma ação de rua com o apoio da PSP, que contou com a presença de Ângela Guerra, administradora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com o pelouro da Unidade de Missão “Programa Lisboa, Cidade Com Vida Para Todas as Idades”, e de Mário Rui André, coordenador desta Unidade, que acompanharam a equipa da SCML no seu trabalho porta-a-porta junto dos residentes deste bairro, para averiguar das suas necessidades diárias e condições sociais e de saúde.

Este tipo de ações, que chegam todas as semanas até aos maiores de 65 anos da cidade de Lisboa, têm como objetivo dar a conhecer o projeto às pessoas mais idosas destas freguesias (bem como os meios à sua disposição), e chamar à atenção da comunidade local para a problemática do isolamento desta camada da população, sensibilizando os moradores a estarem atentos à dinâmica diária das pessoas com mais idade que conhecem ou vivem perto de si e, caso detetem alguma alteração no seu dia-a-dia, comportamento, aparência ou a sua ausência, entrem em contacto com os Radares Comunitários já identificados (voluntários, vizinhos e comércio local).

Depois de São Vicente seguiu-se a visita à freguesia do Lumiar, mais concretamente à zona da Universidade da Terceira Idade do Lumiar (UTIL), onde se encontrava uma Unidade Móvel do RADAR que, em parceria colaborativa com a farmácia Holon, estava a realizar rastreios de saúde à população idosa.

O projeto RADAR é uma das dimensões da operacionalização do “Programa Lisboa, Cidade Com Vida Para Todas as Idades”, baseado num conceito pioneiro em Portugal, que tem como prioridade a promoção de bairros mais solidários, comunicativos e atentos à população 65+ em situação de risco de isolamento e de solidão não desejada.

Identificando a população da cidade de Lisboa com mais de 65 anos, este projeto conta com diversos parceiros institucionais e estende-se por centenas de radares comunitários, seja através do comércio local (farmácias, cafés, papelarias, etc), seja através da própria comunidade, que atua de forma integrada para contribuir para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida da população sénior.

SOL assinala cinco anos a cuidar dos sorrisos dos mais novos

Cinco anos a cuidar dos sorrisos dos mais novos. O SOL, Serviço Odontopediátrico de Lisboa, assinala esta terça-feira o seu 5.º aniversário, prosseguindo, dia após dia, a nobre missão de prestar cuidados de saúde oral gratuitos a todas as crianças e jovens que residam ou estudem no concelho de Lisboa.

Foi em 2019 que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa lançou este equipamento pioneiro e, ainda hoje, único no país. Numa resposta complementar ao próprio Serviço Nacional de Saúde, o SOL atingiu rapidamente o seu público-alvo e tornou-se numa referência na área da saúde oral, traduzida nos impressionantes números que alcançou em pouco tempo.

Esta valência da Santa Casa conta hoje com quase 20 mil utentes, num registo inclusivo que engloba um total de 71 nacionalidades diferentes e que não para de crescer. Foram realizadas até agora cerca de 141 mil consultas, rondando as 200 por dia e das quais resultou, por exemplo, a colocação de mais de 2.400 aparelhos ortodônticos.

André Brandão de Almeida, atual administrador da Santa Casa com o pelouro da Direção de Saúde, foi fundador e coordenador do SOL até 2024 e faz o balanço destes cinco anos de atividade.

“A Santa Casa criou, com o SOL, uma verdadeira resposta de serviço público, complementar ao SNS, numa área que ainda está longe de ter uma resposta efetiva e assumiu a missão de garantir cuidados de saúde oral a todas as crianças da cidade Lisboa, independentemente de qualquer condição económica ou social. Dotado de uma equipa fantástica, conseguimos ainda produzir vários artigos e apresentações científicas bem como dezenas de folhetos informativos e protocolos clínicos”, lembra.

É este incansável trabalho de uma vasta e experiente equipa de profissionais que tem contribuído para melhorar os índices de saúde oral de bebés, crianças e adolescentes em Lisboa, através do acompanhamento nas áreas de Ortodontia, Endodontia, Cirurgia Oral, Dentisteria e Higiene Oral.

Paralelamente, o SOL tem desenvolvido uma componente de investigação, produzindo novos conhecimentos e abordagens científicas no âmbito da saúde oral. Até ao momento, trabalhou em cerca 40 projetos de investigação.

Já este ano, o Serviço Odontopediátrico de Lisboa foi distinguido pela Direção-Geral da Saúde na 1.ª edição da iniciativa Boas Práticas em Saúde Oral, “pelos relevantes serviços prestados à comunidade e pelo seu comprometimento e dedicação em contribuir para a saúde da população”.

“O objetivo é ajudar a mudar o paradigma do acesso à saúde oral. O investimento foi e ainda é muito grande, mas imensamente mais pequeno comparado ao que nos custará a todos se não passarmos do atual modelo reabilitador para o modelo preventivo. Se ao custo dos tratamentos adicionarmos os custos inerentes ao absentismo escolar e laboral, à subprodução no trabalho, à redução na capacidade de aprendizagem, à desregulação de outras doenças, ao adiamento de cirurgias programadas por infeções orais agudas, aos problemas de socialização, à má nutrição pela dificuldade na mastigação ou ingestão de certos alimentos, entre outros, facilmente percebemos que o custo de deixar a doença seguir o seu trajeto será terrivelmente maior. Maior para a pessoa, para a família, para os empregadores, para o estado, para a sociedade em geral”, refere André Brandão de Almeida.

O fundador do SOL diz ser “aqui que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa faz a diferença”.

“Investe agora, para que o futuro de todos seja melhor”, conclui o administrador com o pelouro da Direção de Saúde.

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Unidade de Saúde da Liberdade: um espaço ao serviço de quem menos tem

Inserido na freguesia de Campolide, o Bairro da Liberdade é um território que vive sobre si próprio. Paredes meias com o Bairro da Serafina, este sim, mais conhecido dos lisboetas, a Liberdade, como é apelidado entre os moradores do bairro, é um conjunto de casas, muitas delas a fazer lembrar os bairros mais carenciados de Lisboa, no final do século passado, onde velhos e novos vivem diariamente “apinhados” em aglomerados de betão, madeiras, passadiços estreitos e becos.

Todo este cenário contrasta com a vista que o bairro tem. Do outro lado da colina, um verdadeiro postal da cidade se abre ao olhar, tendo as Torres das Amoreiras como pano de fundo. Como vizinho, um dos mais emblemáticos monumentos da cidade, o Aqueduto das Águas Livres. Do outro lado, o Parque Natural do Monsanto. 

Neste emaranhado de contrastes vivem mais de sete mil pessoas, divididas pelos dois bairros, na sua maioria imigrantes, grande parte deles indocumentados, além de muitas famílias carenciadas.

Foi por isso que a Misericórdia de Lisboa inaugurou há 10 anos, neste bairro, a Unidade de Saúde Santa Casa da Liberdade (USSC Liberdade). O espaço contíguo ao Centro Social Paroquial de São Vicente Paulo, engloba várias valências, no qual os moradores de ambos os bairros, podem receber cuidados de saúde a título gratuito, mediante comprovativo de residência. 

André Brandão de Almeida, administrador da Santa Casa e que fez parte da primeira equipa de sáude da unidade como médico dentista, recorda que esta Unidade de Saúde “tem particularidades que a diferencia das restantes, uma vez que toda a população tem acesso a cuidados, sem necessidade de ter o Cartão de Saúde Santa Casa. É por isso, desde o seu início, uma unidade de acesso universal, tendo em conta a população do bairro”.

Uma das grandes diferenças entre a USSC Liberdade e as restantes unidades que a Misericórdia de Lisboa detém na cidade, prende-se com a valência da Medicina Dentária. Entre as várias Unidades de Saúde Santa Casa (Oriental Dr. José Domingos Barreiro, Ocidental, Telheiras – Extensão Bairro Padre Cruz), esta é a única que tem o serviço de estomatologia totalmente gratuito.

Inclusive, a aposta nesta especialidade foi também “um projeto piloto para outras respostas”, como refere o antigo médico dentista da unidade, frisando que “foi da experiência adquirida neste bairro que surgiram projetos, como o SOL – Saúde Oral em Lisboa”,  serviço destinado a todas as crianças e jovens, dos 0 aos 18 anos, residentes ou estudantes em Lisboa, onde todos os cuidados prestados são isentos de pagamento, independentemente da condição social ou económica dos utentes.

Para além do serviço de estomatologia, a USSC Liberdade disponibiliza cuidados em Planeamento Familiar, Saúde Materna, infantil e juvenil, do adolescente, do adulto e do idoso, bem como serviços de fisioterapia assegurados pelo Centro Paroquial de São Vicente de Paulo.

André Brandão de Almeida

André Brandão de Almeida, atualmente administrador da Santa Casa, foi um dos profissionais de saúde que inauguraram a unidade, em 2014.

10 anos de Liberdade, um balanço positivo

Em 10 anos muito mudou. A equipa alterou-se, as metodologias também. Houve uma pandemia pelo meio que parou o mundo, mas no bairro, o tempo parece que parou. Os problemas são os mesmos e as especificidades dos utentes também. 

Ao longo desta década, milhares de pessoas, de várias nacionalidades, encontraram nesta unidade de saúde uma resposta. Só no último ano, foram realizadas 3.396 consultas de Medicina Geral e Familiar e quase 6.000 atos de enfermagem. Já na área da Medicina Dentária foram realizadas 1.272 consultas de Saúde Oral e 693 de Higiene Oral.

António Simões, médico da unidade desde a sua inauguração comenta que na Liberdade “ninguém fica para trás”, lembrando que a ideia de ter este espaço no bairro, foi fundamental para que “muitas destas pessoas conseguisse ter algum tipo de acompanhamento médico”.

“Este é um território esquecido pelos decisores. Em boa hora, a Santa Casa apostou em colocar aqui esta unidade. Para muitas das pessoas que aqui moram, se não houvesse aqui esta resposta, muito dificilmente tinham cuidados de saúde primários”, destaca o médico de Medicina Geral e Familiar.

Na opinião de António Simões, o balanço “é positivo” e explica que “este bairro pode ser comparado como algumas aldeias de Portugal, onde todos se conhecem. Notamos que os moradores têm confiança em todos os profissionais que aqui trabalham e sentimos um carinho muito grande por parte da comunidade”.

Já Eunice Vidasinha, enfermeira-chefe da unidade não tem dúvida que “a proximidade e a acessibilidade é a melhor forma para cuidar de alguém”. 

Duas vezes por semana, terças e quintas-feiras, a unidade de saúde acolhe também um serviço de apoio social, feito por assistentes sociais da Misericórdia de Lisboa. Para a enfermeira-chefe “esta é uma valência que auxilia e muito o trabalho diário, porque dá um retrato de situações de saúde causadas por uma emergência social”.

Como exemplo Eunice Vidasinha recorda o caso de uma senhora russa que procurou na unidade abrigo, devido a um quadro de violência doméstica. “Foi um caso complicado, porque a senhora estava com receio de dizer ser russa devido ao conflito na Ucrânia, e só dizia que, fora o episódio de violência doméstica, era constantemente mordida pelos ratos. Entretanto foi encaminhada para o Hospital de Santa Maria e mais tarde fui contactada e informaram-me que a senhora estava com uma quebra no número de plaquetas devido às condições insalubres da habitação”, lembra.

No entanto, Eunice Vidasinha tem a convicção que “o trabalho desenvolvido pela unidade tem um grande impacto na qualidade de vida da população”, ainda assim, garante sorridente que “temos espaço para fazer mais e melhor”.

Atual equipa da USSC da Liberdade

SCML vai reforçar Rede de Cuidados Continuados com apoio do PRR

A SCML deu mais um passo importante no reforço da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, com a assinatura, por parte da administradora Ângela Guerra, de dois contratos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nas instalações da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), no passado dia 10 de julho.

Num dos contratos de financiamento assinados estão previstas obras de remodelação no interior do segundo piso do edifício da UCCI Rainha Dona Leonor, com vista à instalação de uma Unidade de Dia e Promoção de Autonomia dirigida à população adulta da região de Lisboa e Vale do Tejo, com capacidade para 25 utentes. O segundo contrato, por sua vez, prevê obras de intervenção total num edifício devoluto localizado no Complexo da Estrela, para a instalação de uma Unidade de Dia e Promoção de Autonomia Pediátrica, com capacidade para 14 utentes com menos de 18 anos. Ambas as respostas serão em regime de não internamento.

Com estes dois projetos, que deverão estar concluídos no final do próximo ano, a Santa Casa vai reforçar a sua intervenção na área dos Cuidados Continuados Integrados, ao criar respostas ambulatórias que promovem a autonomia de crianças, jovens e adultos com diferentes níveis de dependência.

O acesso a estes dois equipamentos abrangerá toda a população da região de Lisboa e Vale do Tejo, permitindo a prestação de cuidados integrados de suporte, de promoção de autonomia e de apoio social.

A UCCI Rainha Dona Leonor tem atualmente capacidade para 91 adultos em regime de internamento (13 em Unidade de Convalescença, 39 em Unidade de Média Duração, 39 em Reabilitação e Unidade e Longa Duração e Manutenção).

Parabéns, Hospital de Sant’Ana!

O Hospital Ortopédico de Sant’Ana, localizado na marginal que une Lisboa a Cascais, mais concretamente na Parede, é uma referência na área da ortopedia e traumatologia. Este equipamento da Misericórdia de Lisboa nasceu como Sanatório de Sant’Anna, há já 120 anos, através da vontade do casal Amélia e Frederico Biester, sendo hoje uma unidade de saúde com uma notável reputação nacional e internacional.

A sua longa fachada, paralela à Avenida Marginal, revela o gosto eclético da arquitetura portuguesa do início do século XX, ao qual se alia uma profunda capacidade funcional, bem expressa na articulação de espaços, serviços e equipamentos.

A iniciativa para a sua construção partiu do casal filantropo Amélia e Frederico Biester, sendo depois sucedidos por Claudina Chamiço. Donos de uma avultada fortuna, sem filhos e afetados pela morte de familiares com tuberculose, abraçaram o desafio do médico e amigo da família, Dr. Sousa Martins, de construir um sanatório para as crianças desfavorecidas.

Em 1899, e já com o projeto dos arquitetos Rosendo Carvalheira, Álvaro Machado, Couto Abreu, Norte Júnior e Marques Silva autorizado pela Câmara de Cascais, uma sucessão de acontecimentos trágicos, mais concretamente a morte prematura da quase totalidade dos seus mentores, ia comprometendo o início da obra. Ainda assim, foi lançada a primeira pedra em 1901 e, a 31 de julho de 1904, o edifício é inaugurado, não pelo casal, mas pela herdeira da fortuna dos Biester, Claudina de Freitas Guimarães Chamiço.

O sanatório surge na época como uma unidade hospitalar modelo, especializada no combate e prevenção da tuberculose óssea e destinada a acolher sessenta crianças do sexo feminino e quarenta adultos, vinte homens com complicações cardiovasculares e vinte mulheres com problemas cancerígenos.

Para a prossecução deste propósito, a fundadora contou com o apoio das irmãs de S. Vicente de Paulo, sendo estas substituídas, em 1910, pelas irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena e um capelão, ficando com residência permanente numa área distinta, no piso superior do edifício principal.

Por vontade expressa no testamento de Claudina Chamiço, e após a sua morte, em 1913, o sanatório passa a ser gerido por uma comissão de administração composta por sete elementos: o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. António Mendes Belo (como presidente não executivo); o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Conselheiro Augusto Pereira de Miranda (como tesoureiro); um familiar dos herdeiros, António José de Carvalho (na altura o marido da sobrinha de Claudina Chamiço); um membro representante da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa e mais três membros escolhidos pelo Cardeal. A dificuldade financeira sentida por esta comissão determinou que a instituição assumisse a administração do espaço em 1927.

Em 1956, é idealizado o projeto de realização de um Centro de Recuperação de Incapacitados Motores, que passa a ser designado por Centro de Reabilitação de Diminuídos Motores. É só em 1961, e por despacho governamental, que o sanatório ganha identidade jurídica como hospital central, passando a denominar-se Hospital Ortopédico de Sant’Ana.

120 anos a cuidar de quem mais precisa

Desde então, o hospital promoveu várias especialidades e iniciativas pioneiras, que passaram pela criação, formação e especialização de equipas multiprofissionais, como ortopedistas, anestesiologistas, fisiatras, enfermeiras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e técnicos ortoprotésicos. 

Na viragem do milénio, o Hospital Ortopédico de Sant’Ana inicia um processo de modernização e atualização tecnológica, com a criação e remodelação de novos espaços do complexo. 

Em 2014, é lançada a primeira pedra de um novo edifício hospitalar, que acaba por ser inaugurado em 2018. Esta unidade conta com uma área total de construção de mais de 6.000 m², um bloco operatório com 4 salas, 60 camas de internamento, uma unidade de cirurgia ambulatória e uma central de esterilização.

Em 2020, em plena pandemia da covid-19, o Hospital de Sant’Ana reinventa-se, prontificando-se a apoiar e complementar a resposta do Serviço Nacional de Saúde. Através do protocolo estabelecido com o Hospital S. Francisco Xavier, o HOSA passou a assegurar a totalidade do serviço de Traumatologia Ortopédica Cirúrgica de S. Francisco e recebeu doentes com teste covid-19 negativo para os respetivos tratamentos e intervenções. Além disso, disponibilizou seis ventiladores para apoiar o SNS no tratamento de doentes em situações críticas.

No ano passado, e novamente sob a égide de ser um hospital ao serviço de todos, o HOSA inaugurou mais uma resposta de complementaridade ao SNS, com a disponibilização de dezenas de camas para acolher pessoas em situação de internamento social. Em pouco mais de meio ano, a Residência Temporária no Hospital Ortopédico de Sant’Ana já acolheu um total de 37 utentes, permitindo libertar camas essenciais para o Serviço Nacional de Saúde.

Mais recentemente, o Hospital Ortopédico de Sant’Ana dá mais um passo, desta vez digital. Em abril de 2024, lança um novo website, dinâmico, moderno e inclusivo, onde os utilizadores podem fazer diretamente a marcação de consultas e exames, consultar todas as informações úteis sobre os serviços prestados, bem como as mais recentes notícias do “universo” Saúde Santa Casa.

Com todo este percurso, é fácil perceber o porquê do Hospital de Sant´Ana continuar a ser, 120 anos depois, uma referência a nível nacional e internacional.

Santa Casa entrega prémios Nunes Correa Verdades de Faria 2024

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) entregou, no jardim da Residência Faria Mantero, no Restelo, em Lisboa, no âmbito das festividades do aniversário da Misericórdia de Lisboa, os prémios “Nunes Correa Verdades de Faria”.

Na cerimónia, o provedor da Santa Casa, Paulo Sousa, agradeceu a presença de convidados, premiados, beneméritos e familiares, bem como dos colaboradores presentes, homenageando, ainda, o benemérito Mantero Bellard. O provedor apresentou, depois, o novo presidente do júri, David Lopes, administrador da Misericórdia de Lisboa com a pasta da Cultura, antes de revelar os vencedores dos prémios desta edição.

Os agraciados foram, na área A – Cuidado e Carinho Dispensados aos Idosos Desprotegidos, Maria Carolina Sirgado Pisco dos Santos, licenciada em Serviço Social, responsável por vários projetos sociais na área dos idosos e dos cuidadores informais.

No que diz respeito à área B – Progresso da Medicina na Sua Aplicação às Pessoas Idosas, o vencedor foi Paulo Ricardo de Sousa Almeida, mestre em Medicina Interna, especialista em geriatria pela Faculdade de Medicina do Porto.

O júri decidiu, ainda, atribuir, duas menções honrosas no que concerne à área A. A APTAS (Associação Portuguesa dos Técnicos Auxiliares de Saúde), responsável pelo projeto de voluntariado profissional dedicado à promoção de momentos de descanso para cuidadores informais e Lídia Cristina Sousa de Oliveira, licenciada e mestre em Serviço Social, desenvolveu um papel decisivo na estabilização da AUR – Apoio ao Utente Reformado, constituindo uma rede de parcerias de apoio a pessoas idosas, foram as contempladas.

Os Prémios “Nunes Correa Verdades de Faria”, criados em 1987, cumprem a vontade expressa em testamento por Mantero Belard. São entregues, todos os anos, a pessoas de qualquer nacionalidade que, em Portugal, tenham contribuído, pelo seu esforço, trabalho ou estudos, nos três âmbitos definidos pelo benemérito.

A missão de cuidar do outro

Teatro terapêutico da Unidade W+ voltou a mostrar-se no Festival MENTAL

O Festival MENTAL, que este ano celebra a sua 8.ª edição, contou novamente com a participação do grupo de teatro terapêutico da Unidade W+, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que atuou no Cinema São Jorge na passada sexta-feira, dia 17.

O grupo de jovens levou ao festival, que é dedicado à saúde mental e conjuga cinema, artes e informação, a peça “Ur.gente.mente”, com encenação e textos de Catarina Luz, Maria Corrêa e Sónia Santos, e representação de Dwayne Monteiro, Eduardo Naita, Elizandro Rafael, Inês Rodrigues, Lara Pereira, Leandra Santos, Maria Carvalho da Mariana Jerónimo, Rodrigo Real, Zuzimo Morato e Didu Sebastião.

“A peça “Ur.gente.mente” pretende ser uma reflexão sobre as questões das liberdades identitárias e a saúde mental na adolescência, tendo em conta a era digital. Nesta peça participaram 16 jovens, com uma média de idade de 17 anos, integrados no Teatro Terapêutico e no Orquestra Percussão Saúde da Unidade W+”, explicou Sónia Santos, direta da Unidade W+.

A Santa Casa esteve igualmente representada no Festival MENTAL através de uma exposição de várias peças de pintura, cerâmica e fotografia da autoria de nove utentes da Obra Social do Pousal.

“Os mediadores artísticos são uma mais-valia, pois abrangem uma forma de comunicar para além do uso da palavra, reforçando, simultaneamente, um papel integrador entre pares e na sociedade. Participar no Festival MENTAL permite uma visibilidade imperativa na desestigmatização nas questões da saúde mental, bem como uma intervenção psicoterapêutica com resultados comprovados”, concluiu Sónia Santos.

Exposição de obras de utentes da Obra Social do Pousal no festival Mental

A cuidar da saúde mental desde 2003

Um dos pilares nos quais a Santa Casa aposta é a saúde mental, através da sua unidade dedicada ao tema, a W+, que recorre a respostas inovadoras feitas à medida das necessidades de cada utente, seja criança, adolescente ou adulto, acompanhando assim as diferentes fases da vida.

Esta resposta da Misericórdia de Lisboa presta, assim, apoio psicológico e psicoterapêutico a pessoas em situação de risco e vulnerabilidade psicológica, em ambulatório ou na comunidade, apostando na prevenção de comportamentos de risco e na promoção de estilos de vida saudáveis dos seus principais públicos-alvo. Para este efeito, a unidade W+ mistura metodologias formais, como consultas assistenciais, e dinâmicas e mediadores artísticos, no sentido de atrair mais utentes nesta área delicada.

Dia Internacional do Enfermeiro assinalado com seminário sobre os cuidados domiciliários

O Dia Internacional do Enfermeiro, comemorado a 12 de maio, data do aniversário de Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna, foi assinalado na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com o seminário “Cuidar em Casa, uma resposta de proximidade pela voz dos enfermeiros”, na Sala de Extrações.

A propósito do tema definido este ano pelo Conselho Internacional de Enfermeiros, “Os nossos enfermeiros, o nosso futuro – o poder económico dos cuidados”, foram debatidas as questões relacionadas com o adiamento da institucionalização do doente e os benefícios que tal traz para “o próprio, para a sociedade e, também, na parte financeira”, segundo Manuela Marques, enfermeira diretora da Direção de Saúde da Misericórdia de Lisboa.

Manuela Marques lembra que essa institucionalização “desenraíza a pessoa, com prejuízos psicológicos e isolamento em relação à família”, acarretando igualmente custos ao Estado, pelo que “os cuidados em casa são uma área a explorar e a melhorar”.

Enfermeira diretora Manuela Marques

“Existe um grupo de trabalho na Santa Casa, com a Ação Social e a Saúde, que está a estudar a forma de melhorar a integração entre estas duas áreas. O nosso apoio domiciliário de saúde está concentrado em dois polos: oriental e ocidental. Nas freguesias há um núcleo com médico e enfermeiro, que também pode ter nutricionista, e que faz a ponte com a Ação Social”, explica.

Segundo a enfermeira diretora, a interligação entre as duas áreas já é feita, mas não atuam propriamente como uma equipa única e é aí que há trabalho a fazer, até porque, recorda, “a Organização Mundial de Saúde diz que a integração dos cuidados contribui não só para melhorar a qualidade dos cuidados, mas também a relação custo-efetividade dos mesmos”.

Assim, na primeira metade do seminário foi feita uma caracterização dos cerca de 1700 utentes que o serviço cobre na cidade de Lisboa com cuidados médicos, de enfermagem, nutrição e outros, abordando as suas faixas etárias, patologias, tipos de cuidados prestados (curativos e preventivos) e ainda o ensino aos cuidadores.

Já na segunda parte do seminário realizou-se uma mesa redonda sobre “O papel do enfermeiro especialista na equipa multidisciplinar, em contexto domiciliário”, visando as áreas de reabilitação, saúde mental e cuidados paliativos, as três onde os profissionais da Santa Casa atuam diariamente em casa dos utentes.

Sala cheia no seminário sobre cuidados de saúde em casa

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Polo de inovação social na área da economia social

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas