logotipo da santa casa da misericórdia de lisboa

Um novo espaço para reforçar a vivência comunitária

Foi inaugurado esta quinta-feira, 18 de novembro, o Espaço Comunitário da Quinta do Loureiro, na Avenida de Ceuta, cujo principal objetivo passa por criar um modelo de participação ativa e colaborativa de vários grupos sociais e organizações de proximidade, tornando-os participantes e agentes responsáveis nas dinâmicas e atividades do bairro, que promovem o crescimento comunitário.

Ideia defendida por Ana Pato, diretora da Unidade de Desenvolvimento e Intervenção de Proximidade (UDIP) Descobertas, da Misericórdia de Lisboa, que reforça que o espaço agora inaugurado vai “ajudar a criar sinergias e trabalho em rede, na intervenção comunitária em todo o território do Vale de Alcântara, proporcionando um lugar aberto a todos e para todos”.

“Pretende-se que o espaço seja utilizado pela equipa no desenvolvimento de atividades e na replicação de boas práticas, como o Balcão Único ativo no CLDS do Vale de Chelas”, defendeu a responsável. O Espaço Comunitário da Quinta do Loureiro “permitirá o contacto e acompanhamento mais próximo da população residente, no acesso a esclarecimentos e encaminhamentos para os diversos serviços, seja na procura ativa de emprego ou na promoção de atividades direcionadas para os jovens”, acrescentou ainda.

Inauguração

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa enquanto parceira da Fundação Aga Khan – nomeadamente em projetos de desenvolvimento comunitário e de educação de infância que contribuem para promover a qualidade de vida da população da cidade de Lisboa – vai alocar, neste novo equipamento, um técnico especializado em serviço social para integrar a equipa multidisciplinar que irá trabalhar diariamente com esta população.

Na inauguração estiveram presentes vários convidados e entidades parceiras do projeto. Logo após o ato oficial a população foi convidada a conhecer as novas instalações e a participar num lanche-convívio, que contou também com alguns momentos de animação.

A Santa Casa como exemplo. “Levamos na bagagem muitas sementes que queremos fazer crescer na África do Sul”

Nove representantes de instituições sociais que atuam junto da comunidade portuguesa na África do Sul estiveram, durante esta semana, em vários equipamentos da Misericórdia de Lisboa. A iniciativa que pretende capacitar e apoiar as comunidades portuguesas presentes na naquele país está inserida no “Programa de Intercâmbio e Capacitação” entre Portugal e África do Sul.

A atividade desencadeada pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, no âmbito do Projeto PROTEA, conta com a Santa Casa como parceira, mas, sobretudo, como fonte de inspiração para outras instituições que atuam na área social. Nesta ação de apoio à comunidade portuguesa na África do Sul, a Misericórdia de Lisboa desempenhou um papel ativo na capacitação das equipas presentes, que estão ligadas a respostas de cariz social na área da longevidade e da deficiência em cidades como Joanesburgo, Pretória e Cidade do Cabo.

Entre os dias 25 e 29 de outubro, os representantes destas equipas tiveram a oportunidade de visitar cerca de dez equipamentos da Santa Casa, desde unidades de cuidados continuados integrados a centros de dia, bem como de participar num workshop de avaliação de expetativas.

Festa “rija” no Bairro da Boavista

O momento foi inserido nas comemorações do 80º aniversário do Bairro da Boavista, e ficou marcado por um ambiente de partilha, alegria e troca de experiências entre os que vivem no bairro e os visitantes. Sérgio Cintra, administrador da Ação Social da Santa Casa, recebeu a comitiva convidada e deu a conhecer as respostas da instituição.

O chefe de Estado e o presidente do Município de Lisboa conheceram a resposta da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, inteirando-se das suas valências, história e missão social.

CAI_BairrodaBoavista

Enquadrado no contexto da celebração, que perdurou até segunda-feira, dia 25 de outubro -data que assinalou o 40º aniversário do Centro de Acolhimento Infantil da Boavista, equipamento da Misericórdia de Lisboa-, foi, ainda, apresentado um livro sobre o trabalho realizado pela instituição, na área da infância, naquele bairro. Da responsabilidade da equipa que trabalha nesta resposta, a obra faz uma viagem pela história do centro e destaca algumas das personalidades que frequentam este local. O livro “Vivendo o presente, planeando o futuro”, retrata muitas das vivências deste bairro e as suas relações.

Sobre o CAI da Boavista

O Centro de Acolhimento Infantil do Bairro da Boavista (CAI), da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, é uma creche e jardim de infância que, nas últimas décadas, tem sido alvo de um esforço adicional de reorganização e qualificação das respostas, quer ao nível do acesso a recursos adequados às crianças e às famílias na proximidade, priorizando as situações mais vulneráveis como forma de prevenir o agravamento de situações de exclusão, quer na especialização das respostas no que concerne à promoção e proteção.

O Bairro da Boavista, localizado na freguesia de Benfica, foi construído na década de 1940, para o realojamento de famílias provenientes de habitações precárias.

 

 

Uma experiência musical “para mais tarde recordar”

À entrada do Capitólio, no emblemático espaço do Parque Mayer, situado numa das avenidas mais conhecidas de Lisboa, a Avenida da Liberdade, um grande cartaz, decorado a rigor com uma imagem de um céu azul e com letras animadas, anuncia o espetáculo: “Anabela – O meu mundo bom”. Aos poucos, o enorme espaço vazio da entrada do cineteatro enchia-se com pequenos e graúdos, para a aguardada estreia do musical da cantora que, na década de 90, fez a delícia dos portugueses com a conhecida música do festival da canção “A cidade (até ser dia)”.

Acompanhadas pelos pais, Bianca, de cinco anos, e a sua irmã Rosana, de nove anos, foram das primeiras a chegar à entrada do teatro. De sorrisos estampados na cara, ainda não sabiam muito bem ao que vinham, mas tinham uma certeza, de que aquele domingo ia ser “dia de festa”.

“Não conheço a cantora, mas o meu pai, agora de manhã, falou-me dela. E sei que é uma grande cantora e que é muito conhecida”, contou Rosana à medida que a irmã apurava os passos de dança, enquanto trauteava algumas canções.

Enquanto a pequena escadaria da entrada do Capitólio ia ganhando vida e transformando-se num parque de diversões, as irmãs iam tentado descobrir o reportório do musical. “Acho que vai dar aquela música conhecida que ouvimos em casa”, diz Rosana. “De certeza”, remata Bianca.

irmãs

Para Aline, mãe do pequeno Martim, de 4 anos, esta é uma experiência “para mais tarde recordar”. Em Portugal há poucos anos, Aline, natural do Brasil, acredita que o acesso à cultura é primordial “para o crescimento das crianças”, frisando que “é importante uma instituição como a Santa Casa disponibilizar a estas crianças momentos destes”.

Já perto do início do espetáculo, as pancadas de Molière preparam os espetadores para o que se segue. Mais de uma hora de viagem pelo imaginário infantil, onde a palavra de ordem é alegria.

Aos poucos, o auditório ganhou forma e cor. Pequenas peças e um grande baú a decorar o palco fizeram as delícias dos mais pequenos. “Olha, é um quarto de criança! Será que vive aqui alguma criança? Tenho um brinquedo igual àquele em casa!”, exclamavam e indagavam os petizes junto dos pais, enquanto entravam e ocupavam o seu lugar.

Auditório

Estava na hora do espetáculo. Durante mais de 60 minutos, Anabela cantou e interpretou pequenos trechos do livro, que deu corpo a este musical. Foram mais de 12 músicas que levaram toda a plateia ao delírio.

No fim a opinião era unânime: “Gostei muito, quando é que vai haver mais um teatro destes?”, questionava Bianca.

Aline não tinha dúvidas: “foi muito especial a nossa tarde com tantas pessoas a assistir a este musical excelente, afinado e contagiante”, destacando ainda que “somos gratos à Santa Casa por promover um momento tão especial”. Já sobre Martim, seu filho, referiu que este “ficou muito animado e que não parou na cadeira, dançou todas as músicas e encantou-se com o colorido da tela, onde os desenhos complementam o enredo das histórias”.

Sobre o musical “Anabela – O meu mundo bom”

Com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, este é um musical que transporta os espetadores para o imaginário das crianças, inspirado e dedicado ao filho da artista, Vicente. É ele o protagonista desta aventura que transporta os espetadores para o universo dos sonhos das crianças, num espetáculo emotivo, lúdico e divertido para toda a família.

O espetáculo é composto por uma interpretação de 12 canções, já editadas em livro. Anabela canta os fascinantes sonhos da infância através de várias canções numa orquestração de Valter Rolo, com canções originais de Fernando Tordo, Luísa Sobral, Rita Red Shoes, Luiz Caracol, Catarina Furtado, Valter Rolo, Rui Melo, Barbara Tinoco, Alice Vieira, Tânia Ribas de Oliveira, Tiago Oliveira entre outros.

O projeto destina-se a todas as famílias com crianças a partir dos 3 anos.

Rugby Youth Festival: quando o desporto assume um papel recreativo

O Rugby Youth Festival regressou a Portugal. Aquele que é um dos maiores e mais prestigiados torneios de rugby juvenil do mundo decorreu este fim de semana, 23 e 24 de outubro, no Estádio Universitário, em Lisboa. Esta edição contou, tal como nas anteriores, com vários atletas estrangeiros, ainda que em menor número devido ao atual contexto pandémico.

Ano após anos, o campeonato reúne milhares de jovens, garantindo a presença de formações estrangeiras dos cinco continentes e algumas das nações mais prestigiadas da modalidade nos escalões jovens. Em 2020, apesar da pandemia, o Portugal Rugby Youth Festival teve lugar no dia 17 de outubro, tendo sido uma edição especial, com as adaptações necessárias à nova realidade.

A Misericórdia de Lisboa patrocina este evento desde 2013, sendo que o torneio está enquadrado na estratégia de patrocínios da instituição, nomeadamente de apoio ao talento nacional e ao desporto jovem. Em 2021, 26 crianças e jovens (entre os seis e os 14 anos) apoiados pela Santa Casa puderam, igualmente, viver uma intensa experiência desportiva, com a participação em atividades lúdicas. Além das componentes de competição e de lazer, este evento pretende sensibilizar os mais jovens para o rugby e para os valores associados à modalidade: respeito pelo adversário e espírito de equipa.

Um exemplo além-fronteiras: “A Misericórdia de Lisboa é um modelo a ser seguido e implementado”

Ontem, 19 de outubro, Portugal e Brasil voltaram a estreitar laços. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi um dos locais visitados pela comitiva do Governo da Bahia, chefiada pelo vice-governador João Leão, que por estes dias está por Portugal para conhecer a realidade nacional em várias áreas de atuação.

A visita assume a função de análise de uma possível colaboração na área social entre as Misericórdias de Lisboa e da Bahia (Brasil). As duas instituições pretendem fortalecer relações, delinear estratégias em benefício dos mais desfavorecidos, trocar experiências e discutir problemas comuns. Nesta relação que ambas as partes querem que seja mais estreita, pretende-se, num futuro próximo, estruturar planos alinhados com um pensamento socioeconómico e com propostas de ações sociais efetivas, que alcancem os mais necessitados nos dois países.

João Leão, nesta que foi a sua primeira visita à Misericórdia de Lisboa, vê este intercâmbio de boas práticas entre Portugal e Brasil como fundamental: “esperamos estabelecer parcerias com esta casa que foi a primeira criada no mundo e que é uma referência para nós. Acreditamos que é um modelo a ser seguido e implementado para ajudar o povo baiano”, revela.

O interesse das Misericórdias do Brasil em relacionarem-se com a Misericórdia de Lisboa não é de agora. A Santa Casa da Bahia, das mais antigas daquele país da América do Sul, é apenas uma de muitas entidades com grande vontade de estreitar ligação com a Misericórdia de Lisboa. A existência de uma lei no Brasil que define que as receitas do jogo têm de ser aplicadas em obras sociais faz com que os governos envolvidos neste processo desenhem um plano estratégico que estabeleça um investimento em prol dos mais necessitados. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, como um dos maiores exemplos a nível mundial daquilo que bem se faz através da receita do jogo, tem sido alvo de inspiração de muitas instituições em todo o mundo, com as boas práticas instauradas em Portugal a serem replicadas em vários pontos do globo.

“Mostrar a todos que é possível”. A inclusão saiu à rua no World Bike Tour

À chegada à Avenida da Liberdade, Felisbina Gomes está radiante. Rápido faz a passagem da cadeira de rodas para a handbike, para cedo ajustar o veículo às suas necessidades. Aos 57 anos, é muitas vezes o desporto que a faz sair da cama, que lhe dá vontade de seguir em frente. Entra com o espírito competitivo que a caracteriza para todos os desportos que pratica: ciclismo adaptado, vela adaptada ou, até mesmo, uma simples aula de ginásio. Hoje, na partida para mais uma edição do World Bike Tour (WBT), deixou a competitividade de lado. Paira no ar uma alegria, que se sente em cada palavra pronunciada pelos oito utentes do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA), que marcaram presença no evento apoiado pelos Jogos Santa Casa.

Na edição do ano passado, tudo correu bem. Chegou ao Parque das Nações disposta para percorrer mais dez quilómetros se fosse necessário. Este ano, existem duas subidas no percurso entre Lisboa e Oeiras que a preocupam. Teme que só com a força dos braços não consiga ultrapassar esses obstáculos.

“Esta prova não vai ser fácil. Tenho noção de que vai exigir esforço, mas estamos cá para nos ajudarmos uns aos outros. Estamos cá para nos divertirmos um bocadinho. Isto é desporto, diversão e convívio, que são coisas muito importantes”, realça.

Tudo isto só é possível graças às handbikes cedidas pela Misericórdia de Lisboa e que tantas alegrias têm proporcionado aos utentes do CMRA. As primeiras handbikes chegaram ao CMRA em 2017. Felisbina foi das primeiras a experimentar o “novo brinquedo”. Tem a certeza que sem elas “jamais seria possível praticar ciclismo”, até porque é “um material caro e que nem todos têm capacidade para adquirir”. “Agradeço muito à Santa Casa por esta oportunidade que nos dá de, através das handbikes, podermos ter uma vida um pouco mais normal”, refere.

GALERIA

Plataforma de Combate à Situação de Sem-Abrigo: “Um compromisso com aqueles que não têm voz”

Aumentar o diálogo sobre a exclusão social e garantir progressos concretos nos Estados-membros na luta contra a situação de sem-abrigo: assim se descreve a nova Plataforma Europeia de Combate à Situação de Sem-Abrigo, lançada esta segunda-feira, 21 de junho, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. A iniciativa que resulta da Declaração de Lisboa, assinada ontem por representantes dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), permitirá dar uma resposta mais ajustada às necessidades das cerca de 700 mil pessoas que vivem nas ruas de toda a Europa. A plataforma foi referida por vários oradores presentes na Conferência de Alto Nível como sendo “um compromisso claro com aqueles que não têm voz”.

Durante o primeiro evento realizado de forma presencial no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da UE, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, começou por dizer que o combate a este fenómeno tem de constituir uma das grandes prioridades da Europa. “Esta plataforma é um passo gigante. A falta de habitação digna e de acesso a serviços essenciais são dos maiores sinais de exclusão”, alerta a representante do Governo.

Em maio deste ano, Estados-membros, parceiros e sociedade civil reuniram-se na Cimeira Social do Porto para comprometerem-se com oportunidades iguais para todos. A ambição é tirar 50 milhões de pessoas da pobreza e exclusão social, até 2030. Ana Mendes Godinho acredita que esta luta só será ganha com a adoção de “estratégias integradas”, onde o objetivo maior passa por concretizar o que está estabelecido no princípio 19 do Pilar Europeu dos Direitos Sociais: garantir habitação e assistência para as pessoas em situação de sem-abrigo.

“No seguimento da Cimeira Social do Porto, onde as pessoas foram colocadas no centro do debate, o lançamento, hoje, da plataforma e a assinatura da Declaração de Lisboa são mais dois passos essenciais para a construção de uma Europa social mais forte, mais justa, mais solidária e mais inclusiva”, acrescenta.

Uma plataforma que precisa de instituições como a Santa Casa

A plataforma permitirá que os 27 Estados-membros passem dos princípios à ação. O objetivo passa por continuar o trabalho conjunto entre os países, incentivando o diálogo, a partilha de experiências, fortalecendo a cooperação entre todos e monitorizar o trabalho e resultados do que será feito em torno do combate à situação de sem-abrigo.

Mas para passar à ação, o que deve ser feito? A presidente da Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais, Lucia Ďuriš Nicholsonová, vê na recolha de dados uma das mais-valias da plataforma. “Para resolver um problema temos de conhecer bem o problema, para que seja possível adotar políticas adequadas”, lembra.

A plataforma permitirá definir como é que os Estados-membros devem utilizar os fundos para combater a situação de sem-abrigo, permitindo investir na habitação social e em muitas outras infraestruturas que podem criar perspetivas para todos. Esta plataforma vai também ser essencial para as autoridades regionais e locais, bancos de investimento e instituições que trabalham no terreno.

A importância do trabalho desenvolvido pelas instituições locais foi enaltecida por vários oradores, lembrando que só com a cooperação destas entidades é que será possível atingir os objetivos traçados. Em Portugal, o trabalho desenvolvido pela Misericórdia de Lisboa junto da população em risco é diário. O Núcleo de Planeamento e Intervenção com Sem-Abrigo (NPISA), que existe em Lisboa desde 2015 e que conta com a coordenação da Rede Social de Lisboa – constituída pela Câmara Municipal de Lisboa, Santa Casa e Instituto da Segurança Social – é gerido pela Misericórdia, permitindo à instituição efetuar uma intervenção integrada que assegura o acompanhamento da população sem-abrigo da capital. Em entrevista recente à TSF, o provedor da Santa Casa realçou que, em Lisboa, a Misericórdia tem tido um papel ativo naquilo que são as respostas na cidade.

E esta nova ferramenta afigura-se como uma mais-valia para o trabalho desenvolvido pela Santa Casa, uma vez que pretende ser um veículo facilitador da cooperação entre os atores no terreno. A plataforma quer possibilitar às instituições a prestação de respostas mais céleres e adequadas às necessidades da população sem-abrigo. Assim, a Misericórdia de Lisboa poderá continuar a fazer jus às palavras do presidente do Parlamento Europeu, David Sasolli, na carta redigida no âmbito da nova plataforma: “Organizações que fazem com que solidariedade não seja uma palavra vazia são fundamentais”.

“O nosso mundo são dois metros quadrados de chão”

Lucia Ďuriš Nicholsonová deu o mote para o que viria a seguir: “Será que sabemos qual o sentimento de ser deixado para trás?”. A experiência de, por uma noite, ter dormido na rua – no âmbito de uma campanha de sensibilização para a questão de sem-abrigo, em 2019, na Eslováquia – permite-lhe dizer com segurança: “Vocês não sabem como o cimento pode ser tão duro até que consigamos dormir sobre ele. Essa foi, certamente, a noite mais longa da minha vida”.

Fátima Lopes e mais quatro pessoasFátima Lopes entrevista ex-sem-abrigo

Alexandra Peralta, Daniel Carvalho, Elda Coimbra e Joaquim Borges sabem bem como as noites na rua podem ser cruéis. Alexandra mudou-se de Alenquer para Lisboa à procura de uma vida melhor. A filha ficou a cargo dos sogros. Chegou à capital com esperança num futuro, mas a vida não melhorou. O facto de não conseguir pagar as despesas atirou-a para a rua. Na altura pensou que dormir no chão frio seria algo provisório. Foram dois anos. Neste momento trabalha num equipamento da Santa Casa, onde “trata de pessoas que precisam de ajuda”. “É o que mais gosto de fazer, sem dúvida”, destaca. Tudo o que pede para o futuro é uma casa, “uma simples casa”, para viver com a filha. “Neste momento não consigo. É impossível pagar uma renda”, frisa.A história de Daniel é diferente. A falência da empresa da qual era dono deixou-o sem nada. O mundo deste empresário passou a resumir-se a “dois metros quadrados de chão”. Seguiram-se dias de revolta, de dor, de tristeza. Conseguiu sair daquela mágoa em que vivia, “graças a Deus” e à força de vontade que não sabe onde foi buscar.

Elda viveu quase dez anos na rua. Chegou a pensar que seria assim até morrer. A falta de emprego impossibilitou-a de pagar a renda da casa. Hoje, ajuda pessoas vulneráveis como ela já fora. “Trabalho numa associação onde ajudo pessoas que vivem na rua a não desistirem e a acreditarem. As instituições não podem deixar de acreditar nestas pessoas”, alerta.

A Joaquim a dependência de drogas tirou-lhe tudo: casa, emprego e família. Deixou a rua há cerca de 20 anos, mas tem bem presente o quão duro era dormir num sítio sem teto, ao frio, com fome. Na altura, o refeitório dos Anjos, da Misericórdia de Lisboa, foi dos poucos apoios que teve. Ali onde conseguia, diariamente, um prato de comida quente para aconchegar o estômago.

Um flagelo agravado pela Covid-19

O impacto da pandemia nos mais vulneráveis acabou por ser um dos temas mais discutidos na conferência “Combater a situação de sem-abrigo – Uma prioridade da Europa Social”. Ana Mendes Godinho deixou claro que a crise provocada pela pandemia veio aumentar as fragilidades desta população em particular, com o número de pessoas a dormirem na rua a aumentar substancialmente.

“A Covid-19 veio mostrar como o acesso a uma habitação digna é essencial para a saúde e bem-estar. O atual contexto pandémico mostrou que temos capacidade de agir e de inovar, o que reforça a convicção de que podemos ir mais longe”, considera a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

O comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais, Nicholas Schmit, recorda que a crise pandémica aumentou, “sem dúvida”, a pressão sobre esta franja da população. “Pedimos para que as pessoas ficassem em casa, mas as pessoas em situação de sem-abrigo não têm casa. Ficaram numa posição de ainda maior risco”.

Para Lucia Ďuriš Nicholsonová, manter medidas excecionais é fundamental. Não tem dúvidas que, devido à crise provocada pela Covid-19, o número de pessoas a viverem na rua aumentou. E, por isso, Lucia só vê uma solução capaz de resolver este flagelo: “Os Estados-membros têm de manter medidas excecionais pelo período necessário para ajudar as pessoas mais vulneráveis”.

“A minha terra é linda”: neste livro estão sonhos que a Santa Casa ajudou a realizar

O livro “A minha terra é linda – Histórias dos Estudantes Sírios em Portugal” concentra em 140 páginas 30 histórias de estudantes sírios que, ao abrigo de bolsas de estudo, vieram estudar para universidades portuguesas. São narrativas contadas na primeira pessoa sobre como era viver lá, naquele país do Médio Oriente em conflito há mais de dez anos. Mas este livro lançado esta quinta-feira, na Casa do Regalo, em Lisboa, é muito mais que um objeto que dá voz a estudantes sírios que residem em Portugal. Quem o folhear poderá ver ilustrado o trabalho da Associação Plataforma Global para Estudantes Sírios (APGES) que, desde 2014, trabalha na coordenação do programa de bolsas de estudo de emergência, sobretudo na angariação de subsídios para que estudantes sírios possam continuar os seus estudos de licenciatura, mestrado e doutoramento.

A estas histórias junta-se um conjunto de fotografias que alguns estudantes quiseram partilhar. São imagens que mostram a luta constante pela sobrevivência num país em guerra. O presidente da APGES, Jorge Sampaio, vê neste livro um “modesto tributo aos estudantes e às suas famílias, à sua extraordinária resiliência”. Em cada frase deste livro está a afirmação da liberdade e da capacidade de seguir em frente no encalço dos sonhos que estes jovens pretendem realizar em solo português.

No prólogo da obra literária, Jorge Sampaio lembra que, “à partida, a ideia era contar a história desta iniciativa, muito para além dos relatórios que anualmente publicamos sobre as atividades desenvolvidas”. O casamento entre as palavras dos estudantes sírios e as vivências da equipa da APGES, que acompanha de perto as operações no terreno, resultou num surpreendente conjunto de crónicas, que vão desfilando ao sabor da evocação do trabalho árduo, consistente e determinado, realizado ao longo dos últimos anos.

Trabalho esse que tem contado com o apoio de várias instituições parceiras entre elas a Santa Casa. Edmundo Martinho, provedor da instituição, foi um dos presentes na apresentação do livro “A minha terra é linda – Histórias dos Estudantes Sírios em Portugal”, uma vez que a Misericórdia de Lisboa tem prestado um auxílio continuado à APGES. Em 2015, a Santa Casa assinou com a associação um memorando de entendimento para a atribuição de bolsas de estudo a estudantes sírios, no valor de cerca de 50 mil euros por ano, que permitiu a dez jovens oriundos da Síria seguirem os respetivos percursos académicos em Portugal.

Desde 2015 que o protocolo tem vindo a ser renovado. O apoio da Santa Casa e de outros parceiros permitiu que a plataforma, no ano letivo 2019/2020, apoiasse 171 estudantes com bolsas de estudo. Dos 15 estudantes apoiados pela Misericórdia de Lisboa neste período, nove frequentam mestrados ou mestrados integrados em áreas como engenharia informática, farmácia ou arquitetura; dois estudantes frequentam programas de licenciatura em gestão e multimédia; quatro frequentam programas doutorais de ciência política, arqueologia, arquitetura e urbanismo.

O auxílio a pessoas em situação de risco é parte do trabalho diário desenvolvido pela Misericórdia de Lisboa, com o apoio a indivíduos sem residência fixa ou em trânsito na cidade de Lisboa, e que se encontram em situação de risco social. A intervenção da equipa da Unidade de Emergência tem como objetivo principal cimentar a esperança no futuro, através da capacitação, aquisição e desenvolvimento de competências, com vista à reintegração social destas pessoas.

A 20 de junho assinala-se o Dia Mundial do Refugiado, data que celebra a força, a coragem e a determinação das pessoas que são forçadas a deixar as suas casas e os seus países devido a guerras, perseguições e violações de direitos humanos. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) alerta que os conflitos e perseguições obrigaram mais de 80 milhões de pessoas em todo o mundo a fugir de suas casas. O livro “A minha terra é linda – Histórias dos Estudantes Sírios em Portugal” quer ser uma arma para combater este flagelo e permitir a todos os jovens, sobretudo daqueles que, enfrentando situações de conflitos e desastres humanitários, carecem de proteção, o acesso à educação superior num ambiente de segurança.

“A comunidade cigana precisa desta luz”. Um protocolo que permite “criar sonhos”

Permitir que a comunidade cigana do Bairro das Murtas, em Alvalade, crie expetativas e sonhos. É com esse intuito que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estabeleceu, esta quarta-feira, uma parceria com o Centro Social Paroquial do Campo Grande, a Junta de Freguesia de Alvalade, a GEBALIS e a Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas (AMUCIP). A proposta de parceria e intervenção que une estas cinco entidades prevê uma atuação orientada para a comunidade cigana do Bairro das Murtas, permitindo introduzir estratégias que melhorem o trabalho desenvolvido naquele bairro.

Após reunião entre as partes foi identificada a necessidade de inclusão de novos parceiros nas Murtas, que facilitem a criação de sinergias e dinâmicas. O trabalho junto da comunidade cigana do bairro ficará, em grande parte, a cargo da AMUCIP, que contará com o apoio de equipas da Santa Casa e da Junta de Freguesia de Alvalade.

“O nosso papel aqui é de liderança e de união. Temos de ter a liderança, mas garantir que as novas organizações têm capacidade para chegar ao território e que as pessoas estão de braços abertos para as receber. A AMUCIP ao vir para aqui possibilitará quebrar algumas barreiras existentes”, refere o administrador da Misericórdia de Lisboa, Sérgio Cintra.

A trabalhar nas Murtas há dezenas de anos, Misericórdia de Lisboa e autarquia de Alvalade sentem que é preciso “dar um salto” e ir mais além. É esse impulso que a AMUCIP pretende dar. Fundada em 2000 por um grupo de mulheres, a associação tem vindo a realizar, sobretudo no Seixal, um trabalho de formação e sensibilização para a desconstrução de estereótipos culturais relacionados com a comunidade cigana. Este contributo tem sido fundamental, por exemplo, ao nível da educação, com propostas socioeducativas orientadas para as mulheres ciganas, com impacto nas crianças.

“O objetivo é desenvolvermos um trabalho mais próximo da comunidade e que a própria comunidade possa ter um papel ativo e participativo no bairro. Queremos que estas pessoas possam ter uma visão mais alargada. A comunidade cigana precisa desta luz que proporcionamos, para que possam criar expetativas e sonhos. No fundo, iremos trabalhar a mentalidade das famílias e das crianças”, explica a presidente da AMUCIP, Sónia Matos.

Ao longo de 12 meses, através da realização de diversas atividades, a associação irá promover iniciativas naquele bairro, que estimulem uma maior coesão de grupo, com foco no ativismo e associativismo cigano. Este projeto foi estruturado com base em diagnósticos participados e realizados pelas entidades que intervêm no Bairro das Murtas, em conjunto com a população residente.

Diversas especialidades médicas e cirúrgicas

Programas de saúde e cuidados de saúde ao domicílio

Unidades da rede nacional

Prestação de apoio psicológico e psicoterapêutico

Aluguer de frações habitacionais, não habitacionais e para jovens

Bens entregues à instituição direcionados para as boas causas

Programação e atividades Cultura Santa Casa

Incubação, mentoria e open calls

Anúncios de emprego da Santa Casa

Empregabilidade ao serviço das pessoas com deficiência

Jogos sociais do Estado e bolsas de educação

Ensino superior e formação profissional

Projetos de empreendedorismo e inovação social

Recuperação de património social e histórico das Misericórdias

Investimento na investigação nas áreas das biociências

Prémios nas áreas da ação social e saúde

Voluntariado nas áreas da ação social, saúde e cultura

Ambiente, bem-estar interno e comunidade

Ofertas de emprego

Contactos gerais e moradas